sábado, dezembro 05, 2015
O sobrenatural pode ser digital?
sábado, dezembro 05, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Até aqui nos filmes de terror o Mal, fantasmas e maldições sempre se
espalharam principalmente por meio de linhas telefônicas, monitores de TV e
ondas de rádio. Isso sem falar das contaminações biológicas pelo sangue ou ar.
Ou seja, o Outro Mundo sempre nos alcança no mundo cinematográfico através das
tecnologias analógicas e meios físicos. O que dizer então de filmes recentes
onde o sobrenatural manifesta-se através das tecnologias digitais como Internet
e dispositivos móveis? É verossímil espíritos agirem através de sinais
fragmentados e binários? Se os fenômenos ocultos, mágicos ou espirituais
baseiam-se em um princípio de semelhança (o Outro Mundo precisa sempre de um
meio físico ou contínuo para estabelecer uma ponte com o mundo físico), seria
possível fantasmas ou forças espirituais manifestarem-se por meio das mídias digitais?
terça-feira, dezembro 01, 2015
CAOs, espiral do silêncio e a crise autorrealizável
terça-feira, dezembro 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
As intermináveis reviravoltas da Operação Lava Jato; o processo contra o
presidente da Câmera dos Deputados Eduardo Cunha envolvendo diversas
instituições e paralisando o Congresso. E como pano de fundo, o País à beira do
abismo da crise econômica. A grande mídia chegou ao estado da arte: a guerrilha
semiótica organizada pela tática de CAOs (Consonâncias, Acumulações e
Onipresenças das informações) turbinada por duas bombas semióticas: a profecia
autorrealizável e a espiral do silêncio. As mídias abandonaram o campo da propaganda
tradicional (repetição, persuasão e reforço) para ingressar no campo
sofisticado da cognição - mais do que discursos e conteúdos informativos,
construir percepções por meio de CAOs. Mesmo quando desmentidas, essas
informações nunca mais serão falsas porque já foram credíveis no clima de
opinião.
Era 1997. A
Globalização e a desregulamentação dos mercados triunfavam. Os chamados Tigres
Asiáticos (Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong, Tailândia e Cingapura) eram o
modelo econômico para o século XXI. De repente se transformaram no epicentro de
uma onda de pânico afundando as Bolsas em todo o mundo. Boatos e medo invadiram
a suposta racionalidade dos investidores que passaram a girar histericamente em
torno do próprio umbigo em uma onda de vendas baseada nas opiniões de outros
investidores provocando uma espiral viciosa de especulação.
Na época,
analistas de investimentos como Barton Biggs da Morgan Stanley apontaram o
pânico e a retroalimentação à ausência de memória dos profissionais financeiros:
com a ausência de História Econômica na formação acadêmica, os profissionais
eram condenados a repetir ciclicamente os mesmos erros, desde o crash de 1929.
domingo, novembro 29, 2015
Curta da Semana: "Life and The Mirror" e "Goodbye" - Estamos perdendo a fé na vida pós-morte?
domingo, novembro 29, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O Outro Mundo está ficando cada vez
mais parecido com esse. O “Cinegnose” vem percebendo uma tendência no cinema
recente em representar o pós-morte como uma projeção das mazelas já existentes
nessa vida, repetindo uma tendência do gênero ficção-científica: a
“hipo-utopia”, onde o futuro deixa de existir para virar uma projeção dos
problemas do presente. Os curtas da semana “Life and The Mirror” (2007) e
“Goodbye” (2015) são dois exemplos dessa estranha tendência. Assim como estamos
perdendo a fé na vida, também estaríamos perdendo a fé na vida pós-morte?
sábado, novembro 28, 2015
"The Zohar Secret" revela o misticismo no cinema russo atual
sábado, novembro 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O auge do Império Romano coincidiu com o surgimento dos textos mais
enigmáticos da humanidade, como o “Zohar” que é a própria mística da Cabala. Se
os seu conteúdo fosse revelado poderia provocar a queda do próprio Império. Mas o roubo
dos pergaminhos por um legionário romano marcará o destino da História do
Ocidente e da vida desse soldado que ficará prisioneiro em uma cilada Tempo-Espaço por sucessivas
reencarnações até os tempos atuais. Esse é o filme
“The Zohar Secret” (2015), mais uma recente produção russa onde está presente o
tema do misticismo gnóstico. Seria o misticismo russo uma forma de reação à
invasão do Marketing e da Publicidade na Rússia pós-comunismo? Uma reação
contra mais um império, assim como os textos místicos judaicos e gnósticos enfrentaram o Império Romano no passado? Filme sugerido pelo nosso
leitor Felipe Resende.
Cinco anos de
arrecadação de recursos por crowndfounding através da plataforma Kickstarter
(site de financiamento coletivo que busca apoiar projetos inovadores), envolvendo
1.300 pessoas de 54 países conseguiram levantar algo em torno de 10 milhões de
dólares entre dinheiro e equipamentos.
terça-feira, novembro 24, 2015
Uma jornada xamânica em "Blueberry: Desejo de Vingança"
terça-feira, novembro 24, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma verdadeira cápsula do tempo. Um daqueles filmes que mereciam ser
enterrados na época do seu lançamento para depois serem redescobertos como
verdadeiras pérolas. O filme “Blueberry” (aka "Renegade") do francês Jan Kounen (2004) foi
ridicularizado pela crítica e público para hoje ser saudado como um western
sobrenatural, um cult do xamanismo no cinema.
