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quarta-feira, novembro 16, 2016
"Doutor Estranho" submete elementos místico-gnósticos ao clichê da quebra e retorno à ordem
quarta-feira, novembro 16, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Por um lado,
“Doutor Estranho” é uma evolução no universo Marvel: no lugar de super-soldados
e playboys tecnológicos, a magia e a inteligência. Mas do outro, a magia (com
referencias gnósticas e budistas) não é libertária mas destinada a manter a
“ordem natural”: a seta do Tempo, a entropia e a morte – justamente as falhas
cósmicas que o Gnosticismo de produções como “Matrix” ou “Sense8” e o budismo
tibetano (uma fonte de inspiração do personagem) denunciam como prisões na “Roda do Samsara” – ciclo vicioso da
morte/reencarnação. Em "Doutor Estranho" quem pretende romper com a ilusão são os vilões (a “Dimensão Negra” ) e os heróis são aqueles que punem quem pretende quebrar a
Ordem. "Doutor Estranho" explicita o clichê narrativo hollywoodiano que é o cerne
ideológico do entretenimento comercial: "quebra-da-ordem-e-retorno-à-ordem" – a luta para que a ordem seja mantida. Mas o que realmente
fascina o público no filme é o show da possibilidade de que a ordem será toda
mandada pelos ares. Até a magia colocar tudo no lugar.
sexta-feira, outubro 21, 2016
"Computers for Everyone": houve uma falha na Matrix em 1965?
sexta-feira, outubro 21, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em
1965, uma obscura revista de história em quadrinhos inglesa para crianças e
jovens chamada “Eagle” publicou um artigo intitulado “Computers For Everyone”.
O texto previa com assombrosa exatidão o surgimento dos motores de busca na
Internet para os anos 1990 e serviços análogos aos atuais Netflix, Kindle e
Skype. Isso, cinco anos antes da pré-história da moderna Internet, a Arpanet em
1969. O que espanta é que foram profecias bem diferentes daquelas famosas de
escritores como Júlio Verne ou H.G. Wells: em pleno mundo analógico dos anos
1960, o artigo previa gadgets digitais como a Internet das Coisas. Apenas boa
futurologia? Ou haveria uma outra narrativa para a história da ciência e
tecnologia? Todas as invenções que irão estruturar o futuro já foram descobertas
e patenteadas. Elas são “desovadas” aos poucos, de acordo com necessidades
estratégicas de mercado, políticas ou militares. Poderiam assombrosas visões do
futuro como essas publicadas em um comic book isolado ser uma falha na Matrix?
Um verdadeiro déjà-vu?
quinta-feira, agosto 18, 2016
Em "Esquadrão Suicida" o Coringa foi a maior vítima
quinta-feira, agosto 18, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A maior vítima do filme “Esquadrão Suicida” não foi a super-vilã do Outro Mundo Enchantress. Foi o Coringa de Jared Leto, vítima da diluição de todos os vilões do filme na estratégia ideológica do “good-bad evil”: maus, porém com bom coração. Os brutos também amam. Forma hollywoodiana de esvaziamento do Mal ontológico – o vilão não quer se vingar do herói, mas da sociedade hipócrita que o produziu. Em tempos de endurecimento da guerra contra o terrorismo, Hollywood não pode permitir mais um Coringa como o de Heath Ledger. Com a neutralização do arquétipo do Coringa, pelo menos Leto livrou-se da maldição sincromística que o palhaço do crime parece lançar sobre os atores que o encarnam.
quinta-feira, julho 28, 2016
Carma, metalinguagem e Fernando Pessoa no filme "Zoom"
quinta-feira, julho 28, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Zoom” é uma expressão inglesa com um duplo significado: poder ser
“zunir” (“to zoom past” como “passar zunindo” ) ou a lente fotográfica que pode
aproximar ou afastar-se de um objeto cujo movimento de ajuste produz um
“zunido”. O filme “Zoom” (2015, Brasil-Canadá) de Pedro Morelli explora esse
duplo sentido do termo ao criar três universos meta-narrativos (literatura, HQ
e cinema) onde os protagonistas ignoram as existências paralelas, sem saber que
suas decisões se afetam mutuamente: uma desenhista faz uma HQ sobre um diretor
de cinema que faz um filme cuja protagonista escreve um romance sobre a
desenhista de HQ. Zoom explora o simbolismo carmico de “ouroboros”, a cobra que
come o próprio rabo. E o misticismo do silêncio do poeta português Fernando
Pessoa.
sábado, maio 14, 2016
"Der Samurai" e as "rolhas" que aprisionam nossas almas
sábado, maio 14, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um dos filmes mais estranhos de 2015. O
filme alemão “Der Samurai” faz uma releitura da fábula de Chapeuzinho Vermelho
onde é explicitado aquilo que sempre foi latente e simbólico nos contos de
fadas originais: sexualidade e violência. Uma pequena cidade na fronteira entre
Alemanha e Polônia tenta solucionar problemas com lobos. Mas
isso será apenas o prenúncio de algo mais sombrio: a chegada de um estranho
samurai em vestes femininas empunhando uma katana – o sabre samurai. Ele
chegou para acabar “com as rolhas feias que aprisionam nossas almas”. E um
jovem policial passa a persegui-lo em uma cruzada para acabar com as mortes
aparentemente arbitrárias. Mas ele descobrirá que algo escondido está sendo
desencadeado por aquela bizarra figura. “Der Samurai” é também uma oportunidade
de compararmos as adaptações dos velhos contos de fadas com as feitas para o cinema dos super-heróis das
HQs, verdadeiros contos de fadas modernos.
terça-feira, novembro 24, 2015
Uma jornada xamânica em "Blueberry: Desejo de Vingança"
terça-feira, novembro 24, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma verdadeira cápsula do tempo. Um daqueles filmes que mereciam ser
enterrados na época do seu lançamento para depois serem redescobertos como
verdadeiras pérolas. O filme “Blueberry” (aka "Renegade") do francês Jan Kounen (2004) foi
ridicularizado pela crítica e público para hoje ser saudado como um western
sobrenatural, um cult do xamanismo no cinema.
