Como explicar a adesão de profissionais dos mercados financeiros à hipótese de que vivemos em uma grande simulação computacional – a Matrix? Em postagem anterior o “Cinegnose” discutia quatro hipóteses que explicam o porquê de um anúncio sobre a probabilidade de vivermos em uma Matrix contida em nota informativa para clientes emitida pelo Bank of America Merrill Lynch no mês passado. Nosso leitor Wilson Cardoso sugeriu uma quinta hipótese bem interessante: mecanismo psíquico de projeção à nossa submissão ao capital financeiro.
Em
postagem anterior especulávamos hipóteses para explicar o porquê do Bank of
America, em nota informativa para seus clientes investidores, anunciar a
probabilidade (20 a 50%) de nós já estarmos vivendo em uma gigantesca simulação
computacional – a Matrix – clique aqui.
Como
entender por que profissionais pragmáticos e realistas dos mercados financeiros
apoiam a hipótese da Matrix (sustentada por filósofos e até físicos teóricos)
como uma variável em cenários futuros de investimentos?
Na
postagem discutimos quatro hipóteses: senso de humor; Física e Economia
convergem na medida em que o primeiro estuda e o segundo explora o Tempo;
marketing do bilionário futurista Elon Musk; Espírito do Tempo – sintoma da
virtualização dos mercados financeiros.
O
nosso leitor Wilson Cardoso acrescentou uma interessante quinta hipótese, dessa
vez de natureza materialista e desconstrutivista: a adesão de especialistas de mercado às
especulações de mundos simulados representa, na verdade, o conhecido mecanismo
de defesa psíquico à nossa submissão a forma social do valor: o Capital.
Sem
quererem tomar consciência das mazelas sociais produzidas pela lógica predatória
do Capital, principalmente financeiro, projetam psiquicamente seus temores ou
culpa em inimigos imaginários como Matrix, zumbis etc.
Leia abaixo:
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Tanto Matrix, quanto estas divagações de especialistas do mercado são
projeções num outro e/ou no futuro da submissão que já vivemos.
E não se trata da submissão às máquinas ou à alguma inteligência
artificial, mas à forma social "valor" (capital), como esclarecem bem
os teóricos da crítica do valor.
Matrix, especulações sobre mundos simulados de físicos, matemáticos e
economistas neoliberais, os filmes e séries sobre zumbis, os borgs de Jornadas
nas Estrelas, são todos projeções do controle real que o "valor"
exerce sobre nós: do fato de que vivemos para o valor/capital, ao contrário do
dinheiro servir às nossas vidas, como afirmam os (neo)liberais
Como não podemos tomar consciência deste controle, o projetamos, de
forma distorcida, em ficções e especulações científicas. E nestas projeções
deslocamos o "vilão que nos controla" para um outro: as máquinas, o
vírus zumbi, a coletividade borg etc.
O mecanismo é bem conhecido dos psicólogos e acontece quando conteúdos
inconscientes querem vir à tona, mas são reprimidos. Então a psique projeta o
conteúdo num outro tempo e em outros atores.
Se tomássemos consciência do problema real, teríamos que acabar com o
capitalismo imediatamente, junto com o dinheiro, o estado, o mercado, o direito
etc. Acabar com todo um modo de vida e valores, acabar, em suma, com o que nos
sustenta psiquicamente e fazer uma revolução, não só econômica e política, mas
antropológica.
É uma ruptura grande demais que a sociedade atual está se recusando a
fazer, mesmo com o capitalismo esteja nos encaminhando a uma catástrofe
ecológica, social e talvez nuclear.
Então projetamos nosso inferno atual em distopias futurísticas.