Mostrando postagens com marcador Tempo. Mostrar todas as postagens
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domingo, abril 28, 2019
Nos profundos vales da galáxia e da solidão humana em "High Life"
domingo, abril 28, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma nave em algum lugar no espaço profundo, para além do sistema solar, ruma a 99% da velocidade da luz na direção de um buraco negro. Um homem dedica-se a cuidar da sua pequena bebê, em meio aos corredores escuros e um desordenado jardim de onde tira alimentação e oxigênio. Como pararam ali? De quem são os cadáveres mantidos em uma câmara criogênica? Quais os efeitos da viagem na velocidade da luz em uma tripulação perdida no vazio em uma missão potencialmente suicida? High Life (2018), da diretora francesa Claire Denis, não é propriamente um sci-fi convencional: em uma narrativa elíptica e em flash-backs tentamos reconstituir o passado e estimar o futuro daquela estranha missão. Uma viagem estranha e surreal pelos profundos vales da galáxia e da solidão humana. No espaço cósmico o homem nada descobrirá, a não ser a si mesmo. E isso pode não ser uma boa coisa.
domingo, abril 14, 2019
Rádio, viagem no tempo e identidade no filme polonês "The Man With The Magical Box"
domingo, abril 14, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme sobre viagem no tempo com a colcha de retalhos típica da nostalgia pós-moderna: um mix de “Brazil” de Terry Gilliam, “Clube da Luta”, “Blade Runner”, “1984” de Orwell com alusões a “Stalker” de Tarkovsky. É o thriller sci-fi polonês “The Man With The Magic Box” ("Czlowiec z magicznym pudelkiem", 2017) - na Varsóvia de 2030 um homem encontra em seu velho apartamento um antigo rádio de 1950 que misteriosamente transmite músicas do passado com ondas Theta que produzem nele flashs de memória de uma outra vida. Mas um governo nacionalista totalitário monitora qualquer tentativa de fuga por meio de viagens no tempo através da mente. Diferente da maioria das abordagens do cinema sobre a viagem no tempo (como possibilidade de mudança como “segunda chance”), “The Man With The Magic Box” faz o contrário: a viagem no tempo como busca da permanência, duração – a busca da própria identidade.
sábado, março 30, 2019
A fenomenologia bergsoniana do Tempo em "Durante la Tormenta"
sábado, março 30, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Somos seres que sentem tristezas, paixões, emoções pessoais ou estéticas. Essas sensações e emoções crescem em nossa alma até ocupar o psiquismo, criando nossas memórias. Elas conferem duração, o “tempo puro”, distinto do Espaço que nos dá a ilusão de que o Tempo é apenas uma sucessão de instantes fragmentados em passado, presente e futuro. Essas são as ideias do filósofo francês Henri Bergson, com grande atualidade e estudado em diferentes áreas como cinema, literatura, neuropsicologia e bioética. O filme espanhol “Durante La Tormenta” (2018) é um filme surpreendente pois consegue, em muitos aspectos, figurar em uma linguagem audiovisual a complexidade da fenomenologia de Bergson – uma misteriosa tempestade elétrica cria um contato entre 1989 e 2014 através de uma velha filmadora VHS. Involuntariamente a protagonista interfere no passado e cria uma espécie de “efeito borboleta”, tornando-se prisioneira de uma realidade alternativa. Mas o “tempo puro” bergsoniano será a único instrumento para tentar reconfigurar a ordem cósmica e retornar à sua vida perdida. Filme sugerido pelo nosso leitor José Maurício Paes de Oliveira.
domingo, março 24, 2019
O detetive diante dos mistérios quânticos no filme "Out of Blue"
domingo, março 24, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se o gato da experiência do físico austríaco Schrödinger pode estar simultaneamente morto e vivo dentro de uma caixa selada, haveria mesmo um assassinato para resolver? Se alguns astrofísicos acreditam que haveria um número infinito de universos com diversas variações possíveis das nossas vidas, ocorrendo todas simultaneamente, então qual a importância de encontrarmos uma resposta definitiva no presente? Se o detetive numa narrativa policial é aquele que tenta resolver enigmas com a racionalidade, como então lidar com um caso que parece imerso nesse conjunto de paradoxos quânticos? Esse é o filme “Out of Blue” (2018): uma policial tenta resolver o enigma da morte de uma astrofísica em um observatório astronômico. O problema é que a racionalidade da detetive e a sua condição de ex-alcoólatra serão confrontadas com os dois principais mistérios da física quântica: como o observador sempre altera o próprio objeto observado e o paradoxo de Schrödinger – pode um ser estar simultaneamente vivo e morto?
