sábado, dezembro 12, 2015
Filme "Lucia": você foi criado pela ilusão ou a ilusão foi criada por você?
sábado, dezembro 12, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Você foi criado pela ilusão ou a ilusão foi criada por você? Você é
parte de um corpo ou o corpo é parte de você? Há espaço dentro da casa ou a
casa está dentro do espaço? Para o filme hindu “Lucia” (2013) essas perguntas
não são meros jogos de palavras: escondem a estranha natureza da realidade
despertada por uma droga chamada “Lucia”. O filme “Lucia” não é um produto de
Bollywood, mas do cinema canará da Índia que procura conciliar a estética bollywoodiana
(muita música, carrões e mulheres) com séria crítica social e filosófica. Um
lanterninha de cinema com sérios problemas de insônia experimenta uma droga
chamada “Lucia” que produz sonhos lúcidos – a tal ponto que ele não mais saberá quando está acordado ou dormindo. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
A indústria de
cinema hindu é a maior do mundo em termos de vendas de ingressos, entre os mais
baratos do planeta. A cada três meses um número correspondente da toda
população da Índia visita as salas de cinema, de multiplex a pequenos teatros
de subúrbios das grandes cidades – os “talkies”.
Paradoxalmente, o
cinema hindu (com muitos romances, melodramas e musicais que
vendem sonhos de realizações e felicidade) se estabeleceu em uma sociedade com
uma antiquíssima divisão religiosa em castas – grau social transmitido por
herança que determina toda a existência de um indivíduo. Embora considerado
ilegal pela Constituição, a divisão em castas mantém sua força na Índia e já
registra mais de três mil classes e subclasses.
quinta-feira, dezembro 10, 2015
"Cinegnose" vê o futuro em escola ocupada
quinta-feira, dezembro 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Não veem mais TV, buscam informações na Internet através de dispositivos
móveis, ignoram a grande mídia. Suas diferenças em relação ao tripé grande
mídia, política e partidos não são ideológicas, mas simplesmente geracionais:
já estão imersos em outras formas de organização e de tomadas de decisões.
Essas foram algumas das conclusões finais da Oficina “Táticas de Guerrilha
Antimídia” realizada por esse humilde blogueiro em escola estadual ocupada em
Taboão da Serra/SP nessa semana. Os filmes "Muito Além do Cidadão Kane" e "Obrigado Por Fumar" foram o ponto de partida das discussões. O "Cinegnose" viu o futuro, e lá não mais estão as mídias, políticas e ideologias de massas que fizeram as cabeças do século
passado.
O "Cinegnose" viu o
futuro. E ele estava representado de forma fractal no grupo de alunos que
ocupam a Escola Estadual Antônio Inácio Maciel em Taboão da Serra. Assim como o
fractal na geometria (fragmento que reproduz dentro de si infinitamente o
todo), o grupo que ocupava naquela tarde a escola estadual pode até ser
considerado pequeno mas certamente é uma amostra de uma nova geração. Uma
geração que projeta uma relação com a política e as mídias totalmente distinta
da geração dos seus pais e que certamente colocará em xeque as atuais formas de
como a mídia e a política se organizam.
segunda-feira, dezembro 07, 2015
"Cinegnose" faz aula pública em ocupação escolar
segunda-feira, dezembro 07, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O “Cinegnose” oferece uma contribuição ao movimento estudantil de
ocupação das escolas estaduais contra as medidas de “reorganização”
(fechamento) de unidades escolares no Estado de São Paulo. Com a oficina
“Táticas de Guerrilha Antimídia” que será ministrada amanhã em escola ocupada
em Taboão da Serra, esse blogueiro mostrará o resultado das pesquisas da série “bombas semióticas” iniciada nesse blog a partir das grandes manifestações de
rua em 2013. E as táticas e armas de contracomunicação diante do inimigo mais
invisível e ardiloso que o movimento estudantil terá: a grande mídia.
