sexta-feira, julho 15, 2022

O terror emerge do sonho americano das redes sociais no filme 'Hatching'



O terror que emergia de subúrbios em tons pastéis, como reza o sonho americano, foi a tendência dos anos 80-90. Nesse século, o terror emerge mais uma vez do sonho americano, dessa vez transferido para a busca de likes, compartilhamento e engajamento nas redes sociais. Ao lado de filmes como “Spree” e “Cam”, o filme finlandês “Hatching” (2022) é o mais atual exemplo de uma tendência em filmes que descrevem o que acontece com as pessoas quando buscam aprovação na Internet a qualquer custo. O filme não poupa esforços para ser estranho: uma mãe transforma os treinos da sua jovem filha na primeira competição de ginástica olímpica numa live dentro de um video-blog chamado “Lovely Everyday Life”. Até o momento em que a filha descobre um ovo de um pássaro que cresce, até eclodir um pássaro-monstro que se transformará na sua doppelgänger.

quinta-feira, julho 14, 2022

'Medida Provisória': racismo como guerra cultural com as digitais do padrão Globo Filmes


Assim como foi em “Que Hora Ela Volta?” (2015), “Medida Provisória” (2020), dirigido por Lázaro Ramos, é mais um filme cujo padrão Globo Filmes é o suficiente para diluir um conteúdo potencialmente crítico e corrosivo. Um filme cuja repercussão se deve mais a fatores extra-fílmicos (um país com governo militarizado e de extrema-direita) do que por suas qualidades estético-cinematográficas. Fazendo a crítica confundir uma suposta crítica social com análise fílmica. Com narrativa maniqueísta e estereotipada, “Medida Provisória” reduz a questão racial ao confortável campo dos valores e da guerra cultural, desviando do texto teatral original “Namíbia, Não!”. Confortável para quem? Daí entra os fatores extra-fílmicos: a repercussão de um filme em ano eleitoral cujo viés involuntariamente (pelos menos para diretor e roteiristas) se alinha ao discurso da guerra cultural que agrada a própria extrema-direita. 

sábado, julho 09, 2022

'Psychocandy', filmes urgentes, lutas marciais e fascismo, super-heróis atacam Ucrânia e a PEC autorrealizável


Vinis, traquitanas que nem sempre funcionam, filmes urgentes, bombas semióticas e críticas midiáticas. Além de comentários e conversas aleatórias. Tudo isso na Live Cinegnose 360 #63 desse domingo (10/07/2022), às 18h, no YouTube. Começaremos com Jesus and Mary Chain e o mais antipop vinil de todos os tempos: “Psychocandy” – noise rock contra o pop nos anos 1980. Depois, dois filmes urgentes: o estranho sci-fi brasileiro “Carro Rei” (o ovo da serpente tecnológica que o Brasil chocou) e “Pleasure” (a invenção do “feminino” pela indústria pornográfica). Em seguida, lutas marciais e fascismo: a couraça dos “rinocerontes” na guerra híbrida brasileira. Guerra na Ucrânia: mais uma vez, super-heróis dos EUA convocados. E a crítica midiática da semana: a bomba semiótica autorrealizável da PEC Kamikaze; O Brasil renitente de Washington Olivetto; e Infotenimento no jornalismo esportivo da Globo demite Casagrande. Final de domingo sem tédio é na Live Cinegnose 360! 

A bomba autorrealizável da PEC; Brasil renitente de Olivetto; infotenimento demite Casagrande


Com o fim da “esperança branca” da Terceira Via, restou para a grande mídia Bolsonaro mesmo! Porém, não está fácil. Depois de passar esses últimos anos acusando o chefe do executivo de ser negacionista, extremista, golpista e mostrar “colonistas” chorando ao vivo pela morte de pessoas sem UTIs durante a pandemia, como apoiar Bolsonaro? Como evitar expor a jogada de “morde-assopra” da mídia nos últimos tempos? A ansiosa e impaciente cobertura da mídia corporativa pela aprovação da “PEC Kamikase” é a reedição de uma psyOp que deu certo no golpe de 2016:  a bomba semiótica autorrealizável, executada em três fases que a grande mídia tentará pôr em ação até as eleições – aparência, percepção e crença. Enquanto isso, o Brasil renitente do velho milagre econômico da ditadura militar (que se aliou com o Brasil Profundo), e que pariu a publicidade brasileira, dá as caras: um artigo inacreditável de Washington Olivetto em “O Globo”. E, por fim, a demissão de Casagrande da Globo, pelos 75% de aumento das verbas publicitárias de Bolsonaro na Globo e o domínio do infotenimento no jornalismo.

