quinta-feira, julho 03, 2025
A desconstrução gnóstica e metalinguística de 'Marshmallow'


terça-feira, julho 01, 2025
Globo quer mesmo fogo no arraiá; messianismo militarizado da IURD e PM; a semiótica de Tarcisão; Trump compra briga com Hollywood


Cada vez mais a sagacidade midiática do velho Leonel Brizola faz falta. A global “colonista” Miriam Leitão elogiou a decisão de Lula recorrer ao STF depois que o Congresso derrubou o IOF? Se a Globo é a favor, Lula deveria ser contra!... e substituir a judicialização pelo confronto da luta de classes! Mais uma vez vamos relembrar Brizola na Live Extra Cinegnose #90, nessa quarta-feira (02/07), às 18h, no YouTube e Facebook. Que começa interativa, com a participação do Chat com perguntas, propostas e críticas na sessão “Conversas Aleatórias”. E depois vem a Crítica Midiática do meio da semana: Lula judicializa IOF e mídia elogia: é para desconfiar? Brizola diria que “sim!”; Banqueteiro Doria oferece jantar na crise entre poderes; The Economist também perde a paciência com Lula; Igreja Universal consolida messianismo militarizado da Polícia Militar; a inteligência semiótica de Tarcisão; Caso Juliana Marins: mídia produz contraprova do real para ocultar a “media life”; Lula continua perdoando Galípolo no BC; Trump compra briga com Hollywood; Mundial de Clubes nos EUA enfrenta “fenômenos climáticos extremos”. E outras bombinhas semióticas.
Caso Juliana Marins: "Media Life" e o herói da vida intensa das redes sociais


O jornalismo atual não está apenas atrás de notícias. Mas, principalmente, em busca de personagens e boas histórias. E o caso da morte trágica da jovem Juliana Marins (escorregou para um abismo durante uma trilha no vulcão Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia) que praticamente rivalizou com o espaço midiático da escalada da crise no Oriente Médio, é um exemplo flagrante. A maneira como a mídia deu forma e repercute os desdobramentos da tragédia confirma as teses radicais de Mark Deuze sobre o zeitgeist do século XXI: a “media life” – fenômeno em que os acontecimentos nascem e crescem dentro do ecossistema midiático das redes sociais e retroalimentados pelas mídias tradicionais. O fenômeno do turismo de aventura transforma a geografia em cenários instagramáveis e seus protagonistas em “heróis da vida intensa” – novos ascetas mundanos que oferecem seu sacrifício não a Deus, mas aos “likes” e engajamentos nas redes sociais. Criando uma perigosa normalização com heróis que ignoram riscos e perigos.
sábado, junho 28, 2025
Congresso toca fogo no arraiá; Entrevista com Francisco Ladeira: mídia e Oriente Médio; Neoliberalismo e bomba demográfica


Hugo Motta e Davi Alcolumbre mandam Frente Ampla às favas e tocam
fogo no Arraiá... na Fogueira Ampla de Lula com a consultoria do Sinhô Eduardo
Cunha. É a eleição, estúdio! E quem não é estúpido participa da Live Cinegnose
360 #197, nesse domingo (29/06), às 18h, no YouTube e Facebook. Live especial
porque contaremos com a entrevista do PROFESSOR E JORNALISTA FRANCISCO LADEIRA,
da Universidade Federal de São João Del Rei-MG, sobre a cobertura midiática da
guerra do Oriente Médio e Pós-meritocracia e Neoliberalismo. Começamos com
Jazz: Duke Jordan Trio – porque o Jazz, e não o Blues, migrou para a Europa?
Depois, a entrevista com nosso convidado, o professor Francisco Ladeira. Continuamos
com Cinema e Audiovisual, discutindo o filme “Extermínio: A Evolução”: os novos
zumbis da Sociedade do Cansaço. E na Crítica Midiática: conotações ideológicas
e subliminares no interesse da grande mídia no caso da morte de Juliana Marins;
Espada de Dâmocles: Congresso implode Frente Ampla: o fantasma da sangria e do
impeachment; Embaixada dos EUA vai monitorar redes sociais de estudantes: grande
mídia se faz de surpresa; o Neoliberalismo subliminar: taxa de fertilidade de
brasileiros cai abaixo de EUA e França; Mídia esconde que Tarcisão foi à China
para ajudá-lo na vitrine de 2026.
Na segunda-feira, Minutagem, Bibliografia e Discografia da Live Cinegnose 360 #197 na Descrição do vídeo no YouTube.
quinta-feira, junho 26, 2025
Os zumbis da Sociedade do Cansaço no filme 'Extermínio: A Evolução'


Dentro da Cineteratologia (o estudo das representações da monstruosidade e do mal no cinema e audiovisual) os zumbis têm uma posição de destaque: como as mudanças na sua caracterização ao longo tempo espelham as mudanças culturais e do imaginário da própria sociedade – das sociedades escravocratas e racistas, passando pelo pânico do terrorismo viral da virada do milênio, para a “sociedade do cansaço” (Byung-Chul Han) do século XXI. O filme “Extermínio: A Evolução” (28 Years Later, 2025), de Danny Boyle e Alex Garland (fechamento da trilogia “Extermínio” iniciada em 2002), além de fazer uma evidente alusão ao Brexit e o pânico da COVID-19, revela como o zeitgeist da sociedade do cansaço chega aos zumbis: “infecção” não seria o termo certo: os zumbis têm surtos híbridos de superexcitação, pânico e agressividade. Zumbis bipolares que espelham uma sociedade atual hiperativa e submetida à descarga sensorial, cansaço e depressão. Um vírus devastou o Reino Unido, tornando a ilha isolada da Europa continental e posta em quarentena forçada. Os sobreviventes eventuais têm que se virar sozinhos. Mas os zumbis parecem que estão evoluindo. Assim como os humanos. Por meio da hipernormalização.
terça-feira, junho 24, 2025
Israel/Trump: a diplomacia da 'alopragem política'; sionismo puxa orelha da Globo News; morte polissêmica da turista na Indonésia