Blueberry não é apenas um filme sobre jornadas espirituais xamânicas de
um protagonista à beira da morte: os próprios efeitos especiais e imagens
cinéticas induzem o espectador a imergir em estados alterados de consciência. O
desejo de vingança de um protagonista transforma-se em jornada xamânica de
autoconhecimento desconstruindo as códigos do gênero faroeste – vingança,
honra, dominação e conquista.
O gênero western
já foi muitas vezes desconstruído no cinema por sátiras (Banzé no Oeste, 1974, de Mel Brooks), o exagero revivalista do
spaghetti western italiano dos anos 1960-70, a fusão do western com séries policiais urbanas nos anos 1970 (McCloud
– 1970-77) ou a paródia dos códigos e convenções dos duelos e violência nos
filmes de Tarantino.
Mas nada se equipara
ao western francês Blueberry. Baseado
no faroeste em quadrinhos francês homônimo de Jean-Michel Charlier e Jean
“Moebius” Giraud, o filme foi muito mais além da simples adaptação de um comic book: o filme transformou-se em
uma jornada espiritual após o próprio diretor do filme se encontrar com índios
xamãs que o iniciaram a rituais verdadeiros.
sexta-feira, julho 31, 2015
Virada gramatical tenta curar tiro no pé da grande mídia
sexta-feira, julho 31, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois de décadas de jornalismo adversativo onde dominavam conjunções
como “mas”, “porém”, “contudo” etc. para minimizar impactos negativos e, com os
governos petistas como oponentes, inverter o sinal e as adversativas
minimizarem impactos positivos, a grande mídia dá uma virada gramatical:
adjuntos adverbiais de concessão como “apesar da crise, indústria cresce...” ou
“mesmo com a crise, setor de informática vende mais...” passam a se repetir ao ponto
de tornarem-se bordões ridicularizados em redes sociais. Por que essa virada gramatical? Depois de 12 anos em uma cavalgada suicida querendo provar que o
País está no abismo econômico detonando bombas semióticas da crise
autorrealizável, a grande mídia chegou ao limite: a presunção da catástrofe
volta-se contra ela própria, com queda de audiência e anunciantes. Depois do tiro no pé a grande mídia parece tentar sinalizar ao mercado:
“apesar da crise, anuncie aqui!”.
Lá pelo final do
século passado, em plena crise do Plano Real com as maxidesvalorizações logo
depois da reeleição presidencial de Fernando Henrique Cardoso, um helicóptero
da TV Globo sobrevoava os pátios lotados de veículos das montadoras da região
do ABC paulista. A voz ao vivo do repórter aéreo falava em pátios lotados,
crise e férias coletivas. Corta para o estúdio. E o apresentador Chico Pinheiro
contemporizou: “Mas quem ganhará é o consumidor com os descontos que as
concessionárias oferecerão...”.
Essa era ainda a
época do jornalismo adversativo. Embora o jornalismo sempre tenha vivido da
presunção da catástrofe (o acidente, o bizarro e o endêmico prendem a atenção
do espectador), a utilização das conjunções coordenadas adversativas (mas,
porém, contudo, todavia etc.) sempre tiveram duas funções primordiais.
sexta-feira, maio 01, 2015
"Tropa de Elite" e "Guerra ao Terror": o São Jorge do BOPE e um Dragão que nunca existiu, por Claudio Siqueira
sexta-feira, maio 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O
que há em comum entre os EUA, com seu exército que massacra o Oriente Médio sob
o pretexto de “Guerra ao Terror” e o BOPE ocupando as favelas cariocas? Além de
serem endossados pela mídia em reportagens tendenciosas e filmes como “Tropa de
Elite” e “Guerra ao Terror”, ao mesmo tempo está presente, nas formas mais sutis, o arquétipo de São Jorge e o Dragão.
Desde o “Livro dos Mortos” egípcio, passando pela propaganda do império Romano
até chegar na indústria do entretenimento atual dos filmes e HQs (Superman,
Ultraman, Batman etc.), todos têm no ícone do “São Jorge, O Santo Guerreiro” a
reedição por séculos de um poderoso arquétipo. Todos caçando monstros que só
existem em sonhos.
* Claudio Siqueira é Estudante de Jornalismo, escritor, poeta, pesquisador de Etimologia, Astrologia e Religião Comparada. Considera os personagens de quadrinhos, games e cartoons como os panteões atuais; ou ao menos arquétipos repaginados.
* Claudio Siqueira é Estudante de Jornalismo, escritor, poeta, pesquisador de Etimologia, Astrologia e Religião Comparada. Considera os personagens de quadrinhos, games e cartoons como os panteões atuais; ou ao menos arquétipos repaginados.
Em Guerra ao Terror, filme
vencedor de seis prêmios, Kathryn Bigelow fez o caminho inverso ao de James
Cameron com seu Avatar, que mostra a
vitória do oprimido; da favela, do Oriente Médio, do povo nativo contra o
invasor. Não por acaso, ganhou apenas três.
Mas nada se compara ao filme Tropa
de Elite. Por mais irônico que pareça, foi um sucesso por parte dos
guerrilheiros urbanos citados no início deste ensaio. A continuação, Tropa de Elite 2, foi a maior bilheteria
da história do cinema nacional, tendo sido o único a superar a marca de dez
milhões de espectadores desde 1976, feito atingido por Dona Flor e Seus Dois Maridos.
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