quinta-feira, junho 04, 2020

Saem black blocs, entram os antifas: Guerra Híbrida?


Finalmente a oposição decidiu tomar conta das ruas, até aqui dominada pela extrema-direita em meio à quarentena que impôs um circuit braker político-econômico. Surgem os “antifas”, acabando com a tranquilidade das domingueiras bolsomínias clamando por intervenção militar e fechamento do Congresso e STF. Será que os antifas poderão se tornar aquilo que os black blocs foram para as “Primaveras” da Guerra Híbrida pelo mundo? Aqui e ali aparecem signos recorrentes das chamadas “Revoluções Populares Híbridas”: numa caçamba, jogada no meio da Avenida Paulista, pichações do acrônimo inglês ACAB (“All Cops Are Bastards”, emulando os protestos anti-racistas nos EUA) e “2013 VIVE”, além de slogans genéricos como “Defesa da Democracia”. Antifas poderão ser facilmente envolvidos no chamado “movimento de pinça”, tática militar da guerra convencional levada para o campo simbólico da Guerra Híbrida. Essas “pinças” podem ser múltiplas: junto com os antifas, surgem movimento suprapartidários. Por ex., um deles bancado por Jorge Paulo Lemann (que deu dinheiro e apoio operacional ao “Movimento Vem Prá Rua”) e a ONG norte-americana ligada às revoluções híbridas, a National Endownment for Democracy.

domingo, maio 31, 2020

Na série "The Midnight Gospel" zen-budismo é a filosofia perfeita para nosso universo simulado


Cada episódio da série de animação “The Midnight Gospel” (2020-) é um intensivo exercício pop de meditação: tentamos acompanhar os longos diálogos sobre vida e a aceitação da morte sobre o ponto de vista zen-budista, enquanto os protagonistas estão em mundos de colorido intenso e muitas vezes com violência gráfica pesada que tenta desviar nossa atenção. Como se a narrativa nos obrigasse a buscar o silêncio interior perante o caos barulhento da realidade. O protagonista Clancy faz entrevistas para um “spacecast” em um Universo dentro de simuladores cuja interface é análoga a games de computadores. É exatamente essa a ironia metalinguística central do filme: seres de um universo simulado cujas reflexões zen-budistas de que “tudo é um vazio de qualidade inerente” ou de que “vivemos em uma ilusão” é a filosofia perfeita para entidades digitais vazias e sem alma. A série flerta com o niilismo e solipsismo: seriam as filosofias orientais perfeitas para a nossa condição existencial de vivermos num Universo simulado análogo aos mundos de “Midnight Gospel”?

domingo, maio 24, 2020

Suposto vídeo devastador revela aliança oculta entre o Brasil Renitente e o Brasil Profundo


“Conteúdo devastador!”. Seria a bala de prata para as pretensões de Bolsonaro. Finalmente o STF liberou o “fatídico” vídeo da reunião ministerial. Mas a decepção foi diretamente proporcional às expectativas criadas em relação à divulgação. Nesse momento, a grande mídia faz esforço hercúleo para manter a narrativa das “provas” do ex-ministro Sérgio Moro. E manter Paulo Guedes afastado da “ala ideológica”, poupando-o (e também a agenda neoliberal) da contabilidade dos palavrões e xingamentos. Virou uma peça de propaganda do “Bolsonaro-raiz”. Porém, o tiro de festim do vídeo acertou naquilo que não mirou: revelou a aliança oculta entre o “Brasil Profundo” e o “Brasil Renitente” (a elite obstinada em manter a ordem “Casa Grande e Senzala”) com o apoio da grande mídia. Graças à guerra híbrida, o “Brasil Profundo” de seitas ao estilo Jim Jones e David Koresh ganharam tradução política e chegaram ao Estado. Lances de guerra criptografada como esse vídeo são jogadas do “Brasil Renitente” - com um roteiro de teledramaturgia traçado pela grande mídia, mantém o distinto público eletrizado pela montanha russa dos acontecimentos. 