O Império quer “negociar”... não sem antes dar com o pé na porta, jogar bombas e gritar porradas retóricas. Vamos discutir esse estranho método de negociação baseado no velho modus operandi alt-right: a alopragem política. Mas, agora, numa perigosa escalada global. Vamos discutir também esse tema na Live Extra Cinegnose 360 #89, nessa quarta-feira (25/06), às 18h, no YouTube e Facebook. Que começa com os participantes no Chat levantando questões e proposições ao humilde blogueiro: Conversas Aleatórias. E depois a Crítica Midiática: Por que grande mídia ignora o Projeto Gaza 2035 e o financiamento do Hamas por Israel como eventos seminais da guerra contra o Irã? BBC News alimenta Cismogênese brasileira; como se sentir viva próxima da morte: as polissêmicas significações midiáticas da morte de Juliana na Indonésia; os braços longos do sionismo puxam a orelha da GloboNews; o demasiado humano: Hugo Mota toma uísque no gargalo e escandaliza esquerda; o fogo amigo de Galípolo aumenta Selic porque a “economia está resiliente”. E outras bombinhas semióticas.
sábado, junho 21, 2025
GG Allin, odiado pela Nação; Mano Brown e o Lula minimalista; o fogo amigo da Selic; RS: como crer nas mudanças climáticas pelos motivos certos


O Brasil é mesmo uma terra abençoada: aqui não temos guerras, terremotos ou tufões. Mas temos o fogo amigo das bombas dos juros estratosféricos do Galípolo... por causa das guerras que não temos. Venha discutir esse e outros temas na Live Cinegnose 360 #196, desse domingo (22/06), às 18h, no Facebook e Youtube. Para começar, tire as crianças da sala porque vamos falar sobre o mais durão e degenerado roqueiro da História do Pop: GG Allin, odiado pela Nação. Depois, vamos analisar dois filmes: “Theaters of War”: como tornar armas e tortura menos sombrias e criminosas no cinema; e “O Surfista”: a crise da identidade masculina e o machismo renitente. E depois dos Comentários Aleatórios e Livros do Humilde Blogueiro, vem a Crítica Midiática: a cobertura midiática da crise do Oriente Médio e o DNA golpista do jornalismo corporativo; Rio Grande do Sul: como acreditar nas mudanças climáticas pelos motivos certos; o telecatch do juiz que soltou o homem que quebrou o relógio de Dom João VI; Selic a 15%: é a eleição, estúpido! Cismogênese a todo vapor: Marcha para Jesus X Parada Orgulho LGBTQI+; Lula minimalista no podcast de Mano Brown.
sexta-feira, junho 20, 2025
'Theaters of War': como tornar armas e torturas menos sombrias e criminosas no cinema e TV


quarta-feira, junho 18, 2025
Cobertura da guerra Israel X Irã revela DNA golpista da grande mídia


Mais uma vez comprova-se o dito popular de que “o hábito do cachimbo entorta a boca”. Desde que a crise do Mensalão tomou forma em 2005, o jornalismo corporativo não pensa em outra coisa se não em desestabilizações políticas e golpes. Parece que o golpismo foi impresso indelevelmente no DNA da grande mídia. É o que nos revela a cobertura da GloboNews sobre a escalada do conflito entre Israel e Irã. A crise no Oriente Médio seria uma ótima oportunidade para aprofundar temas geopolíticos para o respeitável assinante do canal fechado. Mas somente duas questões norteiam a cobertura: as bombas de Netanyahu criarão um ponto de inflexão para a derrubada do regime dos aitolás ao estimular insurreições populares? Quando as consequências econômicas globais da crise no Oriente Médio baterão forte no governo Lula? E quando Netanyahu bombardeia uma TV estatal e ameaça a vida de uma mulher jornalista não há lamúrias em torno de valores sobre gênero ou liberdade de imprensa... afinal, em um país muçulmano só podem existir NÃO-mulheres e NÃO-imprensa...
sábado, junho 14, 2025
Webster/Peterson:dialética negativa no jazz; Entrevista com Nildo Ouriques; DataFolha cria Bet-Tarcísio; Israel X Irã: cadê os BRICS?


![]() |
Netanyahu quer que o mundo se exploda. E o humilde blogueiro quer que pelo menos dê tempo para acontecer a Live Cinegnose 360 #195, nesse domingo (15/06), às 18h, no YouTube e Facebook. LIVE ESPECIAL porque contaremos com a presença do Professor Nildo Ouriques, do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Começamos com Jazz na sessão dos CDs e vinis: Ben Webster e Oscar Peterson: a dialética negativa no jazz. E depois, a entrevista com Nildo Ouriques: Trump e a guerra entre Israel e Irã representam o fim da Globalização no Capitalismo? Vamos discutir também o filme “O Surfista”: a crise de identidade masculina e o machismo renitente no século XXI. E na Crítica Midiática: Mauro Cid e revista Veja: mais um lance para o telecatch da “trama do golpe”; Por que nome de Zambelli não aparece no site da Interpol? Datafolha e a despolarização para 2026; Ironia: prefeitos bolsonaristas no meio do fogo entre Israel e Irã; Globonews cresce o olho com crise no Oriente Médio: é o preço do petróleo, estúpido! Folha conta o milagre mas não mostra o santo; O que a grande mídia não mostra na guerra Israel/Irã: guerra aos BRICS; Gil do Vigor é a nova contratação da Faria Lima... e outras bombinhas semióticas!
sexta-feira, junho 13, 2025
A crise de identidade masculina e o machismo renitente do século XXI no filme 'O Surfista'


