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segunda-feira, agosto 29, 2022

Terceira Via, "botão eject" e mais-valia semiótica no debate da Band


Para a grande mídia a senadora Simone Tebet foi a vencedora. Lula teve um “apagão”. E Bolsonaro fez um “ataque misógino”, ironicamente contra um notório desafeto de Lula, a jornalista Vera Magalhães. Somada à mais-valia semiótica de um estúdio que parecia alguma coisa entre o filme Tron e o Metaverso de Mark Zuckerberg, a fórmula de debate engessada, fragmentada e um intervalo publicitário ideologicamente maroto, o script era esse: Lula e Bolsonaro, os dois lados da mesma velha moeda, contra uma “Terceira Via” tão “moderna” quanto o cenário: digital e empreendedora. Lula não caiu na armadilha e ficou na retranca. Enquanto Bolsonaro conseguiu o que pretendia: criar um escândalo no campo simbólico em que fica mais confortável e engaja a base eleitoral: a guerra cultural e de costumes. Como em 2018, grande mídia ainda procura a alternativa “perfumada e limpinha”. E, de novo, Bolsonaro é o “botão eject”. 

Primeira coisa que chamou a atenção no debate da Band (organizado pelo grupo Bandeirantes, Folha de São Paulo, Uol e TV Cultura) desse domingo foi o inacreditável cenário para um debate entre candidatos em uma eleição. O que era aquilo? Políticos perdidos no interior do hardware do filme Tron? Será que seria realizada alguma palestra do TED? Um debate entre aceleradores de startups tecnológicas? Uma homenagem a Zuckerberg e o Metaverso? Ou seria um show da banda “Kraftwerk”?

Isso não é uma mera observação estética. Há uma mais-valia semiótica nesse enorme cenário que mais parecia um nowhere digital com os candidatos perdidos dentro dele. Parece que o processo de semiose (processo de significação capaz de gerar uma cadeia de signos partindo de uma premissa a partir da qual criam relações recíprocas entre significados) ou da cadeia de associações de ideias sugerida era essa: quarta revolução industrial, revolução digital, empreendedorismo, enfim, um wishifull thinking de um suposto Brasil do futuro.

Não por acaso no intervalo publicitário, um vídeo do Sebrae especialmente produzido exortava eleitores a apoiarem candidatos favoráveis ao empreendedorismo. Confortavelmente ao lado de uma também inacreditável peça publicitária da Havan, mostrando Luciano Hang motivando seus funcionários a defenderem a Pátria – para os entendedores, o próprio candidato Bolsonaro.

E pior. Em algumas afiliadas regionais da Band, a inserção de publicidade de Clubes de Atiradores – clique aqui.



Também não por acaso, a “Terceira Via” estava ali representada: Soraya Thronicke (a senadora candidata do União Brasil que disse que vira onça, como a Juma Marruá da novela “Pantanal”, para defender o Imposto único), a senadora Simone Tebet (ainda surfando na CPI da Covid) e o anarcocapitalista candidato do Partido Novo, Felipe “Quero Privatizar Tudo” D’Ávila. Todos falando bastante sobre empreendedorismo, privatização e “economia digital”. Para se contrapor ao “mofo” dos “economistas do PT”, como frisou a candidata-onça.

Pelo menos para esse humilde blogueiro ficou óbvio que a fórmula engessada do debate foi especialmente preparada trazer a Terceira Via para a ribalta – uma ribalta “moderna”, “high tech”, para se contrapor à “velha política polarizada” de Bolsonaro e Lula. 

A fórmula: a ginástica das constantes trocas de âncoras e entrevistadores, uma estranha “sala digital” do Google que checava os assuntos mais acessados pelos internautas/telespectadores – o tema “corrupção” teria sido o mais acessado. As pesquisas qualitativas durante e logo depois do debate disseram o contrário: os principais temas que chamaram a atenção foram emprego, economia e saúde. 



A “sala digital” nada mais foi do que um loop tautista (tautologia + autismo midiático): retroalimentava aquilo que própria fórmula do debate induzia.