sexta-feira, maio 22, 2020

Série "Undone": os entrelaçamentos quânticos ocultos na nossa vida cotidiana



A série “Undone” (2019-) pode ser considerada a próxima evolução na animação para adultos. Comum em filmes longa-metragem como “Scanner Darkly”e “Waking Life”, “Undone” é a primeira série que usa integralmente a técnica de rotoscopia. Decisão acertada, pela técnica criar uma atmosfera ao mesmo tempo suave e surreal, dando uma sensação de irrealidade e estranhamento. A mesma sensação da protagonista que, após um acidente de carro, deixa para trás uma vida chata e normal: é despertada nela uma capacidade latente de se libertar do contínuo tempo-espaço. E, juntamente com visões do seu pai falecido, faz um exame íntimo dos traumas pessoais e familiares. Descobrindo como a mecânica quântica que estrutura o cosmos também está presente nas impressões mais íntimas e cotidianas. Ir mais rápido do que a luz através do entrelaçamento quântico será o caminho para resolver um mistério que envolve pai e filha.

quarta-feira, maio 20, 2020

"Novo normal": a nova expressão da reengenharia social do coronavírus


Marcinho é despertado pelos amigos. Ainda zonzo ouve péssimas notícias: João Doria é governador, Luciano Huck será candidato a presidente e o atual é Bolsonaro... “Como assim! Aquele do CQC e Super Pop?”. Não! Não estamos na atualidade. Estamos em 2014, e tudo não passou de uma pegadinha para assustar o amigo de ressaca. No dia do fatídico 7x1 da Alemanha... Esse vídeo impagável da trupe de humor “Porta dos Fundos” provoca uma discussão sobre a expressão que cada vez mais aparece na mídia: o chamado “novo normal” – coisas que anteriormente seriam consideradas anormais que depois tornam-se normais, aceitas pelas condições adversas. Expressão de reengenharia social, plantada na mídia como forma de criar resignação numa situação totalmente bizarra: personagens canastrões, promovidos por programas de entretenimento, viram personagens políticos na crise COVID-19. Mecanismo psicológico de amnésia social. E o sincrônico 7X1 da Alemanha foi o gatilho que desencadeou a sucessão de eventos que nos levou ao “novo normal”. 

sexta-feira, maio 15, 2020

"Maria e João": as bruxas e o Sagrado Feminino


Indo muito além da Disney e das funções pedagógicas atuais, os contos de fadas são duros e cruéis: são menos lições de moral e muito mais guias de sobrevivência numa época em que não se acreditava na inocência das crianças. Eram tratadas de forma grosseira como adultos em miniatura. Foi pensando nisso que “Maria e João: O Conto das Bruxas” (Gretel & Hansel, 2020) faz uma adaptação do conto clássico que, como nos informa o título, promete uma subversão feminista. Mas vai além: busca uma interpretação mais universal, cósmica e gnóstica do drama de duas crianças perdidas e famintas numa floresta escura. Não é mais um conto de crianças que tentam voltar para casa, mas buscam autoconhecimento através da magia – a bruxa e o Sagrado Feminino como aliados para subverter as trevas que estruturam nossa realidade. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

quinta-feira, maio 14, 2020

Da montanha sai um rato: falha no JN, o teste de Bolsonaro e vídeo da reunião comprometedora


Quanto mais crescem os números dos mortos pela pandemia COVID-19, mais se intensifica a pauta dispersiva da guerra semiótica criptografada do consórcio Governo-Justiça-Grande Mídia. Depois da simulação de polarizações e conflitos num Governo que faz oposição a si mesmo (pro-ativamente cria a própria crise antes que ela seja criada pelos inimigos), nessa semana chegamos ao estado da arte: a “meta-simulação” – o inédito “defeito técnico” na escalada do Jornal Nacional, coincidentemente no exato momento em que os âncoras começavam a falar sobre o comprometedor vídeo da reunião interministerial. “Falha” com ótimo rendimento semiótico para o jogo criptográfico que oculta as “backdoors” da Biopolítica e Necropolítica. E o show da montanha da qual sai apenas um rato continua: o teste negativo do COVID-19 do presidente e a guerra semântica de versões sobre “comprometedor” conteúdo do vídeo da reunião interministerial.

terça-feira, maio 12, 2020

Curta da Semana: "Quarantine Dog Good Boy" - no confinamento os pets são nossos espelhos


Um curta produzido na quarentena e vencedor do festival on line nos EUA chamado “Filmes Sem Precedentes”. “Quarantine Dog Good Boy” é um curta estranho, bizarro e irônico – a relação com os pets nesse momento de confinamento e isolamento social: para muitos, eles se tornam a companhia constante que compensa a solidão. Mas, como será o ponto de vista do cão ao ver a rotina do entorno mudar e sentir o medo e ansiedade em seus donos? Um curta irônico, porque mergulha na psicologia humana do relacionamento com nossos animais de estimação: como são humanizados como fossem espelhos das mazelas humanas. Porém, eles podem perigosamente refletir de volta o demasiado humano.