Imagine o filme “O Clube da Luta” filmado não em uma paisagem urbana decadente, mas em uma idílica e ensolarada praia na costa australiana. Esse é o filme “O Surfista” (The Surfer, 2024), mais uma produção em que Nicolas Cage faz um personagem que abandona a sua vida pequeno-burguesa para mergulhar no poço da loucura, surrealismo e estranheza. Um homem de meia-idade que busca se reconectar com suas raízes na esperança de comprar a antiga casa da família e mostrar ao filho adolescente as alegrias do surfe. Mas Cage é impedido e hostilizado por surfistas valentões guiados por um líder de uma espécie de seita exclusivista masculina cujo mote é “Surfar, Sofrer!” – através da dor e violência recuperar a essência masculinidade perdida numa sociedade que se tornou decadente, consumista e feminizou-se. A identidade masculina está em crise desde o Pós-Guerra. Mas no século XXI transformou-se em outra coisa: no machismo renitente.
quarta-feira, junho 11, 2025
De "gorilas doidos varridos" a "frouxos": o telecatch do STF e o golpe militar híbrido


Numa entrevista em 1969, Elis Regina chamou os militares golpistas de 1964 de “gorilas doidos varridos”. Foi detida, interrogada e condenada a cantar o hino nacional em evento patriótico. No interrogatório sobre as investigações da trama do golpe, no STF, o tenente-coronel Mauro Cid falou que o golpe só não aconteceu porque “os generais são frouxos”. Na História os fatos ocorrem duas vezes, dizia Karl Marx, a primeira vez como tragédia e depois como farsa. Se no passado Elis Regina expressava perplexidade e tensão, hoje a declaração de Mauro Cid é confortante: ele quer que pensemos que o golpe só não saiu da caderneta do General Heleno e a Democracia foi salva pela incompetência dos atuais militares. Confortante para quem? Para a Faria Lima, enquanto vê o Governo refém do maior resultado do golpe militar híbrido (que já aconteceu e ninguém viu): o arcabouço fiscal. E para a esquerda, o alívio de terceirizar a práxis política com a judicialização. Deve estar acontecendo algo de muito errado quando vemos uma esquerda que fica parada, hipnotizada diante das telas de celulares e TV, acreditando estar testemunhando a História.
terça-feira, junho 10, 2025
Bolsonaro cara a cara com Xandão e a PsyOp "Nem-nem": quem ganha? BYD no Brasil e o taoísmo chinês; Greta Thunberg rises again!


Bolsonaro cara a cara com Xandão... assim como Lula ficou cara a cara com o juiz Sérgio Moro... e tudo ao vivo pela TV: a mais-valia semiótica Nem-Nem. Quem se beneficia com essa PsyOp? Então, participe da Live Extra Cinegnose 360 #88, nessa quarta-feira (11/06), às 18h, no YouTube e Facebook. Que começa com as Conversas Aleatórias: converse, pergunte ou proponha qualquer tema ou tese para o humilde blogueiro. Venha discutir! Depois, a Crítica Midiática: o telecatch dos interrogatórios da trama golpista no STF: a mais valia semiótica do “Nem-Nem” e o ocultamento do golpe militar híbrido; capilarização militar na sociedade: prefeito de BH vai a Israel conhecer as forças de segurança; Greta Thunberg rises again: o não-acontecimento da “Flotilha da Liberdade”; Pacto federativo e guerra civil nos EUA: Trump ataca Los Angeles; Modus operandi taoísta chinês: trabalhadores superexplorados em fábrica chinesa BYD no Brasil... e outras bombinhas semióticas para terminar!
sábado, junho 07, 2025
Elis Regina e 'Falso Brilhante'; Mídia prepara um novo 'Mensalão'; Musk, Trump e Zambelli: a cartilha alt-right de comunicação; CV e Al-Qaeda?


Alguém viu alguém fugindo por aí? Podemos considerar a fuga cinematográfica de Zambelli um não acontecimento? Mais uma “alopragem política”, dentro da cartilha de comunicação alt-right? Venha discutir esse e outros temas no tijolaço de domingo, a Live Cinegnose 360 #194, nesse domingo (08/06), às 18h, no YouTube e Facebook. Começamos com os vinis de Elis Regina: da guerra contra a eletrificação da MPB ao mito polêmico de Falso Brilhante. Depois, vamos analisar o filme que está estreando na MAX “Mountainhead”: Tecnognosticismo e Aceleracionismo na elite tecnológica. E depois dos Comentários Aleatórios e a sessão dos Livros do Humil Blogueiro, vem a Crítica Midiática: Grande mídia quer transformar o escândalo do INSS em um novo Mensalão do PT; não-acontecimentos e alopragem política: Musk, Trump e Carla Zambelli; Por que pesquisa Quaest mantém Bolsonaro entre possíveis cenários eleitorais? Os movimentos de despolarização com Tarcisão na grande mídia; Recrudesce guerra híbrida dos EUA: agora o Comando Vermelho tem ligações com Al-Qaeda; Macron e Lula, um caso de amor: por que Lula sempre se sente tão à vontade na França?
Não-acontecimentos: o rompimento amoroso Trump-Musk e a fuga cinematográfica de Zambelli