Por isso, para a grande mídia, a grande vitoriosa teria sido a senadora Simone Tebet. É a única maneira da Terceira Via que pontua quase zero nas pesquisas ser turbinada: em uma fórmula de debate fragmentado, na qual os bordões (“a salvação do país é acabar com o Estado”, Felipe D’Ávila), fórmulas mágicas (o “Imposto Único”, Soraya Thronicke) surgem dentro de uma dinâmica maluca na qual quem não tem propostas promete tudo e quem tem proposta é obrigado a se conter pelo tempo exíguo – acrescenta-se ainda o tempo tomado por vinhetas, “sala digital”, autopromoções da Band, intervalo publicitário com vídeos que pareciam pontuar aquilo que alguns candidatos diziam no debate etc.

Jogar na retranca

Lula e seus assessores pareciam conscientes dessas limitações. O que muitos analistas consideraram como “derrota” e “mau desempenho” (comparando com a entrevista no JN) de Lula, na verdade foi uma tática de retranca, para não cair na armadilha óbvia: tornar Lula e Bolsonaro como os dois lados de uma mesma velha moeda, contrastando com o “novo” e o “moderno” (lembram do cenário estilo Tron?) representado pela “Terceira Via” com suas soluções mágicas privato-empreendedoras-fiscais.

Bolsonaro bem que tentou: provocou Lula com acusações de corrupção. Claro, esperando de Lula um contra-ataque do tipo “mas no seu governo tem mais”. Lula apenas recuou e listou todas as medidas adotadas em seu governo para facilitar investigações e transparência.


Tron? Kraftwerk? Metaverso?


Uma sabatina como a do JN e um debate engessado com franco-atiradores dispostos a tudo para serem notados como esse da Band são modelos incomparáveis – numa fórmula como a que vimos no domingo, candidatos na dianteira das pesquisas somente têm a perder.

Um modelo de debate que parece esvaziar o próprio evento em si. O debate da Band apenas serviu para fornecer um material bruto para posteriormente ser recortado, editado e ser transformado em clips para serem repercutidos nas redes sociais, como se cada “lacração”, “invertida” ou “jantada” fosse uma bala de prata eleitoral decisiva.

Guerra cultural

Enquanto isso, Ciro Gomes, preocupado em ser uma metralhadora giratória voltada contra Lula e Bolsonaro, perdeu uma grande oportunidade. Mesmo depois de ter respondido na bucha contra bordão do “vou-privatizar-sua-alma-à-meia-noite” Felipe D’Ávila: “o Brasil gasta valores de primeiro mundo na educação e entrega uma educação de terceiro mundo”.

Bolsonaro atacou a jornalista da TV Cultura quando a repórter abordou a importância da vacinação no País ao candidato Ciro Gomes (PDT) e criticou a postura de Bolsonaro no combate à pandemia. Após a resposta de Ciro, Bolsonaro começou uma série de ataques: “Vera, não podia esperar outra coisa de você, você dorme pensando em mim. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro. Já está apelando", afirmou. Ele ainda a agradeceu, ironicamente, a oportunidade de falar "algumas verdades" sobre ela.



Ciro Gomes limitou-se a gargalhar e abanar a cabeça...

Porém, todo esse esforço da grande mídia (em particular esse da Band inserir os candidatos em uma semiose high tech) para encontrar uma opção mais “perfumada e limpinha” para fazer o serviço sujo neoliberal e anarcocapitalista, sempre deve ter um botão “eject”, no caso de dar tudo errado.

E, mais uma vez, esse botão chama-se Bolsonaro. Ao lado da comemoração do desempenho de Simone Tebet, a grande mídia repercutiu o ataque à Vera Magalhães – ironia: antipatia da jornalista por Lula é de conhecimento de todos.

Era tudo que Bolsonaro queria: toda a estratégia alt-right de comunicação precisa de telecatchs como esse. Principalmente quando volta as atenções da patuleia para o campo da guerra cultural e dos costumes. O campo simbólico no qual o chefe do Executivo mais se sente à vontade. Estratégia de prestidigitação para ocultar seu ponto fraco: a economia política.

 O que os “colonistas” do jornalismo corporativo denunciaram como “resposta lamentável”, “absurda”, “ataque misógino” (enquanto jornalistas e a Abraji divulgam as protocolares “notas de repúdio”), para Bolsonaro é nada mais do que um elogio: reforça simbolicamente a importância da guerra cultural e de costumes e serve de “apito de cachorro” para sua base ficar ainda mais engajada – somada a mais outro telecatch: a do ministro Alexandre de Moraes contra empresários bolsonaristas de Whatsapp.

