Pais tautistas e crianças autistas e paranormais. De um lado, pais tão absorvidos pelos seus problemas cotidianos que abdicaram do papel de transmissores de sabedoria e conhecimento. E do outro, filhos entre o autismo e poderes paranormais – na verdade, a metáfora do hiato geracional: sem conseguirem entender o mundo adulto, estendem a visão mágica e animista da primeira infância, numa espécie de infância estendida. O filme nórdico “The Innocents” (“De Uskyldige”, 2021) é um terror atmosférico e silencioso no qual deixa para trás toda a visão nostálgica adulta de uma suposta inocência infantil. Em um conjunto de apartamentos popular, crianças passam suas férias de verão descobrindo seus poderes telepáticos e telecinéticos, enquanto os pais estão alheios a tudo. Paradoxalmente a filha de espectro autista é a única que interage nessa rede psíquica, pressentindo uma ameaça entre as crianças.