sábado, julho 30, 2022

Domingo com The Residents, um dicionário de clichês midiáticos e a pedagogia do medo da psyOp militar


Um domingo com mais Live Cinegnose 360, na edição 66, às 18h, no YouTube. Depois dos comentários aleatórios, a sessão híbrida dos Vinis/CDs do humilde blogueiro com a Teoria da Obscuridade do “The Residents”: a banda mais misteriosa do rock. Em seguida vamos discutir o afrofuturismo angolano do filme “Ar Condicionado” (memórias, perdas e condicionadores de ar) e o filme polonês “Sweat” (a ascese solitária dos influenciadores digitais). E vamos fazer também um pequeno dicionário dos eufemismos e clichês linguísticos da grande mídia. Crítica midiática da semana: o tautismo da sabatina dos candidatos a presidência da Globonews; o que o secretário da Defesa dos EUA veio fazer no Brasil? A “Carta em Defesa da Democracia” como efeito da psyOp militar da “pedagogia do medo”; Profecia autorrealizável nos números da pesquisa DataFolha? Tudo isso nesse domingo com o humilde blogueiro para animar o final de domingo.

PsyOp militar da pedagogia do medo e a 'Carta em Defesa da Democracia'


As psyOps da guerra híbrida militar veem a sociedade civil e a opinião pública como um “palco de operações” numa analogia à guerra convencional: false flags, guerra criptografada, abordagens informacionais indiretas, controle total de espectro etc. são mobilizados com um objetivo: criar a simulação de que “as instituições estão funcionando”. E seu efeito residual é a “pedagogia do medo”, o medo de que um golpe possa ocorrer a qualquer momento. Ocultando o fato de que o golpe já aconteceu. Mas foi híbrido, mantendo abertamente sob tutela as instituições civis. A Carta em Defesa da Democracia (já com mais de 400 mil signatários) partilha dessa ilusão criada pelo “palco de operações”, com a ajuda midiática que ressuscita na tela fotos e vídeos da velha ditadura militar. Como um fantasma que pudesse voltar. Paralisando a esquerda que, temerosa, permanece pacata, protocolar e institucional. Mesmo sabendo que as instituições foram aparelhadas pelo golpe militar híbrido.

quinta-feira, julho 28, 2022

A ascese solitária dos influenciadores digitais em 'Sweat'



As celebridades olimpianas do século XX foram substituídas pelos influenciadores digitais do século XXI. Trazendo a possibilidade para todos da celebrização de si mesmo, da selfie ao influenciador profissional. E uma nova moral: o ascetismo mundano – a disciplina e autocontrole para atrair a atenção de todos. Mas o custo físico e psíquico é alto. Esse é o tema da co-produção sueco-polonesa “Sweat” (2020): acompanhamos três dias de uma influenciadora de fitness motivacional, rodeada por fãs fiéis, mas que experimenta o resultado final da dissociação entre a sua imagem deslumbrante nas redes sociais e a intimidade: a negligência emocional que tenta ser remediada pelo trabalho intenso.

quarta-feira, julho 27, 2022

Memórias, perdas e condicionadores de ar no filme 'Ar Condicionado'


A sociedade apresenta-se de modo invertido para nossas consciências. Esse é um tema que vai de Marx a Freud: coisas inanimadas parecem ganhar vida própria, enquanto nós nos desumanizamos. O afrofuturismo angolano de “Ar Condicionado” (2020) aborda esse tema, fazendo uma crítica ao consumismo e às deformações urbanas usando simbolicamente essa consciência invertida: do nada, condicionadores de ar começam a despencar dos prédios, matando pedestres que estiverem passando na hora errada. Uma conspiração chinesa para vender ventiladores? Uma faceta das mudanças climáticas? Obsolescência planejada assassina? Ou esses objetos cansaram de funcionar e estão se matando? Um mix de sci-fi com realismo fantástico, no qual as memórias das perdas da colonização portuguesa e guerra civil estão por trás desse fenômeno bizarro.

sábado, julho 23, 2022

Live de domingo: Gong, guerra híbrida e o 7X1 da Alemanha, viagem no tempo na China, "É no mundo inteiro!" é novo mote da grande mídia