De um lado, o barulhento rompimento amoroso entre Musk e Trump. Do outro a cinematográfica fuga por terra e ar da deputada federal Carla Zambelli, condenada a 10 anos de prisão pelo STF. De um lado, tudo começou com a piada e trocadilho do DOGE – uma entidade com status indefinido, mas que tocou a música da mídia: corte de gastos! Do outro, tudo termina com cheiro de pusilanimidade proposital da Justiça. Até a imprensa sabia o prefixo, horário de partida e chegada do voo de Zambelli. Por um incrível “golpe de sorte” (duas horas de diferença) o nome da deputada já constaria na lista da Interpol, e ela seria presa no aeroporto. Dois episódios distantes no espaço, mas dotados da mesma natureza: não-acontecimentos criados pela cartilha alt-right de comunicação – duas simulações de acontecimentos: nos EUA, para desviar a atenção das más notícias do governo Trump com as sucessivas derrotas na Justiça; e no Brasil, uma provocação para a esquerda não perceber o movimento de despolarização da Faria Lima com Tarcísio, o Moderado. E o recrudescimento da guerra híbrida dos EUA no Brasil.
sexta-feira, junho 06, 2025
Tecnognosticismo, Aceleracionismo e a elite tecnológica amoral no filme 'Mountainhead'