Blueberry não é apenas um filme sobre jornadas espirituais xamânicas de
um protagonista à beira da morte: os próprios efeitos especiais e imagens
cinéticas induzem o espectador a imergir em estados alterados de consciência. O
desejo de vingança de um protagonista transforma-se em jornada xamânica de
autoconhecimento desconstruindo as códigos do gênero faroeste – vingança,
honra, dominação e conquista.
O gênero western
já foi muitas vezes desconstruído no cinema por sátiras (Banzé no Oeste, 1974, de Mel Brooks), o exagero revivalista do
spaghetti western italiano dos anos 1960-70, a fusão do western com séries policiais urbanas nos anos 1970 (McCloud
– 1970-77) ou a paródia dos códigos e convenções dos duelos e violência nos
filmes de Tarantino.
Mas nada se equipara
ao western francês Blueberry. Baseado
no faroeste em quadrinhos francês homônimo de Jean-Michel Charlier e Jean
“Moebius” Giraud, o filme foi muito mais além da simples adaptação de um comic book: o filme transformou-se em
uma jornada espiritual após o próprio diretor do filme se encontrar com índios
xamãs que o iniciaram a rituais verdadeiros.
sábado, novembro 21, 2015
Curta da Semana: "Bloody Dairy" - Por que os gatos dominaram a Internet?
sábado, novembro 21, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O curta “Bloody Dairy” (2015), projeto de 100 dias de animações em gif,
e mais uma amostra de como os gatos cada vez mais estão tomando conta da
Internet com memes e vídeos virais, superando os seu eternos rivais: os cães.
Tornou-se fenômeno cultural, merecendo até uma exposição no Museum of Moving
Image em Nova York. Por que gatos ao invés de cachorros? A questão pode parecer
inútil e superficial, mas também pode nos conectar com os milenares simbolismos
ocultos e esotéricos dos gatos como guardiões e mediações com outros mundos. Portanto,
para onde os gatos nos apontam em memes e vídeos? Estamos diante de um fenômeno
sincromístico em plena cultura high tech?
sexta-feira, novembro 20, 2015
A lama de Mariana e os atentados de Paris entre os tempos histórico e midiático
sexta-feira, novembro 20, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Causou estranheza a muitos leitores o título da última postagem: “Os
Atentados de Paris não aconteceram”. Então foi tudo montagem? E os mortos? O
“Cinegnose” está delirando? Por isso, este humilde blogueiro decidiu fazer mais
um postagem detalhando melhor o argumento: os atentados de Paris "não
aconteceram", paradoxalmente, porque foi um acontecimento noticiável. Da lama de
Mariana aos atentados de Paris está em confronto duas noções de tempo: o
histórico (colocado em segundo plano pela mídia) e o midiático. Ambiguidade,
infogenia, noticiabilidade, tempo pontual e o terrorismo como um “pseudoevento”
foram fatores que tornaram os eventos de Paris muito mais noticiáveis para a
grande mídia do que a catástrofe humana e ambiental de Mariana.
Devido à grande
polêmica entre os leitores sobre a postagem anterior sobre os atentados de
Paris, o “Cinegnose” decidiu fazer um maior detalhamento para tentar esclarecer
dúvidas e uns tantos males entendidos. Parece que muitos leitores se apegaram
aos aspectos mais sensacionalistas da postagem - os atentados não aconteceram?
Foi tudo montagem? Falsa Bandeira? E os mortos? Foi tudo simulação? Mais uma
das malucas teorias sobre conspirações? Esse humilde blogueiro estaria virando
um Michael Moore brasileiro?
segunda-feira, novembro 16, 2015
Atentados em Paris não aconteceram
segunda-feira, novembro 16, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Acumulação, consonância e onipresença. Esses três palavras definem a
atual cobertura da grande mídia brasileira aos ataques em Paris. Ao contrário
da autêntica Chernobyl brasileira em que se transformou a catástrofe ambiental e humana
em Mariana/MG com o rompimento da barragem de detritos da Vale do Rio
Doce/Samarco. Por que essa diferença de tratamento? Há muitos motivos políticos
e econômicos em não expor uma empresa privada anunciante na grande mídia. Mas
também porque a essência do terrorismo é midiática para ser midiatizável. Os
atentados em Paris foram praticamente um kit imprensa dado de mão beijada para
as redações com personagens, histórias e roteiros prontos. Será que esse é o
motivo da recorrência de relatos sobre a sensação de irrealidade em depoimentos
de vítimas e testemunhas? E também o motivo da espiral de especulações sobre
uma suposta Operação False Flag? E se os mais de 100 mortos não forem prova de
que testemunhamos um acontecimento real?
Terminado o jogo
França X Alemanha no Stade de France na fatídica noite de sexta-feira 13 dos
ataques em Paris, os torcedores se dirigiram ao gramado à espera da autorização
para deixar o local. Depois a TV mostrou ao vivo a multidão dirigindo-se aos
corredores de saída. Cantavam a Marselhesa, agitando a bandeira da França e
erguendo os punhos.