domingo, dezembro 06, 2015
Curta da Semana: "The Black Hole" - escritórios são as Matrix atuais
domingo, dezembro 06, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que você faria se encontrasse no seu local de trabalho uma folha com
um círculo preto que revela ser um buraco tridimensional? Você seria dominado
pela curiosidade metafísica ou pela possibilidade de ganhos pessoais? Essa é
uma das leituras possíveis do curta inglês “The Black Hole” (2008). Com um afiado
humor negro, o curta mostra o quanto opressivo pode ser a atmosfera da
verdadeiras Matrix corporativas que são os escritórios atuais. Tão opressivas e
amorais que são capazes de nos fazer passar batidos diante de um evento
potencialmente além da imaginação.
sábado, dezembro 05, 2015
O sobrenatural pode ser digital?
sábado, dezembro 05, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Até aqui nos filmes de terror o Mal, fantasmas e maldições sempre se
espalharam principalmente por meio de linhas telefônicas, monitores de TV e
ondas de rádio. Isso sem falar das contaminações biológicas pelo sangue ou ar.
Ou seja, o Outro Mundo sempre nos alcança no mundo cinematográfico através das
tecnologias analógicas e meios físicos. O que dizer então de filmes recentes
onde o sobrenatural manifesta-se através das tecnologias digitais como Internet
e dispositivos móveis? É verossímil espíritos agirem através de sinais
fragmentados e binários? Se os fenômenos ocultos, mágicos ou espirituais
baseiam-se em um princípio de semelhança (o Outro Mundo precisa sempre de um
meio físico ou contínuo para estabelecer uma ponte com o mundo físico), seria
possível fantasmas ou forças espirituais manifestarem-se por meio das mídias digitais?
terça-feira, dezembro 01, 2015
CAOs, espiral do silêncio e a crise autorrealizável
terça-feira, dezembro 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
As intermináveis reviravoltas da Operação Lava Jato; o processo contra o
presidente da Câmera dos Deputados Eduardo Cunha envolvendo diversas
instituições e paralisando o Congresso. E como pano de fundo, o País à beira do
abismo da crise econômica. A grande mídia chegou ao estado da arte: a guerrilha
semiótica organizada pela tática de CAOs (Consonâncias, Acumulações e
Onipresenças das informações) turbinada por duas bombas semióticas: a profecia
autorrealizável e a espiral do silêncio. As mídias abandonaram o campo da propaganda
tradicional (repetição, persuasão e reforço) para ingressar no campo
sofisticado da cognição - mais do que discursos e conteúdos informativos,
construir percepções por meio de CAOs. Mesmo quando desmentidas, essas
informações nunca mais serão falsas porque já foram credíveis no clima de
opinião.
Era 1997. A
Globalização e a desregulamentação dos mercados triunfavam. Os chamados Tigres
Asiáticos (Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong, Tailândia e Cingapura) eram o
modelo econômico para o século XXI. De repente se transformaram no epicentro de
uma onda de pânico afundando as Bolsas em todo o mundo. Boatos e medo invadiram
a suposta racionalidade dos investidores que passaram a girar histericamente em
torno do próprio umbigo em uma onda de vendas baseada nas opiniões de outros
investidores provocando uma espiral viciosa de especulação.
Na época,
analistas de investimentos como Barton Biggs da Morgan Stanley apontaram o
pânico e a retroalimentação à ausência de memória dos profissionais financeiros:
com a ausência de História Econômica na formação acadêmica, os profissionais
eram condenados a repetir ciclicamente os mesmos erros, desde o crash de 1929.
domingo, novembro 29, 2015
Curta da Semana: "Life and The Mirror" e "Goodbye" - Estamos perdendo a fé na vida pós-morte?
domingo, novembro 29, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O Outro Mundo está ficando cada vez
mais parecido com esse. O “Cinegnose” vem percebendo uma tendência no cinema
recente em representar o pós-morte como uma projeção das mazelas já existentes
nessa vida, repetindo uma tendência do gênero ficção-científica: a
“hipo-utopia”, onde o futuro deixa de existir para virar uma projeção dos
problemas do presente. Os curtas da semana “Life and The Mirror” (2007) e
“Goodbye” (2015) são dois exemplos dessa estranha tendência. Assim como estamos
perdendo a fé na vida, também estaríamos perdendo a fé na vida pós-morte?