sexta-feira, julho 08, 2022

'Pleasure': a invenção do feminino pelo olhar masculino da indústria pornográfica


#MeToo, Time’s Up, movimentos de mulheres, de gênero, de raça. Uma onda sísmica de denúncias de assédios, intolerância e preconceitos abala Hollywood, mídia e meio corporativo. Encampado pela grande mídia e setores políticos progressistas ou nem tanto. Porém, um setor na sociedade permanece alheio a tudo isso, uma indústria silenciosa e oculta no cotidiano: a indústria pornográfica e sua linha de produção que continua irradiando no dia a dia o prazer escópico masculino que reduz mulheres e raças a fetiches do capital. Tornando os movimentos identitários um trabalho de Sísifo. O filme sueco “Pleasure”, da diretora Ninja Thynberg, é o olhar de uma estrangeira para a indústria multimilionária pornô dos EUA, fugindo dos discursos maniqueístas e moralizantes. Ao narrar a estória de uma jovem que chega em Los Angeles disposta a se tornar uma estrela mundial do gênero, Thynberg lança um olhar corajosamente feminista sobre o prazer escópico masculino da base dessa indústria: a invenção do “feminino” pelo ponto de vista do capital.  

quarta-feira, julho 06, 2022

O ovo da serpente tecnológica que eclodiu o fascismo no filme 'Carro Rei'


Nascido dentro de um carro, uma criança cresce com o poder de se comunicar telepaticamente com um automóvel da frota de taxi do pai. Já adulto, retorna e se reconecta com o velho amigo motorizado para, junto com seu tio, criar uma seita que pretende fazer uma conspiração automobilística de carros sencientes que dominarão os humanos. Esse é o filme brasileiro “Carro Rei” (2021), de Renata Pinheiro, que, para a crítica estrangeira, faz uma reflexão filosófica sobre as relação homem-máquina-natureza, lembrando filmes sobre o pós-humano como “Titane”, de Julia Decournau e “Crash”, de Cronenberg. Porém, essa é apenas a superfície de “Carro Rei”. O filme faz uma metáfora da maneira como foi chocado o ovo da serpente que eclodiu o imaginário que corroeu a democracia brasileira: o ovo da serpente tecnológica e do consumo.

sábado, julho 02, 2022

Live Cinegnose 360: The Police, filmes estranhos e truques semióticos da mídia para esconder a economia


“Welcome back my friends to the show that never ends”… assim começava os shows do Emerson, Lake and Palmer nos 70’s. E ironicamente o Brasil também virou o show que nunca termina com telecatchs, blefes e simulações semanais do PMiG e grande mídia... para também nunca terminar a Live Cinegnose 360. Que nesse domingo (03/07), às 18h, no YouTube,vai começar com o power trio The Police: sincronicidades e guerra de egos no rock. Depois, dois filmes estranhos: “Flux Gourmet” (a destruição do patriarcado com uma cozinha sônica) e “Fruto da Memória”: o olhar da “onda estranha grega” para a pandemia, esquecimento e luto. E ainda rendendo a IA do Google que ganhou senciência: a entrevista com o engenheiro que denunciou os perigos da nova IA. Por que mesmo com a corda no pescoço o país não discute mais Economia? Vamos detalhar os malabarismos semióticos para esconder a crise debaixo do tapete. Globonews confirma: o Partido Militar existe! E mais comentário e conversas aleatórias com os cinegnósticos no chat. Só louco para não participar da Live Cinegnose 360!

