sexta-feira, outubro 14, 2022

Mídia em pânico tenta minimizar 'efeito Janones' e oito anomalias eleitorais



A cúpula da campanha do chefe do Executivo e a grande mídia sentiram o impacto. De um lado, obrigou a campanha da extrema direita ir a público fazer desmentidos. E a grande mídia reclama de “baixo nível da campanha”, “Efeito Janones” ou “estratégia digital que não muda corrida eleitoral”. É o efeito da estratégia da campanha do PT “olho por olho, dente por dente” nas redes: combater fake news com outra fake news. Aquilo que este Cinegnose vem insistindo há anos: a esquerda deve lutar no mesmo campo simbólico da extrema direita já que a leniência do Judiciário e os muxoxos midiáticos mostram que as instituições NÃO estão funcionando numa disputa eleitoral assimétrica. Tão assimétrica que Bolsonaro volta a denunciar uma possível fraude eleitoral, temeroso de que a esquerda (cada vez mais desconfiada) se aproprie da sua pauta. Colaborando com essa desconfiança, este humilde blogueiro elenca oito anomalias ou dúvidas justificadas no primeiro turno. Afinal, os institutos de pesquisa “erraram” porque suas metodologias só funcionam em condições normais de temperatura e pressão. 
 

Em 2018 esse humilde blogueiro, em palestra no Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz (CEE-Fiocruz), Rio de Janeiro, a poucas semanas da eleição, falou que “a esquerda precisa de um novo Goebbels”. Com isso, queria dizer que a esquerda precisava lutar no mesmo campo simbólico da direita: lutar com as mesmas armas do inimigo, trocando apenas o sinal, no limite da amoralidade e do niilismo. Uma incursão perigosa, assim como a de Dante aos círculos infernais na “Divina Comédia” de Dante Alighieri – clique aqui.

Naquele momento, a esquerda estava totalmente despreparada para enfrentar novos oponentes: de um lado, a ascensão da extrema-direita internacional; e no Brasil, a extrema-direita como ariete da guerra híbrida cujas rédeas foram assumidas pelo PMiG (Partido Militar Golpista), lançando o seu candidato manchuriano, o capitão Jair Bolsonaro. 

Aturdida, a esquerda viu as redes sociais serem exponencialmente dominadas por memes, boatos e mentiras manipulando ondas de choque, percepções e climas de opinião de uma forma inédita no Brasil, aplicando o mesmo know how do Brexit e da campanha vitoriosa de Trump, minerando de forma ilegal big data dos hábitos e comportamentos dos usuários das redes.



Convencida pela grande mídia, a esquerda começou a acreditar que a desinformação só pode ser combatida com a verdade, com a informação (afinal, é o produto que a mídia profissional vende). O problema é que a Internet e as mídias sociais não são uma esfera pública ou um tipo de ágora grega eletrônica na qual argumentos podem ser livremente discutidos. 

Bem diferente, essas novas mídias não são ambientes de informação, mas de comunicação: detonação de bombas semióticas, acontecimentos comunicacionais que criam ondas de choque a priori que superam de longe em eficácia quaisquer desmentidos a posteriori.

Ou combatida por observatórios, legislações ou recursos dos tribunais que até mandam tirar do ar vídeos ou postagens mentirosas... mas depois que o estrago exponencialmente se viralizou. Enquanto as Big Techs marotamente dão de ombros, enquanto propositalmente deixam invisíveis perfis progressistas – assim como o perfil desse Cinegnose, vivendo uma “inexplicável” queda vertical de tráfego nesse período eleitoral. 

Janones: Collor será ministro de Bolsonaro e vai confiscar o Auxílio Brasil


Caiu a ficha?

Mas parece que finalmente está caindo a ficha no PT. Tarde, mas está caindo, desde que o deputado federal André Janones (Avante-MG) foi escalado pela cúpula da campanha de Lula para dar uma guinada nas redes sociais – confrontar as estratégias de desinformação de Bolsonaro.

Para Janones, é equivocada a estratégia de desmentir fake news nas redes sociais: “O algoritmo da rede não entende se você está criticando ou elogiando alguém. Ele simplesmente percebe que você está falando de alguém”, declarou o parlamentar – clique aqui.

