Assim como foi em “Que Hora Ela Volta?” (2015), “Medida Provisória” (2020), dirigido por Lázaro Ramos, é mais um filme cujo padrão Globo Filmes é o suficiente para diluir um conteúdo potencialmente crítico e corrosivo. Um filme cuja repercussão se deve mais a fatores extra-fílmicos (um país com governo militarizado e de extrema-direita) do que por suas qualidades estético-cinematográficas. Fazendo a crítica confundir uma suposta crítica social com análise fílmica. Com narrativa maniqueísta e estereotipada, “Medida Provisória” reduz a questão racial ao confortável campo dos valores e da guerra cultural, desviando do texto teatral original “Namíbia, Não!”. Confortável para quem? Daí entra os fatores extra-fílmicos: a repercussão de um filme em ano eleitoral cujo viés involuntariamente (pelos menos para diretor e roteiristas) se alinha ao discurso da guerra cultural que agrada a própria extrema-direita.