A princípio, “Mountainhead” (2025), que estreia na HBO Max, é mais
uma produção na onda atual de mostrar como os super-ricos podem ser tristemente
ridículos. Em um mundo onde a inteligência artificial causa turbulência
política e instabilidade internacional, com os cidadãos do planeta incapazes de
distinguir a realidade, quatro bilionários magnatas da tecnologia responsáveis pelo desastre se refugiam em um chalé isolado nas montanhas. Lá, discutem
sobre seus próximos passos, com cada um dos bilionários tentando usar a
instabilidade para encher os bolsos. Produções como “White Lotus”, “O Menu” e “Triângulo
da Tristeza” parecem nos oferecer o prazer da catarse ao vermos extremamente
ricos se darem mal de formas ridículas. Ao contrário, “Mountainhead” não há
catarse: como fossem adolescentes amorais, são perigosamente motivados pelas distopias
atuais que motivam o Vale do Silício: Tecnognosticismo e Aceleracionismo.
“Pensamentos
de pequenos garotos achando que poderão controlar o mundo,
mas agora o mundo é o ciberespaço. O sonho de ser deus do ciberespaço –
ideologia transformada em fantasia de garotos pré-adolescentes:
uma regressão do sexo para uma forma autística de poder”
(Arthur
Kroker & Michael Weinstein, “Data Trash”)
Em meados dos anos 1990, os cientistas políticos Arthur Kroker e
Michael Winstein descreveram de forma crítica o nascimento da chamada classe
virtual, formada pela tecno-inteligência de cientistas da cognição,
engenheiros, cientistas da computação, criadores de jogos eletrônicos e todo um
conjunto de especialistas em comunicação.
Para eles, essa variação histórica da elite burguesa era
impulsionada não mais pela ética protestante (como na velha burguesia
industrial) mas por um imaginário que denominavam como de “masculinidade
pré-adolescente”. É a primeira geração dessa ciber-elite, a geração de Bill
Gates e Steve Jobs, que ainda mascaravam esse imaginário com um discurso de
relações públicas messiânico, como o discurso da “estrada do futuro” de Gates.
Essa fachada mercadológica cai por terra com a segunda geração,
iniciada pela figura emblemática de Mark Zuckenberg e a sua rede social
Facebook - um jovem nerd de Havard que desconta sua ansiedade sociopática difamando
pessoas em um blog enquanto tem uma ideia divertida, pelo seu ponto de vista:
um jogo com as fotos de todas as moças da universidade para que as pessoas
possam escolher qual a mais bonita. Assim nasceu o Facebook.
Enquanto seus pares geracionais, Elon Musk e Jeff Bezos fazem
questão de não esconderem sua impulsividade adolescente um brinca de apoiar
golpes de Estado e apoiar o fascismo politicamente incorreto na sua rede social
“X”; e o outro se diverte como astronauta com o foguete Blue Origin ou manda
para órbita uma tripulação feminina em sensuais trajes espaciais que fariam
inveja ao Capitão Kirk da série Star Trek- clique aqui.
Agora essa elite virtual chegou a sua terceira geração. Uma elite
geek dona de startups unicórnios (aquelas cujo valor especulativo chegou a um
bilhão de dólares) inspirados em piratas cibernéticos como Julian Assange,
Edward Snowden ou o coletivo hacker Anonymous. Ciber-segurança, back-doors,
malwares e instruções algorítmicas executadas diretamente no processador,
hackers, crackers e black hats, ciber ataques etc. passam a ocupar o vocábulo
dessa nova geração.
![]() |
Com a Inteligência artificial e toda a geopolítica da ocupação das
“terras raras” e construção de datacenters para acabar com a soberania digital
dos Estados-Nação, eles alcançam o hackeamento final: a da própria realidade,
impulsionados pelo imaginário do transhumanismo (a imortalidade de uma
consciência digitalizada que habitaria a rede informacional) e aceleracionismo
(a “destruição criativa” gerada pela aceleração caótica de processos sociais e
tecnológicos). Chegando ao estado da arte dquilo que Kroker e Wistein anteviram
no final do século passado: fantasias masculinas adolescentes que regrediriam a
formas autísticas de poder.
É sobre essa geração que trata a comédia dramática Mountainhead
(2025), o mais recente projeto de sátira política de Jesse Armstrong,
criador da aclamada série Succession , da HBO. Assim
como Succession , Mountainhead aborda temas
como política, poder e capitalismo de frente, com cada um dos personagens sendo
uma paródia dos bilionários da tecnologia do mundo real que influenciam.
Mountainhead se
passa em um mundo onde recentes avanços em inteligência
artificial causaram turbulência política e instabilidade internacional,
com os cidadãos do planeta incapazes de distinguir a realidade. Em meio ao
caos, quatro bilionários magnatas da tecnologia responsáveis pelo desastre se
refugiam em um chalé isolado nas montanhas. Lá, eles discutem sobre seus
próximos passos, com cada um dos bilionários tentando usar a instabilidade para
encher os bolsos. Pela TV veem imagens do caos político e humanitário global,
enquanto tudo o querem é um final de semana de “zoação”: pôquer e fast-food em
uma espécie de clube do Bolinha. Enquanto decidem o destino do planeta.
O filme é uma crítica certeira à megalomania de se autopromover
que agora aflige os membros dessa oligarquia tecnológica. O problema, que
também eles controlam as alavancas do mundo.
Uma pitada de tudo: megalomania autopromocional, amoralidade
adolescente, o sonho da imortalidade, hackeamento da realidade pela IA
transformando o caos em “zoação” e a ideologia do aceleracionismo para
racionalizar a catástrofe que assistem nas telas dos seus smartphones.
![]() |
“Uma cabeça explode desse jeito? Isso só pode ser IA”, comenta em
tom de piada um vídeo da CNN mostrando mais um sangrento conflito nas ruas de
algum lugar no Oriente Médio. Essa é uma pequena amostra das cínicas linha de
diálogo de Montainhead.
O Filme
Os quatro homens em Mountainhead se apelidaram de
Brewsters e se reúnem há tempo suficiente para que suas noites de pôquer tenham
construído uma tradição séria. As regras são: sem falar em negócios (embora
tudo o que eles parecem falar seja sobre negócios), sem refeições (a equipe de
cozinheiros foi mandada embora e eles se viram apenas com junk food) e sem
saltos altos (presumivelmente referindo-se à ausência de mulheres, embora a
vida pessoal de cada um desses caras também esteja em ruínas).
Há apelidos - Jason Schwartzman, cujo personagem bajulador Hugo
vale apenas US$ 521 milhões, é "Soup Kitchen", ou
"Soupes" para abreviar, enquanto Randall (Steve Carell), o membro
sênior e eminência parda, é "Papa Bear".
Nesse Clube do Bolinha há uma tradição de homens escreverem com
batom o valor de seus patrimônios líquidos no peito e depois serem coroados com
um diadema, um chapéu de capitão e um quepe de marinheiro com base em suas
classificações. Venis (Cory Michael Smith) é o atual campeão, com US$ 220
bilhões — um sociopata sorridente cuja empresa de mídia social, Traam, acaba de
lançar um conjunto de ferramentas de conteúdo que permitem deepfakes, cujos
efeitos desestabilizadores sobre governos mundiais são transmitidos por meio de
alertas nos celulares cada vez mais alarmantes.
![]() |
Em terceiro lugar, mas subindo rapidamente, está Jeff (Ramy
Youssef), cuja empresa de IA está recebendo um grande impulso com os desastres
causados pela última atualização da Traam.
Sua IA BILTER tem a capacidade de filtrar a inteligência
artificial de Venis e torná-la muito mais segura. Por isso, Venis está ansioso
para fechar um acordo comercial com ele. No entanto, Jeff age pelas costas de
Venis e diz a Randall (o segundo colocado) que eles deveriam ir ao Conselho da
Diretoria da Traam para tirar Venis da presidência. Jeff também planeja levar
sua IA ao governo dos Estados Unidos, permitindo que eles regulem a IA de
Venis, parem com a campanha de desinformação e corrijam a instabilidade no
mercado.
Esse é o foco de tensão criada dentro do grupo, diante do cenário
distante do mundo em caos nas telas de TV e smartphones no chalé remoto em que
estão. Randall tem câncer e não leva a sério os prognósticos dos médicos: “Como
pode? Fazemos tantas coisas e não conseguimos consertar uma cartilagenzinha!”.
Ele se recusa a aceitar que seu câncer é terminal.
Portanto, vê no impulsivo Venis a realização da esperança
transhumanista e aceleracionista para daqui a cinco anos – a possibilidade de
um upload final que salve sua consciência digitalizada na rede, tornando
imortal. A concretização do sonho tecnognóstico e transhumanista à base de uma
IA treinada com dados que estão provocando o caos político – este é um dos
princípios aceleracionistas: as mudanças rápidas podem até custar muitas vidas
hoje. Mas amanhã, muito mais vidas humanas serão salvas. Principalmente, as
vidas das mentes valiosas da elite tecnológica.
![]() |
Randall não é fã do plano de Jeff – chocado, ele acha que Jeff é um “traidor
desacelaracionista”. Imediatamente vai até Hugo e Venis e conta a eles o
plano de Jeff, afirmando que precisam impedi-lo de fazer isso.
Eventualmente, o trio conclui que matar Jeff é a única opção. Eles racionalizam
isso para si mesmos, dizendo que, de uma perspectiva utilitária, matar Jeff
hipoteticamente salvaria vidas no futuro, cuja IA de Venis melhoraria. Assim,
a segunda metade do filme acompanha Randall, Hugo e Venis enquanto eles tentam
matar Jeff de diversas maneiras cômicas.
Nas densas linhas de diálogo (com acenos a insípidas tentativas de
filosofia moral baseada em Marco Aurélio, Kant e Nietzsche) há poucos vislumbres
de humanidade, revelando um tipo de distópico isolamento do Vale do Silício – a
ideia de que qualquer coisa que façam a curto prazo é permitida porque tudo
levará à salvação da humanidade.
Uma espécie de irresponsabilidade feliz: autopromoção
mercadológica, aumentar o patrimônio líquido sem qualquer regulamentação
pública e salvar a humanidade são ideias que convivem entre si tranquilamente
nas cabeças bilionárias deles. Afinal, só os muito ricos teriam os meios para
perpetuar a raça humana.
Moutainhead é uma comédia
dramática que difere da onda atual de produções como Succession, Triangle of
Sadness , The White Lotus e The Menu. Todas são
comédias que nos asseguram que a elite é miserável, quer recebam o que merecem
ou não; elas também nos permitem desfrutar de experiências de segunda mão dos
luxos em que se deleitam e das maneiras horríveis com tratam subalternos. De
certa forma, essas comédias criam em nós um efeito catártico, como se nós
devorássemos os muito ricos – aqueles 1% de privilegiados do planeta.
Ao contrário, Mountainhead nos convida para esse chalé
exclusivo num retiro gelado das montanhas apenas para que acompanhemos a face
externa emocional desses personagens que, caso destruam a sociedade,
simplesmente se refugiam em seus respectivos bunkers, garantindo a si mesmos
que tudo vai dar certo no final.
"Nada é tão sério assim — nada significa nada, e tudo é
engraçado e legal", dispara Venis em certo momento, a filosofia norteadora
de alguém rico o suficiente para acreditar nisso.
Em Mountainhead são os ricos que nos devoram, e
não há catarse nisso.
Ficha Técnica |
Título: Mountainhead |
Diretor: Jesse
Armstrong |
Roteiro: Jesse Armstrong |
Elenco: Steve Carell,
Jason Schwartzman, Cory Michael Smith, Ramy Youssef |
Produção: HBO Films, Hot Seat Productions |
Distribuição: HBO Max |
Ano: 2025 |
País: EUA |
terça-feira, junho 03, 2025
Folha quer turbinar com cetamina corte de gastos do Estado; Lula dá coletiva surpresa: está ouvindo o Cinegnose? EUA no modo guerra híbrida total


