Mostrando postagens com marcador Bomba semiótica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bomba semiótica. Mostrar todas as postagens

terça-feira, dezembro 26, 2023

Contra as bombas semióticas da "Empatia" e do "Faça a diferença"

“Empatia” e “faça a diferença” são expressões que marcaram 2023. Apareceram em todos os lugares: no colunismo e editoriais da grande mídia, em vídeos publicitários das grandes marcas globais, nos discursos motivacionais corporativos, na literatura de autoajuda. Viraram palavras mágicas através das quais podemos supostamente fazer uma sociedade melhor e mudar o mundo! Há uma relação direta entre o aumento da polarização política e escalada midiática dessas palavras, consideradas antídotos para todas as mazelas do ódio e intolerância. O mais irônico, é que aqueles que lançam essas palavras mágicas como slogans ou hashtags foram os responsáveis pela doença que supostamente pretendem curar: o jornalismo de guerra que deu visibilidade ao extremismo político e fundações privadas educacionais de bilionários que financiaram a cismogênese brasileira. “Empatia” e “faça a diferença” viraram bombas semióticas do “Sim!” que retroalimentam aquilo que simulam querer sanar.

sexta-feira, novembro 17, 2023

Dois lados de uma mesma moeda: Guerra Israel/Hamas e fenômenos extremos climáticos


Dois lados de uma mesma moeda: Guerra Israel/Hamas e a onda de calor dos fenômenos extremos climáticos. Quem nos dá esse insight? A improvável jovem ativista Greta Thunberg. “Não há justiça climática para terras ocupadas”, puxou um coro tentando sobrepor as duas agendas. Atirou no que viu e acertou no que não viu: são eventos sincrônicos. Tanto a guerra quanto a urgência climática se deslocaram para um único campo: o retórico e propagandístico. E, mais profundamente, para o campo da simulação dos não-acontecimentos. Na guerra, o meta-terrorismo transpolitico de simulação israelenses de inimigos imaginários criados por "inside job" e "false flag". E a urgência climática: quando o debate científico sobre a discussão de múltiplas causalidades se torna retórica unidimensional no campo da propaganda, marcado por recorrências, figuras aristotélicas de retórica, contaminações metonímicas e inversões entre causas e efeitos. 

sexta-feira, agosto 11, 2023

A esquerda precisa construir um novo imaginário


Desde que os nazistas e fascistas chegaram ao poder na Europa com o apoio do rádio e cinema, a esquerda continua sem entender até hoje o que aconteceu. Ainda acha que as massas são enganadas pelas ideologias, manipulações e mentiras. E que a sua missão (inglória) é denunciar fake news, desmascarar farsas, na esperança de que um dia as massas caiam em si e descubram a verdade. A questão é que a ideologia não se define pela “falsa consciência”, mas pela força do imaginário. E o imaginário não é derrotado pela “razão”, “verdade” ou “Ciência”. Somente um outro imaginário pode derrotar o imaginário dominante. Depois de uma história vendo seus oponentes usando a vanguarda midiática e tecnológica para impor seu imaginário, a esquerda ainda insiste na “crítica ideológica”. Sua única chance será criar um outro imaginário, muito diferente do atual, auto descritivo: o imaginário da “luta e resistência”.

sexta-feira, junho 09, 2023

Lula escapa do ardil semiótico da Marcha de Jesus... e Folha tenta lucrar com isso


Parece haver alguma inteligência semiótica no governo Lula. O presidente recusou o convite para participar da Marcha para Jesus 2023, em São Paulo. O ardil era evidente: se Lula fosse à Marcha, daria a deixa para a narrativa da “polarização” do jornalismo corporativo: “Lula repete Bolsonaro e politiza evento religioso”. Nunca a polarização foi uma questão para a grande mídia. Passou a ser quando Lula saiu dos cárceres de Curitiba, gerando uma mais-valia semiótica midiática: Bolsonaro e Lula são iguais, polarizam, mas apenas têm sinais trocados. É a retórica “nem-nem”, colocada em ação desde as últimas eleições. Nesse momento, o jornalismo hegemônico mobiliza seu arsenal retórico do “Lula repete Bolsonaro”, estratégia subliminar para substituir a política pelo “bom-senso” neoliberal. Enquanto isso, a “Folha” tenta lucrar mercadologicamente com tudo isso, com a “campanha para incentivar furo de bolhas e diversidade de ideias”.

sexta-feira, maio 05, 2023

Globo e Google no espelho, a capivara híbrida e... cadê o "smoking gun" contra Bolsonaro?

