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quarta-feira, outubro 05, 2016
Deus é um homem que enlouqueceu em "On The Silver Globe"
quarta-feira, outubro 05, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Astronautas chegam a um planeta parecido com a Terra com a missão de
povoá-lo e recriar a humanidade a partir do zero. Mas ao invés de se tornarem
livres, repetem, numa versão caricata e sombria, as mesmas mazelas que deixaram
na Terra: a religião, guerras santas, hierarquias, violência e o hedonismo das
drogas alucinógenas. Muitos críticos consideram o filme polonês “On The Silver
Globe" ("Na srebrnym globie", 1988) um “Star Wars com LSD”. Censurado pelo regime comunista polonês em
1977, o diretor Andrej Zulawski conseguiu finalizá-lo em 1988, mesmo com a
filmagem incompleta. Para solucionar o problema, o diretor transformou o filme
em um “found footage”. Por isso, as duas horas e meia do filme são para
espectadores curiosos e corajosos: Zulawski faz um mergulho caótico e lisérgico
no psiquismo de astronautas que tinham tudo para serem livres. Mas apenas
contaminaram aquele planeta com a “peste” que trazemos em cada um de nós.
terça-feira, setembro 20, 2016
O estranhamento gnóstico de "Eraserhead" de David Lynch
terça-feira, setembro 20, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Considerado o mais influente dos filmes cult, clássico do chamado
“Cinema da Meia-Noite”, “Eraserhead” (1977) foi o filme de estreia na carreira
do diretor David Lynch. Num mix de terror gótico, surrealismo e humor negro, o
filme manteve os seus mistérios simbólicos ao longo dos anos. Embora se baseie
em um simples plot (a namorada engravida e leva seu namorado para que seus pais
o conheçam), os cenários alucinatórios, o design de som hipnótico e uma das
melhores fotografia em PB da história do cinema fazem desse filme o fundador do
tema que acompanhará David Lynch por toda a carreira: por mais banal que pareça a realidade, nosso psiquismo a interpreta por meio de sonhos, pesadelos e
alucinações que criam uma relação de estranhamento com o mundo. Mas alguém controla essa
realidade, e não somos nós. Para chegarmos a esse Demiurgo, somente através do
conhecimento dos mecanismos do psiquismo. Por isso, “Eraserhead” tem um
evidente sabor gnóstico.
quinta-feira, julho 28, 2016
Carma, metalinguagem e Fernando Pessoa no filme "Zoom"
quinta-feira, julho 28, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Zoom” é uma expressão inglesa com um duplo significado: poder ser
“zunir” (“to zoom past” como “passar zunindo” ) ou a lente fotográfica que pode
aproximar ou afastar-se de um objeto cujo movimento de ajuste produz um
“zunido”. O filme “Zoom” (2015, Brasil-Canadá) de Pedro Morelli explora esse
duplo sentido do termo ao criar três universos meta-narrativos (literatura, HQ
e cinema) onde os protagonistas ignoram as existências paralelas, sem saber que
suas decisões se afetam mutuamente: uma desenhista faz uma HQ sobre um diretor
de cinema que faz um filme cuja protagonista escreve um romance sobre a
desenhista de HQ. Zoom explora o simbolismo carmico de “ouroboros”, a cobra que
come o próprio rabo. E o misticismo do silêncio do poeta português Fernando
Pessoa.
quinta-feira, julho 14, 2016
O universo gnóstico infanto-juvenil em "Jovens Titãs em Ação"
quinta-feira, julho 14, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
É férias e os filhos passam mais tempo
em casa, festas e encontros com os amigos de escola. É o momento onde o
“Cinegnose” cai de cabeça no universo da cultura infanto-juvenil: animações,
games, redes sociais e canais do YouTube. Um universo cada vez mais dominado
por uma sensibilidade “meta” – paródica, auto-referencial e metalinguística. Um
exemplo é o episódio “A Quarta Parede” da série de animação “O Jovens Titãs em
Ação” apresentado pelo Cartoon Network. Uma versão irônica da série clássica “Teens
Titans” da DC Comics. O que acontece quando personagens ficcionais tomam
consciência de que são apenas paródias de personagens em quadrinhos? A quebra
da barreira imaginária entre personagem e espectador (a quarta parede) e a
entrada da narrativa na mitologia gnóstica: o demiurgo “Freak Control” que
aprisiona personagens para conquistar prêmios e reconhecimento – uma paródica
analogia da condição humana.
