domingo, maio 14, 2023

Nesse domingo: RPM; Rita Lee e o fim de uma geração; Globo flagrada fabricando uma não-notícia


Quer apostar que você não vai perder a Live Cinegnose 360 desse domingo? Opa! O verbo “apostar” não tá pegando bem... Então, não perca a Live Cinegnose 360 #107, nesse domingo (14/05), às 18h, no YouTube. Vamos começar discutindo a materialidade histórica da banda RPM: por que o rock foi substituído pelo neo-sertanejo? Rita Lee nos Comentários Aleatórios: como a mídia retrata o fim da geração baby boomer. Depois vamos discutir o filme “Um Lugar Secreto” (o fim da infância e da vida adulta) e a série “Amanhã” (Cinetanatologia, hiperliberalismo e a representação atual do pós-morte). Vamos conversar sobre mais dois livros na sessão “Os livros que o humilde blogueiro comprou”. E na crítica midiática da semana: governo prisioneiro dos efeitos de uma bomba semiótica transmídia; Globo flagrada dando pernas a uma não-notícia; porque só AGORA grande mídia dá cobertura total à Operação Penalidade Máxima: o pseudo-evento da CPI das apostas esportivas; como o agro negócio está de olho no material escolar; “Propaganda Ocidental: a maior peça que o diabo já pregou” – comentários em torno de um artigo. Não aposte! Venha participar da Live Cinegnose 360. 

sábado, maio 13, 2023

CPI das apostas esportivas e linchamento no Guarujá: como mídia faz pseudo-eventos e não-notícias


Pseudo-eventos em jornalismo se caracterizam por timing e oportunismo. É o caso da Operação Penalidade Máxima 2 que, AGORA, ganha destaque da grande mídia (depois da primeira fase da Operação ter sido escondida pelo escândalo que envolveu o técnico Cuca). Por quê? Porque AGORA a Operação ganhou sentido: a oportunidade de turbinar a criação de mais uma CPI no Congresso, dentro da agenda para criar desgastes ao governo. “... uma CPI a gente sabe quando começa, mas não sabe COMO termina”, críptica afirmação de uma “colonista” da Globo, revelando o ardil. Ansiedade midiática capaz de dar pernas também a não-notícias: o suposto linchamento no Guarujá (SP) por conta de uma “fake news”. O caso teve uma reviravolta, criando mais uma “barriga” jornalística: como o jornalismo corporativo sempre tenta encaixar acontecimentos em scripts. Dessa vez, gerado pela pressão da Globo pela necessidade da aprovação da PL das Fake News. 

quinta-feira, maio 11, 2023

Hiperliberalismo, pós-morte e Cinetanatologia na série 'Amanhã'


As representações no cinema e audiovisual sobre o Além e a vida após a morte são um verdadeiro sismógrafo do que ocorre aqui entre os vivos. É o que este Cinegnose chama de “Cinetanatologia”: o estudo das diferentes representações da morte e do além-túmulo no cinema e audiovisual. Um bom exemplo é a série Netflix sul-coreana “Amanhã” (Tomorrow, 2022- ) que revela como a representação do além-túmulo daquele país reflete o mal-estar entre os vivos: a crescente onda de suicídios, bullying e violência escolar. Um Céu corporativo preocupa-se com a ameaça da falência decorrente da superpopulação de almas de suicidas que chegam. Por isso, cria uma equipe de “Gestão de Riscos” para convencer depressivos, desempregados e perdedores em geral do país para não se matarem. “Amanhã” é uma série de comédia dramática que revela como o céu ficcional reflete o hiperliberalismo sul-coreano: a religião secularizada da meritocracia.

quarta-feira, maio 10, 2023

'Um Lugar Secreto': e se a vida adulta for apenas uma extensão perversa da infância?