segunda-feira, fevereiro 25, 2019
Série "Boneca Russa": será o Tempo um bug algorítmico ou uma lição moral?
segunda-feira, fevereiro 25, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Há na vida apenas essas certezas: de que vamos morrer, que as pessoas que amamos também irão morrer e que eventualmente nossa própria morte fará outros sofrerem. Mas a sociedade nos oferece inúmeras estratégias e ferramentas tecnológicas para esquecermos dessa amarga ontologia. Principalmente para a geração dos millennials, através do individualismo e as bolhas virtuais das redes sociais digitais. Esquecendo que o mundo é muito maior do que pensamos e que nossos atos têm consequências sobre todos que encontramos. Esse é o tema subjacente da série Netflix “Boneca Russa” (2019-): tal qual o filme clássico “O Feitiço do Tempo” (1993), Nadia fica presa em um loop temporal – a cada morte em um ciclo, acorda diante do espelho do banheiro na sua festa de 36 anos. Como explicar o mistério? Apenas um bug nas linhas algorítmicas que compõem a programação do Tempo? Ou algum tipo de lição moral que será obrigada a entender? A saída será a lembrança e a memória.
quinta-feira, janeiro 24, 2019
Ano 2019 é um Vortex Temporal? Como modular a atenção em tempos extremos, por Nelson Job
quinta-feira, janeiro 24, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Este ano de 2019 aparece com recorrência no imaginário especulativo como um ano de "turning point". Parece ter sido privilegiado por obras do passado de cineastas, escritores e médiuns que o elegeram como um ano marcante. Os filmes “Blade Runner” e “O Sobrevivente”, o animê “Akira”, as previsões de Isaac Asimov e de Chico Xavier, todos fazem referência a este ano. Quais as razões disso? 2019 será, de fato, o trampolim de uma Nova Era, como astrólogos e esotéricos do mundo inteiro anunciam, ou será uma completa catástrofe? Podemos entender o ano de 2019 como uma espécie de vortex transtemporal? Forças dos acontecimentos anteriores e do futuro estariam de auto-organizando no tempo? Neste artigo, investigaremos essas ocorrências e traçaremos um desdobramento delas.
terça-feira, janeiro 01, 2019
"Black Mirror: Bandersnatch": a realidade se aproxima dos códigos de um videogame
terça-feira, janeiro 01, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A quinta temporada de “Black Mirror” (2011-) não saiu em 2018. Isso porque o episódio especial “Bandersnatch”, lançado no apagar das luzes do ano, atrasou toda a produção pelo “enorme tempo de criação”, disse o criador Charlie Brooker. Não é para menos: “Bandersnatch”, um híbrido de filme longa-metragem e game interativo, é uma verdadeira síntese do “zeitgeist” gnóstico por trás das descrições da série de como a tecnologia é cada vez mais envolvente e invasiva. Em 1984, Um jovem aspirante a programador profissional de games começa a questionar a realidade ao seu redor na medida em que a ansiedade e paranoia envolvem a elaboração dos códigos – assim como ele escreve a narrativa do game de computador, também a sua realidade cada vez mais se assemelha a um jogo interativo. Mas controlado por quem?
sábado, dezembro 22, 2018
A ilusão das festas de Ano Novo no filme "Goodbye, 20th Century"
sábado, dezembro 22, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sombrio, artístico, apocalíptico e surreal. Essas palavras sintetizam “Goodbye, 20th Century” (Zbogum na dvaesetiot vek, 1998), definitivamente um filme para cinéfilos aventureiros. Dirigido por dois diretores macedônios, Darko Mitrevski e Aleksandar Popovski, começa num deserto pós-apocalíptico ao estilo Mad Max para terminar num velório que se degenera em sangue e violência ao som de “My Way”, na versão punk rock de Sid Vicious. Um filme cujo pôster promocional da época resumia o filme da seguinte maneira: “como o Papai Noel, em fúria, destruiu o nosso mundo”. Uma reflexão para as festas de final de ano de que, na verdade, tanto o Tempo como a “passagem de ano” não existem. São uma persistente ilusão que escondem um eterno retorno. E como esquecemos do principal simbolismo das festas de Ano Novo: a dupla face do deus Janus – uma que olha esperançoso para o futuro; e a outra que procura entender os erros do passado. Assista ao filme aqui no “Cinegnose”.