Certamente não era
pela comemoração da vitória da França por 2 a 0. Informados pelos celulares
sobre o que transcorria fora do estádio, o clima era de ódio, revolta e
evidente desejo de revide contra os terroristas. Essa talvez tenha sido a
imagem mais emblemática daquela noite, porque mostrou ao vivo o resultado
imediato dos ataques terroristas, de conveniência política e geopolítica – com
a maior população muçulmana da Europa e uma das sociedades mais divididas do
continente, reforça ainda mais a xenofobia contra a atual onda de imigrantes
fugidos da guerra na Síria e Afeganistão.
sábado, novembro 14, 2015
Cacau, Gnosticismo e lisergia em "Charlie e a Fábrica de Chocolate"
sábado, novembro 14, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O livro infantil “A Fantástica Fábrica de Chocolate” escrito por Roald
Dahl em 1964 resultou em duas adaptações cinematográficas: a de 1971 de Mel
Stuart e a de 2005 de Tim Burton. Enquanto na primeira adaptação os chocolates
assumem um tom lisérgico com humor non sense, em Tim Burton há um retorno as
origens cruéis dos contos de fada, fazendo um mix entre a sensibilidade
gnóstica e todo um simbolismo místico milenar pouco conhecido que envolve o
cacau e o chocolate. Rios de chocolate e florestas de confeitos da “Fábrica de Chocolate” escondem trabalho escravo e injustiça. E um Demiurgo
arrependido que tenta resgatar o élan espiritual perdido na infância em um
mundo cercado de tentações.
A história de um
garoto pobre que consegue realizar seus sonhos por ser uma boa criança. Um
leitmotiv simples e direto, sobre o qual o livro e as duas versões
cinematográficas conseguiram criar diversas camadas simbólicas transformando a
jornada do protagonista em algo essencialmente místico: como encontrar a luz espiritual
interior se vivemos em um mundo cercado de tantas tenções que nos faz esquecer
de nós mesmos?
terça-feira, novembro 10, 2015
Pesquisas revelam que novelas reduzem fertilidade e aumentam divórcios: controle de natalidade?
terça-feira, novembro 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Muito se tem falado que as telenovelas são “veículos de alienação” ou de criação do “consumismo”, principalmente as da TV Globo. Mas há algo ainda mais profundo: por década elas estariam moldando a percepção dos brasileiros em relação a filhos e casamento, resultando ne expressiva queda da taxa de fertilidade e aumento no número de divórcios. Esse é o resultado de duas pesquisas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o papel da televisão e das novelas no Brasil nas três últimas décadas. As pesquisas concluem que as telenovelas seriam um importante instrumento para “educar a população em questões sociais”. Será que por “questões sociais” o BID (entre outros bancos internacionais) entende como “controle de natalidade”?
As chamadas “soap
operas” norte-americanas (ou “novelas” como as denominamos) já nasceram sob o
signo da ação política. Quando surgiram no Brasil, as soap operas americanas já eram transmitidas de Miami para Cuba para
consolidar o estilo de vida americano na ilha caribenha. Até estourar a
revolução de Fidel Castro, derrubando o então ditador pró-EUA.
domingo, novembro 08, 2015
Curta da Semana: "Os Filmes Que Não Fiz" - o fascínio pelos perdedores
domingo, novembro 08, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O Curta da Semana dessa vez vai para uma produção brasileira: “Os Filmes
Que Não Fiz” (2008). A irônica filmografia de um diretor sem filmes. Se a
História é contada somente pelos vitoriosos para pisar na cara daqueles que
perderam, esse curta propõe o avesso: onde estão aqueles que apesar da
persistência, esperança e empenho acabaram perdendo e caindo no anonimato?
Cegos que somos pelos “cases” de sucesso, jamais conheceremos as histórias
humanas dos “losers”. Um curta ao mesmo tempo cômico e ácido sobre a realidade
do cinema nacional que não consegue transformar-se em indústria.
sábado, novembro 07, 2015
A psicanálise de um fantasma no filme "I Am a Ghost"
sábado, novembro 07, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Talvez o mais difícil não seja morrer, mas despertar do outro lado e ter
de se dar conta de que já está morto. Ultrapassar a fronteira entre a vida e a
morte pode ser algo tão imperceptível que continuamos do lado de lá a conviver
com os antigos traumas e fantasmas que nos atormentaram quando quando éramos
vivos. O horror independente “I Am a Ghost (2012)” mostra alguém que ainda não
se deu conta de que está preso em algum lugar entre a vida e a morte, e
continua repetindo seus antigos hábitos como nada tivesse acontecido. Uma voz
tenta despertá-la, fazendo do filme um surpreendente encontro entre Espiritismo
e Psicanálise.
“Ninguém precisa
de um quarto para ser assombrado. Não precisa ser uma casa. O cérebro tem
corredores suficientes que ultrapassam a matéria”. Essa epígrafe de um poema de
Emily Dickinson abre I Am a Ghost e
dá o tom de um filme que pode ser inicialmente descrito como o cruzamento entre
o argumento de Os Outros com Nicole
Kidman com o tema e a atmosfera visual de O
Iluminado de Kubrick.
