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quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Cabala, Esoterismo e Tarô em 'Mestres do Universo: Salvando Eternia', por Claudio Siqueira


Mestres do Universo: Salvando Eternia, a continuação do antigo desenho que animou a infância dos anos 1980, deu o que falar na primeira temporada e angariou reclamações. Ante a iminente segunda temporada, o Cinegnose vem mostrar a principal eminência parda por trás da animação, independentemente da original ou atual: Os chamados Caminho da Mão Direita e Caminho da Mão Esquerda – Cabalá Hermética, esoterismo e Tarô, muito além do que as lições de moral dadas ao final por personagens loiros apolíneos.

segunda-feira, setembro 05, 2022

O lado oculto do universo de Sandman, por Andreas Dao


"Sandman", a aclamada obra-prima em quadrinhos do genial escritor e roteirista Neil Gaiman, finalmente ganhou sua versão live action pela plataforma de streaming Netflix. Como admirador da obra me sinto honrado em poder escrever este artigo para os leitores do blog Cinegnose! Nas próximas linhas vamos entrar no universo de Sandman, analisando alguns aspectos ocultos da obra num contexto não linear, abrangendo diferentes campos do saber (Xamanismo, Hinduísmo, Budismo, Cabala, Psicanálise etc.) e como não poderia deixar de ser, o tema principal serão os sonhos!

quinta-feira, agosto 18, 2022

Para entender a série "The Sandman" com a filosofia de Alfred Whitehead


A “Filosofia do Processo” de Alfred Whitehead e os mundos fantásticos da obra de Neil Gaiman têm mais coisas em comum do que podemos imaginar. Ambos pensam numa inusitada cosmologia que rompe com a dualidade cartesiana ao proporem universos (no caso de Whitehead, de elétrons a pessoas) no qual se ingressam entidades metafísicas que criam o potencial, a criação, o novo. Em “The Sandman”, de Neil Gaiman, Morpheus e o reino dos sonhos; em Whitehead, os “objetos eternos”. A série Netflix “The Sandman” (2022-), adaptada pelo próprio autor, repleto de seres míticos que governam seus reinos que tangenciam com o mundo “real”, figura o mundo dos sonhos e sua espécie de “Biblioteca Akáshica” (referência teosófica de Gaiman) que representam como a humanidade cria os seus objetos eternos, os Perpétuos, como o repositório de todos os desejos e potencialidades de um mundo muito além do cartesianismo.

terça-feira, abril 26, 2022

Alien's Day: das raízes bíblicas às ocultistas do universo Alien, por Claudio Siqueira


Dia 26 de abril se comemora o Alien’s Day (o Dia do Alien, numa tradução livre, já que ainda não há tradução para a língua portuguesa, pelo menos no Brasil), o famigerado xenomorfo da franquia Alien. O monstro mais famoso e amado do cinema  e dos quadrinhos – não o é por acaso; ele foi concebido pelo pintor e escultor surrealista Hans Ruedi Giger, ou simplesmente H.R. Giger como é conhecido. O Cinegnose vem dissecar a criatura, suas fontes de inspiração e o porquê de Prometheus e sua sequência não serem tão ruins como dizem as más línguas.

segunda-feira, fevereiro 28, 2022

HQs e o Nazismo: e se a Alemanha tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial?, por Claudio Siqueira


Como se não bastasse tudo o que vem acontecendo nos últimos anos, desde uma eleição nefasta até a disseminação do agente patogênico mais contagioso da história, tivemos a declaração bombástica do antigo Youtuber Bruno Aiub, o Monark do podcast Flow. Durante o bate-papo com a deputada Tabata Amaral do PSB e o deputado Kim Kataguiri do DEM, Bruno Aiub defendeu a criação oficial de um partido nazista alegando que: “A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião (...) Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei”. Pra piorar, Monark deu uma de Phil Anselmo, antigo vocalista do Pantera, em seu episódio onde fez a saldação nazista enquanto gritava “White power!”alegando que estava bêbado. O Cinegnose vem mostrar uma lista de HQs, animes e personagens que retratam os horrores do nazismo, além de três obras distópicas que mostram o que teria acontecido se a Alemanha tivesse vencido a Segunda Guerra Mundial.

