quinta-feira, abril 14, 2022

PsyOps do PMiG: do viagra ao súbito interesse cívico no primeiro voto do jovem


Desde o primeiro dia, toda semana, incansavelmente, o governo Bolsonaro e o PMiG (Partido Militar Golpista) inventam uma crise. Uma operação psicológica chamada “guerra criptografada de Informações” com um objetivo geral de “aloprar” o cenário político do momento, aproveitando-se da perigosa ingenuidade dos jornalistas e do fígado sempre reativo da esquerda. Apagar as digitais do PMiG e ocultar os fundamentos neoliberais do governo são algumas das metas dessa psyOp. Depois que a guerra na Ucrânia perdeu a audiência na grande mídia, o PMiG voltou com tudo: crise na Petrobrás e no ministério da Educação. E, nessa semana, a compra milionária de viagra e próteses penianas para a caserna. Em todo esse embaralhamento de informações, está passando despercebido o porquê do súbito interesse “cívico” do TSE no primeiro título de eleitor do jovem – a natureza do voto dessa faixa etária será um prato cheio para o ardil semiótico alt-right. 

quarta-feira, abril 13, 2022

'Jimmy Savile: A British Horror Story': esconder mostrando aquilo que se pretende ocultar


A câmera é capaz de mentir mesmo mostrando aquilo que pretende esconder? Essa é a questão central do documentário Netflix “Jimmy Savile: A British Horror Story” (2022) sobre o escândalo que explodiu após a morte do icônico DJ, apresentador de TV e filantropo inglês – um rastro de mais de 500 vítimas de abusos e estupros, principalmente de menores de reformatórios, hospitais e instituições psiquiátricas. Jimmy Savile foi por 60 anos uma celebridade do showbiz, admirado por Margaret Thatcher, amigo da família real e com uma multidão de fãs. Boatos de assédios e abusos o acompanharam, mas Savile espertamente os alimentava na mídia, diante das câmeras, para depois ser tudo abafado pela sua credibilidade que os milhões que arrecadava para a caridade construíram. Será que Savile hipnotizou toda uma nação com seu jeito excêntrico e lunático? Assim como Dr. Caligari, no clássico do cinema alemão? O caso Savile revela esse ardil do vilão do filme que teria prenunciado o zeitgeist do nazifascismo.

sábado, abril 09, 2022

Nesse domingo, Jethro Tull, soviéticos na Lua, 'Massacre de Bucha' leva o Oscar e crítica midiático da semana


Quase completando um ano, a Live Cinegnose 360 chega à edição #50, nesse domingo (10/04) às 18h, no YouTube. Como todos já sabem, começamos com os vinis do humilde blogueiro. Vamos conversar sobre o rock progressivo “acidental” da banda Jethro Tull: álbum “Thick as a Brick”, uma piada que se tornou séria. Depois, um filme estranho para cinéfilos corajosos: “Ham on Rye”, a adolescência e os ritos de passagem; e a série “For All Mankind”: e se os soviéticos tivessem sido os primeiros a chegar na Lua? E o Oscar vai para... o “Massacre de Bucha”, o remake do “Os Ossários de Timisoara” de 1989. O que os “alt-right” Daniel Silveira, Arthur do Val e Gabriel Monteiro tem a ver com o pensador francês Paul Virilio? – o tempo real e a crise da democracia representativa. Crítica midiática da semana: os “telecatchs” da Petrobrás e do ministério da Educação. Venha participar dessa histórica edição #50! 

sexta-feira, abril 08, 2022

Série 'For All Mankind': e se os soviéticos tivessem chegado primeiro na Lua?