Com um baixíssimo orçamento de 10 mil dólares, esse filme independente
de H.P. Mendoza segue a tradição de filmes como A Passagem (Stay, 2005) e
O Terceiro Olho (The Eye Inside, 2004) onde põe em questão aquela expressão que
dizemos quando recebemos a notícia da morte de alguém: “partiu dessa para a
melhor!”.
sexta-feira, novembro 06, 2015
"Onde Vivem Os Monstros" faz cartografia da mente selvagem infantil
sexta-feira, novembro 06, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Pokemons,
Trashpacks, Gogo’s e Monstros da Pixar. Uma série de monstrinhos e seres
fantásticos que representam o imaginário de um mundo infantil que resiste em se
tornar adulto. “Onde Vivem os Monstros” (Where The Wild Things Are, 2009) de
Spike Jonze, baseado num best-seller infantil de 1963 de Maurice Sendak, faz
uma obra-prima alegórica sobre um menino, seu quarto, a solidão e o poder da
imaginação capaz de criar uma assombrosa cartografia mental da infância. O
filme consegue ser superior à cartografia da mente feita pela animação
“Divertida Mente”, principalmente porque consegue representar as “coisas
selvagens” que habitam a mente de cada criança.
As experiências na infância da perda,
abandono, solidão e a necessidade de sentir-se amado talvez sejam o conjunto de
experiências mais representadas arquetipicamente por meio de jogos,
brincadeiras, contos de fada e, finalmente, no cinema de animação.
terça-feira, novembro 03, 2015
"Perdido em Marte": o estranho filme destoante de Ridley Scott
terça-feira, novembro 03, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme
que destoa do conjunto da obra de Ridley Scott – “Alien”, “Blade Runner”,
“Prometheus” entre outros universos distópicos. “Perdido em Marte” é um sci fi
estranhamente otimista sobre um astronauta deixado só numa missão no planeta
vermelho após um acidente, à espera da morte. Mas ele é cientista e botânico
com a determinação de um MacGyver ou de um John McClane de “Duro de Matar”, com
suas principais armas: lonas e fitas de silver tape. Contando com o velho
clichê do “nenhum americano será deixado para trás”, o filme parece uma grande
peça de propaganda NASA/complexo militar americano. Será que foi alguma
obrigação contratual da Fox ao diretor Ridley Scott na sua quarta produção seguida pelo estúdio? Estaria Scott seguindo os supostos passos de Kubrick nas relações perigosas com a NASA?
“No espaço ninguém poderá ouvir seus
gritos”. É surpreendente que o autor dessa linha de diálogo do filme Alien, o diretor Ridley Scott (artífice
de universos distópicos e gnósticos como em Blade
Runner e Prometheus), tenha
dirigido Perdido em Marte com linhas
de diálogo como “o mundo inteiro está torcendo por um só homem”. E ainda com um
protagonista que tenha falas como “o primeiro homem a pisar fora dessa
sonda”... “o primeiro a subir essa colina”, “o maior botânico do planeta”... “o
pirata espacial”... “o colonizador de Marte”... “foda-se Marte...”.
domingo, novembro 01, 2015
Em Observação: "Flowers" e "I Am a Ghost" - Espiritismo e Psicanálise no filme gnóstico
domingo, novembro 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
"Flowers" (2015) e "I Am a Ghost" (2012) são duas pequenas gemas da atual safra de filmes independentes que comprovam uma recorrência nos filmes desse início de século: narrativas sobre protagonistas presos em algum lugar entre a vida e a morte - a morte pode não ser um libertação, principalmente se você deixou essa existência sem fazer um acerto de contas com seus traumas e fantasmas. Filmes que fazem um surpreendente encontro entre Espiritismo e Psicanálise, merecendo estar "Em Observação" pelo Cinegnose. Além de serem filmes que comprovam a atual mudança de foco dos filmes gnósticos.
quarta-feira, outubro 28, 2015
Curta da Semana: "Rabbit" - Alquimia e a essência sombria dos contos de fadas
quarta-feira, outubro 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um curta que é um prato cheio de alusões a mitos alquímicos e à essência
sombria dos contos de fadas originais, perdida desde as adaptações comerciais
da Disney: é o Curta da Semana do “Cinegnose” – “Rabbit” (2005) do animador
inglês Run Wrake. Um conto de fadas invertido onde as crianças tornam-se vilãs
em uma narrativa surreal onde os pequenos protagonistas descobrem uma
fantástica maneira de transformar moscas em joias – um homúnculo viciado em
geleia de ameixa vermelha.
terça-feira, outubro 27, 2015
Mais louco é quem me diz - A exposição de Darcílio Lima, por Claudio Siqueira
terça-feira, outubro 27, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em junho deste ano houve a exposição "Darcílio Lima - Um Universo
Fantástico" na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. Cearense de
Cascavel, tornou-se um dos principais artistas brasileiros do Movimento
Surrealista, mas seu trabalho, assim como de muitos outros nomes do
surrealismo mundial, contém influências gnósticas que passam, como sempre,
despercebidas do grande público.
Conspiracionistas atestam que os conteúdos gnósticos presentes em obras
midiáticas possuem o intuito de inculcar mensagens subliminares nas mentes do
grande público; outros que tudo não passa de mera paranoia da parte de quem
assim pensa. Outros ainda, que os autores de tais obras não teriam conhecimento
real acerca das referências gnósticas presentes em suas obras. Se isso é
verdade, ao menos teríamos, talvez, a prova cabal do Inconsciente Coletivo
postulado por Carl Jung, posto que os mitos e arquétipos se repetem em
obras midiáticas mambembes sem o conhecimento de causa de seus autores.
segunda-feira, outubro 26, 2015
"MasterChef Júnior", a adultificação das crianças e o fim da vergonha
segunda-feira, outubro 26, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O episódio do assédio sexual através das redes sociais sofrido pela menina Valentina na primeira edição do reality televisivo “MasterChef Júnior” é a
ponta do iceberg de um movimento mais profundo e perigoso: o fim da vergonha
como a barreira que continha a sedução pela barbárie e a adultificação das
crianças pelas mídias. Sexismo, ódio, assédio sexual e intolerância que invadem
as redes sociais lembram as sombrias profecias de escritores libertinos do
século XVIII de que um dia as perversões privadas se tornariam virtudes
públicas. E as crianças, transformadas em mini-adultos em um programa de final
de noite onde correm contra o tempo segurando o choro, são o reforço
motivacional para os telespectadores acordarem no dia seguinte e repetirem as
mesmas situações na fábrica ou no escritório.