E como conseguir mais engajamento nas redes? Adotando a política do “bateu, tomou”. Tudo começou com a resposta a um vídeo de um suposto satanista denunciando o pacto de Lula com o próprio Demo. Resposta: vídeos de Bolsonaro e seu clã em lojas maçônicas, jogando com o preconceito da legião de apoiadores neopentecostais - Bolsonaro maçom e satanista, ao lado de imagens demoníaca de Baphomet e a misteriosa simbologia maçônica. E depois, as postagens de Bolsonaro canibal ou de que vai nomear Collor como ministro (que confiscará o Auxílio Brasil, assim como confiscou a poupança quando presidente em 1990).

Não só a coordenação da campanha sentiu o impacto (num evento inédito, foi obrigada a vir a público desmentir a desinformação petista) mas também a própria mídia corporativa tomou um susto e teve que se posicionar: “Janones adota tática bolsonarista”, “guerrilha digital”, “efeito Janones”, numa inédita mudança de narrativa: de repente, o jornalismo corporativo começou a procurar fontes que digam que é “uma estratégia digital que não altera a corrida eleitoral” - “só a esquerda acha que as redes sociais foram decisivas em 2018” além de que “diversos fatores” teriam dado a vitória a Bolsonaro. 



Agora, tentam minimizar as táticas de desinformação quando veem a esquerda querendo ser aprendiz de feiticeiro. Contrariando toda a sua campanha sobre a amaça das fake news e de que só a informação supostamente profissional salvaria a Democracia.

Também agora para a grande mídia, fake news como a da ex-ministra Damares Alves (uma adaptação de uma velha teoria conspiratória QAnon, agora sobre uma suposta rede de pedofilia no Marajó) fazem “perder voto”. 

E que Janones “está dividindo a cúpula e a militância ao invés de somar”. Porque “mimetiza” o filho do presidente, Carlos Bolsonaro. Janones estaria criando “desconforto” nos marqueteiros e que Lula o teria proibido d fazer uma “campanha rasteira”... 

Por que a grande mídia sentiu o impacto?

Há dois motivos para a grande mídia repentinamente querer minimizar ou esvaziar essa inédita estratégia semiótica da esquerda:

(a) Teme perder o domínio da narrativa. Na verdade, uma operação psicológica para continuar a manter o PT “republicano”, isto é, deixar a extrema-direita se apropriar das redes enquanto mantém a esquerda prisioneira da judicialização: acreditar em tribunais e na efetividade dos recursos no TSE contra fake news. Em outras palavras, fazer acreditar que as instituições estão funcionando.

(b) Quando o PT começa a jogar no mesmo campo simbólico da extrema direita, deprecia a mercadoria que o jornalismo corporativo vende: a informação. Para a grande mídia, a informação é a solução para todos os males que afligem a Democracia: a informação produzida por jornalistas profissionais, como se esse produto à venda no mercado de notícias estivesse por si só isento de manipulações, angulações, vieses e inspiração ideológica ou doutrinária.



Portanto, se o PT decide partir para o “olho por olho, dente por dente”, está criando um risco simbólico para o jogo de pesos e contrapesos que o consórcio PMiG e grande mídia tentam manter para controlar o resultado eleitoral: é a admissão de que as instituições não estão funcionando.

Diante da total ineficiência dos supostos instrumentos do TSE (aplicativo Pardal, canais online de denúncias etc.) para conter essas verdadeiras chicanas eleitorais (diante da qual Janones reage), eis que o xerife “Xandão” (o presidente do TSE Alexandre Morais) tenta justificar-se falando em “segunda geração de fake news” – “premissas verdadeiras, mas com conclusão falsa”. 

UAUUU!!!! O ministro descobriu algo descrito por Aristóteles na Grécia Antiga: o silogismo como erro lógico de inferência que cria uma falácia! Reproduzir material verdadeiro da mídia tradicional para criar uma inferência falaciosa não seria o pressuposto de todas as fake news? Aliás, o jornalismo corporativo também faz isso, o que este Cinegnose chama de “jornalismo metonímico”: 1 + 1 = 3 – sobre isso clique aqui

“Fake News” não são meras “informações falsas” ou “desinformação” – aliás conceitos incorretos. Ao contrário, são bombas semióticas, pós-verdades, memes auto-imunes, impermeáveis à “verdade” ou “desmentidos”. A única forma de combatê-los é de forma “homeopática”, no sentido da cura pelo semelhante.

