O filme “Dalíland: A Vida de Salvador Dalí” (Daliland, 2022) começa com uma tragédia e termina com uma ironia. Começando com o trágico incêndio na sua casa na Espanha em 1984, acompanhamos a vida do pintor (interpretado por Ben Kingsley) nos anos 1970, a partir das memórias de um jovem admirador e funcionário de uma galeria de arte em Nova York. Mostra como sua arte havia se transformado em um produto pop, tão contemporâneo como o de Andy Warhol. Sempre sedento por dinheiro em cash para custear seu estilo de vida de excessos, Dalí acabou prisioneiro do personagem que criou. Ironicamente, a única forma que o artista modernista encontrou para sobreviver à pós-modernidade: parecia que o mundo tinha ultrapassado o surrealismo – através da publicidade, sociedade de consumo e cultura pop a realidade roubou dele os estranhos mundos que sonhava. Restou a ele se agarrar no próprio personagem que criou para si mesmo.