domingo, julho 03, 2016
Os novos demiurgos do ensino superior e o materialismo histórico
domingo, julho 03, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Nem parece que estou dando aula”, ouvi
certa vez de uma professora entusiasmada com uma nova metodologia de ensino
cada vez mais comum em universidades adquiridas por grupos turbinados por
fundos internacionais de investimento. Lembra o slogan daquele banco comprado
pelo Itaú, “nem parece banco”. Hoje, a financeirização descobriu o ensino
superior e trouxe a racionalidade capitalista para um setor onde o ofício do
professor era um entrave na linha de produção moderna por ser ainda um antigo
resquício escolástico. Dos antigos donos de faculdades “boca de metro” pulamos para os “global players”, os novos demiurgos. Repete-se a lógica industrial
prevista pelo velho materialismo histórico de Marx: trabalho complexo deve ser
convertido em trabalho simples, transformando o professor num profissional
destituído do seu ofício. Mas para que isso torne-se uma fatalidade natural da
vida é necessário um discurso imaginário:
a ilusão (o fetiche do título e publicações), a ideologia (a
meritocracia) e uma retórica - a “metodologia ativa”. Talvez a metáfora daquela
professora seja mais literal do que ela imaginava...
quarta-feira, fevereiro 10, 2016
O Universo foi criado por alguém que não nos ama em "Christmas On Mars"
quarta-feira, fevereiro 10, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme estranho, trash e psicodélico que confirma que o rock é um
gênero musical que sempre retirou suas energias da mitologia gnóstica
contemporânea: Detetives, Viajantes e Estrangeiros sempre vagando em nowhere –
o Espaço, o Deserto, o Lugar Nehum como símbolos da condição humana, assim como o
Major Tom de músicas de David Bowie. Dessa vez no filme “Christmas On Mars”
(2008, escrito e performado pela banda de rock indie “Flaming Lips”) vemos
Major Syrtis tentando superar uma crise de niilismo, psicose e paranoia que se
abateu sobre a tripulação de uma base marciana através da organização de uma
festa natalina. Mas terá que superar a confrontação com a “realidade cósmica” –
que o Universo foi criado por alguém que não nos ama.
“Ele está vivendo
a terceira etapa de um episódio psicótico. Está observando algo que realmente
não está ali... isso é causado pela confrontação com
a realidade cósmica”, explicam personagens que habitam uma colônia em Marte
sobre o comportamento do Major Syrtis – está parado, catatônico, olhando
através de uma das janelas da colônia dois técnicos trabalhando no solo
marciano.
Christmas On Mars inicia com o pensamento do Major Syrtis ao observá-los:
“parecem duas mariposas lutando pela sobrevivência... nunca conheceram uma
força do Universo que lhes mostrasse piedade”. A “realidade cósmica” para a
qual o Major Syrtis catatonicamente olha é “uma estranha máquina onde todos
estão presos”. O Espaço, para onde jamais o homem deveria ter ido porque lá são
destruídas todas as nossas crenças internas. Onde a Criação não demonstra a
menor piedade ou compaixão.
sábado, janeiro 30, 2016
No filme "O Novíssimo Testamento" Deus não morreu - apenas se tornou inútil
sábado, janeiro 30, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Deus existe, e ele está em algum lugar em
Bruxelas. Arrogante e grosseiro, passa os dias digitando em um computador
ultrapassado regras para tornar a vida de todos um inferno. Mas o que ninguém
sabe é que Ele tem uma filha que está decidida a ser mais bem sucedida do que
seu irmão, Jesus – libertar a humanidade do jugo de um Demiurgo através do
Novíssimo Testamento. Esse é o filme “O Novíssimo Testamento” (Le Tout Nouveau
Testament, 2015) do belga Jaco van Dormael, uma comédia de humor negro
blasfema, herética mas, principalmente, gnóstica: se soubéssemos o momento
exato da nossa morte, paradoxalmente viveríamos melhor a vida que nos resta, sem
o medo do caos e do aleatório que impedem o nosso livre-arbítrio. Para Van Domael, Deus não morreria, mas se tornaria inútil.