“Lula afetivo” ou “Lula amor” é um imaginário impotente diante da realpolitik. Cura pelos semelhantes é levar o sistema ao excesso, ao paroxismo. Até a autodestruição. Afinal, quem falou que a Internet e mídias sociais representam uma esfera pública?

Fraude eleitoral?

Os Institutos de pesquisa estão na berlinda. Extrema direita fala m CPI dos Institutos de Pesquisa, enquanto o jornalismo corporativo acusa uma possível CPI como censura. Porém, subliminarmente dá pernas a tudo isso, ao, por exemplo, fazer, para diretores desses institutos, perguntas do tipo: “como evitar erros de pesquisas no segundo turno?”.

A questão é que as pesquisas podem até estar isentas de erros metodológicos ou de amostragens. Mas nunca isenta da variável de fraude às eleições. Os prognósticos das pesquisas levam sempre em conta as “condições normais de temperatura e pressão”.



Dúvidas justificadas vieram à tona depois dos resultados do primeiro turno, para além dos óbvios conflitos de interesse que envolvem as empresas responsáveis pela fabricação das urnas eletrônicas, criptografia, segurança e armazenagem dos votos: Positivo, Kryptus e Oracle – sobre isso clique aqui.

Vamos fazer uma pequena lista inicial:

(1) “votos invisíveis”: candidatos ao senado que figuravam em terceiro, de repente viraram com ganhos de votos padrão de 20%. Desde 2018, jamais esse fenômeno é verificado em candidatos à esquerda. Simplesmente votos parecem brotar em viradas épicas, num fenômeno exclusivo para candidatos de extrema direita;

(2) Se em 2018 foi dificultado ao máximo o cadastramento de eleitores com a exigência da biometria às vésperas das eleições, nas eleições desse ano milhares de mudanças de endereços de locais de votação em todo o País pegaram de surpresa eleitores e mesários;

(3) Seções superlotadas com problemas de leitura da biometria (esse humilde blogueiro passou pelo mesmo problema), requerendo repetir a ação diversas vezes até passar ao reconhecimento “analógico”. Ora, com a demora aumentam chances de abstenções – também testemunhadas por esse blogueiro;

(4) Aumento inesperado de eleitores com mais de 60 anos num ano em que votar virou prova de vida para os recebedores de pensão, benefício ou aposentadoria. Principalmente quando se verificou disparos em redes sociais advertindo que apenas o voto no “22” daria essa prova;

(5) A própria grande mídia noticiou ações inéditas dos TRE do RS e PR em levar urnas para asilos e hospitais para que idosos pudessem também votar. O esforço inédito dessa ação passa a ganhar um novo significado quando sabemos que essa faixa etária tende a um voto mais conservador. Ou mais: necessitar de um acompanhante para ajudar a digitar ou mesmo enxergar a tela da urna eletrônica; 

(6) Proibição ou dificuldade em implementar o chamado “passe livre” no transporte coletivo para os eleitores de menor renda – potencialmente eleitores de Lula. E sabemos que o candidato do PT foi o principal prejudicado pela abstenção;

(7) Um inesperado aumento de mesários voluntários em mais de 90%. De onde veio esse súbito espírito cívico-patriótico? Aliás, elogiado pelo jornalismo corporativo nesse termo;

(8) Sob um pusilânime STF e debaixo do nariz do TSE, o chefe do Executivo criou uma disputa eleitoral totalmente assimétrica ao atropelar a Constituição e a legislação eleitoral e fazer uma derrama de dinheiro às vésperas das eleições decretando “estado de emergência” para criar auxílios, isenções de impostos e controle de tarifas. Além de utilizar-se livremente dos recursos da máquina do Estado e das Forças Armadas.  

Todo esse conjunto de ações acumuladas forçaram o desejado segundo turno, esperado tanto pela grande mídia quanto para o PMiG. Tudo sob o script da normalização de que respiramos ares democráticos enquanto a imprensa noticia os “lances e apostas do xadrez eleitoral”, seguindo o clichê jornalístico. Somente superado pela expressão "marcha das apurações". Como se estivéssemos em alguma democracia liberal europeia.

 

 

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