quarta-feira, janeiro 12, 2022

Série 'Estação Onze': Shakespeare versus história em quadrinhos no fim do mundo



A série HBO Max “Estação Onze” (Eleven Station, 2021- ) é muito mais do que outra série adaptada de romance profético sobre a atual crise pandêmica global. A série redefine as narrativas sobre o fim do mundo. Uma pandemia de gripe extermina mais de 90% da humanidade – na verdade uma bomba viral, sem período de incubação. O que restou foi um mundo pós-apocalipse, relativamente otimista, que vive sobre os escombros de celulares, computadores e Internet (agora inúteis) e onde uma trupe de atores e músicos shakespearianos apresenta montagens itinerantes levando o que restou da arte da velha civilização. Mas também herdou uma HQ chamada “Estação Onze” que virou um objeto de culto profético e religioso com sua mensagem enigmática. Enquanto Shakespeare inspira arte e entretenimento, a HQ influencia perigosas seitas fundamentalistas. Será que o gibi teve o mesmo destino que aquele reservado à Bíblia Sagrada no nosso mundo?

segunda-feira, novembro 29, 2021

Alusões e plágios do panteão nerd no universo 'League of Legends', por Claudio Siqueira


Dia 6 de novembro estreou a animação Arcane, ambientada no universo de League of Legends, o mais importante jogo MMO (sigla para Massively Multiplayer Online) da atualidade. O Cinegnose vem falar não do anime, mas mostrar alguns dos personagens do jogo, além dos personagens de HQs, cinema e RPG  e até históricos  que lhes serviram de inspiração. A alusão do personagem Ryze ao monge russo Rasputin é justa, mas certas influências, se não são alusões, são verdadeiros plágios de personagens já conhecidos do panteão nerd.

segunda-feira, outubro 18, 2021

O Oculto na saga 'Venom', das HQs ao cinema: Teosofia e Magia do Caos, por Claudio Siqueira


"Venon: Tempo de Carnificina" estreou nos cinemas dia 7 de outubro deste ano. Embora a cronologia dos filmes mostre o anti-herói e seu filho rival em suas origens, a atual saga de Venom nos quadrinhos tem incríveis eminências pardas ocultas – Teosofia, Magia do Caos e esoterismo. O Cinegnose vem falar um pouco sobre o início da nova saga de Venom, que já vem saindo nas bancas há um bom tempo e culminou com a atual saga do Rei de Preto. 

terça-feira, outubro 05, 2021

Porque você NÃO deve assistir à série 'Lúcifer', por Claudio Siqueira


Lúcifer estreou sua sexta temporada. Mas, como faziam as antigas adaptações de histórias em quadrinhos para as telonas, difere muito da obra original. Em respeito à HQ, a única capaz de se equiparar (e talvez até superar) a Sandman, o Cinegnose vem elucidar 5 motivos pelos quais não se deve assistir à série. 

A série tem feito muito sucesso, curiosamente entre aqueles que NÃO leram a HQ. Ao contrário de Constantine, que não fez sucesso entre nenhum dos dois públicos (os que leram e os que não leram) e nem sequer chegou à segunda temporada, ou de Demolidor, que fez sucesso por parte de ambos os públicos (leitores e não leitores), Lúcifer conseguiu a proeza de ser uma série bem fraca e fazer mais sucesso do que a magnífica HQ. 

Mike Carey despontou como o novo Neil Gaiman ao capitanear o spin off de Sandman, Lúcifer. Pelas palavras do próprio Neil Gaiman, autor de Sandman e criador de Lúcifer como o conhecemos em Sandman #4 (abril de 1989): “O Lúcifer de Mike Carey é mais manipulador, charmoso e perigoso do que eu esperava.”

 

Lúcifer com semblante de David Bowie


A HQ continuou a ser escrita por outros autores, inclusive, por uma autora de New Jersey que atende pelo sugestivo nome de Holly Black. Holly e os demais nunca deixaram a peteca cair e Lúcifer continuou cínico, arrogante, com uma moral dúbia que nos faz questionar nossa própria noção da mesma. Não necessariamente perverso, mas nietzschedamente além do bem e do mal. 



Enquanto o sisudo filósofo cofia seus bigodes no Inferno, sentado à esquerda do deus filho todo-poderoso, vamos aos motivos para NÃO assistir à série.