Esse “botão eject” ficou ainda mais evidente no próprio intervalo publicitário cheio de más intenções semióticas: o véio da Havan exortando seus empregados aos valores patrióticos ao lado do Sebrae enaltecendo o maravilho mundo do empreendedorismo – onde a força de trabalho magicamente se converte em capital.

A contaminação metonímica é inevitável. 


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sábado, julho 02, 2022

Continuamos com a corda no pescoço, mas... deixamos de discutir Economia


O filósofo José Arthur Giannotti escreveu certa vez: “Nunca se discutiu tanto Economia entre nós. Pudera, estamos com a corda no pescoço”. Isso foi em 1984. Hoje, continuamos com a corda no pescoço. Mas a Economia desapareceu da pauta da grande mídia. PMiG (Partido Militar Golpista) e grande mídia convergem na mesma estratégia semiótica: a guerra permanente informacional militar cria semanalmente crises que ajudam a ocultar a crise econômica sistêmica que a grande mídia embaralha com estratégias semióticas de pulverização, deslocamento, naturalização e despolitização. Telecatchs de Bolsonaro contra a Petrobrás e PF e o fusível queimado de Pedro Guimarães na Caixa ajudam a pulverizar a relevância de qualquer debate econômico e, do outro lado, dá munição à grande mídia para esconder a crise econômica debaixo do tapete e tornar como fato consumado a agenda de privatizações.

quarta-feira, junho 29, 2022

A desconstrução do patriarcado na cozinha sônica no filme 'Flux Gourmet'


Que tal transformar a bancada de uma cozinha numa performance de um “chefe-DJ”? Microfones enfiados na manteiga ou suspensos sobre frigideiras e panelas, mixers e caixas de efeitos como frangers colocados ao lado do consommé e teremins, além de fios conectados a delicados sensores para captar os delicados sons de frituras, refogados e fervuras. Essa é a “cozinha sônica”, performance artística radical de um coletivo que pretende desconstruir a ordem patriarcal da cozinha. O filme “Flux Gourmet” (2022) de Peter Strickland (“In Fabric”) é uma comédia de humor negro elegante e estranha mostrando as contradições de todas as desconstruções pós-modernas. Com uma simbologia alquímica de fundo, “Flux Gourmet” mostra como as práticas acabam repetindo aquilo que o discurso queria destruir. Porque “o que não é assumido, não pode ser redimido”. 

quinta-feira, junho 23, 2022

Do Vale do Javari ao cárcere da PF: as estratégias semióticas de ocultamento e blefe do PMiG



Esses últimos quinze dias foram caóticos: os assassinatos de Dom e Bruno no Vale do Javari; o reajuste dos combustíveis e a renúncia do presidente da Petrobrás com a previsível reação “nervosa” dos “mercados”; prisão do ex-ministro do MEC Milton Ribeiro pela PF. Para, no dia seguinte, ser solto por um desembargador do cárcere da PF em São Paulo. Porém, esse aparente frenesi de notícias é apenas superfície. Há um modus operandi semiótico do Partido Militar Golpista (PMiG): o timing do encadeamento dos eventos, dissimulação (ocultamento das operações do PMiG) e simulação (blefes de não-notícias) com o objetivo de sequestrar a pauta da mídia (grande e independente) que sempre anda a reboque dessa central do PMiG, por ação e reação.

sábado, maio 14, 2022

Grande mídia cria realidade paralela econômica



Inflação, desemprego e fome estão diariamente nas manchetes da grande mídia. Mas isso não significa que, finalmente, a crise econômica está repercutindo no jornalismo corporativo. É possível ocultar a realidade, mesmo mostrando aquilo que se deseja ocultar. Torções nos números e malabarismos semióticos estão fazendo surgir insólitas realidades paralelas: no mundo macroeconômico, em média tudo está bem; e no cotidiano microeconômico acompanhamos “flagelados” de alguma catástrofe natural bem longe da economia: pandemia, guerras, clima etc. “Flagelados” à espera da privatização da miséria: o voluntariado de ONGs e entidades assistenciais que completam o fechamento operacional se um sistema que faz a Economia perder seu próprio objeto. 

sábado, maio 07, 2022

Agenda setting e a profecia autorrealizável do "golpe" ou... como fazer Paulo Guedes sumir


