sexta-feira, fevereiro 17, 2023

Em 'Pearl' nasce uma estrela... sangrenta!



Em Pearl (2022), o diretor Ti West troca a fazenda abandonada e sombria dos anos 1970 do slasher do filme “X” pela mesma fazenda, mas agora em 1918, com um brilhante colorido tecnicolor, em busca das origens do massacre do filme anterior da futura trilogia. Lá encontramos Pearl jovem e cheia de sonhos escapistas tentando fugir de uma realidade familiar e econômica opressiva. Sonhos de se tornar uma celebridade: dançarina dos filmes de uma seminal Hollywood. Ser amada e aceita por todos. Mas há algo muito errado com ela – como as pessoas podem se tornar assustadoras ao alimentar a necessidade corrosiva de serem vistas a todo custo.

quarta-feira, fevereiro 15, 2023

OVNIs e Jung na Guerra Cognitiva da Guerra Fria 2.0


Em 2021 este “Cinegnose” já apontava o início da estratégia cognitiva de aproximação entre OVNIs e Guerra Fria 2.0 contra o eixo Rússia/China. Naquele ano, começava o hype das autoridades dos EUA e da mídia em torno do fenômeno OVNI com a publicação de relatório da Inteligência e imagens de jatos de caça perseguindo objetos voadores. No mesmo ano, a OTAN promovia um encontro cujo painel principal era sobre Guerra Cognitiva – aspecto da Guerra Híbrida que vai além da guerra da informação. Os três “OVNIs” abatidos por EUA e Canadá, cuja natureza seria mais terrestre (chinesa) do que interplanetária, já é a guerra cognitiva em ação. Além de desviar a atenção da denúncia de terrorismo dos EUA no Nord Stream e o novo Chernobyl criado por um acidente ferroviário em Ohio, há algo maior: alterar a nossa cognição ao contaminar ficção e realidade através do arquétipo dos discos voadores, tal qual descrito por Carl G. Jung.

sábado, fevereiro 11, 2023

Live de domingo: Nirvana, grande mídia quer crise permanente e Lula visita o executor da guerra híbrida brasileira


Mesmo com os juros altos e empresas falindo, a Live Cinegnose 360 fará igual ao capitão do Titanic: será o último a pular do navio! E continua na edição #94, nesse domingo (12/02), às 18h, no YouTube. Vamos começar com Nirvana e o Grunge: raiva, isolamento e morte como matéria-prima da indústria de entretenimento. Depois, uma novidade e um revisita: a destruição da alma na destruição do corpo no filme “Infinity Pool” (2023); e em seguida esse humilde blogueiro vai revisitar “Rambo: Programado Para Matar” (1982): do cinema esquizo à propaganda patriótica de um país humilhado. E por falar em propaganda, vamos discutir os 10 princípios da propaganda de guerra, aplicados na Ucrânia. E na Crítica Midiática da Semana: Juros altos e George Soros tinha razão, “o mercado vota todo dia”, principalmente na grande mídia brasileira; o “garimpo ilegal”: o exercício diário da mídia para esconder seu principal ativo, as Forças Armadas; Ironia: Lula visita “sleep Joe”, o executor da guerra híbrida brasileira; Folha mostra o modus operandi de como tornou o Brasil Profundo “aceitável”; Jornalismo corporativo decreta: Governo Lula será uma crise permanente. E mais algumas bombinhas semióticas. É nesse domingo! 

Revisitando 'Rambo: Programado Para Matar' - do cinema esquizo ao patriótico


O personagem John J. Rambo acabou sendo ressignificado pela propaganda nacionalista de Hollywood da Era Reagan. Uma propaganda feita para exorcizar a crise moral dos EUA pela derrota humilhante no Vietnã: do personagem disfuncional para o ícone fálico-exibicionista da máquina militar norte-americana. Por isso, o primeiro filme da franquia “Rambo: Programado para Matar” (Rambo: First Blood, 1982, disponível no MUBI) acabou contaminado pelos filmes posteriores. Esse filme precisa ser revisitado, pois foi um filme fora da curva num momento em que Hollywood produzia uma onda de “filmes recuperativos” para elevar o moral da América. Rambo é ainda o anti-herói que ecoa todos os anti-heróis do chamado “cinema esquizo” dos anos 1970 de filmes como “Um Estranho no Ninho” e “Taxi Driver”: protagonistas instáveis, obsessivos, paranoicos e disfuncionais que declaram guerra contra seu próprio país.