O que faria o leitor se soubesse o dia, a hora e o minuto exato da sua
morte? Continuaria levando a vida normalmente cumprindo seus deveres e
reponsabilidades à espera do fim? Ou mandaria tudo às favas e realizaria tudo
aquilo que seus deveres e responsabilidades não deixavam?
Mas quem enviou essa informação tão precisa e perturbadora? Uma pessoa
que teve acesso ao computador de Deus, roubou as informações e, por vingança, as enviou para todos os celulares do planeta via mensagem SMS.
sexta-feira, janeiro 22, 2016
Curta da Semana: "Don't Hug Me, I'M Scared" - o mundo é o inferno das boas intenções
sexta-feira, janeiro 22, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Fenômeno viral na Internet, a série de curtas “Don’t Hug Me, I’M Scared” (2011-2015) de um coletivo de artistas ingleses misturam fantoches, animações 3D e artistas fantasiados de animais, num assustador mix de Vila Sésamo e Backyardigans com o último pesadelo de David Lynch. Para mostrar às crianças que o mundo é um inferno de boas intenções. Os curtas começam com a linguagem dos tradicionais vídeos educativos cheios de boas intenções e saudáveis lições de moral: os temas são abstratos e existenciais (Tempo, Amor, Criatividade) e práticos (comida saudável e computadores). Mas as boas intenções se convertem em momentos sangrentos e de surreal humor negro, mostrando às crianças uma lição sobre o mundo dos adultos as espera: boas intenções amigáveis e altruístas se transforam em infernos autoritários. Curta sugerido pelo nosso leitor Francisco Narde.
Os vídeos educativos atuais fazem um trabalho razoável de ensinar a crianças
e jovens habilidades básicas como matemática, linguagem e outros diversos
conteúdos escolares. Mas ainda não conseguem tratar de certos temas que, apesar
de intangíveis, farão parte do cotidiano no futuro: medos existenciais, a
religião, o tempo, a morte, a disciplina e a obediência.
quinta-feira, janeiro 07, 2016
Em Observação os 13 filmes mais esperados para 2016
quinta-feira, janeiro 07, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Fuja de um ano que será marcado por mais do mesmo na indústria do
cinema: mais Star Wars, Star Trek, Capitão América, X-Men etc., além de remakes
e spin-off de Harry Potter. Preocupado com essa perspectiva sombria, o
Cinegnose resolveu mergulhar nas turbulentas águas do cinema independente e
trazer à tona uma lista de 13 estreias para esse ano. Há apenas três exceções. Incorporamos à lista três filmes mainstream: “Deuses do Egito”, “Alice Através
do Espelho” e "Esquadrão Suicida. O primeiro, por trazer temas gnósticos; o segundo pela Disney
querer apagar na adptação dos livros de Lewis Carroll todas as simbologias
ocultistas e esotéricas; e o terceiro em ver os efeitos de mais uma aparição do Coringa no cinema.
Esse é o ano que
será marcado pela continuidade de franquias (Star Wars, Star Trek, X-Men, Capitão América, Batman lutando junto
com o Super-Homem etc.) e spin-off da
série Harry Potter (Animais Fantásticos e Onde Habitam), e refilmagens (Jumanji, uma versão feminina de Ghostbusters etc.) numa evidência de que
a indústria do cinema pretende se arriscar o menos possível e apostar mais em
fórmulas prontas do que em novos nomes ou temas.
sábado, dezembro 26, 2015
Fenômenos quânticos revelam universos paralelos em colisão
sábado, dezembro 26, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A hipótese do “multiverso” (a ideia de que nosso Universo seria apenas
um em um número infinito) não é uma novidade na Física e na Filosofia.