sábado, novembro 28, 2015
"The Zohar Secret" revela o misticismo no cinema russo atual
sábado, novembro 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O auge do Império Romano coincidiu com o surgimento dos textos mais
enigmáticos da humanidade, como o “Zohar” que é a própria mística da Cabala. Se
os seu conteúdo fosse revelado poderia provocar a queda do próprio Império. Mas o roubo
dos pergaminhos por um legionário romano marcará o destino da História do
Ocidente e da vida desse soldado que ficará prisioneiro em uma cilada Tempo-Espaço por sucessivas
reencarnações até os tempos atuais. Esse é o filme
“The Zohar Secret” (2015), mais uma recente produção russa onde está presente o
tema do misticismo gnóstico. Seria o misticismo russo uma forma de reação à
invasão do Marketing e da Publicidade na Rússia pós-comunismo? Uma reação
contra mais um império, assim como os textos místicos judaicos e gnósticos enfrentaram o Império Romano no passado? Filme sugerido pelo nosso
leitor Felipe Resende.
Cinco anos de
arrecadação de recursos por crowndfounding através da plataforma Kickstarter
(site de financiamento coletivo que busca apoiar projetos inovadores), envolvendo
1.300 pessoas de 54 países conseguiram levantar algo em torno de 10 milhões de
dólares entre dinheiro e equipamentos.
terça-feira, novembro 24, 2015
Uma jornada xamânica em "Blueberry: Desejo de Vingança"
terça-feira, novembro 24, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma verdadeira cápsula do tempo. Um daqueles filmes que mereciam ser
enterrados na época do seu lançamento para depois serem redescobertos como
verdadeiras pérolas. O filme “Blueberry” (aka "Renegade") do francês Jan Kounen (2004) foi
ridicularizado pela crítica e público para hoje ser saudado como um western
sobrenatural, um cult do xamanismo no cinema.
Blueberry não é apenas um filme sobre jornadas espirituais xamânicas de
um protagonista à beira da morte: os próprios efeitos especiais e imagens
cinéticas induzem o espectador a imergir em estados alterados de consciência. O
desejo de vingança de um protagonista transforma-se em jornada xamânica de
autoconhecimento desconstruindo as códigos do gênero faroeste – vingança,
honra, dominação e conquista.
O gênero western
já foi muitas vezes desconstruído no cinema por sátiras (Banzé no Oeste, 1974, de Mel Brooks), o exagero revivalista do
spaghetti western italiano dos anos 1960-70, a fusão do western com séries policiais urbanas nos anos 1970 (McCloud
– 1970-77) ou a paródia dos códigos e convenções dos duelos e violência nos
filmes de Tarantino.
Mas nada se equipara
ao western francês Blueberry. Baseado
no faroeste em quadrinhos francês homônimo de Jean-Michel Charlier e Jean
“Moebius” Giraud, o filme foi muito mais além da simples adaptação de um comic book: o filme transformou-se em
uma jornada espiritual após o próprio diretor do filme se encontrar com índios
xamãs que o iniciaram a rituais verdadeiros.
sábado, novembro 21, 2015
Curta da Semana: "Bloody Dairy" - Por que os gatos dominaram a Internet?
sábado, novembro 21, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O curta “Bloody Dairy” (2015), projeto de 100 dias de animações em gif,
e mais uma amostra de como os gatos cada vez mais estão tomando conta da
Internet com memes e vídeos virais, superando os seu eternos rivais: os cães.
Tornou-se fenômeno cultural, merecendo até uma exposição no Museum of Moving
Image em Nova York. Por que gatos ao invés de cachorros? A questão pode parecer
inútil e superficial, mas também pode nos conectar com os milenares simbolismos
ocultos e esotéricos dos gatos como guardiões e mediações com outros mundos. Portanto,
para onde os gatos nos apontam em memes e vídeos? Estamos diante de um fenômeno
sincromístico em plena cultura high tech?
sexta-feira, novembro 20, 2015
A lama de Mariana e os atentados de Paris entre os tempos histórico e midiático
sexta-feira, novembro 20, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Causou estranheza a muitos leitores o título da última postagem: “Os
Atentados de Paris não aconteceram”. Então foi tudo montagem? E os mortos? O
“Cinegnose” está delirando? Por isso, este humilde blogueiro decidiu fazer mais
um postagem detalhando melhor o argumento: os atentados de Paris "não
aconteceram", paradoxalmente, porque foi um acontecimento noticiável. Da lama de
Mariana aos atentados de Paris está em confronto duas noções de tempo: o
histórico (colocado em segundo plano pela mídia) e o midiático. Ambiguidade,
infogenia, noticiabilidade, tempo pontual e o terrorismo como um “pseudoevento”
foram fatores que tornaram os eventos de Paris muito mais noticiáveis para a
grande mídia do que a catástrofe humana e ambiental de Mariana.