Lúcifer é MUITO diferente do original

E me refiro à aparência mesmo. Lúcifer continua cínico, arrogante até certo ponto e faz os personagens – coadjuvantes ou não – questionarem a moral ocidental, mas um primeiro olhar para o protagonista já dá uma desanimada em quem leu as HQs. 


Daniel?! Não, Lúcifer


Assim como Keanu Reeves ficou péssimo como Constantine, o sorriso maroto de Tom Ellis querendo passar a imagem de sarcástico faz o Primeiro dos Caídos parecer um cantor de sertanejo sensualizando. O Lúcifer das HQs foi inspirado em David Bowie e o semblante do cantor e ator está presente nas edições #14 e #15, lançadas no Brasil pela Panini em O Universo de Sandman: Lúcifer Volume 3 como parte do selo Black Label.

É uma série policial!

Nada contra séries policiais, mas os quadrinhos nos dão um panorama filosófico, apresentando às vezes até quíntuplos sentidos em cada quadro. Nem sempre pelo que está escrito, mas pela própria gestalt das cenas, fazendo match cuts inteligentes em momentos que muitas vezes perpassam o espaço-tempo. 

A série nos dá uma trama policial onde Lúcifer, com sua sabedoria mais que milenar, (desde antes da Queda, na verdade), ajuda a policial Chloe Decker na divisão de homicídios do Departamento de Polícia de Los Angeles que vira seu affair e sua sidekick. Da mesma forma que Constantine virou uma espécie de Supernatural de quinta, Lúcifer se tornou um Doctor Who infernal. Isso dito novamente pelo próprio Neil Gaiman.




Na segunda edição de 2018 dos quadrinhos, lançada no Brasil em O Universo de Sandman: Lúcifer nº1, três bruxas cegas chamam a nossa atenção. Durante um ritual, elas utilizam um olho de um gato. Gatos são tidos como “familiares” comuns entre bruxos. Pra quem não sabe, “familiares” são animais de estimação com um laço mágico com seu dono, mas porque o simbolismo do olho? 

De acordo com algumas das muitas atribuições cabalísticas, onde cada caminho da Cabala corresponde a uma carta do tarô e a uma letra do alfabeto hebraico, o 26º caminho corresponde à 15ª carta do tarô, O Diabo, e à 16ª letra, Ayin. Seu significado é “olho”. 

A trama diverge muito das HQs

Como a FOX não detêm os direitos sobre os personagens da DC, não tivemos as eventuais participações de outros protagonistas do selo Vertigo como o Constantine, por exemplo. Interpretado por Matt Ryan, este sim, um excelente Constantine, a despeito da série. 

Amenadiel aparece tão bundão quanto o anjo Manny, de Constantine e não é nem de longe o anjo dantesco, invocado e grisalho (de aparência mais velha) dos quadrinhos. Na série, além de mais jovem, nem cabelo Amenadiel tem.


Tudo bem que dizem que o Carnaval é a festa do Demo, mas não sabia que Lúcifer tinha desfilado pela Portela... Se bem que "demo" é "povo" em grego


Mazikeen aparece carinhosamente apelida de Maze… que meigo! Sua face disforme ficou bem representada, mas sua fala truncada presente nas HQs foi substituída pela “lingua demoníaca”, que a atriz Lesley-Ann Brandt interpreta guturalmente muito bem. Esperemos que agora, com Sandman e Lúcifer na NetflixMorpheus possa aparecer. Hmm… pensando bem, melhor não.

A série não é dantesca

O próprio termo “dantesco” que usei aqui e no tópico anterior vem do nome de Dante Alighieri por ter escrito A Divina Comédia, sendo um dos capítulos/atos, Inferno. Diferentemente do clima soturno dos quadrinhos de Lúcifer, que não chega a ser lúgubre e de estética gótica como Sandman, a HQ apresenta tramas que envolvem deuses de outros panteões e arcanjos, demônios da demonologia (perdoem o pleonasmo infernal) e até personagens históricos como Willian Blake.


Gabriel alcoólatra


Todos são devidamente humanizados, não no sentido que a palavra tem atualmente, mas de modo a torná-los próximos da condição humana, como um Anjo Gabriel ébrio, por exemplo. Na série de TV, temos diversão garantida para você e sua família, com draminhas pseudo existenciais e uma psicanalista comum a alguns personagens. Seu nome? Linda Martin! Que lindo!