quinta-feira, fevereiro 09, 2023

Banco Central autônomo: o mercado vota todo dia na grande mídia


Como a grande mídia percebeu que dar chiliques não está dando certo (vide os casos da AGu querendo combater fake news e a “moeda única” do Mercosul), partiu para outra estratégia: cobertura ansiosa dos acontecimentos. Se nas eleições do Senado, a Globo criou um estúdio dentro do Congresso para o corpo-a-corpo, agora na “guerra” entre Lula e Banco Central coloca em ação seus informantes de pauta das mesas de operações das corretoras de valores. E até trazem para os estúdios, numa ação rara ou inédita. George Soros disse certa vez: “o mercado vota do dia”. No campo econômico, vota através da “porta giratória” das políticas monetárias do Banco Central. E no campo semiótico através da cegueira da patuleia com efeitos midiáticos de ciência econômica: números, tabelas e infográficos caprichados, com operadores sendo entrevistados tendo ao fundo múltiplas telas com gráficos coloridos – criando o efeito de tecnicidade neutra.  Enquanto Lula é “palanqueiro” e faz “jogadas”, Roberto Campos Neto divulga “atas”, faz “política monetária” e “não gosta de fortes emoções”.

O horror da destruição da alma em 'Infinity Pool'


Hotéis, resorts e assemelhados sempre renderam no cinema narrativas de mistério e terror. Sob uma infraestrutura de entretenimento e prazer sempre se oculta algum tipo de submundo ou subcultura. “Infinity Pool” (2023), terceiro filme de Brandon Cronenberg, alinha-se com essa mitologia: um resort em um país fictício asiático oculta uma subcultura perversa de turismo que envolve hedonismo, amoralidade e violência. Seguindo a trajetória do pai, David Cronenberg, “Infinity Pool” entra no campo do terror corporal. Porém, enquanto o pai trata da desintegração corporal, Brandon Cronenberg analisa a destruição das almas: através de um processo de punição de clones dos condenados por crimes, o que acontece com a humanidade de alguém ao saber que seus crimes não terão consequências reais.

sábado, fevereiro 04, 2023

Faith No More; a algoritmização do pensamento; balões chineses e golpe tabajara: mídia acredita em qualquer coisa


O Golpe pode ser “tabajara”, mas não a Live Cinegnose 360 #93, nesse domingo (05/02), às 18h, no YouTube. O humilde blogueiro acha mais um vinil no sótão: “The Real Thing”, do Faith No More: há 33 anos, o álbum que anteviu o grunge. Depois da sessão dos Comentários Aleatórios sobre obituários, semiótica das cores etc., vamos discutir os filmes “Significant Other” (Lacan e H.P. Lovecraft se encontram) e a série “The Last of Us” (videogames, pós-apocalipse e o zeitgeist do século XXI). E precisamos falar sobre o marketing da Inteligência artificial e a algoritmização do pensamento: a nova religião da autoabdicação humana. E a Crítica Midiática da semana está pegando fogo! Lacerdização da política e como grande mídia transformou eleição do Senado em “terceiro turno”; Marcos “Swat” do Val, a “minuta do golpe” e a estratégia de comunicação alt-right: como a mídia cai no conto do “golpe tabajara”; o balão de espionagem chinês: “colonistas” querem acreditar em qualquer coisa! Morreu o banqueiro que salvou a TV Globo; as 10 regras da propaganda de guerra. Tudo isso no domingo... venha conspirar com os cinegnósticos!

sexta-feira, fevereiro 03, 2023

Série 'The Last of Us' ou como aprendi a parar de me preocupar e amar armas!


Kubrick deu um segundo título, irônico, ao clássico “Doutor Fantástico”: “Como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba”. Eram tempos em que filmes apocalípticos e pós eram libelos pacifistas. Mas o zeitgeist do século XXI sobrevivencialista mudou tudo e os filmes pós-apocalípticos ironicamente viraram a realização dos sonhos para qualquer paranoico extremista de direita. Baseado no sucesso do videogame homônimo de 2013, a série “The Last of Us” (2023-, disponível na HBO Max) coloca na tela o melhor que o cinema americano faz: narrativas de perseguição com muitas, muitas armas. E “sobrevivencialistas” armados até os dentes contra a “Nova Ordem Mundial”. Também lutando contra zumbis canibais infectados por um fungo mutante. Até aqui (três episódios) a moral da série parece essa: CACs e extremistas de todo tipo tinham razão - armas são o que garantem a liberdade, o amor e a felicidade. Parece que não somente as baratas sobreviverão ao fim do mundo. Juntos estarão os “sobrevivencialistas”.