Os leitores devem
já conhecer a opinião desse Cinegnose
em relação ao reality show MasterChef da Band: é um bullying gastronômico – um
programa de final de noite com o objetivo de reforçar subliminarmente a
ideologia pela qual seremos regidos quando acordarmos no dia seguinte para
trabalhar: o princípio do desempenho.
Correr contra o
tempo em busca da eficácia, eficiência, produtividade, mérito e cumprimento de
metas sob as chibatadas de algum superior do tipo gerente, diretor, gestor etc.
MasterChef transforma isso em diversão ao nos deliciarmos em ver pessoas
angustiadas e esbaforidas correndo contra o relógio sob gritos e olhares
inquiridores de chefes de cozinha. Igual o que acontecerá com o telespectador
no dia seguinte na vida real na fábrica, escritório ou em outra empresa
qualquer.
sábado, outubro 24, 2015
Desperte da sua vida esquizofrênica com o filme "Eles Vivem"
sábado, outubro 24, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Mais um daqueles filmes estranhamente proféticos. “Eles Vivem” (“They
Live”, 1988) do mestre do terror John Carpenter parece antever de gadgets
tecnológicos de vigilância como os drones até a atual agenda política global
onde a Publicidade e as marcas transnacionais substituem as nações. Um sem-teto
desempregado encontra uma caixa de óculos de sol que revela um estranho mundo
submetido a uma espécie de hipnose coletiva que impede que enxerguemos os
comandos subliminares na Publicidade e a ação de seres alienígenas infiltrados
nas ruas e na TV. Uma ataque explícito à sociedade de consumo que vai muito
além dos clichês da crítica ao consumismo: “Eles Vivem” revela o secreto
mecanismo psíquico esquizofrênico que nos mantém prisioneiros do circuito
fechado individualismo-consumo.
Assistir ao filme Eles Vivem (They Live, 1988) é uma experiência conflitante. O filme do mestre
do terror John Carpenter (A Coisa,
Halloween, Christine) ora parece uma sátira com atores protagonistas
propositalmente canastrões e efeitos especiais que lembram os sci-fi B dos anos
1950, ora uma séria crítica social e política. Muitas vezes parece que
Carpenter não que que levemos o filme a sério. Por outro lado, Eles Vivem
torna-se um daqueles filmes subversivos que, depois do final, nos faz olhar
para o redor para então passarmos a questionar tudo até o limite da paranoia.
O filme foi
baseado no conto Eight O’Clock in the
Morning de Ray Nelson sobre um homem que desperta de uma espécie de hipnose
em massa para descobrir que a Terra é controlada por uma elite de empresários
alienígenas com a ajuda da elite política humana.
domingo, outubro 18, 2015
Editor do "Cinegnose" participa do "Outubro Rosa" com debate sobre mídia e identidade sexual
domingo, outubro 18, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esse editor do “Cinegnose” fará palestra sobre o tema “Sistema
Financeiro e a Mídia na Construção da Identidade Feminina” dentro do evento “Outubro
Rosa” em uma série de ações promovidas pelo Centro Acadêmico Manoel de Abreu
(CAMA) da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. O evento será nessa
segunda-feira (19/10) às 18h no auditório da Santa Casa em São Paulo. Esse
humilde blogueiro levará as contribuições das ferramentas da Psicanálise e
Semiótica para entender como as mídias constroem as identidades sexuais e o seu
impacto na vida de cada um. Os leitores do Cinegnose estão convidados.
Nesta
segunda-feira (19/10) este humilde blogueiro fará palestra seguida de dabate
sobre o tema “Sistema Financeiro e a Mídia na Construção da Identidade Feminina”.
O local será no Auditório Paulo Ayrosa, no prédio do Hospital da Santa Casa,
São Paulo, às 18h. Comporá a mesa de discussão Itali Pedroni Collini pela FEA-USP
com sua pesquisa sobre o machismo no ambiente de trabalho.
Curta da Semana: "From The Big Bang To Tuesday Morning" - a História é evolução ou eterno-retorno?
domingo, outubro 18, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A História humana é evolução? Decadência? Ou eterno-retorno? Será que o
paletó e gravata já estavam à espera do homem, só aguardando que ele surgisse
na face do planeta para, no final, enforcá-lo? O Big Bang eletrônico da TV só repetiu como farsa o Big Bang primordial? Essa é a sutil ironia e
perplexidade do curta “From The Big Bang To Tuesday Morning” (2000) do animador
canadense Claude Cloutier. O Curta dessa semana do “Cinegnose”.