Um jovem no limite da adolescência anseia em chegar à vida adulta para fugir do tédio e vazio da sua existência. O que aconteceria se descobrisse que a vida dos seus pais, jovens adultos, nada mais fosse do que uma extensão da própria infância da qual quer fugir? Esse é o tema do psicodrama sombrio em tom de fábula “Um Lugar Secreto” (John and The Hole, 2021), uma espécie de “Esqueceram de Mim” invertido: é ele que esquecerá dos pais, esquecendo sua família presa em um buraco. Um bunker abandonado que é a metáfora central do filme: o abismo geracional criado pela negação e distanciamento nas relações familiares contemporâneas.

sábado, maio 06, 2023

No segundo aniversário: 'Chelsea Light Moving'; capivaras e outros animais híbridos; a peleja titânica Globo vs. Google


Capivaras e outros animas híbridos, coroação real, smoking guns e a peleja titânica da Globo contra o Google. Somente numa semana assim se poderia comemorar o segundo ano da Live Cinegnose 360. Venha comemorar com o humilde blogueiro nesse domingo (07/05), às 18h, no YouTube, na Live #106. Que começa com um CD deste blogueiro: a montanha-russa do rock indie em “Chelsea Light Moving”: contracultura e subcultura no capitalismo tardio. Depois, um pouco de Cineteratologia com o filme “Renfield” (o mundo atual está mais vulnerável a Conde Drácula); e “O Grande Chefe” (Lars von Trier, neoliberalismo e o argumento de Nuremberg). Uma resenha dos livros que o humilde blogueiro adquiriu nessa semana. E na Crítica Midiática: Globo dá chilique na votação da PL das Fake News; Globo e Google colocados frente a frente no espelho; Globo utiliza técnicas de propaganda de guerra no lobby da PL das Fake News; Capivara híbrida Filó repete modus operandi de episódio de 2013; Cadê o “smoking gun” contra Bolsonaro? Escândalos semanais são bomba semiótica transmídia. E outras bombinhas semióticas pra explodir na festa do segundo aniversário!

Na segunda-feira, na Descrição da Live #106, no YouTube, estará disponível a minutagem, bibliografia e discografia.


sexta-feira, maio 05, 2023

Globo e Google no espelho, a capivara híbrida e... cadê o "smoking gun" contra Bolsonaro?

Desde a votação à presidência do Senado, a Globo não se mostrava tão ansiosa quanto na votação da PL das Fake News. Mais uma vez colocou seus “colonistas” dentro do Congresso para o corpo a corpo em defesa da PL e fez chilique quando o Google também começou a jogar pesado contra a aprovação. Globo e Google apontam o dedo uma para o outra. Google faz nada mais do que a Globo já não tenha feito por décadas. Globo quer também meter a mão no bolo publicitário das redes e plataformas para ganhar sobrevida, sob o álibi do “jornalismo profissional” como único remédio contra as fake news. Criadas pelo próprio jornalismo corporativo através do abuso do poder econômico do qual acusa o Google de fazer. Um olha para o outro no espelho. Atrás dessa espuma midiática, grande mídia volta ao modo jornalismo de guerra: o caso da “capivara filó” híbrida, relembrado caso parecido na guerra híbrida de 2013, e a psyOp dos escândalos semanais de Bolsonaro com modus operandi de sempre: timing, sincronismo...e sem "smoking gun".

quinta-feira, maio 04, 2023

A crítica da razão cínica no filme 'O Grande Chefe'


O filme do diretor Lars von Trier, “O Grande Chefe” (The Boss of it All, 2006, disponível no MUBI), segundo o diretor, é uma comédia inocente e despretensiosa. Sua fala já é cínica e irônica, tanto quanto o tema soturno dessa comédia: como a ética sobrevivencialista e o “cinismo esclarecido” (Peter Sloterdijki) criam no nosso cotidiano (no filme, uma narrativa ao estilo “The Office”) traços psíquicos como a das pessoas que vivem situações extremas: auto-distanciamento irônico, individualidade multiforme e anestesia emocional. O dono de uma empresa inventa um personagem (o “chefe de tudo”) para dizer que apenas cumpre ordens, para evitar se indispor com subalternos em decisões mais delicadas (e duras). Por isso, contrata um ator para cumprir esse papel, transformando tudo em uma farsa de mal-entendidos e embaraços.

terça-feira, maio 02, 2023

Obsessão pela felicidade e positividade deixa mundo vulnerável a Drácula no filme 'Renfield'