Quer ligar lé-com-cré no atual caos semiótico de notícias criado pela grande mídia? Então venha participar da Live Cinegnose 360 #65, nesse domingo (24/07/2022), às 18h, no YouTube. Vamos começar na sessão dos vinis/CDs do humilde blogueiro discutindo o rock espacial da banda Gong: o solipsismo no rock progressivo. Depois, dois filmes asiáticos: o sul-coreano “Aloners” (da solidão do século XX à incomunicabilidade do XXI) e o chinês “2046: Os Segredos do Amor” (Por que o Partido Comunista Chinês proibiu filmes sobre viagem no tempo?). E em ano de Copa do Mundo, nada melhor do que revisitarmos o 7X1 da Alemanha sobre o Brasil na Copa de 2014: coincidências e sincronismos da goleada na guerra híbrida. E na crítica midiática da semana: urnas eletrônicas: da teoria da conspiração à dúvida justificada; grande mídia tenta criar os truísmos da profecia autorrealizável: invasão do Capitólio e o jornalismo metonímico, o auxílio emergencial vai fazer mulheres votar em Bolsonaro.“É no mundo inteiro!” é a expressão mais ouvida nos telejornais. Como combater o baixo astral das notícias: os clichês motivacionais dos projetos sociais, e nas mortes no Complexo do Alemão. E mais comentários e conversas aleatórias. Tudo nesse domingo! 

sexta-feira, julho 22, 2022

'2046: Os Segredos do Amor': por que algo tão bom de repente não mais funciona?


Em 2011 o Partido Comunista Chinês proibiu o tema viagem no tempo em produções audiovisuais, sob alegação de que não eram “realistas”. Certamente, o filme “2046: Os Segredos do Amor” (“2046”, 2004), do diretor Wong Kar-wai (“In the Mood for Love”), fez parte dessa tendência de filmes sobre o tema que se tornaram popular na TV do país e irritou o governo. É um filme para cinéfilos corajosos cuja narrativa pula não só do futuro para o passado e vice-e-versa, como também confunde a realidade literária de um livro sci-fi escrito pelo protagonista com o seu próprio presente, cujos personagens reais se transformam em ficção no seu livro. Tentando capturar a experiência da memória de um grande amor perdido, o filme se trata da luta do homem contra o tempo que torna todo momento feliz passageiro. Por que algo tão bom de repente não mais funciona?

quinta-feira, julho 21, 2022

Solidão, incomunicabilidade e espectros no filme 'Aloners'


“Mais do que a morte, o que mais tememos é a solidão”, dizia Freud em 1921. O século XX teria criado a “multidão solitária”, vivendo o mal-estar da alienação. Porém, era ainda uma sociedade presencial, substituída no século XXI pela comunicação espectral, na qual a solidão se transformou em incomunicabilidade. Paradoxalmente, na era das comunicações globais em tempo real. O filme sul-coreano “Aloners” (2021) faz um perfeito diagnóstico dessa nova forma de solidão moderna onde, hipnotizada pela rotina mecânica do dia a dia, fezemos tudo para criar bolhas solipsistas.  “Aloners” acompanha uma jovem que trabalha em um call center – o típico lugar sem alma, a própria expressão do paradoxo tecnológico entre a comunicação espectral e a incomunicabilidade. E como os fantasmas, imaginários e às vezes até reais, vão aos poucos furando a sua bolha de isolamento e revelando sua condição de alienação.

terça-feira, julho 19, 2022

Urnas eletrônicas: das teorias conspiratórias às dúvidas justificadas


A pantomima do chefe do Executivo diante de embaixadores atacando as urnas eletrônicas, com inacreditáveis powerpoints by Dallagnol sobre inescrutáveis “malwares maliciosos”, foi mais um jogo de dissimulação e simulação (blefe) de um fusível para ser queimado. Tal como o jogo de prestidigitação do mágico (que com uma mão distrai o distinto público e com a outra puxa a carta secreta da manga), Bolsonaro não diz o mais importante de qualquer crítica consequente às tecnologias adotadas pelo TSE: o problema não é auditabilidade ou impressão de votos, mas de conflito de interesses e soberania: segurança criptográfica, armazenamento e contagem estão nas mãos de uma multinacional brasileira ligada visceralmente às Forças Armadas e outra com ligações comprovadas com CIA e NSA. O capitão da reserva distrai a patuleia com teorias conspiratórias. Enquanto as dúvidas justificáveis são ocultadas.

sábado, julho 16, 2022

Nesse domingo, 'Violeta de Outono', ligações perigosas: PEC e crimes políticos; Kryptus, Oracle, PMiG e urnas eletrônicas


País em transe!!! Mas dá para fazer uma pausa e participar da Live Cinegnose 360 #64 desse domingo (17/07), às 18h, no YouTube. Nessa edição, temos os CDs do humilde blogueiro: o power trio brasileiro “Violeta de Outono”: o resgate progressivo do lado sombrio do psicodelismo. O filme finlandês “Hatching” (um conto de fadas adulto sobre consequências da busca por aprovação nas redes sociais) e o brasileiro “Medida Provisória” (racismo como guerra cultural com as digitais da Globo Filmes). Um estudo etnográfico e semiótico de campo sobre o núcleo duro do bolsonarismo. O dia que o Brasil esqueceu: como a novela “O Dono do Mundo” (1991) anteviu o anestesista estuprador! A PsyOp do “Estado de Emergência” da PEC Kamikaze e suas ligações perigosas com o crime político de Foz de Iguaçu. Mais ligações perigosas: Kryptus, Oracle, PMiG (Partido Militar Golpista) e urnas eletrônicas – por que a esquerda não dobra a aposta? Anitta para marqueteira do PT! E mais comentários e conversas aleatórias com os cinegnósticos. Tudo isso nesse domingo. Venha participar!