sábado, outubro 17, 2015
A gnose selvagem no filme "Dente Canino"
sábado, outubro 17, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nas últimas décadas adaptações da Alegoria da Caverna de Platão têm sido recorrentes em diversos filmes, nos
mais diversos gêneros e narrativas. O filme grego “Dente Canino” (Kynodontas,
2009) é mais uma adaptação dessa alegoria, dessa vez numa surpreendente mistura
do filme “A Vila” de Shyamalan com “Dogville” de Lars von Trier: para tentar
manter a inocência dos filhos em um mundo corrompido, um pai os mantém isolados
do exterior dentro de uma propriedade rural cercada por altos muros – a TV só
mostra vídeos caseiros e a linguagem e sexualidade são manipulados e
controlados a um nível patológico levando o conceito de educação doméstica para
um extremo bizarro. “Dente Canino” mostra como a Alegoria da Caverna pode ser
real, assim como as possibilidades de escaparmos por meio de uma gnose selvagem. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
"SOCRATES: Olhai! Seres humanos vivem em uma
caverna subterrânea e têm a boca aberta em direção à luz. Esses homens estão aí
desde a infância, e têm suas pernas e pescoços acorrentados para que eles não
possam se mover e só consigam ver a frente deles, sendo impedido pelas cadeias
de virar suas cabeças. Acima e atrás deles há uma fogueira acesa, e entre o
fogo e os prisioneiros há um caminho elevado; e você verá diante deles um muro
baixo construído ao longo do caminho como fosse uma tela onde sombras
projetadas pelo fogo mostram homens passado ao longo da parede transportando
todos os tipos de vasos, e estátuas e figuras de animais feitas de madeira e
pedra e vários materiais. Alguns deles estão falando, outros em silêncio.
Glauco: Você me mostrou uma imagem estranha, com estranhos
prisioneiros.
SÓCRATES: Assim como nós mesmos ... (Platão, A
República, Livro VII)
quinta-feira, outubro 15, 2015
Cinco evidências de que vivemos em uma simulação
quinta-feira, outubro 15, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
domingo, outubro 11, 2015
Curta da Semana: "La Boca Del León" - o primeiro exorcismo telefônico do cinema
domingo, outubro 11, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
É possível um ato de exorcismo através do telefone? É o que os
personagens do curta espanhol “La Boca Del Léon” (2013) tentarão
desesperadamente confirmar: seguir as instruções de um padre exorcista através
de um smartphone, que ao mesmo tempo registra as imagens dos momentos de terror
em longos planos sequências. Inteiramente produzido através de um IPhone, o
curta é interessante não apenas por trazer para o universo dos curta-metragens
o subgênero “found-footage” de “Bruxa de Blair” e “Atividade Paranormal” – é também
um exemplo da mudança da representação do Mal no cinema atual: a maldade agora
é um fenômeno de natureza viral e epidemiológica.
sábado, outubro 10, 2015
Top 10 de filmes e séries que estranhamente previram o futuro
sábado, outubro 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A vida imita a arte? Ou há algo mais complexo nas relações entre a
ficção midiática e os eventos reais? O Cinegnose tenta dissecar essa questão
fazendo o Top 10 dos filmes e séries que supostamente teriam previsto eventos
reais como atentados, assassinatos, descobertas científicas e conquistas
tecnológicas. Profecias? Coincidências? Ou contaminações sincromísticas do “continuum”
midiático que envolve a todos nós?
Para o Gnosticismo
a realidade é uma ilusão. Para além das considerações filosóficas, ontológicas
ou cosmológicas dessa afirmação, para o Cinegnose a hipótese sincromística
seria mais um argumento a favor dessa suspeita gnóstica. Pelo Sincromisticismo,
as relações entre a realidade e as narrativas ficcionais midiáticas sobre a
realidade são mais complexas do que o velho provérbio de que “a vida imita a
arte”.
Haveria uma
complexa relação entre os conteúdos midiáticos sedimentados em memes e
arquétipos e os acontecimentos sociais, econômicos e políticos. A onipresença
dos meios de comunicação criaria um “contínuo midiático atmosférico” que
apresentaria estranhas contaminações da ficção na realidade. E o movimento
contrário: a realidade contaminando a ficção, de maneira que filmes tornam-se
peças de uma agenda (agenda setting) política ou econômica mais ampla.
segunda-feira, outubro 05, 2015
Jesus foi o primeiro criador de memes?
segunda-feira, outubro 05, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Além de ressuscitar mortos, multiplicar peixes e pães e supostamente
redimir a humanidade, Jesus também realizou um milagre semiótico: através das
parábolas superar o problema da memória da comunicação oral presencial –
passado o calor do momento, tendemos a esquecer o conteúdo da comunicação.
Graças às fortes alegorias e a narrativas curtas e circulares, suas parábolas
se tornaram virais, assim como os atuais memes nas redes sociais. Os memes
repetem a mesma estrutura narrativa alegórica, dessa vez em uma outra mídia
efêmera – as timelines e chats dos ambientes digitais. Uma estrutura narrativa
marcada por dois fatores que impulsionam o alcance de vídeos e imagens:
“importância e “ambiguidade”. Se os memes são as “neoparábolas” atuais, Jesus
poderia ser considerado o primeiro criador de memes da História?
Em uma churrascada
alguém anuncia aliviado que ainda há latas de cerveja na geladeira: “É o
milagre da multiplicação das cervejas!”, jubila; um grupo discute e o seu líder
reivindica: “precisamos separar o joio do trigo!”; “aqui tem lobo em pele de
cordeiro!”, diz desconfiado o político na reunião de um partido. O que há em
comum em todas essas falas? São alusões a milagres e parábolas de Jesus
encontrados em diversos versículos do livro bíblico de Mateus.