Devido à grande
polêmica entre os leitores sobre a postagem anterior sobre os atentados de
Paris, o “Cinegnose” decidiu fazer um maior detalhamento para tentar esclarecer
dúvidas e uns tantos males entendidos. Parece que muitos leitores se apegaram
aos aspectos mais sensacionalistas da postagem - os atentados não aconteceram?
Foi tudo montagem? Falsa Bandeira? E os mortos? Foi tudo simulação? Mais uma
das malucas teorias sobre conspirações? Esse humilde blogueiro estaria virando
um Michael Moore brasileiro?
segunda-feira, novembro 16, 2015
Atentados em Paris não aconteceram
segunda-feira, novembro 16, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Acumulação, consonância e onipresença. Esses três palavras definem a
atual cobertura da grande mídia brasileira aos ataques em Paris. Ao contrário
da autêntica Chernobyl brasileira em que se transformou a catástrofe ambiental e humana
em Mariana/MG com o rompimento da barragem de detritos da Vale do Rio
Doce/Samarco. Por que essa diferença de tratamento? Há muitos motivos políticos
e econômicos em não expor uma empresa privada anunciante na grande mídia. Mas
também porque a essência do terrorismo é midiática para ser midiatizável. Os
atentados em Paris foram praticamente um kit imprensa dado de mão beijada para
as redações com personagens, histórias e roteiros prontos. Será que esse é o
motivo da recorrência de relatos sobre a sensação de irrealidade em depoimentos
de vítimas e testemunhas? E também o motivo da espiral de especulações sobre
uma suposta Operação False Flag? E se os mais de 100 mortos não forem prova de
que testemunhamos um acontecimento real?
Terminado o jogo
França X Alemanha no Stade de France na fatídica noite de sexta-feira 13 dos
ataques em Paris, os torcedores se dirigiram ao gramado à espera da autorização
para deixar o local. Depois a TV mostrou ao vivo a multidão dirigindo-se aos
corredores de saída. Cantavam a Marselhesa, agitando a bandeira da França e
erguendo os punhos.
Certamente não era
pela comemoração da vitória da França por 2 a 0. Informados pelos celulares
sobre o que transcorria fora do estádio, o clima era de ódio, revolta e
evidente desejo de revide contra os terroristas. Essa talvez tenha sido a
imagem mais emblemática daquela noite, porque mostrou ao vivo o resultado
imediato dos ataques terroristas, de conveniência política e geopolítica – com
a maior população muçulmana da Europa e uma das sociedades mais divididas do
continente, reforça ainda mais a xenofobia contra a atual onda de imigrantes
fugidos da guerra na Síria e Afeganistão.
sábado, novembro 14, 2015
Cacau, Gnosticismo e lisergia em "Charlie e a Fábrica de Chocolate"
sábado, novembro 14, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O livro infantil “A Fantástica Fábrica de Chocolate” escrito por Roald
Dahl em 1964 resultou em duas adaptações cinematográficas: a de 1971 de Mel
Stuart e a de 2005 de Tim Burton. Enquanto na primeira adaptação os chocolates
assumem um tom lisérgico com humor non sense, em Tim Burton há um retorno as
origens cruéis dos contos de fada, fazendo um mix entre a sensibilidade
gnóstica e todo um simbolismo místico milenar pouco conhecido que envolve o
cacau e o chocolate. Rios de chocolate e florestas de confeitos da “Fábrica de Chocolate” escondem trabalho escravo e injustiça. E um Demiurgo
arrependido que tenta resgatar o élan espiritual perdido na infância em um
mundo cercado de tentações.