Recentemente essa hipótese se associou à busca por físicos de uma “assinatura
cósmica” que comprovasse que o Universo seria uma simulação computacional
finita, aproximando ainda mais à Física da antiga mitologia gnóstica. Agora, um
trio de físicos da Austrália e EUA publicou um artigo científico onde explora a
possibilidade de universos paralelos estarem
colidindo entre si. E os estranhos comportamentos das partículas
subatômicas revelado pela mecânica quântica nada mais seriam do que os
interstícios desses mundos se encontrando. As implicação filosófica da
pluralidade de mundos é evidentemente gnóstica. Mas, os físicos apontam para
uma surpreendente aplicação dessa hipótese: o estudo da dinâmica molecular das
reações químicas de drogas.
Existem universos
alternativos? – mundos onde jamais os dinossauros foram extintos por algum
asteroide que caiu na Terra ou onde a Austrália foi colonizada pelos
portugueses ao invés dos ingleses.
quinta-feira, outubro 15, 2015
Cinco evidências de que vivemos em uma simulação
quinta-feira, outubro 15, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
segunda-feira, setembro 07, 2015
Mitologia gnóstica no cinema para iniciantes
segunda-feira, setembro 07, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Apesar de em toda História o Gnosticismo ter cultivado o elitismo espiritual por meio de sociedades secretas e conhecimentos arcanos, desde a literatura do Romantismo até o cinema a mitologia gnóstica vem cada vez mais fazendo parte do atual cenário da cultura pop. O Cinema atual insere em suas narrativas de diversos gêneros quatro principais mitos gnósticos: o do “Demiurgo”, o da “Alma Decaída”, o do “Salvador” e do “Feminino Divino”. Portanto, vamos introduzir aos novos leitores do Cinegnose o tema do Cinema Gnóstico e fazer um pequena síntese das pesquisas desses oito anos aos mais antigos seguidores do blogue.
Para aqueles que
estão chegando agora ao Cinegnose e, mesmo para aqueles que já são iniciados no
tema e constatam a complexidade conceitual da área, vamos fazer uma introdução
didática sobre a presença de elementos da mitologia gnóstica no cinema.
Desde as suas origens no início
da Era Cristã até os dias atuais a tradição gnóstica tem rejeitado as
convenções culturais como formas decadentes de um mundo ilusório. Por isso, o
gnosticismo tem cultivado o elitismo espiritual – conhecimentos arcanos e
sociedades secretas.
Tal estratégia histórica é compreensível
se considerarmos que o Gnosticismo considera o mundo material – e os seus
defensores – como ilusórios e falhos produtos de um Demiurgo, um deus inebriado
na sua crença de ser único e poderoso mas que não passa de uma emanação
decadente de um plano transcendente e harmônico.
Depois dos diversos renascimentos
ao longo da História (como na literatura do Romantismo dos séculos XVIII-XIX),
a mitologia gnóstica chega ao cinema no século XX.
E os temas gnósticos no cinema
não são recentes. Desde antigos filmes como
The Revenge of the Homunculus (Otto Rippert’s, 1916) sobre as trágicas
consequências de um experimento alquímico mal sucedido; The Golem (de Paul Wegener’s, 1920) mostrando os trágicos
resultados da magia cabalística; Frankenstein
(de James Whales, 1931) onde o tema é o fracasso gnóstico em transcender a
matéria mortal.
Os temas gnósticos retornam mais
tarde, desta vez através de filmes não-comerciais ou rotulados como cults que endossam valores heterodoxos.
Blow Up (Antonioni, 1966) é uma exploração gnóstica de como a
cultura consumida pelas aparências suplanta a realidade.
Confundindo forma e conteúdo
através de uma narrativa altamente ambígua e alucinante que incomoda tanto os
personagens do filme quanto o público, 8½
(Fellini, 1963) explora a cabalística crença de que um ideal humano pode ser
alcançado através do artifício, a criação de um Adão cinemático;
Zardoz (John Boorman, 1974) uma verdadeira fábula gnóstica onde, em
um futuro pós-apocalipse, o protagonista alcança a iluminação ao descobrir que
o deus em que acreditava (Zardoz) era, na verdade, uma criação artificial de
uma elite imperfeita e decadente.