Ao lado da série “O Homem do Castelo Alto”, “For All Mankind” (2019- ) é uma série que se alinha ao subgênero das realidades alternativas – se a série baseada em Philip K. Dick mostrava uma realidade alternativa na qual Alemanha e Japão ganhavam a Segunda Guerra Mundial, nessa da Apple TV + acompanhamos o efeito em cascata, seja geopolítico, seja na cultura e costumes, dos soviéticos terem sido não só os primeiros a pisar na Lua, mas de também colocar a primeira mulher cosmonauta pisando o solo lunar. A questão é que, mesmo em um mundo alternativo, a série repete as mesmas mitologias do nosso mundo real: a NASA como como uma agência “científica” e astronautas como os playboys do “american dream”. 

quinta-feira, abril 07, 2022

Filme "Ham on Rye": a impermanência da juventude entre o sonho e o conformismo


“Ham on Rye” (2019), do diretor Tyler Taormina, é um daqueles filmes para cinéfilos aventureiros: é um filme marcado pela estranheza porque, aparentemente, nada acontece. A única âncora narrativa é uma espécie de ritual de passagem tradicional de uma cidadezinha suburbana sem graça: grupos de adolescentes do final do ensino médio rumam para a lanchonete Monty’s no qual, de alguma maneira, será decidido o futuro adulto de cada um. “Ham on Rye” é um filme sobre a impermanência da juventude e a forma como ela parece desaparecer. É um filme vago, mas, estranhamente prazeroso. Há um subtexto sobre o dilema adolescente do “duplo vínculo”: o medo paralisante da rejeição criado pelo dilema de ficar entre o sonho e o conformismo; entre as aspirações e a resignação.

quarta-feira, abril 06, 2022

Massacre de Bucha repete não-acontecimento dos 'Ossários de Timisoara' de 1989


Todo o hype atual em torno das fake news parece ocultar algo mais pernicioso: os não-acontecimentos – eventos em que a informação se confunde com a fonte, tornando sem sentido a diferença entre verdade e mentira. Os “Ossários de Timisoara”, 1989, escândalo das imagens de centenas de mortos, montadas para a necrofilia televisiva e que levou ao desfecho da Revolução Romena, foi a mãe de todos os modernos não-acontecimentos, das guerras às revoluções híbridas. O “Massacre de Bucha” é mais uma não-acontecimento, com o seu timing, inconsistências, canastrice ficcional e, como sempre, um evento cuja verossimilhança não resiste a uma simples pergunta: quem ganha?

domingo, abril 03, 2022

Live de domingo: Charlie Parker, porque zumbis não morrem, Batman na guerra híbrida e o 'hype' das fake news


Onde tem um velho blogueiro analisando velhos vinis, discutindo filmes e séries novas e, também, analisando notícias e fatos não tão novos assim? É na Live Cinegnose 360, neste domingo (03/04) na edição #49, às 18h, no YouTube. Na sessão dos velhos vinis do humilde blogueiro, vamos ouvir e analisar o jazz de Charlie Parker: o jazz Bebop, o segundo cometa que bateu em Nova York (qual foi o primeiro?). Em seguida, vamos discutir o simbolismo político e social dos zumbis com o filme “Os Mortos não Morrem”, de Jim Jarmusch. Filme “Batman” e o papel das franquias Marvel e DC Comics na formação do “mind set” da guerra híbrida global. Por que as “Fake News” e “Fact-Checking” viraram o “hype” do jornalismo e do TSE? Guerra na Ucrânia: quando a realidade alcança a ficção. O sincronismo do “31 de Março”: sincromisticismo e Parapolítica. A crítica midiática da semana: como dar uma má notícia com palavras positivas?

sexta-feira, abril 01, 2022

O 'mind set' da guerra híbrida no filme 'Batman'


Pouco depois dos atentados de 2001 nos EUA, o Governo Bush reuniu-se com os chefões da indústria do entretenimento, em um hotel de Beverly Hills, definindo uma Agenda Hollywood para os próximos 20 anos com as linhas gerais para produção de conteúdos. Entre elas, a intensificação das franquias de super-heróis das franquias Marvel e DC Comics. Mais do que impor valores americanos, a estratégia era de criar o “neurocinema”: através do universo expandido das franquias, criar um “mind set” necessário para as “revoluções híbridas” planetárias da geopolítica dos EUA. “Batman” (The Batman, 2022) de Matt Reeves é a produção mais acabada dessa Agenda – como o senso particular de justiça de Batman criou um monstro: uma versão Incel do Charada numa Gotham doente e decadente, no qual ressentimento e o senso de antipolítica pavimentam a ingovernabilidade necessária para todas as “revoluções coloridas” globais.