quarta-feira, novembro 07, 2018
Estamos todos à espera de algo que nunca chega em "Esperando Godot"
quarta-feira, novembro 07, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Obra-prima do Teatro do Absurdo de Samuel Beckett, “Esperando Godot” sempre esteve à espera de uma adaptação cinematográfica. A qual Beckett resistia por temer que o espírito de dissonância original da peça fosse perdido na linguagem fílmica. Mas o projeto “Beckett in Film” do diretor irlandês Michael Lindsay-Hogg certamente superou esses temores de Beckett. Em “Esperando Godot” (2001), a peça em dois atos em que nada acontece ganha novos tons, principalmente gnósticos: por que dois mendigos à espera do misterioso Godot que nunca aparece, simplesmente não viram as costas e vão embora? O que temem? O absurdo e surrealismo de "Esperando Godot" é apenas a superfície de um horror metafísico de Beckett que parece remeter ao trauma do Holocausto: como foi possível uma barbárie jamais vista na Segunda Guerra Mundial? Que cosmos é esse em que vivemos que cria condições para acontecer horrores que jamais deveriam acontecer?
sábado, setembro 29, 2018
Em "Branco Sai, Preto Fica" o tempo brasileiro é o eterno retorno
sábado, setembro 29, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em 1986 policiais
invadem um baile funk em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, ferindo física
e psiquicamente dois homens. Em 2014, um terceiro homem vem do futuro a procura
de evidências que ajudem um movimento identitário negro mover uma ação contra o
Estado pelos danos daqueles homens no passado. “Branco Sai, Preto Fica” (2014)
de Adirley Queirós é uma ousada experimentação em um gênero pouco visitado pelo
cinema brasileiro – o filme consegue construir uma espécie de “meta docudrama
sci-fi”. Com sua desolação, frieza e aridez, Brasília deixou de ser a utopia
modernista de uma possível civilização brasileira para se transformar na
perfeita cenografia de filmes distópicos, com uma vantagem: não é preciso
computação gráfica. No país do futuro, o tempo é um eterno retorno: se o
presente é um apartheid social, o futuro não deixa por menos – a “Vanguarda
Cristã” tomou o poder e ameaça o sucesso das investigações. Filme sugerido pelo nosso leitor Paulo Pê.
terça-feira, setembro 18, 2018
Por que teledramaturgia da Globo está assombrada com o Tempo e a História?
terça-feira, setembro 18, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Dois temas parecem assombrar
a atual teledramaturgia da Globo: o Tempo (viagem no tempo, déjà vus, vidas
passadas, reencarnações etc.) e a História (pastiches da Idade Média,
releituras do Brasil do Império etc.). Algo que se distingue das tradicionais
“novelas de época” que marcaram a história do gênero na TV brasileira. Nunca se
verificou essa recorrência temática em tantas telenovelas, apresentadas
simultaneamente ou em sequência nos diferentes horários. Sabe-se que em ano
eleitoral o laboratório de feitiçarias semióticas da emissora funciona em tempo
integral. O que essa recorrência pode significar dentro desse contexto? Nova bomba semiótica? Ou o
sintoma do temor de uma emissora hegemônica que sabe da importância do atual
cenário eleitoral? – é matar ou morrer. É o momento de entendermos a célebre
afirmação de George Orwell: “Quem
controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o
passado”.
domingo, setembro 09, 2018
Em "O Futuro" o maior inimigo da geração dos "millennials" é o tempo
domingo, setembro 09, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Numa época em que o trabalho, a
cultura e a tecnologia liquefazem e precarizam nossas vidas na fluidez e instabilidade, os “millennials”
tentam se agarrar nos destroços de uma suposta sabedoria do passado e nos
gadgets, aplicativos e plataformas digitais do presente. Um presente que se
torna eterno, pelo medo e ansiedade em relação ao futuro, porque nada parece
durar por muito tempo. Mas um jovem casal decide adotar um gato, e acredita que
tudo vai mudar. “O Futuro” (“The Future”, 2011) é uma fábula pós-moderna sobre
tecnologia e o futuro da geração mais tecnologizada da História. Mas o medo do
futuro e de compromissos, representado agora por um gato necessitando de intensivos
cuidados veterinários, é tão paralisante que ameaça dissolver a vida conjugal
pela mentalidade “líquida” da sua geração. Filme sugerido pelo nosso incansável leitor Felipe Resende.