quinta-feira, fevereiro 02, 2023

"Se tomar posse não governa": mídia transforma eleição do Senado em "Terceiro Turno"


“Se tomar posse, não vai governar”, dizia o udenista Carlos Lacerda contra Getúlio Vargas. Hoje usa-se o eufemismo do “terceiro turno”. Ansiosa, a grande mídia nem esperou pelos primeiros 100 dias: depois dos chiliques contra as evidências de política desenvolvimentista no Mercosul, transformou a eleição à presidência do Senado num “terceiro turno polarizado”. A reeleição de Rodrigo Pacheco era dada como certa. De repente, o quadro mudou: a mídia passou a inventar que a disputa se tornou “acirrada” e que adversário Rogério Marinho (PL-RN) já contava com “traições” e de que teria virado o placar. A profecia autorrealizável (que contou com o tradicional lobby da Globo com estúdio dentro do Congresso) não deu certo. Mas o jornalismo corporativo está cevando seus ativos: o bunker bolsonarista do Senado, a ambígua figura de Arthur Lira e o “Exército Psíquico de Reserva” dos bolsomínios – agora espicaçados com a mitomania do senador Marcos “Swat” do Val denunciando plano de grampear o ministro Alexandre de Moraes.

Jacques Lacan e H.P. Lovecraft se encontram no filme 'Significant Other'


Um dos filmes mais interessantes e surpreendentes de 2022. Diretores e roteiristas independentes vêm buscando nos últimos anos projetos que não consigam ser encaixados num único gênero. Assim como o filme “Significant Other”, um híbrido de drama, terror e ficção científica no qual cada “plot twist” faz a narrativa dar uma reviravolta de gênero. Mas a dupla de diretores/roteiristas Dan Berk e Robert Olsen vai além ao conectar a semiótica do desejo de Lacan (o outro como “significante”) e o horror cósmico de H.P. Lovecraft. Um casal tenta se reconectar romanticamente numa longa caminhada por uma trilha na costa noroeste do Pacífico. Só que esse “reconectar” tem sentidos (ou “significantes” lacanianos) diferentes para cada um. Sem saberem, são observados por alguma coisa de fora desse mundo. Que, ironicamente, descobrirá essa incompletude originária na qual se fundamenta o desejo humano.

sábado, janeiro 28, 2023

Buzzcocks; como escapar da Matrix em 10 filmes; chiliques da grande mídia dão conteúdo às redes extremistas


Informação, debate, análises e (por que não?) a solução final para o tédio do final de domingo. Tudo isso na Live Cinegnose 360 #92, nesse domingo (29/01), às18h, no YouTube. Na sessão dos Vinis e CDs perdidos no sótão desse humilde blogueiro, vamos mudar de vibe com o punk seminal do Buzzcocks: o tédio como força propulsora do punk. Depois análises do filme japonês “Tag” (a cultura pop gnóstica japonesa) e “It Comes at Night” (terror reverso e realismo capitalista). Como fugir da Matrix? O Cinema dá a resposta: 10 definições de gnose através de filmes. E retornando ao mundo ordinário, a Crítica Midiática da Semana: as conexões ocultas entre dois chiliques da grande mídia nesse começo de ano; economia e geopolítica no giro de Lula pelo Mercosul; o que está por trás da nacionalização da pauta dos telejornais regionais; por que jornalismo da Globo está interessada no consumo da favela de Paraisópolis e Heliópolis? Jornalismo corporativo descobre Yanomamis e minimiza Forças Armadas. E muito mais! E é tudo nesse domingo!  

Na segunda-feira, no YouTube, o leitor encontra a Live Cinegnose 360 #92 com minutagem, bibliografia e discografia.


sexta-feira, janeiro 27, 2023

Mídia "de qualidade e profissional" fornece matéria-prima para redes de extrema-direita


Nos últimos dias os “colonistas” da imprensa corporativa tiveram dois chiliques: primeiro, quando o governo criou órgão na AGU para combater fake news. E, nessa semana, quando Lula visitou o presidente Fernández na Argentina. Cenários distópicos orwellianos começaram a ser pintados: um Governo que não só controlará a liberdade de informação, mas também decretará o fim do real no Mercosul da “moeda única”. Esses dois chiliques guardam uma oculta conexão: a grande mídia, supostamente produtora de “informação de qualidade e profissional”, é a principal fornecedora de matéria-prima para conteúdos das redes de extrema-direita. Entre a sensacionalista expressão “moeda única”, o déjà vu das críticas ao BNDES financiando “ditaduras de esquerda” e a crítica ambiental seletiva do gás de xisto argentino, fica clara a dialética grande mídia e estratégias de desinformação da extrema-direita. 