quarta-feira, março 30, 2022

Os zumbis são espelhos dos vivos em 'Os Mortos Não Morrem'


O planeta sai do eixo devido a uma exploração geológica predatória no Polo Norte. O dia e noite começam a mudar instantaneamente. Os animais fogem ou enlouquecem. Mas na pequena cidade de Centerville todos ignoram, imersos em que estão na sua pacata rotina. Até que os mortos ressuscitam, transformados em zumbis. Mas eles não querem apenas comer os vivos: querem voltar a consumir produtos e objetos de que gostavam quando eram vivos. Essa é a comédia de humor negro de Jim Jarmusch “Os Mortos Não Morrem” (The Dead Don’t Die, 2019), um filme político e espiritualmente amargo: retoma o simbolismo político original de George Romero em “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968) para dar uma complementação existencial gnóstica: e se nos formos como os mortos-vivos, vagando pela Terra sonolentos e arrastados?

domingo, março 27, 2022

Live de domingo com Wagner, Nietzsche, Philip K. Dick, Gnosticismo e guerra semiótica na Ucrânia e no Brasil


Quer fazer o final de domingo valer à pena? Então participe da Live Cinegnose 360 #48, nesse domingo (27/03), às 18h, no YouTube. Na sessão dos vinis desse humilde blogueiro, vamos falar de música clássica: por que Nietzsche cancelou Richard Wagner? – e o que isso tem a ver com o Top 10 das músicas mais executadas nas rádios brasileiras. Depois, Gnosticismo e o escritor Philip K. Dick em duas séries: “Feria: Segredos Obscuros” e “Philip K. Dick’s Eletric Dreams”. E um balanço sobre um mês de cobertura midiática na guerra da Ucrânia: recorrências, clichês e contradições. Pesquisas eleitorais apontam que a grande mídia vai de Bolsonaro mesmo! PMiG e a guerra semiótica criptografada: o “escândalo” do Ministério da Educação e Val do Açaí. Junte-se aos cinegnósticos nesse domingo!

sexta-feira, março 25, 2022

Um mês de cobertura da guerra na Ucrânia revela clichês e mascara "video news releases"


A cobertura midiática da guerra na Ucrânia completou um mês e já demonstra as mazelas de todas as coberturas extensivas, de Olimpíadas a conflitos como esse no Leste europeu: a obrigação de cumprir o mesmo script por um tempo tão longo expõe a recorrência de clichês e contradições retóricas e das condições em que os fatos são reportados: a retórica da “guerra de narrativas”; civis mortos vs. apologia à resistência civil; o silencioso mascaramento da utilização de vídeo news releases nos telejornais; hipernormalização da tragédia com o pianista ou violinista mais próximo; a avaliação “sobrenatural” do poderio militar russo vs. fracasso militar russo; a retórica metonímica da “guerra nuclear” etc. Porém, o maniqueísmo midiático não faz a pergunta principal: quem ganha com a guerra? O jornalismo corporativo quer ocultar que tanto Biden como Putin ganham, dentro da atual agenda do Grande Reset Global.

quarta-feira, março 23, 2022

Gnosticismo e o zeitgeist de final de milênio na série "Feria: Segredos Obscuros"


O final do milênio criou um zeitgeist que parecia despertar crenças milenaristas medievais: seitas esotéricas ou ocultistas, envolvendo suicídios coletivos, começaram a pipocar em várias partes do mundo. E na cultura pop, Nostradamus e profecias sobre o fim do mundo (inclusive o Y2K, o “bug do milênio”) estavam em alta. Não foi por acaso que as mitologias gnósticas chegaram ao mainstream hollywoodiano, consolidando o gnosticismo pop em filmes como “Show de Truman” e “Matrix”. É neste espírito de final do século XX que se inspira a série Netflix espanhola “Feria: Segredos Obscuros” (2022). Em 1995, uma pequena cidade é atingida por um evento inexplicável: 23 pessoas aparecem mortas junto a uma antiga mina, envolvendo algum tipo de seita ocultista. Repleta de alusões ao Gnosticismo, a série tenta combinar a mitologia gnóstica com todos os tropos dos filmes sobre seitas e cultos: sacrifícios de sangue, sexo ritual, morte, portais interdimensionais etc. E até uma metáfora política do regime franquista na Espanha.