Há muito tempo Conde Drácula tornou-se um imortal. Tempo suficiente para o mestre das trevas merecer várias versões no cinema: gótica, romântica, satânica, exótica, sensual etc. Quando pensavam que não restava mais nenhum suco sangrento para extrair dele, eis que ele ressuscita outra vez. Dessa vez através de Nicolas Cage, numa encarnação de Bela Lugosi mixado com Coringa e o camp sombrio da “Dança dos Vampiros” de Roman Polanski.“Renfield” (2023) é uma versão trash e slasher do clássico de Bram Stocker, mas dessa vez a história é contada pelo ponto de vista do servo de Drácula – como decide se libertar de tirania de Drácula ao descobrir, através de um grupo de autoajuda, que seu mestre na verdade é um narcisista e ele é vítima de uma relação tóxica e abusiva. Drácula ressuscita num mundo imerso no discurso da felicidade, positividade e sucesso. Porém, Drácula é o mais feliz nesse novo mundo: descobre como ironicamente as pessoas tornam-se vulneráveis ao Mal quanto mais são obcecadas pela positividade.

sábado, abril 29, 2023

Construção semiótica de Madonna; a etnografia do golpe que foi e que está por vir; por que Globo apoia PL das fake news?


Essa será a ÚLTIMA Live Cinegnose 360... antes da edição do segundo aniversário! Nesse domingo (30/04) a edição #105, às 18 h, no YouTube. Na sessão dos vinis desse humilde blogueiro vamos analisar o paradigma Madonna na cultura pop: como se faz a construção sígnica de uma pin-up pós-moderna. Depois dos Comentários Aleatórios, vamos discutir a série sul-coreana Netflix “A Lição”: porque vingança e luta de classes são temas recorrentes no cinema da Coreia do Sul; e o filme “Sonho Tcheco”: a República Tcheca pós-comunista descobre que publicitários podem mentir. Em seguida, vamos discutir o jornalismo de guerra 2.0: como foi a estratégia de prospecção etnográfica do golpe de 2016 que grande mídia ensaia repetir. Na Crítica Midiática da Semana: a bomba semiótica transmídia em ação da CPMI dos atos antidemocráticos; PL das Fake News: porque a Globo quer que seja aprovada a toque de caixa; a embaixadora dos EUA e a fake news da CNN da Antonov; o caso do estupro do Cuca na grande mídia: indignação com timing? Como a TV OTAN produz as coletivas de Biden; jornalismo corporativo põe Moro na fritura para salvar modus operandi Lava Jato; extrema-direita alucinógena e inimputável: como o jornalismo corporativo normaliza álibis químico-psiquiátricos ao estilo máfia. 

sexta-feira, abril 28, 2023

Jornalismo de guerra 2.0: etnografia do golpe, a embaixadora e a CNN

Depois da guerra na Ucrânia criar a expressão “Guerra Fria 2.0”, será que o terceiro governo Lula está fazendo a grande mídia entrar no modo “jornalismo de guerra 2.0”, reeditando auge da guerra híbrida 2013-16? Entre o retorno das velhas bombas semióticas, Folha parece repetir uma estratégia bem-sucedida em passado recente, a etnográfica: mapear desiludidos, revoltados e ressentidos – novos tipos-ideais urbanos. Aqueles cuja insatisfação existencial ou profissional é ainda difusa. Apenas precisando de um significante político que aponte para o culpado. É o que aponta a matéria “Millenials chegam frustrados à meia-idade”. Mapeamento etnográfico para encontrar novos descontentes, como no passado: “simples descolados”, “coxinhas 2.0”, “novos tradicionalistas” etc. que engrossaram as massas verde-amarelas nas ruas. Enquanto isso, a visita da embaixadora dos EUA aos estúdios da CNN parece ter sido a mensageira de algum tipo gatilho: imediatamente o canal de notícias "vazou" vídeo que provocou crise política e publicou fake news da Antonov. Será que voltamos ao velho jornalismo de guerra?

quinta-feira, abril 27, 2023

Série 'A Lição': só há glória na vingança indo além do bem e do mal


Sabemos que o cinema e o audiovisual são sismógrafos do zeitgeist dominante de cada momento histórico. Vingança e luta de classes são temas recorrentes na cinematografia sul-coreana. Produções como “Parasita” e “Round 6” revelaram isso. Além do ressentimento estar embutido na cultura pop daquele país, desde o sucesso internacional do videoclipe “Gangnam Style”. Espremida entre as potências China e Japão e com o crescimento econômico que gera um crescente abismo social, a produção cultural coreana reflete este mal-estar. A série Netflix “A Lição” (The Glory, 2022- ) é mais um sintoma disso: é sobre uma mulher que constrói uma vida em torno de um plano de punir e se vingar das pessoas que fizeram bullying contra ela no ensino médio. Inspirado em outro problema crescente no país, decorrente da desigualdade: a violência escolar. Nos 16 episódios acompanhamos planejamento e execução de um plano frio e lento seguindo uma inspiração nietzschiana: porque só existe a glória para além do bem e do mal.