sexta-feira, julho 15, 2022

O terror emerge do sonho americano das redes sociais no filme 'Hatching'



O terror que emergia de subúrbios em tons pastéis, como reza o sonho americano, foi a tendência dos anos 80-90. Nesse século, o terror emerge mais uma vez do sonho americano, dessa vez transferido para a busca de likes, compartilhamento e engajamento nas redes sociais. Ao lado de filmes como “Spree” e “Cam”, o filme finlandês “Hatching” (2022) é o mais atual exemplo de uma tendência em filmes que descrevem o que acontece com as pessoas quando buscam aprovação na Internet a qualquer custo. O filme não poupa esforços para ser estranho: uma mãe transforma os treinos da sua jovem filha na primeira competição de ginástica olímpica numa live dentro de um video-blog chamado “Lovely Everyday Life”. Até o momento em que a filha descobre um ovo de um pássaro que cresce, até eclodir um pássaro-monstro que se transformará na sua doppelgänger.

quinta-feira, julho 14, 2022

'Medida Provisória': racismo como guerra cultural com as digitais do padrão Globo Filmes


Assim como foi em “Que Hora Ela Volta?” (2015), “Medida Provisória” (2020), dirigido por Lázaro Ramos, é mais um filme cujo padrão Globo Filmes é o suficiente para diluir um conteúdo potencialmente crítico e corrosivo. Um filme cuja repercussão se deve mais a fatores extra-fílmicos (um país com governo militarizado e de extrema-direita) do que por suas qualidades estético-cinematográficas. Fazendo a crítica confundir uma suposta crítica social com análise fílmica. Com narrativa maniqueísta e estereotipada, “Medida Provisória” reduz a questão racial ao confortável campo dos valores e da guerra cultural, desviando do texto teatral original “Namíbia, Não!”. Confortável para quem? Daí entra os fatores extra-fílmicos: a repercussão de um filme em ano eleitoral cujo viés involuntariamente (pelos menos para diretor e roteiristas) se alinha ao discurso da guerra cultural que agrada a própria extrema-direita. 

sábado, julho 09, 2022

'Psychocandy', filmes urgentes, lutas marciais e fascismo, super-heróis atacam Ucrânia e a PEC autorrealizável


Vinis, traquitanas que nem sempre funcionam, filmes urgentes, bombas semióticas e críticas midiáticas. Além de comentários e conversas aleatórias. Tudo isso na Live Cinegnose 360 #63 desse domingo (10/07/2022), às 18h, no YouTube. Começaremos com Jesus and Mary Chain e o mais antipop vinil de todos os tempos: “Psychocandy” – noise rock contra o pop nos anos 1980. Depois, dois filmes urgentes: o estranho sci-fi brasileiro “Carro Rei” (o ovo da serpente tecnológica que o Brasil chocou) e “Pleasure” (a invenção do “feminino” pela indústria pornográfica). Em seguida, lutas marciais e fascismo: a couraça dos “rinocerontes” na guerra híbrida brasileira. Guerra na Ucrânia: mais uma vez, super-heróis dos EUA convocados. E a crítica midiática da semana: a bomba semiótica autorrealizável da PEC Kamikaze; O Brasil renitente de Washington Olivetto; e Infotenimento no jornalismo esportivo da Globo demite Casagrande. Final de domingo sem tédio é na Live Cinegnose 360! 

A bomba autorrealizável da PEC; Brasil renitente de Olivetto; infotenimento demite Casagrande


Com o fim da “esperança branca” da Terceira Via, restou para a grande mídia Bolsonaro mesmo! Porém, não está fácil. Depois de passar esses últimos anos acusando o chefe do executivo de ser negacionista, extremista, golpista e mostrar “colonistas” chorando ao vivo pela morte de pessoas sem UTIs durante a pandemia, como apoiar Bolsonaro? Como evitar expor a jogada de “morde-assopra” da mídia nos últimos tempos? A ansiosa e impaciente cobertura da mídia corporativa pela aprovação da “PEC Kamikase” é a reedição de uma psyOp que deu certo no golpe de 2016:  a bomba semiótica autorrealizável, executada em três fases que a grande mídia tentará pôr em ação até as eleições – aparência, percepção e crença. Enquanto isso, o Brasil renitente do velho milagre econômico da ditadura militar (que se aliou com o Brasil Profundo), e que pariu a publicidade brasileira, dá as caras: um artigo inacreditável de Washington Olivetto em “O Globo”. E, por fim, a demissão de Casagrande da Globo, pelos 75% de aumento das verbas publicitárias de Bolsonaro na Globo e o domínio do infotenimento no jornalismo.