Deus é casado!

Isso mesmo! Dramatizando a frase célebre de Nietzsche, “Deus está morto!”, a saga de 2016 mostra uma estranha entidade ocupando o trono do Criador. Na série, o Todo-Poderoso não só é menos beligerante (e talvez menos onipresente) como ainda é casado! Com a MÃE de Lúcifer!


A entidade que ocupa o trono de Deus, na HQ


Bom, se você nasceu, possivelmente tem uma mãe mas Lúcifer e os demais nem chegaram a “nascer” já que se tratam de entidades, conceitos, arquétipos ou mitos. Acho que isso não consta nem na Bíblia, se não me engano. Lúcifer Estrela da Manhã, e os demais anjos surgem sem ter que passar por um parto ou coisa que o valha.  


A foto alude à carta do tarô "O Diabo"


Se você ainda está disposto a assistir à série, a 6ª temporada já está dando o que falar, mas não leia os quadrinhos ou só os leia depois. Se você leu e ainda não assistiu, não assista. Ou assista, mas sem expectativa, que é a mãe de todas as decepções. Se já acompanha a série, você anda mal acompanhado. Perdoe-os, Lúcifer, porque eles não sabem o que assistem.  

 

 

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quarta-feira, setembro 01, 2021

'Free Guy: Assumindo o controle' - o filme gnóstico na era dos jogos de computador


Se “Show de Truman” e “Matrix” foram os clássicos da era das mídias tradicionais, “Free Guy: Assumindo o Controle” (Free Guy, 2021) é o cinema gnóstico na era dos jogos de computador e dispositivos móveis. Claramente inspirado em Truman e na dupla Neo/Trinity, um anônimo personagem não jogável (NPC) de um game chamado “Free City” ganha autoconsciência e descobre a cruel artificialidade do seu mundo. Do anonimato, ganha a notoriedade no mundo dos games e tenta a quebrar por dentro os códigos de “Free City”. Além de abordar a clássica discussão filosófica entre livre arbítrio vs. necessidade (porém, dentro da cosmogonia gnóstica), passa pela cultura dos jogos. Principalmente a amoralidade dos jogadores que, através da experiência imersiva, emulam a amoralidade dos super-heróis da HQs e das franquias cinematográficas.

sábado, junho 12, 2021

Uma fábula sombria e gnóstica da pandemia na série 'Sweet Tooth'


A crítica especializada parece confusa diante da série Netflix “Sweet Tooth” (2021- ), adaptada das HQs de Jeff Lemire: uma fábula infanto-juvenil sombria? Uma aventura infantil ao estilo Steven Spielberg? Mais um produto Netflix cujos algoritmos tentam fazer um mix entre fábula e a crueldade num mundo distópico sob a pandemia que dizima a humanidade? Gus é um jovem híbrido de cervo que vive numa idílica floresta, protegido pelo seu pai de um mundo que lá fora está sendo destruído. Com sua bondade e otimismo radiantes cruzará uma América devastada e violenta em busca da sua mãe. A suposta ausência de tom narrativo (é uma fábula ou distopia?) na verdade é proposital: é onde pulsa a mitologia gnóstica de anjos decaídos e da luz espiritual (traduzida no otimismo, fé e positividade de Gus) em confronto com um mundo niilista cujo apocalipse distópico começa e termina numa ciência demiúrgica. 

sexta-feira, maio 28, 2021

Sexo, fascismo, o "pênis" da Fiocruz e Alan Moore


Qual o sincronismo de assistir ao documentário “The Mindscape of Alan Moore” e acompanhar uma semana que começa com a carreata de Bolsonaro acompanhado de possantes motos da militância alt-right e termina com a confirmação da depoente bolsonarista Mayara Pinheiro na CPI da Pandemia confirmando áudio dela sobre ter visto “um pênis na porta da Fiocruz”? Moore (conhecido escritor de HQs) explica o argumento do gibi “Lost Girls”: como os adultos, via repressão sexual e moralismo, canalizam as energias sexuais dos jovens para a guerras e assassinatos. Argumento que ecoa as teses de Wilhelm Reich sobre a psicologia de massas do fascismo, basicamente em torno de duas teses principais: preocupação exagerada (seja pela repressão ou ansiedade) em relação à sexualidade e erotismo e representações do poder e da rudeza - importância exagerada em relações assimétricas de poder-submissão. Principalmente a relação com o simbolismo fálico através da ostentação, paranoia e angústia da castração.