Enquanto o fígado da Esquerda dói com o “bananinha” nos EUA e Zambelli fugindo do País, Tio Sam está no modo guerra híbrida total: quer tipificar crime organizado no Brasil como terrorismo e transformar Tarcisão, o Moderado, e sua polícia em heróis da liberdade! Esse é um dos temas candentes da Live Extra Cinegnose 360 #87, nessa quarta-feira (04/06), às 18h, no YouTube e Facebook. Venha desde o começo, para dar tempo de participar das Conversas Aleatórias. E depois, a Crítica Midiática: Lula está vendo o Cinegnose? De Surpresa, convoca coletiva com a Imprensa... e pergunta: “hoje a Imprensa é o quarto ou o quinto poder?”; Folha quer controle dos gastos públicos turbinado com cetamina; Por que jornalismo corporativo santista quer relativizar assassinato de sargento da PM? EUA liga o modo guerra híbrida enquanto grande mídia envenena o fígado da esquerda; Eleições para juízes no México: mais um golpe na democracia liberal burguesa... e outras bombas semióticas que porventura explodam até o início da Live.
sábado, maio 31, 2025
Ney Matogrosso e o "Presente Extenso"; os 3 objetivos da alopragem das sanções contra STF; PCC e CV são multinacionais: recall da Lava Jato?


Um ataque à soberania do País! Trump não quer deixar Xandão ir para a Disneylândia! O que está por trás da alopragem política do clã Bolsonaro das sanções contra o STF? Então venha saber na Live Cinegnose 360 #193, nesse domingo (01/06), às 18h, no Youtube e Facebook. O tijolaço de domingo! Que começa com Ney Matogrosso: “Homem com H” ou como encaixar o artista no “presente extenso”. Na sessão do Cinema e Audiovisual: o relançamento do filme brasileiro “Saneamento Básico”: o real contaminado pelas imagens; e “Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes” (na vida inautêntica cantar não espanta os seus males). E depois dos Comentários Aleatórios e Livros do Humilde Blogueiro, a Crítica Midiática: sanções contra o STF, os três objetivos da alopragem do clã Bolsonaro; Acordo PGR e Justiça italiana: PCC e CV e máfia italiana? Recall da Lava Jato às vésperas das eleições; Comunicadora alerta: “Hoje ser rebelde é ser conservador”; TV OTAN finge que está horrorizada com Israel em Gaza; e mais outras bombinhas semióticas.
sexta-feira, maio 30, 2025
A contaminação do real pelas imagens em "Saneamento Básico, O Filme"


'Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes': na vida inautêntica cantar não espanta os seus males


quarta-feira, maio 28, 2025
Inteligência Artificial é o 'zeitgeist' da Sociedade do Cansaço


