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segunda-feira, outubro 16, 2017
Curta da Semana: "The Disappearance of Willie Bingham" - quando a justiça é privatizada
segunda-feira, outubro 16, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A atual agenda internacional das
privatizações toma conta da grande mídia e do discurso de políticos e
economistas. Preocupado com o alcance e consequências dessa panaceia que toma
da opinião pública, o diretor australiano Matt Richards imaginou um futuro próximo
no qual as privatizações alcançariam o sistemas judiciário, prisional e o
próprio Estado de Direito. Resultado: o Direito e a Justiça viram commodities.
E os limites entre a civilização e a barbárie começam a desaparecer. Combinando
sci-fi, horror e humor negro, o curta “The Disappearance of Willie Bingham”
(2015) mostra num futuro próximo na Austrália a “Amputação Progressiva”, nova
forma de punição criada por um sistema judiciário privatizado que substitui a pena
de morte, no qual a concessionária busca formas socialmente “sustentáveis” de punição: traga lucro para a empresa gestora,
sirva de exemplos para “escolas problemáticas” e satisfaça o impulso de
vingança das vítimas.
terça-feira, setembro 12, 2017
"Onde Está Segunda?" faz elogio subliminar do controle populacional
terça-feira, setembro 12, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em sua época,
filmes distópicos como “Farenheit 451” (1966) e “Planeta dos Macacos” (1968)
foram denúncias de como a sociedade estaria próxima de futuros sistemas
totalitários. Hoje, esse subgênero sci-fi entregou-se à crítica moralista, ao
maniqueísmo e a pura propaganda subliminar da agenda científica dominante. A produção
Netflix “Onde Está Segunda?” (What Happened to Monday, 2017) é o exemplo mais
flagrante: em um futuro próximo no qual a explosão populacional levou ao
esgotamento dos recursos do planeta e os alimentos transgênicos salvaram a
humanidade da fome, a Natureza veio cobrar seu preço – o efeito colateral dos
alimentos geneticamente modificados foi o explosivo nascimento de gêmeos,
agravando o problema populacional. É criada a “Lei de Alocação Infantil”: cada
casal pode ter apenas um filho. Os irmãos excedentes são confinados em ambiente
criogênico. E os cidadãos são submetidos a vigilância implacável de uma
agência. O filme deixa a
tese do controle populacional fora de qualquer crítica. A Ciência chega ao
Poder numa política de terra arrasada, sem qualquer discussão ou
questionamento. Congelar crianças (pobres) excedentes? OK! O problema é apenas
a cientista vilã que gerencia o processo: corrupta, má e ambiciosa. Filme sugerido pelo nosso leitor Dudu Guerreiro.
sábado, agosto 12, 2017
O pesadelo meritocrático e tecnognóstico em "Advantageous"
sábado, agosto 12, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A atual safra
de filmes independentes de ficção científica é estranha e incômoda.
Principalmente porque mostra mundo futuros que mais parecem hiper-reais
espelhos do presente. Em “Advantageous” (2015) não vemos futurologia, explosões
ou thrillers turbinados por efeitos especiais, marcas do gênero. Mas um futuro
próximo no qual finalmente as mulheres galgaram os postos de comando e
prestígio, porém dentro de uma implacável ordem meritocrática onde não se trata
mais de “a cada um de acordo com seu mérito” – só há duas alternativas: vencer
ou perder. Se perder, viver escondido nas ruas ou na prostituição. Se vencer, fazer
parte de uma elite cuja juventude e beleza é a marca do marketing pessoal do
sucesso. Ameaçada pela demissão por ser considerada “velha” demais, uma
executiva de uma clínica avançada de saúde e estética vê-se desesperada com o
futuro da sua filha numa sociedade sem escolas públicas e com desemprego em
45%. Sem saída, oferece-se como cobaia a
um novo produto da clínica: a total digitalização da mente para ser transferida
a um novo corpo jovem e belo. Um filme sobre identidade e escolhas. Filme sugerido pela nosso leitor Gerônimo Numinoso.
domingo, agosto 06, 2017
Curta da Semana: "This Is Why Eating Healthy Is Hard (Time Travel Dietician)" - vivendo e não aprendendo
domingo, agosto 06, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A lista dos
alimentos saudáveis e não-saudáveis é mutante: muda ao sabor da última pesquisa
científica de alguma universidade famosa ou artigo publicado em um revista
médica. O que era cancerígeno no passado, pode ser a salvação na semana que
vem. O curta “This Is Why Eating Healthy Is Hard - Time Travel Dietician” (2017), do
site de vídeos de humor “Funny or Die” leva essa situação à ficção científica –
em 1979, um casal vê o seu almoço interrompido por um nutricionista que veio do
futuro. Para impedir que comam ovos: basta um para aumentar as chances de
infarto! O nutricionista vai e volta do futuro várias vezes em questão de segundos, sempre com
descobertas contraditórias – o ovo já não mata mais... agora é a carne
vermelha. Ovos agora são saudáveis... e assim por diante. E o pobre casal não
consegue almoçar. O humor “hipo-utópico” do curta levanta algumas questões: o
problema da midiatização da Ciência e porque o Tempo e a História não são
capazes de nos ensinar.
sexta-feira, junho 23, 2017
Revisitando Os Wachowskis: a Semiótica da Matrix
sexta-feira, junho 23, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O filme
“Matrix” (1999) dos Wachowskis já foi
dissecado e virado do avesso pela filosofia, misticisismo, esoterismo,
religião, inspirando até a Física sobre a possibilidade de o Universo ser,
afinal, uma gigantesca simulação computadorizada finita. Mas muito pouco ainda
se falou sobre o ponto de vista da Semiótica. O que é surpreendente, já que
Matrix parte de um pressuposto da ciência dos signos: não percebemos o real,
mas signos mentais da realidade. “Matrix” foi muito mais do que mais uma ficção
científica distópica. Na verdade os Wachowskis propuseram aos espectadores um
enigma, uma “narrativa em abismo”: a emoção e empatia do
público com o drama da Resistência na luta contra as máquinas é tirada da
própria experiência do espectador com o seu mundo atual: já vivemos situações
análogas, quando olhamos para o mundo real e o avaliamos não a partir dele
mesmo, mas a partir dos signos que já foram feitos anteriormente desse próprio
mundo. “Speed Racer” (2008), produção posterior à Trilogia Matrix, apenas confirmou
esse propósito da dupla de diretores.
sábado, março 04, 2017
"Terminus": o sci-fi que anteviu Era Trump
sábado, março 04, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O EUA empreendem o Projeto Terminus de
ocupação permanente do Irã por tropas americanas. O que só faz aumentar a tesão
diplomática com Rússia e China, disparando a contagem regressiva para uma
guerra nuclear. Enquanto isso um estranho meteorito cai em uma cidadezinha no
interior dos EUA, onde vivem desempregados e veteranos da guerra no Irã,
amputados e paralíticos, que lutam para sobreviver em meio a depressão
econômica. Este é o sci-fi australiano “Terminus” (2015) sobre um futuro próximo que
poderia muito bem ser o presente. Um filme que representa mais um
sintoma do crescente sentimento anti-Globalização – a percepção de que enquanto
sofremos no dia-a-dia para conseguir tocar as nossas vidas, lá em cima os
poderosos tramam a nossa própria destruição em seus jogos de guerras e das
altas finanças. Em 2015, “Terminus” antecipou o mal-estar que criaria muitos
subprodutos, assim como a atual Era Trump.
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