Talvez o grande
milagre de Jesus, além de fazer mortos ressuscitarem e multiplicar pães e
peixes, tenha sido também o semiótico – conseguir transformar suas alegorias e
parábolas em imagens persistentes e virais que atravessaram 2.000 anos e
continuam com força de disseminação.
domingo, outubro 04, 2015
Curta da Semana: "Find The Truth 360 Degree" - A verdade é o ponto cego.
domingo, outubro 04, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O Curta a Semana vai para uma experiência de imersão em 360 graus numa
perseguição a um mascarado nas estreitas ruelas de um distrito de Tóquio. O
curta “Find The Truth 360 Degree” (2015) é um “teaser” de uma série da
televisão japonesa chamada “Yokokuhan – The Pain”, que nos desafia a encontrar pistas em becos e encruzilhadas povoados por uma galeria de personagens
bizarros. Mas nem tudo é o que parece e acabaremos descobrindo que “a verdade
ama o ponto cego”.
terça-feira, setembro 29, 2015
"Que Horas Ela Volta?" exibe luta de classes padrão exportação da Globo Filmes
terça-feira, setembro 29, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
No Brasil, a crítica especializada sobre o filme “Que Horas Ela Volta?” fala
em “crítica social contundente” e “olhar crítico à sociedade”. No Exterior as
análises são mais matizadas:
“contradição entre novela e crítica social” e “mix de drama como elementos para
agradar um grande público”. Um filme como “Que Horas Ela Volta?” é impossível
de ser pensado dentro de uma tradicional análise de conteúdo. Ao contrário,
deve ser analisado pelos seus aspectos de produção: de como um conteúdo
potencialmente transgressor ou crítico pode ser diluído por meio do chamado
“padrão globo de qualidade”- a maneira como joga com elementos cênicos,
interpretativos e recursos técnicos como enquadramentos de câmera, timing, cor
etc. E principalmente a contradição entre a sutileza que a diretora Anna Muylaert quis dar à narrativa e o “novelismo” imposto pela Globo Filmes para criar uma espécie de filme sobre
luta de classes padrão exportação.
“Não tenho
empregada porque não quero levar a luta de classes para dentro da minha casa”,
disse certa vez a filósofa da USP Marilena Chauí. A permanência das relações
escravista entre a Casa Grande e a Senzala na sociedade urbana com seus
quartinhos de empregada e elevadores de serviço sempre foi um tema das
esquerdas – a sociedade brasileira que, sob a fachada da cordialidade e
miscigenações raciais, esconderia a realidade da luta de classes.
Poderíamos considerar a co-produção da Globo Filmes em Que Horas Ela Volta? (com a global Regina Casé encarnando uma empregada doméstica dominada por relações invisíveis de segregação) uma
surpreendente adesão da Globo a uma pauta politicamente de esquerda ou, no
mínimo, progressista?
domingo, setembro 27, 2015
Curta da Semana: "Toys" - a ameaça da mercantilização dos brinquedos
domingo, setembro 27, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um libelo contra a guerra e a violência. É o curta “Toys” (1966) do
canadense Grant Munro: crianças veem através de uma vitrine soldados e armas de
brinquedo ganharem vida e transformar a loja em um campo de batalha. Mais do
que um protesto contra a guerra dos adultos, o curta cria um debate sobre as
armas de brinquedo: elas podem estimular a violência pela naturalização da
guerra? Assistindo ao curta vemos que talvez o problema não esteja na
brincadeira de guerra em si, mas na utilização dos “brinquedos-réplica”: a
imitação é o principal impulso do jogo infantil, que pode se deteriorar em mera
réplica com a mercantilização dos brinquedos. Dessa forma, a brincadeira pode
virar mero condicionamento para o mundo adulto que lhe aguarda.
sábado, setembro 26, 2015
Muito além da exploração da fé no documentário "O Capital da Fé"
sábado, setembro 26, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Pastores retirando sacos de dinheiro dos templos ou maquininhas de
cartão de crédito passando pelos fiéis nos cultos tornaram-se imagens habituais
nas críticas às novas igrejas neopentecostais. Mas o documentário “O Capital da
Fé” (Gabriel Santos e Renan Silbar, 2013) vai muito além disso, ao mostrar que,
paradoxalmente, essas críticas alimentam um mito que apenas dá força a um
gigantesco negócio que está sendo montado:
capital e fé unidos não apenas pela exploração da fé de pessoas simples,
mas pela financeirização e liquidez que lava tão branco quanto paraísos fiscais
e que constrói lentamente uma forte sustentação política parlamentar que quer
chegar ao Poder. As novas igrejas há muito tempo abandonaram o clichê do Tio
Patinhas. Hoje estão confortáveis no mundo pós-moderno da liquidez.
Ao som da ópera
Carmina Burana, e com cortes ao ritmo da música, assistimos a um verdadeiro
vídeo clipe de socos, chutes, sangue e fraturas dos combates do MMA de Jesus –
um evento chamado Reborn Strike Fight 5 promovido pela Igreja Renascer.
Lutadores clamam em nome de Cristo pela vitória.