Continuamos com a corda no pescoço, mas... deixamos de discutir Economia


O filósofo José Arthur Giannotti escreveu certa vez: “Nunca se discutiu tanto Economia entre nós. Pudera, estamos com a corda no pescoço”. Isso foi em 1984. Hoje, continuamos com a corda no pescoço. Mas a Economia desapareceu da pauta da grande mídia. PMiG (Partido Militar Golpista) e grande mídia convergem na mesma estratégia semiótica: a guerra permanente informacional militar cria semanalmente crises que ajudam a ocultar a crise econômica sistêmica que a grande mídia embaralha com estratégias semióticas de pulverização, deslocamento, naturalização e despolitização. Telecatchs de Bolsonaro contra a Petrobrás e PF e o fusível queimado de Pedro Guimarães na Caixa ajudam a pulverizar a relevância de qualquer debate econômico e, do outro lado, dá munição à grande mídia para esconder a crise econômica debaixo do tapete e tornar como fato consumado a agenda de privatizações.

quinta-feira, junho 30, 2022

'Fruto da Memória': o olhar inédito da "onda estranha grega" para pandemia e esquecimento


Uma pandemia global provoca amnésia irreversível em um número crescente de pessoas. Parece que já vimos muitos filmes tratando desse tema. E sem memórias, como descobrir quem somos? Também já vimos outros filmes sobre isso. Porém, lembre-se: o leitor vai assistir a um filme da chamada “Onda Estranha Grega” – narrativas bizarras onde amor, culpa, misticismo e horror se misturam. No filme “Fruto da Memória” (Mila, 2020), o diretor grego Christos Nikou mostra um protagonista amnésico que terá que reiniciar sua identidade em um programa neurológico inédito: reaprender todos os papéis, scripts e convenções sociais, desde as banais como andar de bicicleta, flertar alguém numa festa ou ir ao cinema. Sob comandos de fitas cassete gravadas com orientações para as “tarefas”. O filme é uma oportunidade para descobrirmos o “non sense” dos rituais cotidianos que mecanicamente repetimos, sem percebermos o artifício, muitas vezes involuntariamente cômico.

quarta-feira, junho 29, 2022

A desconstrução do patriarcado na cozinha sônica no filme 'Flux Gourmet'


Que tal transformar a bancada de uma cozinha numa performance de um “chefe-DJ”? Microfones enfiados na manteiga ou suspensos sobre frigideiras e panelas, mixers e caixas de efeitos como frangers colocados ao lado do consommé e teremins, além de fios conectados a delicados sensores para captar os delicados sons de frituras, refogados e fervuras. Essa é a “cozinha sônica”, performance artística radical de um coletivo que pretende desconstruir a ordem patriarcal da cozinha. O filme “Flux Gourmet” (2022) de Peter Strickland (“In Fabric”) é uma comédia de humor negro elegante e estranha mostrando as contradições de todas as desconstruções pós-modernas. Com uma simbologia alquímica de fundo, “Flux Gourmet” mostra como as práticas acabam repetindo aquilo que o discurso queria destruir. Porque “o que não é assumido, não pode ser redimido”. 

sábado, junho 25, 2022

Ladytron e o electroclash, guerra híbrida nas festas juninas, dissimulações e blefes midiáticos na Live do domingo


Sem intervenções federais (a não ser da esposa do humilde blogueiro, quando ultrapassa 3 horas de duração), nesse domingo (26/06), a edição #61 da Live Cinegnose 360, às 18h, no YouTube. Na sessão agora híbrida (vinis/CDs) vamos conversar sobre o electroclash da banda “Ladytron”: a anomalia na globalização tecno. Depois, vamos discutir o último filme do mestre David Cronenberg “Crimes do Futuro” (o encontro de McLuhan com o horror corporal tecnológico) e o terror “Morte Instantânea” (a história oculta da fotografia no Ocidente). O economista Thorstein Veblen explica o papel das festas juninas no golpe híbrido brasileiro: coxinhas 2.0 e a gourmetização das quermesses. E a crítica midiática de uma semana de mais uma crise de blefes e dissimulações: como o projeto militar brasileiro da Guerra Híbrida (o regime de guerra permanente) explicam os últimos acontecimentos que deixaram a grande mídia aloprada! É tudo ao vivo! Nesse domingo! O melhor antídoto para a depressão pré-segunda.

sexta-feira, junho 24, 2022

McLuhan inspira o horror corporal tecnológico de Cronenberg em 'Crimes do Futuro'