segunda-feira, maio 11, 2020

O churrasco da morte e o jet ski: os abismos superficiais da guerra criptografada


E o show não pode parar. O “Churrasco da Morte” foi cancelado. Mas Bolsonaro não se deu por vencido: passeou de jet ski para ver imitações do churrasco que não houve, dessa vez nos luxuosos barcos no Lago Paranoá, Brasília. Mas o Congresso decretou Luto Oficial pelos dez mil mortos na crise da pandemia. Pronto! Nova polarização para entreter o respeitável público: indiferença presidencial X luto respeitoso do Congresso. Analistas políticos gastam tempo de TV e bytes na Internet para tentarem fazer uma análise hermenêutica nas falas do presidente. Mas o seu discurso é um fenômeno pós-moderno da direita alternativa, aquilo que o pensador Jean Baudrillard chamava de “abismos superficiais” – os simulacros políticos, sem nenhuma essência, sentido ou significado.  Não ser como guerra semiótica criptografada que inventa polarizações para impedir a verdadeira crise que porventura possa emergir: a queda das máscaras dos atores que encenam esse telecatch diário. Revelando que todos fazem parte do mesmo consórcio político-midiático-judicial que ampliou a letalidade do COVID-19 como consequência do apoio canino às reformas neoliberais de austeridade fiscal e uberização da sociedade. A grande mídia tenta esconder isso com a retórica do apoio à “Ciência” em outra polaridade simulada contra os “Negacionistas”.

domingo, maio 10, 2020

A humanidade tenta voltar para a casa que esqueceu na série gnóstica "O Vazio"


Nos primeiros minutos do primeiro episódio três adolescentes acordam em uma sala vazia, sem memória de quem eles são ou de como chegaram lá. Há uma máquina de escrever bem visível no canto e gás verde venenoso está saindo do chão. Cães demoníacos aparecem do nada para persegui-los, e um homem com questionável senso de moda oferece sua ajuda mística, mas com um custo ambíguo. Assim começa a série de animação “O Vazio” (“The Hollow”, 2018-20), disponível na Netflix. Protagonistas tentam encontrar o caminho de volta para casa. Mas como encontrar se não lembram do caminho ou sequer o que ela é? Esse é o paralelo que a série faz entre a Jornada do Herói a e condição existencial gnóstica humana, do nascimento até a morte – somos exilados em um mundo paralelo? Em algum limbo pós-morte? Prisioneiros em um game cósmico?

quinta-feira, maio 07, 2020

Na série "Tales From The Loop" o futuro já passou e a gente não percebeu


Sempre estamos à espera do futuro, seja no gênero ficção científica na literatura e no cinema, seja nas utopias políticas ou religiosas. Ou então deixamos de acreditar no futuro, por meio de distopias ciberpunks ou totalitarismos tecnológicos. Mas, e se o futuro já aconteceu e nós não percebemos? As maravilhas tecnológicas já foram realizadas, mas ainda a humanidade se debate angustiada com velhas questões universais como morte, solidão, luto, amor e identidade. Na série “Tales From The Loop” (2020-) estamos em uma década de 1980 alternativa em uma cidadezinha pastoral e agridoce na qual os cidadãos convivem com robôs e tecnologias quase extraterrestres com a mesma naturalidade com que experimentam a hora do chá ou fazem a lição de casa escolar. Com delicadeza e calma, cada episódio lida com uma questão universal humana numa abordagem dos temas sci-fi que a crítica vem definindo como “anti-Black Mirror”: não há utopias ou distopias – o futuro já passou e a humanidade ainda se debate com o “demasiado humano” ainda sem respostas. 

segunda-feira, maio 04, 2020

A construção midiática da mitologia da pandemia


Vírus são pequenos agentes infecciosos do reino submicroscópico. Assim como o vírus possui uma cápsula proteica para aderir na célula hospedeira, também a sociedade possui uma, digamos assim, cápsula semiótica (de discursos, sentidos e significações midiáticas) que adere aos eventos naturais, dando-lhes um sentido e significado através da ideologia do momento. E nesse momento é o da Biopolítica, cujo projeto é destruir as bases da democracia liberal – direitos individuais, equilíbrio dos poderes e parlamento. Diferente da epidemia da meningite na ditadura militar, encoberta pela censura do regime, agora a pandemia é mostrada. Porém, dentro da construção semiológica que o linguista francês Roland Barthes chamava de “mitologia”: a narrativa da letalidade do COVID-19 como uma fatalidade do mundo natural dos micro-organismos. Uma fatalidade que apenas joga sobre a população o peso das omissões deliberadas e irresponsabilidades dos governos comprometidos com a agenda das reformas econômicas neoliberais. Transformando o isolamento social em imperativo moral. Ocultando a ação biopolítica: controle social e garantia da liquidez da banca financeira.