sábado, agosto 25, 2018
O fim do mundo é um sintoma, discute "Cinegnose" em Simpósio no Rio
sábado, agosto 25, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Quase diariamente é previsto o fim do
mundo na TV ou na Internet, enquanto no cinema narrativas ficcionais reforçam
essas previsões com protagonistas às voltas com apocalipses climáticos,
cósmicos, geológicos, tecnológicos, alienígenas etc. Por que o mundo tem que
ser destruído? Por que essa necessidade pelo fim, embalada como ficção e entretenimento
para consumo de massas? Ideologia? Manipulação político-ideológica? Ou algum
tipo de sintoma do inconsciente coletivo? Como o Gnosticismo pode oferecer uma
explicação e uma narrativa alternativa esse mistério sobre o “fim dos tempos”?
Essa foi a discussão que este humilde blogueiro levou para o Simpósio “Do Mundo
Arcaico às Cosmologias Modernas”, evento que aconteceu de 22 a 24 últimos no
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro.
sábado, julho 28, 2018
Filme "O Culto": e se nossas vidas forem gigantescas anomalias temporais?
sábado, julho 28, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma boa ideia, com um
roteiro inteligente, um elenco forte são capazes de fazer filmes convincentes,
mesmo com pouco dinheiro. O filme “O Culto” (The Endless, 2017) é
mais um filme independente que comprova a capacidade inventiva de renovar subgêneros
do horror e da ficção científica. Dessa vez a dupla de diretores Justin Benson
e Aaron Moorhead (“Resolution”, 2012) faz um inteligente meta-horror em torna
do tema das anomalias tempo-espaço. Dois irmãos (interpretados pelos próprios
diretores), depois de terem fugido de uma suposta seita suicida em uma
floresta montanhosa, decidem retornar depois de receberem um estranho vídeo. “O
Culto” não se limita a fazer uma desconstrução
do tema dos “paradoxos temporais” no cinema. Num insight gnóstico, estende
esses paradoxos para a nossa realidade cotidiana: e se nossas próprias
vidas já fossem gigantescos paradoxos tempo-espaço, que nos aprisionam nesse
cosmos, obrigando-nos a repetir uma mesma narrativa indefinidamente? Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
sábado, abril 07, 2018
A última interface da humanidade no filme "OtherLife"
sábado, abril 07, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“OtherLife” (2017) é um filme australiano independente (disponível na
Netflix) que aborda o tema da realidade virtual, mas não através da perspectiva
da simulação através de um software. Mas a realidade virtual como uma ideia
química e biológica. Mais precisamente, por meio de um “software biológico”: se
as nossas memórias são resultantes de complexas reações químicas, poderiam ser
codificadas e transformadas na última interface da história da tecnologia: a
bioquímica-digital. Uma droga na qual a realidade virtual comprime o
tempo-espaço, lembrando a abordagem de “A Origem” de Nolan: um minuto do tempo
real corresponderia a um ano de “férias” virtuais em praias paradisíacas ou nas
montanhas nevadas de cartão postal. Para pessoas “sem tempo para ter tempo
livre”, como anuncia a startup que promove o produto “OtherLife”. Mas conflitos
corporativos, além do drama pessoal da cientista criadora da droga virtual, tornarão a
interface “OtherLife” em um jogo perigoso. Filme sugerido pelo nosso emérito leitor Felipe Resende.
domingo, abril 01, 2018
Curta da Semana: "The Kiosk" - a crítica da vida cotidiana
domingo, abril 01, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um curta que é inspirado da própria experiência de vida da diretora, Anete
Melece. “The Kiosk” (2013) é um curta de animação sobre a difícil busca do
equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. E a ainda mais difícil busca da
satisfação no trabalho. Com um raro senso de comédia estética e visual, “The
Kiosk” nos mostra uma protagonista literalmente presa no seu local de um
trabalho alienante, monótono e sem sentido. Um acidente força a protagonista
enfrentar uma jornada que transformará sua vida. Ou será que apenas realizou um
sonho dirigido pela mídia e o turismo? O curta aborda temas que envolvem a
“sociologia do cotidiano” do francês Henri Lefebvre – a “cotidianidade” como um
fenômeno das sociedades modernas: de um lado a rotina, tédio e monotonia dos
dias de trabalho. E do outro, as fantasias e compensatórias do que foi outrora
o “tempo livre”, hoje chamado “lazer”.