O horror corporal no cinema tem em David Cronenberg o seu grande representante. A sua peculiar fusão do horror com a ficção científica foi inspirada nos tempos de estudante na Universidade de Toronto, quando o guru e profeta da Globalização Marshall McLuhan foi seu professor. “O Meio é a Mensagem” é a tese de McLuhan que perpassa toda a filmografia de Cronenberg, só que tomada na aterrorizante literalidade: a tese resultou no pós-humano, a ideologia do século XXI. “Crimes do Futuro” (2022) é o filme-síntese de toda a filmografia do diretor: num futuro indeterminado uma dupla de artistas faz performances públicas de cirurgias através de dispositivos biomórficos para um público extasiado que vê sendo retirados do corpo do artista novos órgãos híbridos misteriosos que não existem na morfologia humana normal. Um mundo em que softwares moldaram a “New Flesh”: o corpo reduzido a objeto de controle e perversão pornô.

quinta-feira, junho 23, 2022

Do Vale do Javari ao cárcere da PF: as estratégias semióticas de ocultamento e blefe do PMiG



Esses últimos quinze dias foram caóticos: os assassinatos de Dom e Bruno no Vale do Javari; o reajuste dos combustíveis e a renúncia do presidente da Petrobrás com a previsível reação “nervosa” dos “mercados”; prisão do ex-ministro do MEC Milton Ribeiro pela PF. Para, no dia seguinte, ser solto por um desembargador do cárcere da PF em São Paulo. Porém, esse aparente frenesi de notícias é apenas superfície. Há um modus operandi semiótico do Partido Militar Golpista (PMiG): o timing do encadeamento dos eventos, dissimulação (ocultamento das operações do PMiG) e simulação (blefes de não-notícias) com o objetivo de sequestrar a pauta da mídia (grande e independente) que sempre anda a reboque dessa central do PMiG, por ação e reação.

sábado, junho 18, 2022

Domingo com Iron Maiden, a IA do Google que ganhou autoconsciência e sobe temperatura da guerra semiótica eleitoral


Mais um domingo (19/06) com música, participação e discussão na Live Cinegnose 360, na edição #60, às 18h, no Youtube. Depois da sessão dos comentários aleatórios (nesse domingo, aleatoríssimo!) vamos fazer uma jornada headbanger com os vinis do Iron Maiden: História, religião e transcendência no Heavy Metal. Em seguida, vamos discutir os filmes “Mad God” (Jung e Gnosticismo com o mestre da animação Phil Tippett) e o terror brasileiro “O Cemitério das Almas Perdidas”: o fetichismo católico pela morte é a matriz de todo terror. E depois: por que o Google afastou o engenheiro que denunciou que a Inteligência Artificial da empresa ganhou autoconsciência? E mais! Crítica midiática de uma semana em que subiu a temperatura da guerra semiótica: Por que a grande mídia está tão chocada com os assassinatos de Dom e Bruno? A encenação semiótica da PF nas fotos e vídeos no Vale do Javari. Dando pernas à não-notícia: o “contador ligado a Lula”. O telecatch da alta dos combustíveis. O que está por trás do drone de Uberlândia? O aumento da taxa Selic e a “Inteligência Financeira” hipster do Itaú. E mais Conversas Aleatórias com os cinegnósticos. 

sexta-feira, junho 17, 2022

'O Cemitério das Almas Perdidas': matriz do terror está no fetichismo católico pela morte



O terror brasileiro “O Cemitério das Almas Perdidas” (Rodrigo Aragão, 2020) é um filme que Zé do Caixão faria com um orçamento maior. Mas também é um exemplo didático de como o gênero literário e cinematográfico é tributário da matriz imaginária católica: a obsessão fetichista pela morte, da missa (a ritualização diária do assassinato de Cristo) ao sangue e esquartejamentos do terror slasher – a obsessão pela punição da carne. Mas também, um filme com forte crítica social: do genocídio indígena colonial ao fanatismo religioso atual que motiva ódio e intolerância, o terror está na própria história brasileira. Um grupo de jesuítas faz um pacto com as trevas através do Livro de São Cipriano. Mas o pacto volta-se contra eles, vivendo para sempre em túmulos de um cemitério, à espera de vítimas do ódio no Brasil atual.