Sobe a temperatura de um país em transe, aterrorizado pela iminência de um golpe militar contra as eleições Enquanto isso, nas telas da grande mídia os “colonistas”, agora com sangue nos olhos depois que Lula virou capa da revista Time, gritam que ele só “erra”, está “fora de forma” e sua campanha está “em crise”. Aproveitando a bagunça, o ministro Paulo Guedes sai de fininho, aliviado por não lhe cobrarem a conta da fome, desemprego e inflação. Mais uma vez, jornalismo corporativo e PMiG põem em ação as estratégias de comunicação de “agenda setting” e “profecia autorrealizável”. Deu certo no golpe contra o segundo governo Dilma ao criarem a crise econômica autorrealizável. E agora repetem num ano eleitoral para aloprar o cenário político com um telecatch que oculta duas coisas: desde 2018 as eleições já estão tuteladas pelo PMiG (o golpe militar já ocorreu e as instituições não funcionam mais) e a crise econômica neoliberal – transformada em catástrofe natural pela grande mídia. 

quinta-feira, abril 28, 2022

Lula deve fugir de dois ardis semióticos do xadrez eleitoral: comunicação indireta e dilema midiático


As últimas pesquisas mostram diminuição da diferença entre Lula e Bolsonaro. Não por acaso, o PMiG (Partido Militar Golpista) intensifica a PsyOp “telecatch” do script da “crise entre poderes”, com a colaboração da grande mídia que simula fazer oposição a Bolsonaro: há uma semana só se fala em Daniel Silveira que, desinibido, desfila para as lentes das câmeras com o “indulto” em uma moldura verde-amarela. Na entrevista com youtubers e veículos alternativos, Lula mostrou-se consciente desse jogo. Porém, o panorama geral é frio: ruas vazias, sem manifestações ou protestos. Diferente do Chile, sem uma onda a partir das bases sociais, o PT conta unicamente com as armas semióticas de Lula: Carisma, Retórica, Memória e Rejeição. Como amplificar essa munição semiótica do líder político? Evitar as duas armadilhas das estratégias de comunicação alt-right de Bolsonaro e sua trupe calculadamente aloprada: a “comunicação indireta” e o “dilema midiático”.

quinta-feira, abril 14, 2022

PsyOps do PMiG: do viagra ao súbito interesse cívico no primeiro voto do jovem


Desde o primeiro dia, toda semana, incansavelmente, o governo Bolsonaro e o PMiG (Partido Militar Golpista) inventam uma crise. Uma operação psicológica chamada “guerra criptografada de Informações” com um objetivo geral de “aloprar” o cenário político do momento, aproveitando-se da perigosa ingenuidade dos jornalistas e do fígado sempre reativo da esquerda. Apagar as digitais do PMiG e ocultar os fundamentos neoliberais do governo são algumas das metas dessa psyOp. Depois que a guerra na Ucrânia perdeu a audiência na grande mídia, o PMiG voltou com tudo: crise na Petrobrás e no ministério da Educação. E, nessa semana, a compra milionária de viagra e próteses penianas para a caserna. Em todo esse embaralhamento de informações, está passando despercebido o porquê do súbito interesse “cívico” do TSE no primeiro título de eleitor do jovem – a natureza do voto dessa faixa etária será um prato cheio para o ardil semiótico alt-right. 

sexta-feira, abril 01, 2022

O 'mind set' da guerra híbrida no filme 'Batman'


Pouco depois dos atentados de 2001 nos EUA, o Governo Bush reuniu-se com os chefões da indústria do entretenimento, em um hotel de Beverly Hills, definindo uma Agenda Hollywood para os próximos 20 anos com as linhas gerais para produção de conteúdos. Entre elas, a intensificação das franquias de super-heróis das franquias Marvel e DC Comics. Mais do que impor valores americanos, a estratégia era de criar o “neurocinema”: através do universo expandido das franquias, criar um “mind set” necessário para as “revoluções híbridas” planetárias da geopolítica dos EUA. “Batman” (The Batman, 2022) de Matt Reeves é a produção mais acabada dessa Agenda – como o senso particular de justiça de Batman criou um monstro: uma versão Incel do Charada numa Gotham doente e decadente, no qual ressentimento e o senso de antipolítica pavimentam a ingovernabilidade necessária para todas as “revoluções coloridas” globais.

