segunda-feira, novembro 16, 2015
Atentados em Paris não aconteceram
segunda-feira, novembro 16, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Acumulação, consonância e onipresença. Esses três palavras definem a
atual cobertura da grande mídia brasileira aos ataques em Paris. Ao contrário
da autêntica Chernobyl brasileira em que se transformou a catástrofe ambiental e humana
em Mariana/MG com o rompimento da barragem de detritos da Vale do Rio
Doce/Samarco. Por que essa diferença de tratamento? Há muitos motivos políticos
e econômicos em não expor uma empresa privada anunciante na grande mídia. Mas
também porque a essência do terrorismo é midiática para ser midiatizável. Os
atentados em Paris foram praticamente um kit imprensa dado de mão beijada para
as redações com personagens, histórias e roteiros prontos. Será que esse é o
motivo da recorrência de relatos sobre a sensação de irrealidade em depoimentos
de vítimas e testemunhas? E também o motivo da espiral de especulações sobre
uma suposta Operação False Flag? E se os mais de 100 mortos não forem prova de
que testemunhamos um acontecimento real?
Terminado o jogo
França X Alemanha no Stade de France na fatídica noite de sexta-feira 13 dos
ataques em Paris, os torcedores se dirigiram ao gramado à espera da autorização
para deixar o local. Depois a TV mostrou ao vivo a multidão dirigindo-se aos
corredores de saída. Cantavam a Marselhesa, agitando a bandeira da França e
erguendo os punhos.
Certamente não era
pela comemoração da vitória da França por 2 a 0. Informados pelos celulares
sobre o que transcorria fora do estádio, o clima era de ódio, revolta e
evidente desejo de revide contra os terroristas. Essa talvez tenha sido a
imagem mais emblemática daquela noite, porque mostrou ao vivo o resultado
imediato dos ataques terroristas, de conveniência política e geopolítica – com
a maior população muçulmana da Europa e uma das sociedades mais divididas do
continente, reforça ainda mais a xenofobia contra a atual onda de imigrantes
fugidos da guerra na Síria e Afeganistão.
sábado, novembro 14, 2015
Cacau, Gnosticismo e lisergia em "Charlie e a Fábrica de Chocolate"
sábado, novembro 14, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O livro infantil “A Fantástica Fábrica de Chocolate” escrito por Roald
Dahl em 1964 resultou em duas adaptações cinematográficas: a de 1971 de Mel
Stuart e a de 2005 de Tim Burton. Enquanto na primeira adaptação os chocolates
assumem um tom lisérgico com humor non sense, em Tim Burton há um retorno as
origens cruéis dos contos de fada, fazendo um mix entre a sensibilidade
gnóstica e todo um simbolismo místico milenar pouco conhecido que envolve o
cacau e o chocolate. Rios de chocolate e florestas de confeitos da “Fábrica de Chocolate” escondem trabalho escravo e injustiça. E um Demiurgo
arrependido que tenta resgatar o élan espiritual perdido na infância em um
mundo cercado de tentações.
A história de um
garoto pobre que consegue realizar seus sonhos por ser uma boa criança. Um
leitmotiv simples e direto, sobre o qual o livro e as duas versões
cinematográficas conseguiram criar diversas camadas simbólicas transformando a
jornada do protagonista em algo essencialmente místico: como encontrar a luz espiritual
interior se vivemos em um mundo cercado de tantas tenções que nos faz esquecer
de nós mesmos?
terça-feira, novembro 10, 2015
Pesquisas revelam que novelas reduzem fertilidade e aumentam divórcios: controle de natalidade?
terça-feira, novembro 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Muito se tem falado que as telenovelas são “veículos de alienação” ou de criação do “consumismo”, principalmente as da TV Globo. Mas há algo ainda mais profundo: por década elas estariam moldando a percepção dos brasileiros em relação a filhos e casamento, resultando ne expressiva queda da taxa de fertilidade e aumento no número de divórcios. Esse é o resultado de duas pesquisas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o papel da televisão e das novelas no Brasil nas três últimas décadas. As pesquisas concluem que as telenovelas seriam um importante instrumento para “educar a população em questões sociais”. Será que por “questões sociais” o BID (entre outros bancos internacionais) entende como “controle de natalidade”?