quinta-feira, janeiro 26, 2023

O terror reverso no filme 'It Comes at Night'


Uma família sobrevivente de uma pandemia que matou grande parte da população se abrigou em uma cabana remota para estocar água e comida, armados e desconfiados de qualquer um que se aproxime. Quantas vezes já vimos variações desse plot, com zumbis saindo de surpresa da floresta? Mas em “It Comes at Night” (2017) as coisas não são assim: os vilões não são mais zumbis ou ameaças pandêmicas, mas vem de dentro para fora - perdas, o luto, a dor, o medo, a desconfiança e a paranoia. No limiar entre civilização e caos, uma família mantém exigentes protocolos de segurança para criar algum senso de ordem e estabilidade. Até chegar uma jovem família desesperada em busca de refúgio, que fará emergir um vilão ainda mais mortal: o terror reverso.

quarta-feira, janeiro 25, 2023

A cultura pop gnóstica japonesa no filme 'Tag'


Animes, mangas, filmes e romances japoneses, repletos de gritantes gráficos coloridos e ações com temas fantásticos e futuristas, são tão desapegados das regras hollywoodianas ocidentais que permitem aos autores mergulhos profundos na psicologia e mitologia. Claro, sempre numa perspectiva pop. Um campo que facilmente absorve o esoterismo gnóstico, que melhor representa mundos distópicos violentos e ciberpunks catárticos.  “Tag” (2015), de Sion Sono, é um bom exemplo: baseado em um romance popular que gira em torno de meninas colegiais que se tornam presas de professores e de um híbrido humano-porco em um mundo sem homens. Tudo isso enquanto são objetificadas para algum olhar masculino onipresente: seria o de um Demiurgo? Do espectador? Ou do próprio diretor? Mitologias clássicas gnósticas do Demiurgo, de almas decaídas, do Salvador e do Divino Feminino narradas em toda glória da cultura pop japonesa. 

sábado, janeiro 21, 2023

O rock prog da Premiata Forneria Marconi; tiros semióticos e como mídia esconde sistema operacional das FA


Como esse mundo não deixa o humilde blogueiro em paz, a Live Cinegnose 360 continua nesse domingo (22/01) com a edição #91, às 18h, no YouTube. Vamos continuar na vibe do rock progressivo com os italianos da Premiata Forneria Marconi: rock prog e a Itália na Guerra Fria. Depois, vamos discutir dois filmes subestimados e esquecidos: “Homem Bicentenário” (morte e a singularidade tecnológica) e “2019 – O Ano da Extinção” (Vampiros e Gnosticismo vão à ficção científica). Em seguida, uma pergunta: por que os idosos foram atraídos pelo bolsonarismo? Uma resposta que também chega aos jovens. E na crítica midiática da semana: Big Brother Brasil, ecologia maléfica e como o gênero reality show foi inspirado no experimento Biosfera 2; o tiro semiótico da Folha em Lula e mais bombas semióticas metonímicas; por que grande mídia quer “virar a página” na questão das Forças Armadas? a espuma midiática das investigações sobre os ataques de Brasília; para grande mídia sumiço do dinheiro da formatura da Medicina USP é mais importante do que rombo das Lojas Americanas. Venha conspirar no domingo! 

Na segunda-feira, no YouTube, o leitor encontra a Live Cinegnose 360 #91 com minutagem, bibliografia e discografia.



sexta-feira, janeiro 20, 2023

Vampiros e gnosticismo vão à ficção científica no subestimado '2019 - O Ano da Extinção'


A Era “Crepúsculo” acabou dominando o mercado dos vampiros que caminham durante o dia na primeira década desse século. O que deixou a produção australiana "2019 - O Ano da Extinção" (Daybreakers”, 2009) em busca de um público. Acabando esquecida com o passar dos anos. É um filme extremamente subestimado no qual os vampiros passam para o campo sci-fi – um futuro em que eles estão no controle do mundo. Na maioria das narrativas vampiros são seres que se escondem nas trevas e têm vidas secretas. Mas nesse filme tudo se inverte: são os humanos que escondem sua humanidade numa sociedade em que foram transformados em rebanho para colheita de sangue, algo parecido com “Matrix”. Vampiros, assim como zumbis, são fascinantes porque lembram para nós a própria condição gnóstica humana: nem a morte é suficiente para escaparmos desse mundo. Mas em “Daybreakers’ eles passam para o outro lado: são entidades inteligentes e demiúrgicas que controlam os humanos.