Nesse momento acompanhamos um grande esforço promocional para mostrar que a Inteligência Artificial é de fato... inteligente. Um esforço sofisticado, porque mobiliza também supostos críticos, como o filósofo Yuval Harari, que acha que por conta própria os algoritmos poderão achar que o ser humano é redundante e decidir dominar o muno. Nesse esforço tenta-se rebaixar a noção de “inteligência”: o exercício diário de tratar máquinas ou aplicativos como formas de inteligência reais. Por isso, Karl Marx tornou-se tão atual - o trabalho morto (os algoritmos) domina o trabalho vivo (o saber-fazer). O modus operandi do Capitalismo desde Revolução Industrial – tirar do trabalhador o controle e capacidade criativa para incorporá-lo nas máquinas e ferramentas. Do tear mecânico até a Inteligência Artificial que se transforma num zeitgeist-fetiche que oculta a luta de classes. O que sobraria ao trabalhador expropriado do seu conhecimento acumulado é transformar o próprio eu como marca para se diferenciar no mercado. Resultando na “Sociedade do Cansaço” (Byung-Chul Han): encenar a si mesmo cansa!
terça-feira, maio 27, 2025
Um conto libertário anarcocapitalista para ninar; o fetiche da "regulamentação"; um evento sincrônico: Barroso e a "Garota de Ipanema"


Nessa Live Extra o humilde blogueiro vai contar um conto de ninar... mas ninguém vai conseguir dormir com esse conto anarcocapitalista. Esse é um dos temas da Live Extra Cinegnose 360 #86, nessa quarta-feira, 28/05, às 18h no YouTube e Facebook. Como sempre, começamos com os Comentários Aleatórios no qual os participantes fazem perguntas e dão pitacos. E depois, a Crítica Midiática: um Conto Libertário Anarcocapitalista: a primeira morte de passageiro de mototáxi em SP; outro Conto: Barroso canta ‘Garota de Ipanema’ com presidente do iFood na casa dele; “Regulamentação”: palavra fetichista ou conversa mole; grande mídia tenta criar nova crise: Marina Silva e a misoginia no Congresso; Flagrantes neoliberais no governo Lula: cortes nas universidades e institutos federais e Alckmin critica “Custo Brasil”; Rui Pimenta: "O plano da burguesia é condenar Bolsonaro e depois isolar o PT"; a bomba semiótica do homem com explosivo em Brasília; e outras bombinhas semióticas... você não pode perder!
sábado, maio 24, 2025
Rita Lee muito além da "maluca beleza"; IOF: Xandão e a classe média não vão mais para a Disneylândia; IA e Sociedade do Cansaço


Depois da crise do PIX, do INSS, a agora vem a crise do IOF, recall da Dilma contra a classe média ir para Disneylândia. Esse é um dos temas do tijolaço de domingo, a Live Cinegnose 360 #192, 25/05/2025, às 18h, no YouTube e Facebook. E começamos com “Rita Lee: Mania de Você” – do documentário “faixa branca” à Rita Lee para além da “maluca beleza”. Vamos também conversar sobre o filme nos cinemas “Until Dawn: Noite de Terror”: cultura mashup e gameficação de Hollywood. E depois dos Comentários Aleatórios, vem a Crítica Midiática: classe média convocada pela grande mídia: a crise do IOF; Inteligência Artificial e a Sociedade do Cansaço; EUA intensificam guerra híbrida no Brasil? Xandão não vai mais para Disneylândia; bomba semiótica: homem com bomba preso dentro de Ministério em Brasília; Trump transforma Salão Oval em armadilha; mais um apagão na França: crise da transição energética e fim da Globalização... e outras bombinhas semióticas para terminar! É tudo nesse domingo, venha participar!
sexta-feira, maio 23, 2025
Cultura mashup e gameficiação de Hollywood no filme 'Until Dawn: Noite de Terror'


A gameficação chegou a Hollywood com o sucesso estrondoso de “Minecraft Movie”. Porém, uma coisa é a adaptação fílmica de jogos eletrônicos. Outra coisa é a cultura mashup que resulta em filmes como “Until Dawn: Noite de Terror” (Until Dawn, 2025): baseado no popular videogame para PlayStation 4, lançado em 2015, com dinâmica slasher que tinha como fontes "Evil Dead II" e "Poltergeist", e de jogos como Resident Evil e Silent Hill, que já haviam sido adaptados para o cinema. Total mashup: um filme baseado em um jogo baseado em filmes, alguns dos quais baseados em jogos. O efeito é uma espécie de amnésia social: em um suporte de alta tecnologia, conteúdos mashups a partir de tudo que a velha mídia produziu são exibidos com aparência de novidade para uma geração cada vez mais nativa digital. Mas cumpre uma função social antiquíssima do ritual de passagem: jovens oferecidos em sacrifício para sofrerem mortes cada vez piores com uma moral da história: o destino pune exemplarmente aqueles que ousarem a desafiar a ordem moral.
terça-feira, maio 20, 2025
Live Extra: Brasil era a Argentina hoje; cenários futuros da guerra híbrida brasileira; Putin está imitando estratégia taoísta chinesa?


sábado, maio 17, 2025
Cinderela na cultura coaching vira um conto de horror em 'The Ugly Stepsister'


O filme “The Ugly Stepsister” (Den Stygge Stesøsteren, 2025), da diretora norueguesa Emilie Blichfeldt, é mais uma releitura de contos de fada da cinematografia recente. Ela pega o conto clássico dos irmãos Grimm, “Cinderela”, e inverte o foco: acompanhamos a história não mais do ponto de vista da heroína, mas da ótica da meia-irmã feia que a todo custo quer ser a escolhida do príncipe. Qual o preço da beleza? É quando o conto “Cinderela” se encontra com o horror corporal cronenbergiano. E também quando descobrimos que Cinderela, desde o início com os irmãos Grimm, foi uma história de horror. Até ser embelezada pela Disney. Mas os irmãos Grimm ainda buscavam ensinar para o leitor uma “moral da história”. Ao contrário da versão de Emilie Blichfeldt: vira um conto de advertência sobre zeitgeist atual da hegemonia das tecnologias do Eu da cultura coaching – gerir a si mesmo como marca para ter o maior impacto num mercado competitivo.
VOLTAMOS!!! Live Cinegnose 360!!! Com Pixies; a esquerda e o caso dos pastores mirins; nem a Folha aguentou tropeço woke da Globo com Janja


sexta-feira, maio 16, 2025
Drops News #16: Lula na China e o "Jornalismo Engov": Globo engole o próprio wokeísmo; burguesia banqueteira em NY; a semiótica de Mujica