sábado, março 19, 2022

Live Cinegnose é nesse sábado! New Order, Acid House, Ucrânia, geopolítica e guerra híbrida


Nessa semana a Live Cinegnose 360 estará nos embalos de sábado à noite. Excepcionalmente, a Live #47 será nesse sábado, 19/03, às 18h, no YouTube. Na sessão dos vinis desse humilde blogueiro vamos com New Order e a história da subcultura Acid House: música, esoterismo e a ascensão das “smartdrugs”. Vamos também discutir dois filmes estranhos: “The Seed” (HP Lovecraft invade mundo dos influenciadores digitais) e “Ultrasound” (o quebra-cabeça da manipulação tecnocientífica da memória). De São Paulo à Ucrânia, o Efeito Heisenberg midiático: quando a realidade vira estúdio de TV a céu aberto. Será que Biden e Putin simulam crise geopolítica para subjugar a Europa? Guerra semiótica criptografada: a escaramuça da Petrobras e diversionismo no quarto ano do assassinato de Marielle Franco. A prova do pudim: grande mídia vai de Bolsonaro mesmo!

sexta-feira, março 18, 2022

Efeito Heisenberg midiático torna São Paulo e Ucrânia estúdios de TV a céu aberto


O que há em comum entre uma cratera que quase parou a Linha 11 da companhia de trens de São Paulo e mercenários brasileiros que ingenuamente facilitam a localização da ciberinteligência russa por postarem, nas redes sociais, fotos e clipes ao som de “Tropa de Elite”? Um efeito midiático que praticamente transforma acontecimentos em estúdios de TV a céu aberto: o “Efeito Heisenberg” – a mídia já não consegue transmitir os fatos, mas o impacto que a cobertura produz nos próprios fatos. Na verdade, o tempo todo ela cobre a si mesma. Enquanto a “alternativa técnica” da Prefeitura para tapar a cratera provocou cenas catastróficas de enchentes na região da Zona Leste de São Paulo, a vaidade das poses heroicas em busca de likes atrai os mísseis russos. O Efeito Heisenberg ilustra muito bem o potencial efeito letal da grande mídia em guerras híbridas.  

quarta-feira, março 16, 2022

O quebra-cabeça da manipulação tecnocientífica da memória no filme "Ultrasound"


Apesar da identidade ser estável e perene, ela é baseada em sensações frágeis e lábeis que constituem interpretações muito pessoais da nossa verdade: as memórias. É esse paradoxo do psiquismo que se torna o ponto fraco de qualquer manipulação mental. Principalmente por ferramentas tecnocientíficas. Pior ainda se tiver por trás corporações ou governos. “Ultrasound” (2021) é um quebra-cabeça ao estilo de Christopher Nolan em “Amnésia” ou “Inception” que ecoa as conspirações do Deep State da Guerra Fria (e parece que estamos de volta!) de projetos como MK-Ultra e Blue Bird de manipulação mental. O início do labirinto começa com um homem que, numa noite chuvosa, é obrigado a abandonar o carro com pneus furados e pedir ajuda numa casa. Lá encontra um casal amigável e prestativo... mas lembre que em “Psicose”, Norman Bates também era...

terça-feira, março 15, 2022

Em 'The Seed' o horror cósmico invade a bolha virtual dos influenciadores digitais


Se em “Não Olhe Para Cima” a humanidade, fechada nas bolhas virtuais das mídias sociais, ficava indiferente a um asteroide em rota de colisão com a Terra, no terror sci-fi “The Seed” (2021) influenciadoras digitais veem num alien que cai do céu apenas um conteúdo para aumentar engajamento e monetização nas redes sociais. Três amigas vão passar o final de semana regado a bebidas e drogas em um rancho no meio do deserto do Mojave para assistir a uma rara chuva de meteoros. Mas o que até então era uma comédia de terror leve sobre adolescentes ricas e insípidas em férias de verão, de repente se transforma em uma mistura de alucinação alienígena erótica e horror corporal ao melhor estilo do horror cósmico do escritor gótico norte-americano HP Lovecraft. 