Folha dispara tiro semiótico em Lula


A resposta veio rápida. Depois da entrevista que Lula concedeu a uma “colonista” da Globo News criticando a necessidade da autonomia do Banco Central, o dia seguinte foi ocupado por sabujos do jornalismo corporativo espumando de ódio nos canais de notícia. E o jornal Folha de São Paulo estampando na primeira página uma fotomontagem sugerindo que Lula sofria um tiro certeiro no coração, por trás de um vidro estilhaçado. “Estamos dando uma ideia, quem se habilita?”, parece sugerir com a foto posicionada ao lado da manchete principal ambígua. Na verdade uma notícia requentada para turbinar a escalada da tensão entre Governo e Forças Armadas. A fotógrafa Gabriela Biló fez uma fotomontagem. Mas a Folha a usou como fosse fotojornalismo para construir uma bomba semiótica metonímica: texto + imagem = terceiro significado. A bomba semiótica explode num contexto em que a grande mídia tem que buscar solução para duas questões: (a) esconder as psyOps das Forças Armadas debaixo da espuma midiática das investigações sobre a invasão de Brasília; (b) desvencilhar-se da mais-valia semiótica de Lula pós-invasão: a agenda de Estado.

quinta-feira, janeiro 19, 2023

Morte e Singularidade tecnológica no filme 'Homem Bicentenário'


Um clássico esquecido, mesmo entre os fãs do ator Robin Williams. Na época, “Homem Bicentenário” (Bicentennial Man, 1999) foi um fracasso de bilheteria com uma péssima promoção, inclusive com trailers que sugeriam como mais um veículo para o personagem do pateta com coração, como o ator se notabilizou em filmes anteriores. Mas “Homem Bicentenário” é um drama sério de ficção científica, que se inseriu numa guinada metafísica de Hollywood no final de século, com filmes como Dark City, Show de Truman e Matrix. Mais do que isso, foi na contramão do imaginário místico que começava a motivar o Vale do Silício: a Singularidade tecnológica como a busca da imortalidade através da digitalização da consciência – a agenda pós-humanista. Ao contrário, o filme faz uma reflexão humanística: um robô alcança a Singularidade, mas tenta aprender o que nos torna humanos: a mortalidade como o principal traço da alma humana.

quarta-feira, janeiro 18, 2023

Big Brother Brasil: Biosfera 2, Ecologia Maléfica e TV Excremental



É curioso lembrar que formatos de reality show como o Big Brother Brasil que começou dia 16 se inspiraram no fracasso de um projeto científico de 1991: o “Biosfera 2”, no qual cientistas ficaram confinados e isolados por dois anos em uma gigantesca estrutura que simulava os principais biomas (animais e vegetais) da Terra. Monitorados por câmeras por pesquisadores em todo o planeta. Mas a “ecologia maléfica” abortou o projeto: o ecossistema confinado gerou pragas e... baratas, muitas baratas! Porém, falha no projeto científico tornou-se a matéria-prima do esquema de negócios do reality show que começou na MTV e tomou a forma final no BB na Holanda - enclausurar uma diversidade humana proveniente de diferentes biomas sociais para exibir ao vivo a emergência explosiva da ecologia maléfica: assim como a natureza é predada por ervas daninhas, formigas e baratas, as relações humanas o são pela intolerância, preconceito, violência, estupidez e crueldade. Que cumprirá as quatro funções da “TV Excremental”: sacrifício, disciplina, vigilância e reenergização através da violência.

sábado, janeiro 14, 2023

O prog rock da banda Focus; a semiótica da retórica da ameaça; porquê a invasão de Brasília foi um não-acontecimento