quinta-feira, fevereiro 08, 2018
Curtas da Semana: " Restart" e "Einstein-Rosen" - uma sensibilidade gnóstica do Tempo-Espaço
quinta-feira, fevereiro 08, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma jovem é sequestrada e levada para um bunker subterrâneo para ser uma cobaia humana em experiência de loop temporal pelo obscuros interesses corporativos de uma empresa. E em 1982, junto com seu irmão, um menino procura um " buraco de minhoca" no tempo-espaço de uma área do prédio em que mora. Para jogar através da passagem a bola que recuperará 35 anos depois no mesmo local. Esses são os curtas espanhóis "Restart" e " Einstein-Rosen" de Olga Osorio. Duas produções que mostram como a mitologia gnóstica hoje tornou-se o "espírito do tempo": uma nova sensibilidade ou olhar para a realidade tanto política quanto existencial.
quinta-feira, janeiro 18, 2018
Em "La Casa de Papel" ladrões roubam o bem mais importante: o Tempo
quinta-feira, janeiro 18, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Diante de
toda uma geração que vive sob o impacto do desemprego e da perda de direitos sociais
desde o crash financeiro internacional de 2008, a Espanha vem produzindo uma série de filmes
que pensa essa condição. O mais recente é a série para TV “La Casa de Papel”
(2017-), disponível no Netflix, que reflete a perplexidade de todos diante da
natureza dessa crise: como conformar-se com bancos, agentes financeiros e
especuladores capazes de fabricar, sem limites, o próprio dinheiro enquanto o
restante da sociedade sofre as consequências? Um grupo de ladrões trajando
macacões vermelhos e com máscaras do Salvador Dalí invade a Casa da Moeda da
Espanha, liderado por alguém cujo codinome é “Professor”. Eles não vieram
roubar, mas fabricar seu próprio dinheiro com a ajuda dos próprios reféns. Mas
o “Professor” terá que roubar um bem menos tangível e muito mais importante:
roubar o tempo do Governo, da Polícia e da grande mídia. Quais as conexões
entre um sistema monetário-financeiro sem lastro e o controle do Tempo?
sábado, janeiro 06, 2018
"After Life": após a morte, cinema, memória e esquecimento nos esperam
sábado, janeiro 06, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O filme
japonês “After Life” (Wandafuru Raifu, 1998), de Hirokazu Koreeda, é um ponto
fora da curva das representações do pós-vida no cinema. O filme combina duas
representações que sempre se opuseram: de um lado, a representação do céu como
uma organização hierárquica com porteiros, anjos e tribunais; e do outro o céu
solipsista, como projeção dos nossos sonhos, memórias e desejos. Um grupo de
recém-falecidos chega a um velho prédio, no qual são recebidos por funcionários
que explicam que morreram. Os funcionários são roteiristas e produtores de
cinema. A missão: escolher uma memória a partir da vida de cada um. Para ser
roteirizada e transformada em um filme que reconstitua a cena mais feliz que
cada um levará para toda a Eternidade. Enquanto todo o restante da vida será
esquecido. Uma fábula sobre o tempo, morte e memória. Mas também suscita uma
reflexão sobre um tipo de memória criada a partir dos simulacros da imagem.
sábado, dezembro 30, 2017
Mídia esvazia significado oculto do Ano Novo
sábado, dezembro 30, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nesse
momento de contagem regressiva para o Ano Novo, cada telejornal e programa de
entretenimento recorre à pauta de sempre: as resoluções para o novo ano e as
simpatias e crendices para o reveillon. Principalmente agora, época em que desempregados
e trabalhadores temporários foram reciclados como “empreendedores” para tentar
elevar o astral da patuleia. Mas tudo isso esconde um significado oculto e
milenar das festividades de final de ano que envolve “Janus” - a divindade indo-europeia ambivalente com duas
caras, uma olhando para o futuro e a outra para o passado. De onde veio
“Janeiro”, cujo primeiro dia do mês na Roma antiga era dedicado a rituais e
sacrifícios ao deus criador das mudanças e transições, como progressão do
passado para o futuro, de uma visão para a outra, de um universo para o outro.
Janus olhava para o futuro, mas também para o passado para lembrar e aprender.
Mas para grande mídia é apenas a comemoração do fim de uma ano velho e a
celebração otimista de um ano supostamente novo. Não olhar para o passado e
repetir os mesmos erros no futuro. Celebrar o esquecimento.
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