As chamadas “soap
operas” norte-americanas (ou “novelas” como as denominamos) já nasceram sob o
signo da ação política. Quando surgiram no Brasil, as soap operas americanas já eram transmitidas de Miami para Cuba para
consolidar o estilo de vida americano na ilha caribenha. Até estourar a
revolução de Fidel Castro, derrubando o então ditador pró-EUA.
domingo, novembro 08, 2015
Curta da Semana: "Os Filmes Que Não Fiz" - o fascínio pelos perdedores
domingo, novembro 08, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O Curta da Semana dessa vez vai para uma produção brasileira: “Os Filmes
Que Não Fiz” (2008). A irônica filmografia de um diretor sem filmes. Se a
História é contada somente pelos vitoriosos para pisar na cara daqueles que
perderam, esse curta propõe o avesso: onde estão aqueles que apesar da
persistência, esperança e empenho acabaram perdendo e caindo no anonimato?
Cegos que somos pelos “cases” de sucesso, jamais conheceremos as histórias
humanas dos “losers”. Um curta ao mesmo tempo cômico e ácido sobre a realidade
do cinema nacional que não consegue transformar-se em indústria.
sábado, novembro 07, 2015
A psicanálise de um fantasma no filme "I Am a Ghost"
sábado, novembro 07, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Talvez o mais difícil não seja morrer, mas despertar do outro lado e ter
de se dar conta de que já está morto. Ultrapassar a fronteira entre a vida e a
morte pode ser algo tão imperceptível que continuamos do lado de lá a conviver
com os antigos traumas e fantasmas que nos atormentaram quando quando éramos
vivos. O horror independente “I Am a Ghost (2012)” mostra alguém que ainda não
se deu conta de que está preso em algum lugar entre a vida e a morte, e
continua repetindo seus antigos hábitos como nada tivesse acontecido. Uma voz
tenta despertá-la, fazendo do filme um surpreendente encontro entre Espiritismo
e Psicanálise.
“Ninguém precisa
de um quarto para ser assombrado. Não precisa ser uma casa. O cérebro tem
corredores suficientes que ultrapassam a matéria”. Essa epígrafe de um poema de
Emily Dickinson abre I Am a Ghost e
dá o tom de um filme que pode ser inicialmente descrito como o cruzamento entre
o argumento de Os Outros com Nicole
Kidman com o tema e a atmosfera visual de O
Iluminado de Kubrick.
Com um baixíssimo orçamento de 10 mil dólares, esse filme independente
de H.P. Mendoza segue a tradição de filmes como A Passagem (Stay, 2005) e
O Terceiro Olho (The Eye Inside, 2004) onde põe em questão aquela expressão que
dizemos quando recebemos a notícia da morte de alguém: “partiu dessa para a
melhor!”.
sexta-feira, novembro 06, 2015
"Onde Vivem Os Monstros" faz cartografia da mente selvagem infantil
sexta-feira, novembro 06, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Pokemons,
Trashpacks, Gogo’s e Monstros da Pixar. Uma série de monstrinhos e seres
fantásticos que representam o imaginário de um mundo infantil que resiste em se
tornar adulto. “Onde Vivem os Monstros” (Where The Wild Things Are, 2009) de
Spike Jonze, baseado num best-seller infantil de 1963 de Maurice Sendak, faz
uma obra-prima alegórica sobre um menino, seu quarto, a solidão e o poder da
imaginação capaz de criar uma assombrosa cartografia mental da infância. O
filme consegue ser superior à cartografia da mente feita pela animação
“Divertida Mente”, principalmente porque consegue representar as “coisas
selvagens” que habitam a mente de cada criança.