sexta-feira, março 25, 2022

Um mês de cobertura da guerra na Ucrânia revela clichês e mascara "video news releases"


A cobertura midiática da guerra na Ucrânia completou um mês e já demonstra as mazelas de todas as coberturas extensivas, de Olimpíadas a conflitos como esse no Leste europeu: a obrigação de cumprir o mesmo script por um tempo tão longo expõe a recorrência de clichês e contradições retóricas e das condições em que os fatos são reportados: a retórica da “guerra de narrativas”; civis mortos vs. apologia à resistência civil; o silencioso mascaramento da utilização de vídeo news releases nos telejornais; hipernormalização da tragédia com o pianista ou violinista mais próximo; a avaliação “sobrenatural” do poderio militar russo vs. fracasso militar russo; a retórica metonímica da “guerra nuclear” etc. Porém, o maniqueísmo midiático não faz a pergunta principal: quem ganha com a guerra? O jornalismo corporativo quer ocultar que tanto Biden como Putin ganham, dentro da atual agenda do Grande Reset Global.

sexta-feira, março 04, 2022

Deep State e Grande Reset Global fazem hipernormalização da guerra na Ucrânia


Através das telas, o mundo se entretém com a cobertura corporativa da Guerra na Ucrânia com todos os elementos semióticos de hipernormalização: discurso infantilizado (maniqueísmo, alívio cômico, contos de fadas com finais felizes etc.), sentimentalismo (busca de boas histórias “motivacionais”) e temor (o Mal onipresente, indeterminado, exponencial etc.). Enquanto isso, as três oligarquias que compõem o Deep State dos EUA estão estourando suas garrafas de champanhe. A alegria dessas oligarquias, que bancam todo esse espetáculo de entretenimento jornalístico que combina canastrice ficcional com fatalismo, logo mandará a conta para os distintos espectadores. Porque não há almoço grátis. Para entendermos o montante dessa conta, precisamos entender como se articulam três esferas nessa conveniente crise: (a) hipernormalização; (b) Deep State; (c) O grande reset global e o novo salto mortal do Capitalismo. 

sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Hollywood ao resgate da Ucrânia: guinada geopolítica dos EUA e primeiro dominó multipolar



The Last Minute Rescue! Hollywood vem ao resgate da Ucrânia! Em meio à destruição das suas forças armadas sob a blitzkrieg russa, o presidente-ator-comediante Vlodimir Zelensky arrumou tempo para a canastrice diante da câmera de outro ator: Sean Penn, que faz um documentário sobre a crise ucraniana. Aparentemente nenhuma novidade: Hollywood é o braço imaginário armado dos EUA. Apenas aparentemente: por trás há uma guinada geopolítica dos EUA, iniciada com a saída do Afeganistão. E agora, abandonando a Ucrânia à própria sorte, como isca para atrair a guerra territorial russa. Mas não sem antes render uma boa mais-valia semiótica: a construção da narrativa da Guerra Fria 2.0 – Putin como um nostálgico da velha União Soviética. Uma guinada geopolítica que abandona a tática “boots on ground” para se dedicar à guerra híbrida e cibernética. Diante de uma nova ordem mundial multipolar que, por exemplo, prejudica as sanções contra a Rússia: se acontecerem, poderão ser o primeiro dominó da desdolarização da economia mundial.

terça-feira, fevereiro 22, 2022

Resposta anticíclica de Putin é auge da guerra semiótica entre Rússia e o modelo de Deep State


Algo saiu do script! De repente, pareceu que algum release que viria diretamente da OTAN para o ponto eletrônico dos repórteres cessou. Deixando-os gaguejantes, consternados, sem ter o que dizer ao vivo após um irritado e impaciente Putin ter reconhecido a independência e soberania das regiões separatistas da Ucrânia. Para depois, enviar “tropas de paz” para as regiões. Biden aproveitou o feriado e se fechou na Casa Branca, e, no vácuo, aliados prometeram “uma reposta rápida a Putin”. A resposta anticíclica de Putin, rompendo a “política do megafone” de Biden é a culminância aos primeiros sinais das diferenças semióticas EUA/Rússia: o salão oval versus a gigante mesa oval de reuniões do Putin, p. ex.. As diferenças não são meramente estéticas: Putin explora muitos elementos do teatro de vanguarda, sob a influência do “Rasputin” Vladislav Surkov, trabalhando na linha tênue entre ficção e realidade. Nada do que o Ocidente também não faça. Porém, com uma diferença: enquanto o Deep State ocidental precisa criar uma cena ficcional com atores que acreditam ser os próprios personagens que encenam, Putin é a própria realpolitik russa. Mas, também, essa diferença oculta uma ameaça mortífera.