sexta-feira, abril 23, 2021

'Godzilla Vs. Kong': muito além da jornada do herói, por Claudio Siqueira


“Godzilla vs Kong” fecha(?) o universo compartilhado conhecido como “MonstroVerso”, numa tradução livre. Muito bem, cinegnósticos, vamos mostrar que o filme não é apenas o embate entre duas figuras mitológicas da cultura pop. Muito além da clássica Jornada do Herói, a trama é fundamentada no acróstico V.I.T.R.I.O.L., “Visita Interiora Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem” que significa “Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta” (a Pedra Filosofal) - o caminho a ser trilhado pelos adeptos da Maçonaria, Rosa-Cruz, ordens templárias, thelêmicas ou quaisquer que trabalhem o hermetismo em geral.

sábado, fevereiro 27, 2021

Nos abismos metalinguísticos e gnósticos da série 'WandaVision'


Não fosse a vinheta que abre cada episódio, com o logotipo da Marvel Studios e o desfile da galeria de super-heróis acompanhado de uma orquestração épica, acharíamos que estamos assistindo à série errada – saem super-heróis esculpidos de forma épica, violência bombástica e música enfática sinalizando alguma reviravolta catastrófica, e temos agora elementos gnósticos e psicanalíticos para narrar os traumas interiores de um super-herói. A série “WandaVision” (2021- ) coloca, dessa vez, dois super-heróis do Universo Marvel (a  Feiticeira Escarlate e Visão) nos abismos metalinguísticos de um pastiche das sitcoms dos anos 1950 e 1960, explorando altos conceitos já vistos em produções como “A Vida em Preto e Branco” (“Pleasantville”) e “Show de Truman”.

terça-feira, outubro 15, 2019

Filme "Coringa": cultura cosplay e copycat gerou o Palhaço do Crime

Para muitos pesquisadores em Sincromisticismo, desde que o Coringa surgiu em 1940 nas HQs, o personagem transformou-se em uma forma-pensamento autônoma, um arquétipo que paira sobre o tempo. Mas como produto da indústria do entretenimento, ele também reflete o espírito de cada época, do Coringa bufão de Cesar Romero nos anos 1960 psicodélicos à inteligência sinistra do Coringa de Heath Ledger. Em “Coringa” (Joker, 2019) o Príncipe Palhaço do Crime ganha uma atualização, dessa vez um “spin off”: as origens do Coringa numa Gotham City vintage, mas que pode muito bem ser o espelho da nossa época. O Coringa de Joaquim Phoenix (numa interpretação assustadora onde, mais uma vez, um ator pagou o preço psíquico para encarnar o personagem) reflete a atual onda de ódio e ressentimento articulados pela Deep Web, fóruns e chans na Internet e pelo populismo de direita. Coringa é a persona da cultura copycat e cosplay atual dominada por um ciclo de feedback de identificações equivocadas que fogem do controle.

sexta-feira, agosto 02, 2019

Série "The Boys": o poder absoluto corrompe todos os super-heróis


Imagine um mundo em que os super-heróis são reais e um negócio lucrativo: combater vilões rende franquias, “mitagens” nas redes sociais e uma multidão de fãs que se sentem seguros num mundo tão louco. CEOs e advogados de uma megacorporação garantem o silêncio para eventuais escândalos gerados pelos “danos colaterais” provocados pelos superpoderes. A publicidade esconde a personalidade de super-heróis imaturos, narcisistas e amorais. E como o poder absoluto é intrinsecamente corruptor. “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, dizia o Homem Aranha. Mas estes super-heróis estão totalmente corrompidos. A série Amazon “The Boys” (2019-) surge num momento oportuno em que não só a Marvel e DC Comics alcançam altíssimas cifras com filmes e franquias. Mas também como a narrativa dos super-heróis virou um modelo de propaganda política, como denunciou o cartunista criador do herói sem superpoderes “The Spirit”, Will Eisner: “se não fosse Hitler, talvez não tivéssemos super-heróis nas HQs”. 

