terça-feira, novembro 10, 2015

Pesquisas revelam que novelas reduzem fertilidade e aumentam divórcios: controle de natalidade?


Muito se tem falado que as telenovelas são “veículos de alienação” ou de criação do “consumismo”, principalmente as da TV Globo. Mas há algo ainda mais profundo: por década elas estariam moldando a percepção dos brasileiros em relação a filhos e casamento, resultando ne expressiva queda da taxa de fertilidade e aumento no número de divórcios. Esse é o resultado de duas pesquisas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o papel da televisão e das novelas no Brasil nas três últimas décadas. As pesquisas concluem que as telenovelas seriam um importante instrumento para “educar a população em questões sociais”. Será que por “questões sociais” o BID (entre outros bancos internacionais) entende como “controle de natalidade”?

As chamadas “soap operas” norte-americanas (ou “novelas” como as denominamos) já nasceram sob o signo da ação política. Quando surgiram no Brasil, as soap operas americanas já eram transmitidas de Miami para Cuba para consolidar o estilo de vida americano na ilha caribenha. Até estourar a revolução de Fidel Castro, derrubando o então ditador pró-EUA.

domingo, novembro 08, 2015

Curta da Semana: "Os Filmes Que Não Fiz" - o fascínio pelos perdedores


O Curta da Semana dessa vez vai para uma produção brasileira: “Os Filmes Que Não Fiz” (2008). A irônica filmografia de um diretor sem filmes. Se a História é contada somente pelos vitoriosos para pisar na cara daqueles que perderam, esse curta propõe o avesso: onde estão aqueles que apesar da persistência, esperança e empenho acabaram perdendo e caindo no anonimato? Cegos que somos pelos “cases” de sucesso, jamais conheceremos as histórias humanas dos “losers”. Um curta ao mesmo tempo cômico e ácido sobre a realidade do cinema nacional que não consegue transformar-se em indústria.

sábado, novembro 07, 2015

A psicanálise de um fantasma no filme "I Am a Ghost"


Talvez o mais difícil não seja morrer, mas despertar do outro lado e ter de se dar conta de que já está morto. Ultrapassar a fronteira entre a vida e a morte pode ser algo tão imperceptível que continuamos do lado de lá a conviver com os antigos traumas e fantasmas que nos atormentaram quando quando éramos vivos. O horror independente “I Am a Ghost (2012)” mostra alguém que ainda não se deu conta de que está preso em algum lugar entre a vida e a morte, e continua repetindo seus antigos hábitos como nada tivesse acontecido. Uma voz tenta despertá-la, fazendo do filme um surpreendente encontro entre Espiritismo e Psicanálise.

“Ninguém precisa de um quarto para ser assombrado. Não precisa ser uma casa. O cérebro tem corredores suficientes que ultrapassam a matéria”. Essa epígrafe de um poema de Emily Dickinson abre I Am a Ghost e dá o tom de um filme que pode ser inicialmente descrito como o cruzamento entre o argumento de Os Outros com Nicole Kidman com o tema e a atmosfera visual de O Iluminado de Kubrick.

          Com um baixíssimo orçamento de 10 mil dólares, esse filme independente de H.P. Mendoza segue a tradição de filmes como A Passagem (Stay, 2005) e O Terceiro Olho (The Eye Inside, 2004) onde põe em questão aquela expressão que dizemos quando recebemos a notícia da morte de alguém: “partiu dessa para a melhor!”.

sexta-feira, novembro 06, 2015

"Onde Vivem Os Monstros" faz cartografia da mente selvagem infantil


Pokemons, Trashpacks, Gogo’s e Monstros da Pixar. Uma série de monstrinhos e seres fantásticos que representam o imaginário de um mundo infantil que resiste em se tornar adulto. “Onde Vivem os Monstros” (Where The Wild Things Are, 2009) de Spike Jonze, baseado num best-seller infantil de 1963 de Maurice Sendak, faz uma obra-prima alegórica sobre um menino, seu quarto, a solidão e o poder da imaginação capaz de criar uma assombrosa cartografia mental da infância. O filme consegue ser superior à cartografia da mente feita pela animação “Divertida Mente”, principalmente porque consegue representar as “coisas selvagens” que habitam a mente de cada criança.