sexta-feira, fevereiro 18, 2022

Midiacentrismo da cobertura Bolsonaro-Putin oculta digitais do hackeamento eleitoral do PMiG



O jornalismo corporativo é midiacêntrico e tautista: os fatos só acontecem para serem transmitidos e noticiados, numa espécie de auto lisonja do jornalismo corporativo. Disso decorre uma perigosa ingenuidade: acreditam que a verdade só pode estar no próprio fato que noticiam. Ignoram que muitas vezes os acontecimentos são diversionistas (simulações, não-acontecimentos, factoides etc.) para desviar a atenção de todos da verdadeira cena. A escalada da crise Rússia-OTAN-EUA e a visita de Bolsonaro ao líder russo Putin revelou tudo isso: como jornalistas e “colonistas” são capazes de acreditar em qualquer coisa. Até em canastrices. Dia da invasão na Ucrânia com data marcada? Uma operação de hackeamento russo das eleições brasileiras feito às vistas da imprensa num encontro oficial de presidentes? Como sempre, a operação psicológica da dobradinha PMiG (Partido Militar Golpista) e mídia corporativa (no modo Alarme!). Para ocultar as digitais que comprovariam que o PMiG já deu um golpe híbrido (por isso, a mídia não viu) e que as eleições já foram hackeadas, desde 2018 – mesmo com as “pontes” construídas entre militares e civis no STF e TSE para “as instituições funcionarem”...

sexta-feira, fevereiro 11, 2022

Fusíveis queimados e estratégia militar de terra arrasada: PMiG e grande mídia no modo Alarme


A chamada “terceira via” não engrena, mais precisamente o ex-juiz Sérgio Moro. E junto vai embora a esperança de que o espinhoso tema da economia saísse de pauta, substituído pelo discurso moralista do combate a corrupção. Por isso a grande mídia está no modo Alarme: o “apito de cachorro” da polêmica do “racismo reverso” do artigo da Folha foi o alerta para a mudança da estratégia semiótica: sai corrupção, entra a “guerra cultural”. Colocando a guerra híbrida do PMiG (Partido Militar Golpista) no “Piloto Automático”, com os fusíveis pronto para serem queimados com figuras como Monark e a sub-celebridade ex-BBB Adrilles Jorge – fusíveis queimados para ocupar a pauta com lacradores de redes sociais, juristas de Twitter e a indefectível esquerda reativa pavloviana. Principalmente para ocultar a estratégia militar de “terra arrasada”: silenciosamente passar no Congresso pautas prioritárias que arrasem o País. Para deixar um eventual governo Lula prisioneiro da judicialização.

sexta-feira, fevereiro 04, 2022

O frango com farofa e o assassinato de Moïse: guerra semiótica sem fronteiras


Como é possível mostrar a realidade, ao mesmo tempo em que a oculta? O vídeo “vazado” nas redes sociais mostrando os maus modos de Bolsonaro à mesa (ou à bandeja) comendo frango e espalhando farofa (e o seu “bônus track”, o making off do filho Carlos dirigindo a cena bizarra) e as imagens do assassinato cruel do congolês em um quiosque na praia da Barra, RJ, guardam uma perniciosa conexão: a guerra semiótica em um ano eleitoral. A “meta-simulação” do “bônus track” (análoga ao de Biden, denunciando que a Rússia estaria criando um vídeo de simulação de ataque da Ucrânia, antecipando os próprios vídeos falsos americanos) quer apagar os rastros do PMiG (Partido Militar Golpista) na construção do personagem manchuriano Bolsonaro. Enquanto a cobertura midiática do assassinato de Moïses oculta aquilo que pavimenta todo racismo, xenofobia e o domínio do comércio por milicianos: a reforma trabalhista.

sábado, janeiro 22, 2022

BBB22, racismo reverso e minissérie 'Caso Celso Daniel': grande mídia liga o modo Alarme