A história de um
garoto pobre que consegue realizar seus sonhos por ser uma boa criança. Um
leitmotiv simples e direto, sobre o qual o livro e as duas versões
cinematográficas conseguiram criar diversas camadas simbólicas transformando a
jornada do protagonista em algo essencialmente místico: como encontrar a luz espiritual
interior se vivemos em um mundo cercado de tantas tenções que nos faz esquecer
de nós mesmos?
terça-feira, novembro 10, 2015
Pesquisas revelam que novelas reduzem fertilidade e aumentam divórcios: controle de natalidade?
terça-feira, novembro 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Muito se tem falado que as telenovelas são “veículos de alienação” ou de criação do “consumismo”, principalmente as da TV Globo. Mas há algo ainda mais profundo: por década elas estariam moldando a percepção dos brasileiros em relação a filhos e casamento, resultando ne expressiva queda da taxa de fertilidade e aumento no número de divórcios. Esse é o resultado de duas pesquisas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o papel da televisão e das novelas no Brasil nas três últimas décadas. As pesquisas concluem que as telenovelas seriam um importante instrumento para “educar a população em questões sociais”. Será que por “questões sociais” o BID (entre outros bancos internacionais) entende como “controle de natalidade”?
As chamadas “soap
operas” norte-americanas (ou “novelas” como as denominamos) já nasceram sob o
signo da ação política. Quando surgiram no Brasil, as soap operas americanas já eram transmitidas de Miami para Cuba para
consolidar o estilo de vida americano na ilha caribenha. Até estourar a
revolução de Fidel Castro, derrubando o então ditador pró-EUA.
domingo, novembro 08, 2015
Curta da Semana: "Os Filmes Que Não Fiz" - o fascínio pelos perdedores
domingo, novembro 08, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O Curta da Semana dessa vez vai para uma produção brasileira: “Os Filmes
Que Não Fiz” (2008). A irônica filmografia de um diretor sem filmes. Se a
História é contada somente pelos vitoriosos para pisar na cara daqueles que
perderam, esse curta propõe o avesso: onde estão aqueles que apesar da
persistência, esperança e empenho acabaram perdendo e caindo no anonimato?
Cegos que somos pelos “cases” de sucesso, jamais conheceremos as histórias
humanas dos “losers”. Um curta ao mesmo tempo cômico e ácido sobre a realidade
do cinema nacional que não consegue transformar-se em indústria.
sábado, novembro 07, 2015
A psicanálise de um fantasma no filme "I Am a Ghost"
sábado, novembro 07, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Talvez o mais difícil não seja morrer, mas despertar do outro lado e ter
de se dar conta de que já está morto. Ultrapassar a fronteira entre a vida e a
morte pode ser algo tão imperceptível que continuamos do lado de lá a conviver
com os antigos traumas e fantasmas que nos atormentaram quando quando éramos
vivos. O horror independente “I Am a Ghost (2012)” mostra alguém que ainda não
se deu conta de que está preso em algum lugar entre a vida e a morte, e
continua repetindo seus antigos hábitos como nada tivesse acontecido. Uma voz
tenta despertá-la, fazendo do filme um surpreendente encontro entre Espiritismo
e Psicanálise.
“Ninguém precisa
de um quarto para ser assombrado. Não precisa ser uma casa. O cérebro tem
corredores suficientes que ultrapassam a matéria”. Essa epígrafe de um poema de
Emily Dickinson abre I Am a Ghost e
dá o tom de um filme que pode ser inicialmente descrito como o cruzamento entre
o argumento de Os Outros com Nicole
Kidman com o tema e a atmosfera visual de O
Iluminado de Kubrick.
Com um baixíssimo orçamento de 10 mil dólares, esse filme independente
de H.P. Mendoza segue a tradição de filmes como A Passagem (Stay, 2005) e
O Terceiro Olho (The Eye Inside, 2004) onde põe em questão aquela expressão que
dizemos quando recebemos a notícia da morte de alguém: “partiu dessa para a
melhor!”.
sexta-feira, novembro 06, 2015
"Onde Vivem Os Monstros" faz cartografia da mente selvagem infantil
sexta-feira, novembro 06, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Pokemons,
Trashpacks, Gogo’s e Monstros da Pixar. Uma série de monstrinhos e seres
fantásticos que representam o imaginário de um mundo infantil que resiste em se
tornar adulto. “Onde Vivem os Monstros” (Where The Wild Things Are, 2009) de
Spike Jonze, baseado num best-seller infantil de 1963 de Maurice Sendak, faz
uma obra-prima alegórica sobre um menino, seu quarto, a solidão e o poder da
imaginação capaz de criar uma assombrosa cartografia mental da infância. O
filme consegue ser superior à cartografia da mente feita pela animação
“Divertida Mente”, principalmente porque consegue representar as “coisas
selvagens” que habitam a mente de cada criança.