As experiências na infância da perda, abandono, solidão e a necessidade de sentir-se amado talvez sejam o conjunto de experiências mais representadas arquetipicamente por meio de jogos, brincadeiras, contos de fada e, finalmente, no cinema de animação.

terça-feira, novembro 03, 2015

"Perdido em Marte": o estranho filme destoante de Ridley Scott


Um filme que destoa do conjunto da obra de Ridley Scott – “Alien”, “Blade Runner”, “Prometheus” entre outros universos distópicos. “Perdido em Marte” é um sci fi estranhamente otimista sobre um astronauta deixado só numa missão no planeta vermelho após um acidente, à espera da morte. Mas ele é cientista e botânico com a determinação de um MacGyver ou de um John McClane de “Duro de Matar”, com suas principais armas: lonas e fitas de silver tape. Contando com o velho clichê do “nenhum americano será deixado para trás”, o filme parece uma grande peça de propaganda NASA/complexo militar americano. Será que foi alguma obrigação contratual da Fox ao diretor Ridley Scott na sua quarta produção seguida pelo estúdio? Estaria Scott seguindo os supostos passos de Kubrick nas relações perigosas com a NASA?

“No espaço ninguém poderá ouvir seus gritos”. É surpreendente que o autor dessa linha de diálogo do filme Alien, o diretor Ridley Scott (artífice de universos distópicos e gnósticos como em Blade Runner e Prometheus), tenha dirigido Perdido em Marte com linhas de diálogo como “o mundo inteiro está torcendo por um só homem”. E ainda com um protagonista que tenha falas como “o primeiro homem a pisar fora dessa sonda”... “o primeiro a subir essa colina”, “o maior botânico do planeta”... “o pirata espacial”... “o colonizador de Marte”... “foda-se Marte...”.

domingo, novembro 01, 2015

Em Observação: "Flowers" e "I Am a Ghost" - Espiritismo e Psicanálise no filme gnóstico



"Flowers" (2015) e "I Am a Ghost" (2012) são duas pequenas gemas da atual safra de filmes independentes que comprovam uma recorrência nos filmes desse início de século: narrativas sobre protagonistas presos em algum lugar entre a vida e a morte - a morte pode não ser um libertação, principalmente se você deixou essa existência sem fazer um acerto de contas com seus traumas e fantasmas. Filmes que fazem um surpreendente encontro entre Espiritismo e Psicanálise, merecendo estar "Em Observação" pelo Cinegnose. Além de serem filmes que comprovam a atual mudança de foco dos filmes gnósticos.

quarta-feira, outubro 28, 2015

Curta da Semana: "Rabbit" - Alquimia e a essência sombria dos contos de fadas

Um curta que é um prato cheio de alusões a mitos alquímicos e à essência sombria dos contos de fadas originais, perdida desde as adaptações comerciais da Disney: é o Curta da Semana do “Cinegnose” – “Rabbit” (2005) do animador inglês Run Wrake. Um conto de fadas invertido onde as crianças tornam-se vilãs em uma narrativa surreal onde os pequenos protagonistas descobrem uma fantástica maneira de transformar moscas em joias – um homúnculo viciado em geleia de ameixa vermelha.

terça-feira, outubro 27, 2015

Mais louco é quem me diz - A exposição de Darcílio Lima, por Claudio Siqueira

Em junho deste ano houve a exposição "Darcílio Lima - Um Universo Fantástico" na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. Cearense de Cascavel, tornou-se um dos principais artistas brasileiros do Movimento Surrealista, mas seu trabalho, assim como de muitos outros nomes do surrealismo mundial, contém influências gnósticas que passam, como sempre, despercebidas do grande público.


Conspiracionistas atestam que os conteúdos gnósticos presentes em obras midiáticas possuem o intuito de inculcar mensagens subliminares nas mentes do grande público; outros que tudo não passa de mera paranoia da parte de quem assim pensa. Outros ainda, que os autores de tais obras não teriam conhecimento real acerca das referências gnósticas presentes em suas obras. Se isso é verdade, ao menos teríamos, talvez, a prova cabal do Inconsciente Coletivo postulado por Carl Jung, posto que os mitos e arquétipos se repetem em obras midiáticas mambembes sem o conhecimento de causa de seus autores.

segunda-feira, outubro 26, 2015

"MasterChef Júnior", a adultificação das crianças e o fim da vergonha


O episódio do assédio sexual através das redes sociais sofrido pela menina Valentina na primeira edição do reality televisivo “MasterChef Júnior” é a ponta do iceberg de um movimento mais profundo e perigoso: o fim da vergonha como a barreira que continha a sedução pela barbárie e a adultificação das crianças pelas mídias. Sexismo, ódio, assédio sexual e intolerância que invadem as redes sociais lembram as sombrias profecias de escritores libertinos do século XVIII de que um dia as perversões privadas se tornariam virtudes públicas. E as crianças, transformadas em mini-adultos em um programa de final de noite onde correm contra o tempo segurando o choro, são o reforço motivacional para os telespectadores acordarem no dia seguinte e repetirem as mesmas situações na fábrica ou no escritório.