quarta-feira, junho 15, 2022

'Mad God': de Star Wars e Jung ao Gnosticismo


Um projeto de animação que levou 30 anos para ser realizado sobre um mundo distópico que mistura visões infernais sobre a Natureza de William Blake e as composições fantásticas e diabólicas de Hieronymus Bosch. Com criaturas que, muitas delas, não foram aproveitadas na trilogia “Star Wars”. Esse é “Mad God” (2021), uma animação em stop-motion da lenda dos efeitos especiais dos anos 1970 a 1990 Phil Tippett (de Star Wars a Starship Troopers), uma viagem interior ao psiquismo do autor nos mesmos moldes do célebre “Livro Vermelho” do psicanalista suíço Carl Jung. “Mad God” é um pesadelo abstrato em que se misturam temas pós-apocalípticos em steampunk, citações bíblicas, alusões anarco-punk em um mundo subterrâneo com todos os tipos de criaturas grotescas. E que encontra o inconsciente coletivo gnóstico da suspeita de que vivemos sob o jugo de um Deus que não nos ama.

Entrevista com Fábio Shiva, autor de 'Favela Gótica' e ópera-rock 'Anunnaki', por Claudio Siqueira


Ex- baixista da banda doom metal Imago Mortis e autor do romance Favela GóticaFábio Shiva desenvolveu, junto com seu irmão Fabrício Barretto, a ópera-rock Anunnaki, da banda Mensageiros do Vento. A história mais antiga da humanidade é contada na forma de um desenho animado, onde as músicas narram a epopeia dos Anunnaki e o consequente surgimento mítico(?) da humanidade. O Cinegnose teve o prazer de entrevistar o autor e compositor de uma das bandas mais importantes para o cenário underground nacional e autor de uma das melhores obras cinematográficas de nossa filmografia. Cinegnósticos, Fábio Shiva.

sábado, junho 11, 2022

Pizzicato Five, um sci-fi da Etiópia, ardil PMiG no caso Dom e Bruno e abafa midiático pós-privatização na Live de domingo


Como o Brasil e o mundo não deixam esse humilde blogueiro em paz, a Live Cinegnose 360 continua nesse domingo com a edição #59, 12/06, às 18h, no YouTube. Vamos começar com uma sessão híbrida CD/vinil: trio “Pizzicato Five”: da mitologia do “Japão Inc.” ao gênio japonês do “Shibuya-Key”. Na sessão dos filmes, começamos com “Círculo” (por que o século XXI é fascinado por jogos mortais no cinema e TV?). No filme “Sentidos do Amor”, um ponto fora da curva das pandemias no cinema. E a primeira ficção científica da Etiópia: “Crumbs”: como a África vê o apocalipse ocidental. Política e transtornos mentais: por que sempre surtos psicóticos são aderentes aos signos da extrema-direita? E no radar da crítica midiática da semana: o recorrente fenômenos dos atos falhos na mídia, o ardil do PMiG no desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips na Amazônia, a operação abafa midiática e privatização da Eletrobrás e mais outras bombinhas semióticas.

sexta-feira, junho 10, 2022

Por que transtornos mentais são aderentes à extrema-direita?

  


Do nada, uma senhora começou fazer ofensas racistas contra uma família negra que entrou em um vagão do metrô em Belo Horizonte. Foi repercutido pela grande mídia e redes sociais como mais um caso de uma escalada de racismo, intolerância e ódio no País. Visivelmente os ataques partiram de uma pessoa que sofria de transtornos mentais. Esse não é um caso isolado: por que, na sua esmagadora maioria dos casos, os transtornos mentais se expressam através de significantes de extrema-direita? Por que o ódio, intolerância, racismo, preconceito, estereotipagem do outro etc. são signos aderentes aos transtornos psíquicos? Alguém já viu um psicótico tendo surtos “esquerdistas” de intolerância contra a classe dominante? Há uma farta bibliografia sobre pesquisas que conectam transtornos mentais com extremismo de direita. As mais recentes são sobre a hipótese da “cognição socialmente motivada” – quando casos como esse criam visibilidade midiática cria-se um paradoxal “efeito copycat”: o efeito de imitação como feedback, matéria prima psíquica da cismogênese da guerra híbrida.

quinta-feira, junho 09, 2022

A pandemia da incomunicabilidade e do esquecimento em 'Sentidos do Amor'

 


“Sentidos do Amor” (Perfect Sense, 2011) é um ponto fora da curva dentro do batido tema do” fim-do-mundo-como-o-conhecemos”. Uma pandemia rapidamente toma conta do planeta. Mas não vemos serem humanos decrépitos, exércitos contendo massas humanas desesperadas ou pessoas lutando ou matando para sobreviver. Apenas a luta das pessoas tentando levar a vida em frente, enquanto um a um dos sentidos vão sendo anulados por algo que nenhum cientista sabe a origem: primeiro o olfato. Depois o paladar, e assim por diante. “Sentidos do Amor” é uma reflexão literário-filosófica sobre como o desaparecimento progressivo dos nossos sentidos faz “um oceano de imagens do passado desaparecer”, remetendo às reflexões de Marcel Proust sobre a memória involuntária e identidade. E uma poderosa metáfora da incomunicabilidade, a verdadeira pandemia tecnológica dos nossos tempos.  