The Man Who Fell to Earth (Nicholas Roeg, 1976) apresenta um
extraterrestre que vem para a Terra em busca de água para o seu planeta que
está morrendo. Incapaz de cumprir sua missão acaba prisioneiro de uma rede de
corrupção em uma América corporativa. Diferentes dos antigos filmes, estes
filmes gnósticos cults criticam o status quo, sugerindo que a cultura
pós-moderna é um desolado mundo de ilusões que produz conformismo.
O que distingue os filmes de
temática gnóstica dos últimos vinte e cinco anos é que, diferente do passado cult ou de vanguarda, agora estão
presentes no cinema mainstream
hollywoodiano. A temática gnóstica abandona o campo do cinema alternativo de
público elitizado para atingir as massas através do cinema comercial. Ao
contrário do passado, os temas gnósticos estão presentes em filmes com
produções de bom orçamento, atores celebrizados pelas mídias de massa e
enquadrados dentro de gêneros fixos tradicionais.
Basicamente são a partir de
quatro mitos básicos que o cinema vem explorando o Gnosticismo:
1. O Mito do Demiurgo
A Criação, o Mundo
ou a própria realidade é controlada por uma divindade inferior e os seus
agentes. Esses anjos (ou arcontes) lançaram um véu de ilusão, ignorância ou
desespero existencial sobre aqueles que procuram dominar (e às vezes se alimentam).
No gnosticismo clássico, o caráter do Deus do Antigo Testamento era um modelo
preferido para o vilão extramundano. Ele é muitas vezes referido como o
Demiurgo.
No cinema, o
Demiurgo não tem necessariamente de ser um antagonista do divino, mas pode
assumir a forma de qualquer entidade opressora incluindo ETs , tecnologias
opressoras e até mesmo as instituições humanas. Tudo se resume a questão do
controle humano versus a liberdade humana. Esse mito inflama a questão sobre o
que é real e o que é falso em intrincados níveis ontológicos (ou dimensões).
Alguns exemplos:
Êxodo: Deuses e Reis (2014) e Noé (2014) – Deus do Velho Testamento como um Demiurgo
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Prometheus (2012) ou Dark City (1998)
– Demiurgos como raças avançadas de seres alienígenas que transformaram os
humanos em experimentos científicos.
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Mais Estranho Que a Ficção (2006) – o Demiurgo é um escritor que manipula
de diversas formas uma narrativa literária tentando matar o protagonista.
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Show de Truman (1998), EDtv (1999) ou Mad City (1997) – o Demiurgo pode ser um produtor de um
reality show, um repórter manipulador ou a própria grande mídia que explora a
espontaneidade e simplicidade do protagonista.
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Uma Aventura Lego (2014) – o Demiurgo é o pai de um menino que disputa o filho o
controle do destino de uma cidade construída em blocos de Lego
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2. O mito da alma
decaída.
A ideia de que a
semente divina, proveniente de um lugar chamado Pleroma (ou Plenitude) tenha
caído em um mundo estranho. Este esperma-luz, a matéria prima da
auto-realização, reside dentro de cada mortal, também conhecida como
“centelha-divina”. É exatamente pela qual que as criaturas espirituais do
Demiurgo anseiam ou querem corromper. Descansando no sono ou estupor, a jornada
épica começa verdadeiramente quando um mortal descobre ou é escolhido para
realizar o seu potencial transcendental. Uma guerra de libertação tende a
entrar em erupção.
Normalmente envolve
uma agitação do protagonista durante a vigília por algum poder latente ou um
presente que o obrigue a cumprir um destino heróico. Este mito provoca a
pergunta do que é ser consciente e os níveis de consciência que o ser humano
pode chegar.
Abaixo, alguns exemplos:
Earthling (2010) ou ET
(1982) – Aliens caem na Terra e vivem uma situaçãoo de
ameaça e estranhamento. Filmes que são uma metáfora da gnóstica condição
humana
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Sense8 (2015) – Humanos com sensibilidade especial (os sensates) despertam de
suas vidas ordinárias para o chamado de luta contra um Demiurgo – uma agência
quase governamental especializada em manipulações genéticas.