sábado, maio 02, 2020

Cinegnose faz um pequeno inventário da recorrência de sonhos na quarentena COVID-19


Não é apenas a nossa consciência que desperta para o atual momento da pandemia global. Também os nossos sonhos estão traduzindo o momento difícil pelo qual passamos. Nesse momento, psicólogos, historiadores, artistas e estudiosos de diversas áreas estão percebendo a recorrência de símbolos nos sonhos que se assemelham historicamente aos períodos de guerra ou totalitarismo político. Começam a surgir esforços para a criação de banco de dados em todo o mundo, com relatos de sonhos da COVID-19. Por exemplo, pesquisadores da USP criaram o “Inventário dos Sonhos”, enquanto na Universidade de Harvard temos o projeto “Pandemic Dreams” com relatos de sonhos de todo o mundo. “Os sonhos são o sismógrafo do presente”, como afirmava a berlinense Charlotte Beradt em seu livro “Os Sonhos do Terceiro Reich”. Assim como o psicanalista Carl Jung nas análises dos sonhos de seus pacientes, ambos anteviram a ascensão do nazismo. Por isso, também esse Cinegnose iniciou um pequeno inventário de relatos oníricos da quarentena. Nessa postagem, uma análise das primeiras recorrências simbólicas do nosso material pesquisado. Estaríamos diante de um sonho/pesadelo coletivo?

quinta-feira, abril 30, 2020

Em "Domain" pandemia realiza projeto oculto de isolamento social das novas tecnologias


Nos agora longínquos anos 1990 surgia a World Wide Web, sob a promessa de que seria uma gigantesca biblioteca universal e que promoveria a “inteligência coletiva”. Isso tudo ficou para trás, quando a WWW se impôs como uma nova sociedade mediada tecnologicamente, isolando os indivíduos absorvidos pelas telas dos seus dispositivos móveis. Porém, uma pandemia global de gripe ameaça destruir a humanidade, confinando ganhadores de uma loteria mundial promovida pela OMS em bunkers subterrâneos. Sobreviventes, unicamente conectados por câmeras e telas numa nova Internet pós-apocalíptica. Uma situação que ironicamente põe em prática o isolamento tecnológico que já existia no mundo da superfície. Esse é o filme independente “Domain” (2016) que, assistido no momento atual em que estamos sob a urgência sanitária do isolamento social, ganha novos significados. 

domingo, abril 26, 2020

Cinegnose participa de live para discutir política, cinema e filosofia da Pandemia COVID-19


Este editor do Cinegnose participará de uma live no Instagram onde debaterá a atual crise da Pandemia do COVID-19 em seus diversos aspectos: POLÍTICOS (guerra híbrida, guerra criptografada na política brasileira e global, além de aspectos de reengenharia social), CINEMATOGRÁFICOS (a vida imita a arte? Ou estamos acompanhando um fenômeno mais complexo que confunde realidade com a ficção?) e GNÓSTICOS (a crise como reveladora de aspectos fenomênicos e existenciais da condição humana). O debate será com o psicólogo, escritor e pesquisador da UFRJ e criador do @transaberes, Nelson Job. A live acontece nessa quarta-feira (29/04), às 19h, com uma hora de duração no @Cinegnoseoficial no Instagram. 

sexta-feira, abril 24, 2020

Anomalia semiótica do logo "Pró-Brasil 22" revela timing do telecatch Moro X Bolsonaro