Essas são as cenas
iniciais de O Capital da Fé,
documentário de curta metragem que aborda a nova Igreja Evangélica brasileira,
suas contradições, a espetacularização da fé com inusitadas cristianizações de
coisas como micaretas e esportes de luta, assim como as ambições políticas de
seus dirigentes - assista ao documentário abaixo.
terça-feira, setembro 22, 2015
A ingenuidade semiótica das suásticas brasileiras
terça-feira, setembro 22, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Era o que faltava! Em meio a atual atmosfera politicamente pesada de
polarização e intolerância, eis que suásticas começam a se espalhar não só em
cartazes de grupelhos neofascistas, mas agora também em instituições que
deveriam trazer a esperança civilizatória em meio à barbárie: escolas públicas
e universidades. Cheios de boas intenções (conscientizar, debater e denunciar),
estudantes desfilam com suásticas e um estande de uma feira universitária
transforma-se num bizarro parque temático nazista com prisioneiros judeus com
camisas listradas com a estrela de Davi e alunas felizes e elegantes em seus
uniformes da SS e braçadeiras com a indefectível suástica, posando para selfies.
Nas suas ingenuidades semióticas, falam que as suásticas são apenas
“expositivas”, com as melhores intenções pedagógicas, como se as imagens pudessem ser neutras e apenas ilustrativas.
Sem saberem, estão manipulando cepas de ícones-índices de alto poder viral com
efeitos imprevisíveis em redes sociais e opinião pública.
Como se já não
bastasse a pesada atmosfera atual de polarização que domina a opinião pública
no País, de forma surpreendente o setor educacional (que deveria ser uma
referência civilizatória em meio à barbárie) dá também sua contribuição à
turbulência política, de forma ingênua e desajeitada.
segunda-feira, setembro 21, 2015
Em Observação: "Perdido em Marte" (2015) - filme gnóstico ou propaganda da NASA?
segunda-feira, setembro 21, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Para os críticos “Perdido em Marte”(The Martian, 2015) é um sci-fi de Ridley Scott bem
diferente daqueles sombrios e influentes do passado: é um conto otimista de
luta pela sobrevivência, um cruzamento de “Gravidade” com “O Náufrago”. Mas,
como sempre, Scott lida com o protagonista estrangeiro em lugares hostis
quem tem que lutar contra tudo para resgatar algo de bom em si mesmo. Tanto o
livro no qual o filme se baseou quanto a produção de Scott tiveram forte apoio
e consultoria da NASA que atualmente luta pela aprovação de orçamento no
Congresso para missão à Marte. O que o “Cinegnose” procurará responder: o filme
é mais uma obra de Scott que explora elementos gnósticos ou uma peça de
propaganda NASA-Governo-Hollywood?
domingo, setembro 20, 2015
Curta da Semana: "He Took His Skin Off For Me" - Amar pode ser estranho
domingo, setembro 20, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O amor pode ser grudento. Um curta sobre uma simples e doméstica
história de amor conjugal onde um homem arranca sua pele como prova de amor. E também porque essa não poderia ter sido a melhor ideia. “He Took His
Skin Off For Me” foi um dos melhores curtas de 2014. Uma espécie de poema de
horror, ao mesmo tempo lírico e grotesco com um tom melancólico e sensacional
uso de efeitos especiais em FX, onde foram reconstruídos as centenas de partes
da musculatura humana. Sobre o que nos fala o curta? Amor? Compromisso e
sacrifício? Assista ao curta e tire suas conclusões.
Ao mesmo tempo
poético e bizarro. Baseado em um conto da escritora e roteirista Mary Hummer, o
diretor Ben Aston levou dois anos para produzir esse curta considerado em
muitos festivais (London Short Film Festival, Festival Toronto After Dark entre
outros) como um dos melhores de 2014.
quinta-feira, setembro 17, 2015
Efeito colateral atinge telenovelas da TV Globo
quinta-feira, setembro 17, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Será que a culpa é da Internet? Ou as séries do Netflix seriam as
culpadas? Será que o gênero é uma vítima do sucesso das tecnologias de
convergência? São vários os diagnósticos do porquê da atual crise de audiência
do principal produto da TV Globo – as telenovelas. Talvez sejam diagnósticos
muito apressados por conterem o desejo político pelo fim do monopólio da Globo.
Mas as pesquisas qualitativas com telespectadores feitas pela própria emissora
têm uma pista: falam em “teledramaturgia pesada” e “desesperança” desde a
novela “Em Família” . Em sua escalada oposicionista a Globo recruta as
telenovelas como mais uma bomba semiótica, rompendo o sutil equilíbrio entre
romantismo e realismo, projeção e identificação que sempre marcou o sucesso do
gênero – a ficção deve agora reforçar subliminarmente o “quanto pior, melhor”
do telejornalismo. A Globo estaria vivendo o efeito colateral da sua condição
esquizofrênica: ser uma empresa e ao mesmo tempo um partido político.
Mal recuperou-se
da crise de audiência que obrigou a descaracterizar e encurtar às pressas a
telenovela Babilônia, e o núcleo de
teledramaturgia da Globo passa a viver novo sobressalto: reuniões foram
convocadas às pressas para entender o problema da baixa audiência na estreia de
A Regra do Jogo, nova produção do
horários das 21 horas.
A Regra do Jogo teve a pior início na história das
telenovelas globais (31 pontos, enquanto as antecessoras Babilônia (33), Império (32), Em Família (33), Amor à Vida (35), Salve Jorge (35), Avenida
Brasil (37), Fina Estampa (41), Insensato Coração (36), Passione (37),
Viver a Vida (43), Caminho das Índias (39) e A Favorita (35) se saíram
melhor.
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