sábado, abril 22, 2023

Iggy Pop & The Stooges; o bizarro ritual do Bohemian Grove e elite global; o 08/01 foi uma bomba semiótica transmídia



Nesse domingo, a PENÚLTIMA Live antes do segundo aniversário – a edição #104, domingo (23/04), às 18h, no YouTube. Começando com os vinis do protopunk Iggy Pop e The Stooges: a cena com The Doors, MC5, David Bowie e o flerte com o nazismo. Depois, os filmes “Pontypool” (Burroughs, Norman Mailer e zumbis semióticos) e a série “Devs”: uma Big Tech busca o seu “Rosebud” quântico. E depois, um raio x da elite global e como se conecta com o evento anual no Bohemian Grove, Califórnia: o que significa o suposto ritual ocultista “Cremation of Care”? E na Crítica Semiótica da Semana: grande mídia quer esquentar crise geopolítica de Lula com os EUA; o vazamento fake da CNN dá xeque mate no Governo; vazamento da CNN revela que o 8/01 foi uma bomba semiótica transmídia; Explosão do foguete Starship mostra que a empresa de Musk SpaceX é uma seita; cobertura esquizoide do feriado prolongado revela desejo da grande mídia que o país vire de vez uma neocolônia. Também comentários aleatórios e outras bombinhas semióticas. 

sexta-feira, abril 21, 2023

Vazamento da CNN revela que ataques de Brasília foram uma bomba semiótica transmídia


O “vazamento” da CNN do vídeo que fez cair o ministro-chefe do GSI foi a evidência de que os ataques de 08/01 em Brasília foram muito mais uma calculada bomba semiótica transmídia, do que uma tentativa real de um clássico golpe de Estado. O suposto vazamento tornou inevitável para o Governo a CPI, prometendo expandir o universo narrativo dos ataques de janeiro em múltiplas mídias e plataformas – cada vez mais o circo midiático das CPIs é transmídia. Bomba semiótica completa: polissemia, novidade, efemeridade, movimento e imprevisibilidade. E, principalmente, os sincronismos em torno do “vazamento” nesta semana. A invasão de Brasília foi um golpe virtual para a TV. O início de um universo em expansão que ameaça virar um golpe real.

quinta-feira, abril 20, 2023

Série 'Devs': uma Big Tech em busca de um "Rosebud" quântico


Causalidade versus acaso; determinismo versus livre-arbítrio. O velho dilema da Filosofia resolvido deterministicamente por um supercomputador quântico que consiga processar todas as variáveis possíveis do Universo até se transformarem em informações quânticas computáveis, prevendo todas as causas e efeitos. Até o momento em que o mapa se confunda com o próprio território, lembrando o clássico conto de Jorge Luís Borges. É a série de Alex Garland “Devs” (2020), na qual o gênio dono de uma Big Tech está em busca de seu “Rosebud”: secretamente reencontrar a pequena filha falecida manipulando o mapa da linha do tempo de todas as causas e efeitos. E em torno de tudo isso, espionagem industrial, assassinatos e a Inteligência do governo.

quarta-feira, abril 19, 2023

Do chilique à excitação midiática: o "ruído" geopolítico e as entrelinhas do vídeo "vazado"


Uma semana bipolar para o jornalismo corporativo: do chilique à feliz excitação com o bom e velho “vazamento”. Como sempre, com timing, oportunismo e sincronismo - após aceno geopolítico de Lula aos BRICS e semana com generais depondo e coronéis indiciados. O chilique começou quando viu Lula sair da “zona de conforto” da agenda de consenso ambiental para impor uma agenda geopolítica (para a mídia, "ruído") na visita à China: ao contrário da mídia, não se alinhou automaticamente com os EUA. E depois, o “vazamento” que dá um xeque-mate em Lula: terá que aceitar o “Circus Maximus” de uma CPI dos atos antidemocráticos. Exultantes, “colonistas” transformam em má notícia a “queda do primeiro ministro de Lula”, o ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, a partir de vídeo “vazado” supostamente mostrando ajudando invasores no Palácio do Planalto. Nas entrelinhas, o suposto “outro lado” do 08/01: Lula também incentivou e faturou com as invasões. Silogismo implícito dos “colonistas”: Por isso Lula não queria uma CPI.

sábado, abril 15, 2023

'Cansei de Ser Sexy'; Cidadão Kane e os marcianos; meganhando escolas; Lula tirou a tornozeleira eletrônica geopolítica?