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O Destino de Júpiter (2015) – uma humilde empregada recebe
o chamado da Plenitude. Os mitos gnósticos da Criação, Queda e Ascensão
representados de forma explícita em uma space opera.
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O Homem Que Caiu na Terra (1976) - Thomas Jerome Newton é um alien humanóide que vem para a Terra em busca
de água para seu planeta que está morrendo. Sua inteligência e
revolucionárias invenções atrai corporações que tentam corrompê-lo.
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Upside Down (2012) – Mescla de ficção científica com drama romântico que dá uma
nova roupagem ao mito da Queda humana.
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3. O Mito do Salvador
Pode assumir duas
formas. O primeiro é que após o despertar para a sua constituição sobrenatural,
o protagonista não deve apenas salvar aqueles ao redor dele dos poderes que
criaram o regime ilusório, ele deve também divulgar o conhecimento (gnose) para
os outros, para que possam compartilhar as mesmas liberdades ou descubram
habilidades semelhantes.
A segunda forma é
que uma figura salvadora precisa de outra figura salvadora, pois a relação de
um hierofante para um neófito é central no Gnosticismo (a ocidental caricatura
do professor sábio oriental ajudando o herói). Este mito acende a questão do
significado do ser humano, e todos os seres humanos são verdadeiramente iguais,
mesmo que alguns possuam maiores habilidades do que outros (um tema
predominante nas HQs, óperas de ficção científica e até mesmo em séries de
televisão, tais como a série Heroes).
Abaixo, alguns exemplos:
Matrix (1999) – Neo e Morpheus criam a clássica relação do mestre e do iniciado que
será o Salvador.
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Clube da Luta (1999) – A iniciação de um neófito a
um Clube que mudará sua visão de mundo. Mais do que isso, o protagonista se
torna o líder de um grupo que buscará algo politicamente muito maior.
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Branded (2012) – Outro neófito, dessa vez no mundo da Publicidade, será
iniciado no mundo da luta entre as marcas, descobrindo as forças ocultas que
controlam o mundo.
|
4. O Mito do Feminino Divino
No gnosticismo
clássico, Sophia ocupa o centro do palco, simultaneamente, como ser caído e uma
redentora da humanidade. Sua encarnação já assumiu várias formas, incluindo a
Shekinah de Deus na Cabala, Maria Madalena no Cristianismo esotérico, e Gaia no
neo-paganismo. Sylvia em O Show de Truman
e Trinity em Matrix são duas das mais
famosas nos domínios da Ficção Científica e da Fantasia.
A encarnação pode
ser o protagonista, o professor do protagonista, e toda uma gama de variações.
Ela resgata ou é resgatada, ou ambos, nas batalhas contra os agentes da
opressão e da quebra da realidade falsa. É difícil negar a obsessão das Anime
com a confusão com o feminino e sexualidade em geral (que se afasta ou, talvez,
complementa a atitude gnóstica da desconfiança em relação ao sexo). Isso agrava
a questão dos diferentes níveis de amor, amizade e individualidade no que
poderia parecer um universo frio e indiferente.
Veja alguns exemplos:
WALL-E (1999) – Sophia é encarnada em um robô chamado EVA com design high tech que
vêm à Terra devastada buscar sinais de vida e encontra um nostálgico
robozinho que empilha lixo e tenta resgatar fragmentos de uma civilização que
desapareceu.
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Dead Man (1995) – A personagem Theo, a
prostituta, tem um papel decisivo no início da jornada espiritual do
protagonista. Ela é Sophia, prisioneira do Demiurgo que domina a cidade.
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L’Imortelle (1963) – Filme
francês precursor do mito de Sophia no cinema que eleva a mulher a um patamar
metafísico revelando as formas ilusórias do mundo ao protagonista.
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Vanilla Sky (2001) – Aqui Sophia está explícita.
Penélope Cruz faz a própria personagem exorta o protagonista David Aymes a
despertar do interior de um “sonho lúcido”, na verdade uma simulação
tecnológica da realidade.
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