Vai ter golpe? Não vai ter golpe? O certo é que vai ter GUERRA, híbrida e semiótica! E o front começa na Live Cinegnose 360 #90, neste domingo (15/01), 18h, no YouTube. Mas antes das bombas semióticas, vamos falar de algo mais ameno - o rock progressivo da banda Focus: algo curioso estava acontecendo na Holanda no início dos anos 1970. Depois, vamos discutir os filmes “M3gan” (Nietzsche, brinquedos e inteligência artificial) e o brasileiro “Clube dos Canibais” (a visão nordestina gore e exploitation da luta de classes). Na esteira das conspirações da extrema-direita brasileira, vamos fazer uma análise semiótica da “retórica da ameaça” (“Threatoric”): como se usa a linguagem para atiçar a violência. E a Crítica Midiática da Semana: Por que a invasão de Brasília foi um “não-acontecimento”; a controvérsia do conceito de “terrorismo”; como grande mídia tenta jogar as Forças Armadas para debaixo do tapete; A criatividade semiótica cínica da Globo News; de que lado está o jornalista Glen Greenwald? Quais são os ativos da grande mídia para futuras guerras semióticas? Grande mídia dá chilique ao saber que Governo vai criar órgão contra fake news; identitarismo na Faria Lima. Venha para o front semiótico nesse domingo!

quinta-feira, janeiro 12, 2023

Nietzsche e terror na inteligência artificial de um brinquedo no filme 'M3gan'


Estamos acostumados com distopias em torno da Inteligência Artificial ambientadas em laboratórios ou bunkers tecnológicos numa atmosfera Frankenstein. Bem diferente, “M3gan” (2022, com estreia prevista no Brasil dia 19 de janeiro) desloca o tema para a indústria dos brinquedos infantis: um androide de um metro e meio de altura, grandes olhos como uma boneca vitoriana, uma peruca surrada e um guarda-roupa vintage. Ao contrário do boneco Chucky, M3gan não é animada por um fantasma, mas por uma “machine learning”. Um brinquedo que vira babá, matando (até literalmente...) três coelhos com uma cajadada: dar sossego para os pais, o amigo imaginário infantil que vira real, além de revolucionar o mercado de brinquedos. Ausência simbólica dos pais, o destino dos brinquedos numa sociedade tecnológica e a Singularidade da IA como “vontade de potência” nietzscheana são os principais temas do filme.

terça-feira, janeiro 10, 2023

A invasão de Brasília não aconteceu


“Capitólio brasileiro!”, cravam os “colonistas” da grande mídia diante da invasão e destruição dos prédios dos três poderes nesse domingo. Um ardil semiótico com dois objetivos: (a) esconder a centralidade da Forças Armadas no processo ao sugerir tudo como resultante do fenômeno global da escalada da extrema-direita; (b) ocultar a natureza de não-acontecimento da invasão – acontecimento fabricado para repercussão midiática, como operação psicológica para, mais uma vez, levantar o espantalho do golpe. Como todo não-acontecimento (assim como os atentados terroristas na Europa de 2012 a 2016), apresenta características como ambiguidade, timing, além da pergunta: quem ganha? Nesse momento o jornalismo corporativo tenta reverter o tiro no pé: diante de mais uma estratégia de emparedamento, Lula consegue reverter a pauta midiática ao criar uma agenda de Estado (a defesa da Democracia) da qual a mídia corporativa é obrigada a participar. Será que Lula dobrou a aposta e pagou para ver? Tudo está menos para o Capitólio, e muito mais para o 11 de Setembro.

sábado, janeiro 07, 2023

Jon Spencer Blues Explosion; Mídia com transtornos psíquicos tenta cavar crises no Lula 3 e azeita canais com seus ativos


Neste domingo continua a incansável e intrépida Live Cinegnose 360, na qual o humilde blogueiro arrisca até a integridade mental para enfrentar bombas semióticas. É a edição #89, domingo (08/01), às18h, no Youtube. Depois dos Comentários Aleatórios (aleatoríssimos, abordando até as relações entre o próximo filme de Indiana Jones com um mistério conspiratório do Vaticano), a edição #89 começa com a sessão de CDs: Jon Spencer Blues Explosion: um estudante de semiótica no Blues. Vamos também discutir dois filmaços: “Ruído Branco” (o pavor existencial diante da morte) e “O Menu” (como Hollywood vê a luta de classes). Depois, vamos desmontar um tipo de bomba semiótica invisível, mas muito potente: as funções ideológicas e semióticas da “previsão do tempo” na TV, desde a ditadura militar. E na Crítica Midiática da Semana: um flagrante de como o jornalismo corporativo tenta cavar discórdia dentro do governo Lula 3; Grande mídia apresenta sintomas de transtorno bipolar e síndrome de Procusto; filme “O Sequestro do Voo 375”: uma bomba semiótica sincrônica? Governo Lula cria órgão para combater desinformação e grande mídia tem chiliques; Globo News cria o “faria limer” politicamente correto; Grande mídia azeita os canais com os seus ativos (Exército Psíquico de Reserva + ativos periféricos). Venha participar nesse domingo! 

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