Depois do humilde blogueiro sair do Departamento Médico, Drops News Cinegnose 360 #16. Que começa com os Comentários Aleatórios: a churrascaria num parque privatizado em SP: o desprezo da História e o “Presente Extenso”; CERN transforma chumbo em ouro: Alquimia no século XXI; Igrejas evangélicas que parecem shopping centers: a arquitetura genérica; flagrante da elite brasileira: campanha do cartão Elo com Sasha Meneghel. E na Crítica Midiática: Lula na China e o “jornalismo Engov” da grande mídia – Glogo News engole seu próprio wokeismo; Boulos no ministério: PT se distancia das bases sociais; Doria banqueteiro serve a burguesia brasileira em Nova York; Judicialização da Política: na falta da esquerda, juízes do Trabalho fazem a militância; explode luta de classes na periferia de SP: cadê a esquerda? A limpeza semiótica de Pepe Mujica feita pelo jornalismo corporativo. Zambelli condenada: o modus operandi Al Capone.
quarta-feira, maio 14, 2025
Depois do Papa Francisco, é a vez de Pepe Mujica sofrer limpeza semiótica da grande mídia


A morte do líder esquerdista uruguaio Pepe Mujica revelou que a sua persona transcendeu as diferenças do espectro político. Tanto que jornalões e portais da grande mídia tiveram que colocá-lo nas manchetes principais como “emblemático líder da esquerda”. Mas o jornalismo corporativo não dá o braço a torcer. É nesse momento que entra em ação a costumeira criatividade semiótica e a piruetas retóricas dos “aquários” das redações. Afinal, o momento é delicado – estamos num ano pré-eleitoral. Em tempos de agenda neoliberal, suas referências guerrilheiras e marxistas foram tratadas como “paradoxos” de um “humanista”... quase um santo, em tempos de novo Papa. Ou ainda um pretexto para mais um recall da Lava Jato: “ele era de esquerda, sem corrupção”, como fez questão de frisar um “colonista” da TV. Além de Mujica ser submetido à mesma operação semiótica de limpeza ideológica do Papa argentino Francisco: o líder uruguaio tornou-se “ideogênico”: ideologicamente “fotogênico”, palatável, anódino, de um humanismo genérico e abstrato.
terça-feira, maio 13, 2025
Clichês do Blues e mitologia dos vampiros no terror racial 'Pecadores'


Desde “Corra!”, de Jordan Peele, o terror racial tornou-se um subgênero que vem chamando a atenção: série "Them", "Barbarian", "Us", "Clonaram Tyrone!" etc. Mas essa junção entre o racismo, o sobrenatural e o fantástico vai além dos limites, de quebra renovando a mitologia dos vampiros. Estamos falando do filme “Pecadores” (‘Sinners”, 2025), de Ryan Coogler (Creed, Pantera Negra). Dois irmãos gêmeos voltam financeiramente bem-sucedidos do submundo de Chicago, para sua cidade natal no Delta do Mississipi no início dos anos 1930. Dispostos a inaugurar uma casa noturna de Blues. Mas enfrentarão um mal ainda maior do que deixaram para trás: vampiros ancestrais brancos sedentos por uma música que apaga as fronteiras entre a vida e a morte. Enquanto Coogler renova a mitologia vampiresca, empilha clichês brancos sobre o Blues, como, por ex., supostos pactos diabólicos por trás dos bluesmen. Para reduzir a questão do racismo uma questão de viés cultural: a ignorância e teimosia de pessoas que ainda não perceberam que os tempos mudaram.
domingo, maio 11, 2025
Drops News #15: PMs estão virando bombas-relógio; Data-Centers e colonialismo digital; Lady Gaga preparou visita de delegação dos EUA?


À beira de o humilde blogueiro sair do Departamento Médico, mais um
Drops News Cinegnose 360, a edição #15 da série que está próxima do fim. Para depois
retomarmos as Lives. Drops #15 que começa com os Comentários Aleatórios: Neymar
e a ascensão da Classe C: sincronismos na longa agonia e queda do Santos FC;
Igrejas neopentecostais e os “memes de associação”: cristianismo associado a
religiões de matriz africana? Anticoncepcionais masculinos: nova revolução
cultural e comportamental? Na sessão do Cinema e Audiovisual, a comédia
dramática italiana “Perfeitos Desconhecidos”: os smartphones são as
caixas-pretas do nosso tempo. E na Crítica Midiática: negacionismo histórico e
grande mídia furiosa com Lula na Rússia; Dia de Fúria: policiais militares
estão virando bombas-relógio; Conexões entre show de Lady Gaga e visita de
delegação dos EUA no Brasil; Pesquisadora da Universidade de Stanford elogia
Brasil para reforçar o colonialismo digital; Haddad oferece pacote de bondades
para Data Centers das Big Techs no Brasil; Por que Papa Francisco queria
cardeal norte-americano Provost como seu sucessor?