Desde a votação à presidência do Senado, a Globo não se mostrava tão ansiosa quanto na votação da PL das Fake News. Mais uma vez colocou seus “colonistas” dentro do Congresso para o corpo a corpo em defesa da PL e fez chilique quando o Google também começou a jogar pesado contra a aprovação. Globo e Google apontam o dedo uma para o outra. Google faz nada mais do que a Globo já não tenha feito por décadas. Globo quer também meter a mão no bolo publicitário das redes e plataformas para ganhar sobrevida, sob o álibi do “jornalismo profissional” como único remédio contra as fake news. Criadas pelo próprio jornalismo corporativo através do abuso do poder econômico do qual acusa o Google de fazer. Um olha para o outro no espelho. Atrás dessa espuma midiática, grande mídia volta ao modo jornalismo de guerra: o caso da “capivara filó” híbrida, relembrado caso parecido na guerra híbrida de 2013, e a psyOp dos escândalos semanais de Bolsonaro com modus operandi de sempre: timing, sincronismo...e sem "smoking gun".

sexta-feira, abril 21, 2023

Vazamento da CNN revela que ataques de Brasília foram uma bomba semiótica transmídia


O “vazamento” da CNN do vídeo que fez cair o ministro-chefe do GSI foi a evidência de que os ataques de 08/01 em Brasília foram muito mais uma calculada bomba semiótica transmídia, do que uma tentativa real de um clássico golpe de Estado. O suposto vazamento tornou inevitável para o Governo a CPI, prometendo expandir o universo narrativo dos ataques de janeiro em múltiplas mídias e plataformas – cada vez mais o circo midiático das CPIs é transmídia. Bomba semiótica completa: polissemia, novidade, efemeridade, movimento e imprevisibilidade. E, principalmente, os sincronismos em torno do “vazamento” nesta semana. A invasão de Brasília foi um golpe virtual para a TV. O início de um universo em expansão que ameaça virar um golpe real.

sábado, março 25, 2023

Sem estratégia de comunicação Lula tem Governo, mas não o Estado


O que deveria ser uma operação psicológica de retomada do controle da agenda política, transformou-se numa crise tanto de comunicação como política, que poderá render efeitos exponenciais – a não ser que o Governo transforme a visita à China numa oportunidade para retomada de pauta. O modus operandi é previsível e recorrente: diante do debate econômico (juros, independência do BC, desenvolvimento etc.) PF e lavajatismo preparavam-se para desfechar uma operação para retomada de agenda: a volta da República de Curitiba, dessa vez não mais para combater a corrupção, mas o crime organizado – fabricar conexões entre PT e PCC, tese criada pelo Partido Militar, pelo menos desde 2017: o suposto projeto da facção tornar-se um partido político ao estilo das FARC. Mas a fala infeliz de Lula numa exclusiva a um site progressista e as cabeças batendo na estratégia de comunicação do Governo criam uma grave suspeita: Lula tem o governo, mas não o Estado.

sexta-feira, março 17, 2023

Coaches motivacionais, golpes financeiros e a ascensão global da direita alternativa


O episódio da perda milionária de dois ex-colegas do Palmeiras com investimentos de criptomoedas foi emblemático, dentro da onda atual de notícias sobre golpes envolvendo coaches e gurus de autoajuda através de perfis em redes sociais. Para além da repercussão midiática, há elementos recorrentes em todos esses casos: bolsonarismo, neopentecostalismo, autoajuda, canastrice e uma certeza mágica de que com a atitude otimista diante das oportunidades, recompensas virão. Essa é uma geração que foi formada pelo tripé religião-educação-informação. Tripé aparelhado por uma ideologia cujas origens estão no movimento filosófico-esotérico do “Novo Pensamento”. Movimento que inspira a direita alternativa (“alt-right”) do século XXI e que mantém ativo o “exército psíquico de reserva”: um ativo psíquico geracional, eventualmente acionado para apoiar líderes extremistas de direita. Assim que as crises econômicas cíclicas do Capitalismo exigirem, como foi na recente ascensão global alt-right.

sexta-feira, março 10, 2023

Realidade paralela midiática: "presentes" de Bolsonaro e a terra arrasada do Congresso


Bolsonaro, o aventureiro que quer humilhar as Forças Armadas, quis embolsar, sem pagar imposto, um presente com joias no valor de milhões de reais dado ao presidente-aventureiro pela Arábia Saudita. O jornalismo corporativo suspeita de que o presente na verdade poderia ser uma “comissão” por alguma coisa, mas parece não muito motivada para investigar essa pauta. Mas mostra-se muito mais motivada em anunciar que o governo “já perdeu” na terra arrasada do Congresso. Em desespero, Lula marcou um jantar com Arthur Lira para reverter a derrota certa. Bem-vindo à realidade paralela do jornalismo corporativo, zelosa em blindar um dos seus ativos (o Partido Militar), queimar o fusível Bolsonaro e dar pernas a não-notícias para criar as profecias autorrealizáveis do “já perdeu” e da ingovernabilidade.