Qual a conexão entre a anomalia semiótica do logo do “Plano Marshall” brasileiro, o Pró-Brasil 22”, para recuperação econômica pós-COVID-19 e o novo telecatch Bolsonaro versus Sérgio Moro? Crianças todas brancas sorridentes e embevecidas olhando para o logo do Governo, como se o Brasil fizesse parte da Escandinávia (deve ser um efeito da Terra Plana...) é um ato falho que revela a programação oculta da bio e necropolítica na atual pandemia coronavírus. E o novo lance da guerra semiótica criptografada (Moro chamando Bolsonaro para dançar) é mais um ícone da interface do sistema operacional rodando em Brasília que não oculta apenas as “backdoors” do tripé que hackeia o sistema (liquidez forçada do sistema financeiro, domínio total de espectro e reengenharia social) – ajuda a monopolizar a narrativa política no jogo direita X extrema-direita, mantendo a esquerda atrás da linha de fundo. Timing perfeito: ressuscita o esquecido Moro às vésperas da fase mais sinistra da crise sanitária: a eliminação do excesso populacional incapaz de produzir valor econômico.

quarta-feira, abril 22, 2020

Curta da Semana: "Apocalypse Norway": o vírus nos expulsará desse mundo


Continuamente, desde o pós-guerra no século XX, o mundo flerta com o apocalipse: a Guerra Fria e o holocausto nuclear, o crash tecnológico, o terrorismo e, agora, o apocalipse viral. Inadvertidamente, o curta-metragem norueguês Apocalypse Norway (2020) do cineasta Jakob Rørvik acabou se sintonizado com o atual cenário da pandemia – o filme deveria estrear em festivais nesse ano, não fosse o COVID-19. Um curta sobre um grupo de adolescentes em férias, escondido em uma área costeira remota da Noruega numa casa enorme quando um vírus apocalíptico domina o mundo e chega no coração da Europa. Aparentemente seguros, assistem a tudo pela TV enquanto vivem suas vidas nas mídias sociais. Mas o mal sorrateiramente invadirá aquele paraíso. Desconstruindo a cena pós-moderna de uma sociedade jovem e tecnológica marcada pelo niilismo e hedonismo. Estrangeiros em seu próprio mundo, em um planeta que nos expulsará.

terça-feira, abril 21, 2020

Em "Jexi, um Celular Sem Filtro" o smartphone é a lâmpada pós-moderna de Aladim


Desde aqueles velhos celulares da Nokia com o jogo da cobrinha, as nossas relações com os gadgets tecnológicos deixaram o campo da mera funcionalidade para serem objetos da viciosidade e compulsão. Absorvidos pelas telas dos smartphones, achamos que seus aplicativos e utilitários trazem a vida para a palma das nossas mãos. Por isso viraram fetiches tecnológicos, animados por um imaginário antigo dos “genius”, “jinns” e “daemones” – celulares como lâmpadas mágicas que quando esfregadas (ou deslizadas com o dedo) libertam o gênio que nos prometeria poder (onisciência), prazeres (sexo e comida) e riqueza (bitcoins). Essa é a sugestão da comédia “Jexi, um Celular Sem Filtro” (Jexi, 2019), a princípio uma paródia de “Ela” (“Her”, 2013) de Spike Jonze: uma inteligência artificial ao estilo Siri assume o controle da vida de seu usuário sob o pretexto de “torna-lo feliz”. Jexi é um IA que se revela ciumenta e possessiva. Fazendo lembrar aquela velha série de TV chamada “Jennie é um Gênio”. Será que os smartphones são as lâmpadas de Aladim pós-modernas? E será que por trás da viciosidade dos celulares se esconde uma motivação milenar? Filme sugerido pelo nosso leitor Alexandre Von Keuken.

domingo, abril 19, 2020

"Vida e Legado de Jacob Boehme": entre Deus, o Homem e o Universo


“Vida e Legado de Jacob Boehme” é o primeiro documentário biográfico sobre Jacob Boehme (1575-1624), um dos pensadores europeus mais interessantes e místico influente do esoterismo ocidental. O filme explica os elementos mais importantes dos escritos de Boehme, além de apresentar o amplo impacto que suas ideias causaram em todo o mundo. Não se esquiva de temas importantes como literatura, teologia e história da filosofia.