sexta-feira, julho 08, 2022

'Pleasure': a invenção do feminino pelo olhar masculino da indústria pornográfica


#MeToo, Time’s Up, movimentos de mulheres, de gênero, de raça. Uma onda sísmica de denúncias de assédios, intolerância e preconceitos abala Hollywood, mídia e meio corporativo. Encampado pela grande mídia e setores políticos progressistas ou nem tanto. Porém, um setor na sociedade permanece alheio a tudo isso, uma indústria silenciosa e oculta no cotidiano: a indústria pornográfica e sua linha de produção que continua irradiando no dia a dia o prazer escópico masculino que reduz mulheres e raças a fetiches do capital. Tornando os movimentos identitários um trabalho de Sísifo. O filme sueco “Pleasure”, da diretora Ninja Thynberg, é o olhar de uma estrangeira para a indústria multimilionária pornô dos EUA, fugindo dos discursos maniqueístas e moralizantes. Ao narrar a estória de uma jovem que chega em Los Angeles disposta a se tornar uma estrela mundial do gênero, Thynberg lança um olhar corajosamente feminista sobre o prazer escópico masculino da base dessa indústria: a invenção do “feminino” pelo ponto de vista do capital.  

quarta-feira, julho 06, 2022

O ovo da serpente tecnológica que eclodiu o fascismo no filme 'Carro Rei'


Nascido dentro de um carro, uma criança cresce com o poder de se comunicar telepaticamente com um automóvel da frota de taxi do pai. Já adulto, retorna e se reconecta com o velho amigo motorizado para, junto com seu tio, criar uma seita que pretende fazer uma conspiração automobilística de carros sencientes que dominarão os humanos. Esse é o filme brasileiro “Carro Rei” (2021), de Renata Pinheiro, que, para a crítica estrangeira, faz uma reflexão filosófica sobre as relação homem-máquina-natureza, lembrando filmes sobre o pós-humano como “Titane”, de Julia Decournau e “Crash”, de Cronenberg. Porém, essa é apenas a superfície de “Carro Rei”. O filme faz uma metáfora da maneira como foi chocado o ovo da serpente que eclodiu o imaginário que corroeu a democracia brasileira: o ovo da serpente tecnológica e do consumo.

sábado, julho 02, 2022

Live Cinegnose 360: The Police, filmes estranhos e truques semióticos da mídia para esconder a economia


“Welcome back my friends to the show that never ends”… assim começava os shows do Emerson, Lake and Palmer nos 70’s. E ironicamente o Brasil também virou o show que nunca termina com telecatchs, blefes e simulações semanais do PMiG e grande mídia... para também nunca terminar a Live Cinegnose 360. Que nesse domingo (03/07), às 18h, no YouTube,vai começar com o power trio The Police: sincronicidades e guerra de egos no rock. Depois, dois filmes estranhos: “Flux Gourmet” (a destruição do patriarcado com uma cozinha sônica) e “Fruto da Memória”: o olhar da “onda estranha grega” para a pandemia, esquecimento e luto. E ainda rendendo a IA do Google que ganhou senciência: a entrevista com o engenheiro que denunciou os perigos da nova IA. Por que mesmo com a corda no pescoço o país não discute mais Economia? Vamos detalhar os malabarismos semióticos para esconder a crise debaixo do tapete. Globonews confirma: o Partido Militar existe! E mais comentário e conversas aleatórias com os cinegnósticos no chat. Só louco para não participar da Live Cinegnose 360!

Continuamos com a corda no pescoço, mas... deixamos de discutir Economia


O filósofo José Arthur Giannotti escreveu certa vez: “Nunca se discutiu tanto Economia entre nós. Pudera, estamos com a corda no pescoço”. Isso foi em 1984. Hoje, continuamos com a corda no pescoço. Mas a Economia desapareceu da pauta da grande mídia. PMiG (Partido Militar Golpista) e grande mídia convergem na mesma estratégia semiótica: a guerra permanente informacional militar cria semanalmente crises que ajudam a ocultar a crise econômica sistêmica que a grande mídia embaralha com estratégias semióticas de pulverização, deslocamento, naturalização e despolitização. Telecatchs de Bolsonaro contra a Petrobrás e PF e o fusível queimado de Pedro Guimarães na Caixa ajudam a pulverizar a relevância de qualquer debate econômico e, do outro lado, dá munição à grande mídia para esconder a crise econômica debaixo do tapete e tornar como fato consumado a agenda de privatizações.

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