Venda seus dólares! Compre Yuan! O humilde blogueiro não é coaching financeiro, mas há algo diferente no ar, muito além das mudanças climáticas. Vamos discutir também esse cenário na Live Cinegnose 360 #103, nesse domingo (16/04), às 18h, no YouTube. Vamos começar com a banda brasileira “Cansei de Ser Sexy”: como era a cultura Hype pré-redes sociais. O J-Horror do filme “Audition” (sexismo e a patológica solidão na sociedade japonesa); revisitando o clássico “Cidadão Kane”: como o pânico da transmissão radiofônica “Guerra dos Mundos” inspirou Cidadão Kane – um mergulho no áudio original de 1938; Crítica Midiática da Semana: o projeto extrema-direita/grande mídia para meganhar escolas: moldar a próxima geração de eleitores; Mídia tenta blindar a bomba semiótica anti-China Dalai Lama; o hoax Aliexpress para arregimentar classe média contra Lula; Grande mídia dos EUA acusa impacto da ameaça do BRICS ao dólar: será que Lula se livrou da coleira eletrônica geopolítica? O modus operandi dos “vazamentos”: o roteiro canastrão do vazamento do Pentágono. Um flagrante de apropriação semiótica alt-right: “Blackrock é comunista!”. É aqui no Cinegnose, nesse domingo.

sexta-feira, abril 14, 2023

Sexismo e solidão exorcizados pela violência no J-Horror 'Audition'


Muito tempo antes da onda atual do teror de gênero, o diretor japonês Takashi Miike lançava as bases do J-Horror com um filme de vingança contra a arrogância masculina. “Audition” (Ôdishon, 1999) é um rico estudo em ironias psicológicas, retratando homens e mulheres como irreconciliavelmente separados por fronteiras sociais e traumas pessoais que devem eventualmente ser exorcizados pela violência. Tendo como fundo a patológica solidão da sociedade japonesa. Organizado por um amigo, um viúvo chamado Aoyama participa da audição de seleção de atrizes para um filme inexistente – um ardil para ele encontrar a mulher ideal. Uma audição baseada num pressuposto tão absurdo (a mulher perfeita se decepcionaria com a mentira, mas seria submissa o suficiente para aceitar o assédio) não poderia terminar bem. E Aoyama vai aprender da pior maneira possível.

quinta-feira, abril 13, 2023

Filme 'Cidadão Kane', marcianos e pânico


“Cidadão Kane” (Citizen Kane, 1941) foi um milagre no cinema: um diretor estreante; um escritor cínico e alcoólatra; um diretor de fotografia inovador e um grupo de atores de teatro e rádio de Nova York receberam carta branca e controle total, e fizeram uma obra-prima. Da transmissão de rádio sobre uma invasão marciana que levou os EUA ao pânico em 1938, a um filme sobre um magnata da mídia, Orson Welles estimulou a reflexão sobre duas formas de poder: o da influência midiática e da propriedade das mídias. Na primeira, a descoberta de que o século XX estava preparado para o pânico; e na segunda, uma exploração freudiana do desejo pelo poder – basicamente poderia ser a busca para recuperar algo perdido na infância. O Poder como fantasia adulta regressiva a uma forma neurótica e compulsiva.

quarta-feira, abril 12, 2023

Caos como método: "meganhar" a escola para formar futuros eleitores da extrema-direita


Há algo que a extrema-direita tem de sobra que falta à esquerda: o élan conspiratório. Nos treze anos de governo, o PT jamais viu a educação como espaço para a conquista do imaginário que cimentaria o apoio ideológico das massas. Com o economicismo acreditou que bastaria a entrada dos excluídos no mercado de consumo para se sentirem cidadãos. Ao contrário, a extrema-direita (principalmente sua versão alt-right) sabe que o ambiente escolar é o locus decisivo para vencer a “guerra cultural”. Por isso, sob a complacência da grande mídia e Big Techs, enceta o caos como método: “meganhar” (militarização + policialização) a escola através da disseminação do medo pelas redes, com o apoio de subgrupos extremistas que deixaram a Deep Web com a ajuda dos algoritmos interesseiros. Quer conquistar o imaginário das futuras gerações de eleitores.