domingo, março 13, 2022

Nesse domingo: O rock prog do Yes, como a Ucrânia virou um estúdio de TV e guerra real e semiótica no ano eleitoral


E a invasão de domingo continua! Live Cinegnose 360 #46, 13/03, às 18h no YouTube. Diretamente dos vinis do humilde blogueiro, nos labirintos esotéricos da mais emblemática banda de rock progressivo: “Yes”. Você quer deixar de ficar depressivo no domingo, com medo da segunda-feira? Então conheça a série “Ruptura”: as tiranias tecnológicas das empresas modernas. E depois, o filme “Ele Está de Volta”: o século XXI recebe Hitler de braços abertos. Filme que nos introduzirá ao próximo assunto: como a guerra na Ucrânia se transformou no espelho do Ocidente. Uma pergunta: o que está fazendo o símbolo ocultista do “Sol Negro” nos uniformes dos soldados ucranianos? E mais: Ucrânia está se transformando num estúdio de TV a céu aberto – guerra e “eventos-encenação”. O ótimo rendimento semiótico da guerra na Ucrânia para o PMiG brasileiro: como tirar o neoliberalismo da reta no tarifaço dos combustíveis. Venha para o front da invasão! 

sexta-feira, março 11, 2022

Seria a guerra na Ucrânia um filme mal produzido?


Na cobertura jornalística da Guerra na Ucrânia, a grande mídia vem falando muito em “guerra de narrativas” e “propaganda de guerra”, além da “verdade como a primeira vítima”. Claro, que tudo isso só se aplica aos russos. Porém, na utilização dessas expressões de “desconstrução” existe um ardil: oculta uma coisa mais grave do que “narrativas” – o fato de que na guerra atual não há mais dissimulações, mas simulações: “eventos-encenação”. Não importam as narrativas de dissimulações, sejam da OTAN ou de Putin. O ponto de partida já é simulado. Dois exemplos: o vídeo-diário do “Illusion Warfare Report” e o site “Anti-Spigel” que denunciam como a Ucrânia está se tornando um estúdio de TV a céu aberto para a produção de vídeo especialmente roteirizados para serem posteriormente segmentados em pequenos clipes pelos telejornais – para serem exibidos em lopping nas inúmeras entrevistas ao vivo com especialistas.

quinta-feira, março 10, 2022

As tiranias tecnológicas da empresa moderna na série "Ruptura"




Chega de tentar equilibrar as exigências do trabalho com a vida pessoal. Chega de estresse e burnout. Chega de levar problemas para casa. Chega de ficar depressivo no domingo com medo da segunda-feira. Na série Apple TV+ “Ruptura” (“Severance”, 2022- ) esses problemas terminaram. Ou aparentemente. Afinal, como o bom e velho Freud dizia, o reprimido sempre retorna. Em um futuro próximo uma revolucionária técnica neurocirúrgica chamada “Ruptura” cria dois selfs totalmente incomunicáveis em funcionários de uma misteriosa corporação: o eu da vida pessoal não lembra do eu que trabalha na empresa. É como vender parte de si à corporação. A série “Ruptura” é uma espécie de “The Office” hipo-utópico: revela desde as suaves tiranias dos escritórios modernos até o grande projeto de engenharia social do Capitalismo: controlar o tempo livre dos indivíduos através do esquecimento.

