O curta dessa
semana é “Gnosis” (2013), uma gótica mistura
de monstros, bebês e diversas referências ao Gnosticismo, esoterismo e
iluminação spiritual. Tudo isso ao som hipnótico do piano de Erik Satie,
precursor das conexões da música de vanguarda moderna com esoterismo e
gnosticismo. Dê uma conferida nesse curta.
Um estranho curta com atmosfera gótica ao estilo das animações de Tim
Burton. Gnosis já foi premiado em diversos festivais de animação pelo
seu detalhismo, iluminação e técnica – como, por exemplo, o incrível esmero da
animadora Thamara Hahn nos dedos que pressionam o teclado de um piano.
Gnosis (2013) é um curta em stop motion sobre monstros que roubam bebês,
estranhas criaturas que parecem falhar continuamente em suas travessas
tentativas: entram no quarto onde dorme um bebê mas falham, para se
transformarem em mais uma criaturazinha em um móbile infantil.
O curta é repleto
de referencias ao Gnosticismo, para começar o próprio título do curta: a
“gnose” – palavra de origem grega para “conhecimento”, mas utilizada no cristianismo
primitivo, islamismo, nas religiões de mistérios e Gnosticismo como
“conhecimento espiritual” no sentido de uma iluminação mística ou “insight”.
Descoberta de nossa “luz interior” que nos conectaria de volta com a Plenitude.
Todo o curta é
acompanhado pela música ao piano do compositor e pianista francês Erik Satie e
a sua composição do final do século XIX Gnossiene
no 4 – nome derivado de “gnosis”. Satie foi um dos
precursores da música de vanguarda minimalista, música repetitiva ou “mântrica”
com ligações com o chamado “Teatro do Absurdo”. Satie participou de círculos
intelectuais do movimentos gnósticos, esotéricos e teosóficos europeus.
E vemos ainda no
curta um dos personagens lendo um conhecido livro nos meios esotéricos: The Gnosis and The Law do grego Tellis
Papastravo. O livro é uma espécie de manual sobre a gnose, ascensão espiritual
e as Leis Cósmicas que regeriam de planetas e galáxias aos centros endócrinos e
os chakras humanos.
O interessante
nesse curta é o simbolismo da gnose, a luz e os monstros. A personagem que sobe
as escadas e, com a luz da sua vela, ilumina e finalmente aprisiona o monstro
que rouba bebês é o próprio propósito do conhecimento associado ao poder da
iluminação.
Só que aqui, não
tem a ver com as luzes do Iluminismo ou o “século das luzes” – afinal, luzes
produzem sombras e o conhecimento pode também criar monstros.
Ao contrário, o
curta Gnosis quer fazer alusão à luz
espiritual da gnose que ilumina o quarto do bebê reduzindo os monstros a
sombras capturadas em um móbile.
Detalhe para a
abertura do curta que parece lembrar as antigas capas dos discos da banda de
rock progressivo Yes dos anos 1970:
diversos mundos flutuando em um estilo do imaginário de J. R. R. Tolkien da
série de livros O Senhor dos Anéis. A
história que vamos assistir no curta ocorrerá em mais um dessa pluralidade de
mundos que flutuam no Cosmos. Uma referência à cosmologia gnóstica dos diversos
“céus” que comporiam o Universo.
Ficha Técnica |
Título: Gnosis
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Diretor: Tamara Hahn
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Roteiro: Tamara Hahn
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Elenco: criaturas feitas por Megan Cross
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Produção: Tamarama Studios
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Distribuição: on line Vimeo
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Ano: 2013
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País: EUA
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