As experiências na infância da perda,
abandono, solidão e a necessidade de sentir-se amado talvez sejam o conjunto de
experiências mais representadas arquetipicamente por meio de jogos,
brincadeiras, contos de fada e, finalmente, no cinema de animação.
terça-feira, novembro 03, 2015
"Perdido em Marte": o estranho filme destoante de Ridley Scott
terça-feira, novembro 03, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme
que destoa do conjunto da obra de Ridley Scott – “Alien”, “Blade Runner”,
“Prometheus” entre outros universos distópicos. “Perdido em Marte” é um sci fi
estranhamente otimista sobre um astronauta deixado só numa missão no planeta
vermelho após um acidente, à espera da morte. Mas ele é cientista e botânico
com a determinação de um MacGyver ou de um John McClane de “Duro de Matar”, com
suas principais armas: lonas e fitas de silver tape. Contando com o velho
clichê do “nenhum americano será deixado para trás”, o filme parece uma grande
peça de propaganda NASA/complexo militar americano. Será que foi alguma
obrigação contratual da Fox ao diretor Ridley Scott na sua quarta produção seguida pelo estúdio? Estaria Scott seguindo os supostos passos de Kubrick nas relações perigosas com a NASA?
“No espaço ninguém poderá ouvir seus
gritos”. É surpreendente que o autor dessa linha de diálogo do filme Alien, o diretor Ridley Scott (artífice
de universos distópicos e gnósticos como em Blade
Runner e Prometheus), tenha
dirigido Perdido em Marte com linhas
de diálogo como “o mundo inteiro está torcendo por um só homem”. E ainda com um
protagonista que tenha falas como “o primeiro homem a pisar fora dessa
sonda”... “o primeiro a subir essa colina”, “o maior botânico do planeta”... “o
pirata espacial”... “o colonizador de Marte”... “foda-se Marte...”.
domingo, novembro 01, 2015
Em Observação: "Flowers" e "I Am a Ghost" - Espiritismo e Psicanálise no filme gnóstico
domingo, novembro 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
"Flowers" (2015) e "I Am a Ghost" (2012) são duas pequenas gemas da atual safra de filmes independentes que comprovam uma recorrência nos filmes desse início de século: narrativas sobre protagonistas presos em algum lugar entre a vida e a morte - a morte pode não ser um libertação, principalmente se você deixou essa existência sem fazer um acerto de contas com seus traumas e fantasmas. Filmes que fazem um surpreendente encontro entre Espiritismo e Psicanálise, merecendo estar "Em Observação" pelo Cinegnose. Além de serem filmes que comprovam a atual mudança de foco dos filmes gnósticos.
quarta-feira, outubro 28, 2015
Curta da Semana: "Rabbit" - Alquimia e a essência sombria dos contos de fadas
quarta-feira, outubro 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um curta que é um prato cheio de alusões a mitos alquímicos e à essência
sombria dos contos de fadas originais, perdida desde as adaptações comerciais
da Disney: é o Curta da Semana do “Cinegnose” – “Rabbit” (2005) do animador
inglês Run Wrake. Um conto de fadas invertido onde as crianças tornam-se vilãs
em uma narrativa surreal onde os pequenos protagonistas descobrem uma
fantástica maneira de transformar moscas em joias – um homúnculo viciado em
geleia de ameixa vermelha.
terça-feira, outubro 27, 2015
Mais louco é quem me diz - A exposição de Darcílio Lima, por Claudio Siqueira
terça-feira, outubro 27, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em junho deste ano houve a exposição "Darcílio Lima - Um Universo
Fantástico" na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. Cearense de
Cascavel, tornou-se um dos principais artistas brasileiros do Movimento
Surrealista, mas seu trabalho, assim como de muitos outros nomes do
surrealismo mundial, contém influências gnósticas que passam, como sempre,
despercebidas do grande público.