Nessa semana a grande mídia entrou no modo “alarme”: eleições, tudo bem! Mas não mexam na política econômica! Afinal, foi necessário muito jornalismo de guerra para fazer o País entrar na periferia do Grande Reset Global: o capitalismo de plataforma, o neocolonialismo high-tech. Por isso, o jornalismo corporativo sente a urgência de sumir com a pauta econômica em ano eleitoral, apesar da “recessão técnica” – eufemismo para falar de desemprego, inflação etc. BBB22 na Globo, a polêmica identitária do racismo reverso da Folha, o indefectível caso Celso Daniel sempre requentado num ano eleitoral, agora em minissérie da Globoplay. E, fechando a semana, o segredo de polichinelo da rachadinha com “depoimento-bomba” da Veja. Bater na tecla diária de que a pandemia e as “mudanças climáticas” conspiram contra a economia não é o suficiente. É necessário tentar dominar a pauta com os temas alt-right das guerras culturais e o moralismo do combate à corrupção – estratégia semiótica para criar convenientes polarizações.

sábado, janeiro 08, 2022

Primeira semana do ano: mídia abre kit semiótico de manipulação e PsyOp militar entra em ação


Bastou a primeira semana do ano para aparecerem os primeiros movimentos de uma guerra semiótica que promete ser pesada nesse ano eleitoral. E a grande mídia já apresenta as primeiras armas do seu kit semiótico de manipulação: diante da ação policial de busca e apreensão contra o ex-governador Márcio França, entra em ação o empirismo grosseiro da estratégia do “não-há-nada-para-se-ver-aqui!”. Também foi ativado o jornalismo metonímico para criar uma bomba semiótica, milimetricamente tardia, em torno do artigo de Guido Mantega na “Folha” e o anúncio da “revogação da reforma trabalhista” pelo PT. E a psyOp militar de dissonância cognitiva em torno da “operação padrão” do ministro da Saúde Marcelo Queiroga, os ataques de Bolsonaro à vacinação de crianças e a suposta tensão entre o chefe do Executivo e o Comando do Exército que orientou os militares a tomar medidas contra a pandemia e não espalhar fake news.

sexta-feira, dezembro 24, 2021

Vitória de Boric, jantar Lula-Alckmin, fundo eleitoral: eventos sincrônicos da despolitização


Lula e Alckmin se reúnem em jantar de fim de ano do Grupo Prerrogativas em São Paulo; o ex-líder estudantil Gabriel Boric vence eleições no Chile, dois anos depois da onda de protestos que varreu o país e abriu as portas para uma nova Constituição; sob escândalo moralista da grande mídia, Congresso aprova o bilionário Fundo Eleitoral. Esses três eventos dessa semana podem estar distantes no tempo ou no espaço. Mas são significativamente sincrônicos: a vitória de Boric no Chile é o contraste com o desenrolar dos efeitos da guerra híbrida no Brasil - judicialização e despolitização do sistema partidário com a crise da representação política e a emergência dos “partidos-Estado” mantidos por fundões partidários e eleitorais. Desconectados da sociedade que, bestificada, assiste às “concertações” e “freios de arrumação”.  Enquanto isso, a estratégia comunicacional vitoriosa de Boric no segundo turno “Un millón de puertas” ecoa divisores de água da história das teorias de comunicação... algo fora dos propósitos dos partidos-Estado brasileiros.

terça-feira, dezembro 21, 2021

Série 'Invasão': a incomunicabilidade humana faz visita alien terminar nada bem


A primeira temporada inteira da série Apple TV + “Invasão” (“Invasion”, 2021- ) parece mais o primeiro capítulo de um épico de ficção científica. Mas não um épico hollywoodiano de invasões, mais preocupado em mostrar aliens, destruição em massa e terror. Acompanhamos os dez episódios concentrando-se em dramas humanos diferentes espalhados pelo mundo que acabam se conectando na medida em que os alienígenas pouco a pouco começam a dar as caras. Na verdade, toda a temporada é a configuração de algo maior que está por vir, tangenciando com o tema do filme de Dennis Villeneuve, “A Chegada” (2016): quando finalmente encontrarmos alienígenas, estaremos numa situação de total incomunicabilidade – sequer será aplicável a noção de "inteligência" a nossos visitantes. E, o pior como alertou o físico Stephen Hawking, estaríamos numa situação análoga a Colombo encontrando os índios no Novo Mundo... e que terminou nada bem.

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