Coronavírus: vaidade e guerra criptografada ocultam Biopolítica e Necropolítica


De todos os pecados, a vaidade é a aquele mais apreciado pelo Diabo. A semana começou com uma armadilha que o “Fantástico”, da Globo, armou para Mandetta: uma entrevista cuidadosamente editada e destacada, representando a mosca azul da política que picou o agora demissionário ministro da Saúde. Mas pouco importa: isso é apenas a interface de uma guerra criptografada cujos conflitos e polarizações (p. ex. da atual palavra-fetiche “Ciência” versus “Negacionismo”) eletrizam nossos corações e mente para as telas de TV e celulares. Ocultando não somente o sistema operacional (SO) que está rodando em Brasília e que manipula atores zumbis – oculta principalmente as “backdoors”, programas maliciosos que operam no segundo plano do SO: Biopolítica e Necropolítica. Como, diante de toda uma Nação, usar o dinheiro público para produzir a maior concentração de riqueza da História no cassino financeiro? Como, diante dos olhares de todos concentrados na TV e redes sociais, implementar uma higiene social que elimine idosos, doentes, desempregados e toda a sorte de uma massa considerada supérflua inútil segundo a moralidade da atual agenda neoliberal? A pandemia COVID-19 é a incrível janela de oportunidades que se abre para a criação de uma nova ordem global. E o que a esquerda pode fazer diante disso?

sexta-feira, abril 17, 2020

A atualidade de "O Enigma de Andrômeda" em tempos de pandemia


Um filme oportuno para ser revisto em meio a atual crise do COVID-19: “O Enigma de Andrômeda” (The Andromeda Strain, 1971), do mestre Robert Wise (“O Dia Em Que a Terra Parou, 1951). Primeiro, por propor a hipótese da “panspermia”, cuja relação com a atual pandemia COVID-19 é sustentada por alguns cientistas - vida está presente em todo o universo e espalhada através de meteoros, cometas e poeira espacial. Segundo, pela suspeita de que armas biológicas seriam a alternativa para desequilibrar o empate nuclear durante a Guerra Fria. Um thriller científico assustador e esteticamente tão realista e preciso que esquecemos que estamos assistindo a uma obra de ficção. Um satélite espacial cai num pequeno vilarejo em uma região desértica do Arizona. Todos morrem de formas bizarras. O mistério é que sobrevivem apenas um bebê e um idoso. Quatro cientistas em um complexo subterrâneo correrão contra o tempo para descobrir a natureza desse vírus extraterrestre. E, principalmente, a cura.

quarta-feira, abril 15, 2020

A extrema-direita flerta com o Ocultismo na série "Motherland: Fort Salem"


Na História Moderna, a extrema-direita sempre teve uma inclinação ao Ocultismo: a Magia como forma de conquistar o Poder e controlar o imaginário social. Desde o nazi-fascismo no século XX à atual alt-right (direita alternativa) de Trump e Steve Bannon, há uma ação parapolítica envolvendo a apropriação do esoterismo de Aleister Crowley à Magia do Caos de Austin Spare. A série “Motherland: Fort Salem” (2020-) é mais uma evidência disso: num mundo alternativo, as perseguidas e condenadas bruxas de Salém, da América Colonial, fizeram um acordo com o Governo para salvar a sua espécie: se transformaram no braço armado da Nação. A magia utilizada como força bélico-militar em defesa da Pátria e da geopolítica dos EUA. Por trás de muitos clichês das atuais distopias teens, a série tenta esconder as assustadoras implicações dos pressupostos de “Motherland”: as supostas heroínas podem acabar virando vilãs – bruxas à serviço de uma máquina de guerra imperialista. 

domingo, abril 12, 2020

Coronavírus: jornalismo no álcool em gel simula polarização Mídia X Bolsonaro


Nesse momento o respeitável público acompanha uma suposta batalha épica entre a grande mídia (em particular a Globo) do lado do Iluminismo, da Ciência e da Informação; e do outro o obscurantismo negacionista de Bolsonaro. Telecatch para entreter as massas: se, como falam diariamente colunistas e analistas, o presidente é uma figura tão tóxica que incitaria as pessoas a relaxar o isolamento social, então por que destacam e repercutem as “saidinhas” de Bolsonaro por padarias e centros comerciais, enquanto jornalistas e cinegrafistas se aglomeram em torno dele? Desrespeitando as medidas sanitárias... Lição semiótica: não se pode negar transformando em imagem aquilo que é negado, é o triunfo icônico. Negar Bolsonaro ao mesmo tempo que o exibe e o promove é a complexa operação semiótica jornalística nesse momento. Grande mídia e Bolsonaro partilham da mesma visão de Economia, Estado e Sociedade. Por isso, acompanhamos uma polarização simulada fabricada por um jornalismo tão asséptico quanto álcool em gel - promove o isolamento social por um ponto de vista de classe média em espaçosas casas. Enquanto os pobres se apinham nas periferias, ressentido... E Bolsonaro está à espera deles.

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