Conspiracionistas atestam que os conteúdos gnósticos presentes em obras
midiáticas possuem o intuito de inculcar mensagens subliminares nas mentes do
grande público; outros que tudo não passa de mera paranoia da parte de quem
assim pensa. Outros ainda, que os autores de tais obras não teriam conhecimento
real acerca das referências gnósticas presentes em suas obras. Se isso é
verdade, ao menos teríamos, talvez, a prova cabal do Inconsciente Coletivo
postulado por Carl Jung, posto que os mitos e arquétipos se repetem em
obras midiáticas mambembes sem o conhecimento de causa de seus autores.
segunda-feira, outubro 26, 2015
"MasterChef Júnior", a adultificação das crianças e o fim da vergonha
segunda-feira, outubro 26, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O episódio do assédio sexual através das redes sociais sofrido pela menina Valentina na primeira edição do reality televisivo “MasterChef Júnior” é a
ponta do iceberg de um movimento mais profundo e perigoso: o fim da vergonha
como a barreira que continha a sedução pela barbárie e a adultificação das
crianças pelas mídias. Sexismo, ódio, assédio sexual e intolerância que invadem
as redes sociais lembram as sombrias profecias de escritores libertinos do
século XVIII de que um dia as perversões privadas se tornariam virtudes
públicas. E as crianças, transformadas em mini-adultos em um programa de final
de noite onde correm contra o tempo segurando o choro, são o reforço
motivacional para os telespectadores acordarem no dia seguinte e repetirem as
mesmas situações na fábrica ou no escritório.
Os leitores devem
já conhecer a opinião desse Cinegnose
em relação ao reality show MasterChef da Band: é um bullying gastronômico – um
programa de final de noite com o objetivo de reforçar subliminarmente a
ideologia pela qual seremos regidos quando acordarmos no dia seguinte para
trabalhar: o princípio do desempenho.
Correr contra o
tempo em busca da eficácia, eficiência, produtividade, mérito e cumprimento de
metas sob as chibatadas de algum superior do tipo gerente, diretor, gestor etc.
MasterChef transforma isso em diversão ao nos deliciarmos em ver pessoas
angustiadas e esbaforidas correndo contra o relógio sob gritos e olhares
inquiridores de chefes de cozinha. Igual o que acontecerá com o telespectador
no dia seguinte na vida real na fábrica, escritório ou em outra empresa
qualquer.
sábado, outubro 24, 2015
Desperte da sua vida esquizofrênica com o filme "Eles Vivem"
sábado, outubro 24, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Mais um daqueles filmes estranhamente proféticos. “Eles Vivem” (“They
Live”, 1988) do mestre do terror John Carpenter parece antever de gadgets
tecnológicos de vigilância como os drones até a atual agenda política global
onde a Publicidade e as marcas transnacionais substituem as nações. Um sem-teto
desempregado encontra uma caixa de óculos de sol que revela um estranho mundo
submetido a uma espécie de hipnose coletiva que impede que enxerguemos os
comandos subliminares na Publicidade e a ação de seres alienígenas infiltrados
nas ruas e na TV. Uma ataque explícito à sociedade de consumo que vai muito
além dos clichês da crítica ao consumismo: “Eles Vivem” revela o secreto
mecanismo psíquico esquizofrênico que nos mantém prisioneiros do circuito
fechado individualismo-consumo.
Assistir ao filme Eles Vivem (They Live, 1988) é uma experiência conflitante. O filme do mestre
do terror John Carpenter (A Coisa,
Halloween, Christine) ora parece uma sátira com atores protagonistas
propositalmente canastrões e efeitos especiais que lembram os sci-fi B dos anos
1950, ora uma séria crítica social e política. Muitas vezes parece que
Carpenter não que que levemos o filme a sério. Por outro lado, Eles Vivem
torna-se um daqueles filmes subversivos que, depois do final, nos faz olhar
para o redor para então passarmos a questionar tudo até o limite da paranoia.
O filme foi
baseado no conto Eight O’Clock in the
Morning de Ray Nelson sobre um homem que desperta de uma espécie de hipnose
em massa para descobrir que a Terra é controlada por uma elite de empresários
alienígenas com a ajuda da elite política humana.
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