domingo, julho 07, 2019

Super-herói do mal revela amoralidade dos super-heróis da América no filme "Brightburn"

Talvez poucos conheçam a primeira versão do icônico super-herói norte-americano Superman: no começa da década de 1930, ele era um vilão com poderes psíquicos usados para dominar a humanidade. Mais tarde foi repaginado, cujos poderes passaram a ser usados para o “Bem”, e utilizado depois como herói da propaganda política na Segunda Guerra Mundial. O terror/sci-fi “Brightburn – O Filho das Trevas” (“Brightburn”, 2019) vai não só se inspirar nessa antiga versão do Superman como, através da iconografia heroica (com máscara e capa, só que agora vestindo o “Mal”}, jogar com a essência da galeria dos super-heróis dos EUA: a amoralidade, como uma “vontade de potência” que está acima do Bem e do Mal – tudo que é feito com uma boa intenção, não pode ser mau. É apenas o “destino manifesto”. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

terça-feira, maio 16, 2017

Curta da Semana: "Day 40" - os animais se amotinam contra Deus na Arca de Noé


Como Noé conseguiu colocar a cadeia alimentar completa de animais dentro da Arca e por 40 dias todos viveram em paz e harmonia enquanto o planeta era punido pelo Dilúvio? O produtor, diretor e animador Sol Friedman, notório pelas suas produções que profanam contos sagrados e tradições religiosas de todo o mundo, no curta de animação “Day 40” (2014) apresenta com muito humor negro uma arca bíblica que mais parece um navio de piratas amotinados. Um lugar tão pecaminoso quanto o mundo deixado para trás e afogado pelo Dilúvio. Em muitos aspectos o curta lembra a leitura gnóstica que Darren Aronofsky fez em “Noah” (2014). “Day 40” não é uma produção aconselhada para pessoas religiosamente mais sensíveis.

domingo, maio 14, 2017

Cinegnose discute filme gnóstico, semiótica narrativa e jogos digitais na "Fatecnologia"


O cinema gnóstico. Gnosticismo nas ciências e nos jogos digitais e o Universo como um game de computador. As mito-narrativas gnósticas e as transformações da Jornada do Herói nas HQs e no Cinema. As semióticas das narrativas como ferramentas de produção textual, de roteiros e apresentações. Esses foram alguns dos temas discutidos por esse humilde blogueiro na 9a. Fatecnologia na Faculdade de Tecnologia de São Caetano do Sul (SP) na noite dessa última quinta-feira para uma plateia de interessados e participativos estudantes. E com uma conclusão final após diversas indagações: o Herói, assim como nós mesmos, não enfrenta “vilões”. Mas a nossa própria Sombra interior projetada na ilusão do mundo. Veja o vídeo e os slides do evento.

segunda-feira, maio 08, 2017

A construção do super-herói amoral nas capas de "Veja" e "IstoÉ"


Pela primeira vez em anos as capas as revistas “Veja” e “IstoÉ” escancaram sinceridade e franqueza: recursos semióticos como retórica, iconificação e analogia usados não mais para esconder, mas para explicitar aquilo que sempre essas publicações não ousavam admitir: o juiz de primeira instância Sergio Moro há muito deixou o campo do Direito para atuar como um líder político messiânico que não mais julga em posição equidistante entre promotoria e réu – assumiu uma batalha cujo ápice é o interrogatório de Lula no Fórum de Curitiba no dia 10/05. Que as revistas simbolizam como algo entre a luta livre mexicana ou uma contenda de box do século. Mas há algo mais nessas capas: o juiz Moro não é um herói que segue o modelo clássico (épico ou trágico), mas é o Super-Herói amoral das HQs e adaptações cinematográficas da Marvel e DC Comics: aquele que luta pela Justiça e a Verdade, acima do Bem e do Mal. Cimento ideológico necessário para a opinião pública se resignar ao ver a própria carne sendo cortada com as supostas “reformas”, como “efeito colateral” aceitável em nome da Verdade – se for necessário, o Super-Herói pode até destruir o mundo, mesmo que seja para derrotar vilões que também querem destruir o mundo.

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