quarta-feira, novembro 05, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A
política econômica neodesenvolvimentista do PT resgatou o povo não das misérias
do capitalismo moderno, mas das misérias herdadas do passado
colonial-escravista da Casa Grande e Senzala. Por isso, a sociedade do consumo,
a precarização do trabalho e a ideologia meritocrática chocaram o ovo da
serpente cujos filhotes surgem agora, polarizando o cenário político. Esses
filhotes vão reeditar a mesma psicogênese da chamada “personalidade
autoritária” encontrada em pesquisas empíricas feitas pela Universidade de
Bekerley, Califórnia, coordenadas pelo pesquisador alemão Theodor Adorno há 64
anos. Naquela oportunidade a pesquisa descobriu uma conexão entre o
conservadorismo político e o “caráter neurótico” marcado por nove traços de
personalidade como “convencionalismo”, “submissão acrítica”, “destruição” e
“cinismo”. Em um contexto diferente, o Brasil estaria repetindo o mesmo cenário
psicossocial daquela época, a concepção fascista de vida?
O que há em
comum nessas três cenas abaixo?
(a) Um jovem
profissional, imerso e confinado numa dessas baias dos modernos ambiente corporativos,
alterna páginas do Facebook, pesquisas profissionais e consulta ao calendário
buscando as datas dos próximos feriados e os dias que poderão ser “enforcados”.
Um pequeno devaneio em meio à estressante ordem meritocrática em busca de
desempenho, resultados e promoções;
(b) Manifestação
pelo impeachment da presidenta Dilma na avenida Paulista em São Paulo na semana
passada. “Não queremos o vermelho na nossa bandeira!”, bradam enfurecidos
manifestantes trajando amarelo, muitos deles com a bandeira brasileira sobre os
ombros. Pouco depois na mesma manifestação, agora gritam “São Paulo é o meu
país!”… porem, há a cor vermelha na bandeira desse Estado…;