sábado, abril 08, 2023

O low rock de Morphine; por que Big Tech está com 'medo' da IA; Globo está morrendo gorda; mídia quer meganhar escolas


Venha fazer conexões, ligações e ligar lé com cré em vários assuntos dentro do espírito “visão 360”. É a Live Cinegnose 360, #102, nesse domingo (09/04), às 18h, no YouTube. Para abrir, vamos discutir o trio “low rock” Morphine: rock e jazz bebop no som estrangeiro e gnóstico de Mark Sandman. Depois, vamos discutir o filme “Luther – O Cair da Noite” (o impulso confessional nas mídias e redes sociais) e a série “Enxame” (cada movimento da cultura pop cria seu próprio tipo de assassino). Por que o mainstream da Big Tech está com medo da Inteligência Artificial? A mitologia da IA criada pelo marketing e ideologia. E na Crítica Midiática da Semana: Como o Jornalismo Corporativo protege seus ativos na cobertura dos ataques a escolas e creches; Globo está implodindo o seu jornalismo porque ela está morrendo gorda; A narrativa canastrona do “espião russo”: déjà vu do caso Snowden. Como o impacto midiático da privatização dos Correios ocultava o cerco geopolítico dos EUA. Primeiros 100 dias de Lula: jornalismo corporativo propositalmente mistura causa e efeito. E mais estranhíssimos Comentários Aleatórios! É nesse domingo!

sexta-feira, abril 07, 2023

Mídia não liga lé com cré no ataque de SC e protege seu ativo: o Exército Psíquico de Reserva


Com um delay de mais de 30 anos, grande mídia agora dá ouvidos a estudiosos e muda política de cobertura a ataques como a da escola em São Paulo e a creche em Blumenau (SC): evitar o chamado “efeito copycat” de imitação de criminosos a partir da repercussão que a mídia oferece a esse tipo de notícia. Mas sabemos que o jornalismo corporativo não dá ponto sem nó. Destaca apenas as medidas do governo (estadual ou federal) para o aumento do patrulhamento e a criação de “protocolos” nas escolas contra esse tipo de crime. Com o seu notório empirismo grosseiro, sob o álibi de não querer dar visibilidade a criminosos, não quer ligar lé com cré: o sincronismo entre o crescimento de células nazistas e neonazistas nas redes sociais e a escalada de ataques a creches e escolas. Por quê? Para manter em stand by um dos seus principais ativos: o Exército Psíquico de Reserva. Uma espécie de exército de zumbis, útil num passado recente, e sempre a postos para entrar em ação a cada “apito de cachorro”.

quinta-feira, abril 06, 2023

Cada movimento da cultura pop cria seu próprio assassino na série 'Enxame'


“Esta NÃO é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, NÃO é mera coincidência”. Com esse alerta abrasivo começa cada episódio da série da Prime Video “Enxame” (Swarm, 2023), inspirado na cultura da base de fãs da celebridade pop Beyoncé. A “Abelha Rainha” da comunidade de fãs chamada “Colmeia”. No século XX fãs se limitavam a rasgar roupas dos ídolos ou, eventualmente, assassiná-los. Agora vemos a ascensão da chamada “cultura stan” das redes sociais cujas comunidades de fãs geram haters. Que decidem fazer justiça rápida, agindo como um enxame contra qualquer um que sequer sugira ofender a “rainha”. Cada movimento na cultura pop cria seu próprio assassino. Esse é o tema da série de humor negro “Enxame”.

quarta-feira, abril 05, 2023

'Luther - O Cair da Noite': somos hackeados pelo impulso confessional


“Luther – O Cair da Noite” (2023, disponível na Netflix) é a continuação nas telonas da série para TV sobre o detetive brilhante, mas com uma questionável bússola moral. O resultado foi um pastiche de “Black Mirror”, o pior de James Bond (da era Craig) e a versão negra do detetive John McClane de “Duro de Matar”. Porém, o argumento central do filme é atual e urgente:  usuários são capazes de compartilhar ou guardar seus maiores segredos, vícios, confissões e toda sorte de detalhes pessoais em plataformas que sabidamente não são públicas - negócio privados e vulneráveis às ingerências políticas e mercadológicas. Como explicar esse “impulso confessional” que torna as pessoas vulneráveis ao hackeamento e chantagem?

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