quarta-feira, março 09, 2022

Guerra na Ucrânia: o Império vê Hitler no próprio espelho


"Parecem com a gente!”, exclamou o repórter da CBS News ao ver imagens de refugiados ucranianos. Ato falho sintomático: foi a deixa para aumentar a escalada retórica midiática da iminência de uma “guerra mundial” – afinal, guerra mundiais só acontecem quando brancos estão morrendo. No mundo real, a Segunda Guerra Mundial jamais terminou. Os Impérios nunca pararam de lutar em inúmeras guerras quentes e golpes a sangue frio por décadas. Historicamente, as guerras mundiais sempre liberam o Império Branco (América-Europa) da culpa da própria violência colonial e racismo, ao escolherem o Hitler da vez e dizer “esse era o cara mau” e “nós o pegamos”. Agora, é Putin, com todo o “physique du rôle” para o papel. O Império sempre precisa de um Hitler. Caso contrário, eles teriam que se olhar no espelho e ver sua própria hipocrisia. Há 77 anos, Aimé Césaire, no livro “Discurso Sobre o Colonialismo”, chamava de “efeito bumerangue” quando as guerras se voltam contra o próprio Império, com mesmo racismo e violência que dispensam às suas colônias. E novos “Hitlers” são necessários. A diferença é que não mais gerados pelo Cristianismo. Mas agora pela democracia liberal midiática. 

domingo, março 06, 2022

Live invade domingo: vinis do Gentle Giant, hipernormalização na Ucrânia e Deep State manda conta pra nós


Live Cinegnose 360 vai invadir esse domingo. Com data, hora e lugar marcados para começar a invasão: 06/03, às 18h, no YouTube. Vamos começar com o vinil do rock progressivo do Gentle Giant: uma banda inspirada na sátira do escritor Rabelais e na anti-psiquiatria de RD Laing. E continuar com análise de duas séries nórdicas: “Equinox” (por que milhares de pessoas desaparecem no mundo?) e “Post Mortem: Ninguém Morre em Skarnes” (o vampiro, muito além dos clichês hollywoodianos). Depois vamos discutir a real da guerra na Ucrânia: a estratégia semiótica de hipernormalização midiática e os grandes vencedores: o Deep State e o Grande Reset Global do Capitalismo – como a conta de todo esse “infotenimento” midiático vai chegar para nós. Guerra criptografada do PMiG está bugando até a cabeça da extrema-direita. Venha participar dessa invasão de domingo!

sexta-feira, março 04, 2022

Deep State e Grande Reset Global fazem hipernormalização da guerra na Ucrânia


Através das telas, o mundo se entretém com a cobertura corporativa da Guerra na Ucrânia com todos os elementos semióticos de hipernormalização: discurso infantilizado (maniqueísmo, alívio cômico, contos de fadas com finais felizes etc.), sentimentalismo (busca de boas histórias “motivacionais”) e temor (o Mal onipresente, indeterminado, exponencial etc.). Enquanto isso, as três oligarquias que compõem o Deep State dos EUA estão estourando suas garrafas de champanhe. A alegria dessas oligarquias, que bancam todo esse espetáculo de entretenimento jornalístico que combina canastrice ficcional com fatalismo, logo mandará a conta para os distintos espectadores. Porque não há almoço grátis. Para entendermos o montante dessa conta, precisamos entender como se articulam três esferas nessa conveniente crise: (a) hipernormalização; (b) Deep State; (c) O grande reset global e o novo salto mortal do Capitalismo. 

quarta-feira, março 02, 2022

Série 'Post Mortem: Ninguém Morre em Skarnes': o mito do vampiro muito além do Mal


Desde “Deixe Ela Entrar” (2008) as produções audiovisuais escandinavas têm como característica inovações inusitadas em gêneros que sempre foram marcados pelos clichês hollywoodianos. Um deles é a da mitologia do vampiro. Na série “Post Mortem: Ninguém Morre em Skarnes” (2021- ) não há vampiros que fogem de cruzes ou réstias de alho, e andam normalmente à luz do dia. E muito menos, pescoços mordidos em série – para desespero de uma agência funerária local em crise financeira. Na série os vampiros não seduzem adolescentes como em “Crepúsculo”, e não são nem encarnações ou representações do Mal. É apenas uma incômoda herança (assim como as dívidas da agência funerária) com a qual deve-se conviver através de medidas práticas. É a marca da cineteratologia (as representações da monstruosidade e do Mal no cinema) atual: ética e moralmente neutros, seres que apenas lutam para sobreviver.

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