Os leitores devem já conhecer a opinião desse Cinegnose em relação ao reality show MasterChef da Band: é um bullying gastronômico – um programa de final de noite com o objetivo de reforçar subliminarmente a ideologia pela qual seremos regidos quando acordarmos no dia seguinte para trabalhar: o princípio do desempenho.

Correr contra o tempo em busca da eficácia, eficiência, produtividade, mérito e cumprimento de metas sob as chibatadas de algum superior do tipo gerente, diretor, gestor etc. MasterChef transforma isso em diversão ao nos deliciarmos em ver pessoas angustiadas e esbaforidas correndo contra o relógio sob gritos e olhares inquiridores de chefes de cozinha. Igual o que acontecerá com o telespectador no dia seguinte na vida real na fábrica, escritório ou em outra empresa qualquer.

sábado, outubro 24, 2015

Desperte da sua vida esquizofrênica com o filme "Eles Vivem"

Mais um daqueles filmes estranhamente proféticos. “Eles Vivem” (“They Live”, 1988) do mestre do terror John Carpenter parece antever de gadgets tecnológicos de vigilância como os drones até a atual agenda política global onde a Publicidade e as marcas transnacionais substituem as nações. Um sem-teto desempregado encontra uma caixa de óculos de sol que revela um estranho mundo submetido a uma espécie de hipnose coletiva que impede que enxerguemos os comandos subliminares na Publicidade e a ação de seres alienígenas infiltrados nas ruas e na TV. Uma ataque explícito à sociedade de consumo que vai muito além dos clichês da crítica ao consumismo: “Eles Vivem” revela o secreto mecanismo psíquico esquizofrênico que nos mantém prisioneiros do circuito fechado individualismo-consumo.

Assistir ao filme Eles Vivem (They Live, 1988) é uma experiência conflitante. O filme do mestre do terror John Carpenter (A Coisa, Halloween, Christine) ora parece uma sátira com atores protagonistas propositalmente canastrões e efeitos especiais que lembram os sci-fi B dos anos 1950, ora uma séria crítica social e política. Muitas vezes parece que Carpenter não que que levemos o filme a sério. Por outro lado, Eles Vivem torna-se um daqueles filmes subversivos que, depois do final, nos faz olhar para o redor para então passarmos a questionar tudo até o limite da paranoia.

O filme foi baseado no conto Eight O’Clock in the Morning de Ray Nelson sobre um homem que desperta de uma espécie de hipnose em massa para descobrir que a Terra é controlada por uma elite de empresários alienígenas com a ajuda da elite política humana. 

domingo, outubro 18, 2015

Editor do "Cinegnose" participa do "Outubro Rosa" com debate sobre mídia e identidade sexual

Esse editor do “Cinegnose” fará palestra sobre o tema “Sistema Financeiro e a Mídia na Construção da Identidade Feminina” dentro do evento “Outubro Rosa” em uma série de ações promovidas pelo Centro Acadêmico Manoel de Abreu (CAMA) da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. O evento será nessa segunda-feira (19/10) às 18h no auditório da Santa Casa em São Paulo. Esse humilde blogueiro levará as contribuições das ferramentas da Psicanálise e Semiótica para entender como as mídias constroem as identidades sexuais e o seu impacto na vida de cada um. Os leitores do Cinegnose estão convidados.

Nesta segunda-feira (19/10) este humilde blogueiro fará palestra seguida de dabate sobre o tema “Sistema Financeiro e a Mídia na Construção da Identidade Feminina”. O local será no Auditório Paulo Ayrosa, no prédio do Hospital da Santa Casa, São Paulo, às 18h. Comporá a mesa de discussão Itali Pedroni Collini pela FEA-USP com sua pesquisa sobre o machismo no ambiente de trabalho.

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