Filme "Círculo": da Bíblia aos jogos mortais midiáticos Deus quer ver o pior de nós


No cânone religioso judaico-cristão a Criação é divina e perfeita. Mas o homem estragou tudo com a sua natureza pecadora. Expulso do Paraíso terrestre, o Criador passou a testar o homem em provas arbitrárias para testar a sua fé para ver se, finalmente, a humanidade conseguia expiar a natureza pecadora. A Bíblia fez esses relatos. Hoje, temos no seu lugar filmes e gêneros audiovisuais (reality shows, vídeos de “pegadinhas” etc.) cujo entretenimento é assistir incautos prisioneiros em jogos mortais que arrancam o pior de nós mesmos. O filme “Círculo” (Circle, 2015 – disponível no Netflix) é mais um filme de uma longa lista desse subgênero, dessa vez cruzando abdução alien com um jogo mortal: 50 estranhos despertam em um quarto escuro, dispostos em círculo. Qual o objetivo do experimento? Existe alguma saída? Eles devem tentar cooperar ou competir com os homens e mulheres ao seu redor? Ou é apenas um entretenimento alienígena voyeur e sádico, divertindo-se com o pior da nossa natureza?

sábado, junho 04, 2022

Live Cinegnose 360: Tchaikovsky na cultura do cancelamento, fantasias apocalípticas da Big Tech e crítica midiática


Passado, presente e futuro na Live Cinegnose 360 #58 deste domingo (05/06), às 18h, no YouTube. Com uma novidade! A sessão “Conversas Aletórias”: no final, um bate papo do humilde blogueiro no chat respondendo a perguntas dos cinegnósticos. Nos vinis teremos música clássica: Tchaikovsky, em dois tempos - do Romantismo na música à cultura do cancelamento atual. Depois, vamos discutir dois filmes: o documentário “I Think We’re Alone Now” (a origem da matéria-prima psíquica da guerra híbrida) e “IO – O Último na Terra” (o filme mais anti-Elon Musk do Netflix). E falando em Elon Musk...como os bilionários estão se preparando para o Apocalipse: uma resenha do Livro “Survival of the Richest – Escape Fantasies of the Tech Billionaires” de Douglas Rushkoff. A crítica midiática da semana e a nova sessão “Conversas Aleatórias” com os cinegnósticos. Venha participar da Live Cinegnose 360: a melhor chance de fugir do tédio do final de domingo...

sexta-feira, junho 03, 2022

Bilionários do Vale do Silício se preparam para o apocalipse do Grande Reset do Capitalismo


Era uma vez uma época em que empreendedores tecnológicos Musk, Bezos, Thiel, Zuckerberg tinham planos de negócios otimistas sobre como a tecnologia poderia beneficiar a humanidade. Agora, eles reduziram as expectativas ao verem todo o progresso tecnológico como uma espécie de macabro videogame em que somente aquele que encontrar a escotilha de escape será o vencedor. Será Musk ou Bezo migrando para o espaço? Thiel escondendo-se num complexo na Nova Zelândia? Ou Zuckerberg imortal no Metaverso? Nesse momento, Big Tech e Big Money estão se preparando para “O Evento”: algum tipo de catástrofe que se aproxima (climática, nuclear, hackers, desmoronamento da sociedade por conflitos etc.). O livro “Survival of the Richest - Escape Fantasies of the Tech Billionaires”, de Douglas Rushkoff detalha o que ele chama “The Mindset”: a mentalidade que vê a humanidade não como um recurso, mas um bug no sistema, no qual somente uma elite sobreviverá de um colapso que que eles próprios criaram. E como os fundos de hedge mundiais investem em filmes sobre zumbis e sci-fis que normalizam essa agenda. 

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