As experiências na infância da perda,
abandono, solidão e a necessidade de sentir-se amado talvez sejam o conjunto de
experiências mais representadas arquetipicamente por meio de jogos,
brincadeiras, contos de fada e, finalmente, no cinema de animação.
terça-feira, novembro 03, 2015
"Perdido em Marte": o estranho filme destoante de Ridley Scott
terça-feira, novembro 03, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme
que destoa do conjunto da obra de Ridley Scott – “Alien”, “Blade Runner”,
“Prometheus” entre outros universos distópicos. “Perdido em Marte” é um sci fi
estranhamente otimista sobre um astronauta deixado só numa missão no planeta
vermelho após um acidente, à espera da morte. Mas ele é cientista e botânico
com a determinação de um MacGyver ou de um John McClane de “Duro de Matar”, com
suas principais armas: lonas e fitas de silver tape. Contando com o velho
clichê do “nenhum americano será deixado para trás”, o filme parece uma grande
peça de propaganda NASA/complexo militar americano. Será que foi alguma
obrigação contratual da Fox ao diretor Ridley Scott na sua quarta produção seguida pelo estúdio? Estaria Scott seguindo os supostos passos de Kubrick nas relações perigosas com a NASA?
“No espaço ninguém poderá ouvir seus
gritos”. É surpreendente que o autor dessa linha de diálogo do filme Alien, o diretor Ridley Scott (artífice
de universos distópicos e gnósticos como em Blade
Runner e Prometheus), tenha
dirigido Perdido em Marte com linhas
de diálogo como “o mundo inteiro está torcendo por um só homem”. E ainda com um
protagonista que tenha falas como “o primeiro homem a pisar fora dessa
sonda”... “o primeiro a subir essa colina”, “o maior botânico do planeta”... “o
pirata espacial”... “o colonizador de Marte”... “foda-se Marte...”.
domingo, novembro 01, 2015
Em Observação: "Flowers" e "I Am a Ghost" - Espiritismo e Psicanálise no filme gnóstico
domingo, novembro 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
"Flowers" (2015) e "I Am a Ghost" (2012) são duas pequenas gemas da atual safra de filmes independentes que comprovam uma recorrência nos filmes desse início de século: narrativas sobre protagonistas presos em algum lugar entre a vida e a morte - a morte pode não ser um libertação, principalmente se você deixou essa existência sem fazer um acerto de contas com seus traumas e fantasmas. Filmes que fazem um surpreendente encontro entre Espiritismo e Psicanálise, merecendo estar "Em Observação" pelo Cinegnose. Além de serem filmes que comprovam a atual mudança de foco dos filmes gnósticos.
quarta-feira, outubro 28, 2015
Curta da Semana: "Rabbit" - Alquimia e a essência sombria dos contos de fadas
quarta-feira, outubro 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um curta que é um prato cheio de alusões a mitos alquímicos e à essência
sombria dos contos de fadas originais, perdida desde as adaptações comerciais
da Disney: é o Curta da Semana do “Cinegnose” – “Rabbit” (2005) do animador
inglês Run Wrake. Um conto de fadas invertido onde as crianças tornam-se vilãs
em uma narrativa surreal onde os pequenos protagonistas descobrem uma
fantástica maneira de transformar moscas em joias – um homúnculo viciado em
geleia de ameixa vermelha.
terça-feira, outubro 27, 2015
Mais louco é quem me diz - A exposição de Darcílio Lima, por Claudio Siqueira
terça-feira, outubro 27, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em junho deste ano houve a exposição "Darcílio Lima - Um Universo
Fantástico" na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. Cearense de
Cascavel, tornou-se um dos principais artistas brasileiros do Movimento
Surrealista, mas seu trabalho, assim como de muitos outros nomes do
surrealismo mundial, contém influências gnósticas que passam, como sempre,
despercebidas do grande público.
Conspiracionistas atestam que os conteúdos gnósticos presentes em obras
midiáticas possuem o intuito de inculcar mensagens subliminares nas mentes do
grande público; outros que tudo não passa de mera paranoia da parte de quem
assim pensa. Outros ainda, que os autores de tais obras não teriam conhecimento
real acerca das referências gnósticas presentes em suas obras. Se isso é
verdade, ao menos teríamos, talvez, a prova cabal do Inconsciente Coletivo
postulado por Carl Jung, posto que os mitos e arquétipos se repetem em
obras midiáticas mambembes sem o conhecimento de causa de seus autores.
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