quinta-feira, fevereiro 09, 2023

Banco Central autônomo: o mercado vota todo dia na grande mídia


Como a grande mídia percebeu que dar chiliques não está dando certo (vide os casos da AGu querendo combater fake news e a “moeda única” do Mercosul), partiu para outra estratégia: cobertura ansiosa dos acontecimentos. Se nas eleições do Senado, a Globo criou um estúdio dentro do Congresso para o corpo-a-corpo, agora na “guerra” entre Lula e Banco Central coloca em ação seus informantes de pauta das mesas de operações das corretoras de valores. E até trazem para os estúdios, numa ação rara ou inédita. George Soros disse certa vez: “o mercado vota do dia”. No campo econômico, vota através da “porta giratória” das políticas monetárias do Banco Central. E no campo semiótico através da cegueira da patuleia com efeitos midiáticos de ciência econômica: números, tabelas e infográficos caprichados, com operadores sendo entrevistados tendo ao fundo múltiplas telas com gráficos coloridos – criando o efeito de tecnicidade neutra.  Enquanto Lula é “palanqueiro” e faz “jogadas”, Roberto Campos Neto divulga “atas”, faz “política monetária” e “não gosta de fortes emoções”.

sexta-feira, janeiro 27, 2023

Mídia "de qualidade e profissional" fornece matéria-prima para redes de extrema-direita


Nos últimos dias os “colonistas” da imprensa corporativa tiveram dois chiliques: primeiro, quando o governo criou órgão na AGU para combater fake news. E, nessa semana, quando Lula visitou o presidente Fernández na Argentina. Cenários distópicos orwellianos começaram a ser pintados: um Governo que não só controlará a liberdade de informação, mas também decretará o fim do real no Mercosul da “moeda única”. Esses dois chiliques guardam uma oculta conexão: a grande mídia, supostamente produtora de “informação de qualidade e profissional”, é a principal fornecedora de matéria-prima para conteúdos das redes de extrema-direita. Entre a sensacionalista expressão “moeda única”, o déjà vu das críticas ao BNDES financiando “ditaduras de esquerda” e a crítica ambiental seletiva do gás de xisto argentino, fica clara a dialética grande mídia e estratégias de desinformação da extrema-direita. 

sexta-feira, janeiro 06, 2023

Inclusão social ou fiscalismo? Mídia com sintomas de bipolaridade e Síndrome de Procusto


Desde a cobertura jornalística do Governo de Transição, a grande mídia entrou numa saia justa semiótica. O jornalismo corporativo foi obrigado a participar do consenso político da necessidade do combate à fome e da inclusão social. Porém, como conciliar a agenda social com a inclemente defesa do discurso fiscalista sobre tetos e responsabilidades cobrados pela Banca patrocinadora do jornalismo corporativo? Na primeira semana do ano, jornalões e canais de notícias assumiram um malabarismo retórico com dois sintomas: o transtorno bipolar e a Síndrome de Procusto (relativa ao mito grego do gigante Procusto). A única maneira para conciliar o psiquismo de “colonistas” que ora são liberados a se emocionar até às lágrimas e ora são instados a defenderem a intransigência de “responsabilidades” e “tetos”.

sábado, dezembro 31, 2022

PT volta a chocar o ovo da serpente da Comunicação


A morte do Rei Pelé parece ter ajudado a diluir o impacto nas esquerdas da nomeação de um bolsonarista, o deputado federal Juscelino Filho do União Brasil, no Ministério das Comunicações. Parece que o PT não entendeu a lição histórica recente: de como a elite brasileira de repente cansou-se da Democracia e do Estado de Direito e conseguiu virar o tabuleiro político envenenando psiquicamente uma nação com o ódio e a divisão de familiares e amigos. Tudo através da comunicação - ponto de estrangulamento de qualquer projeto de nação, com uma grande mídia sem pluralismo e Big Techs que não pensam duas vezes em apoiar a extrema-direita quando veem o projeto "Brasil neocolonialismo digital ameaçado. Mais uma vez, o pragmatismo da miragem da governabilidade começa a chocar o ovo da serpente e o economicismo retorna - a ilusão de que apenas a inclusão dos brasileiros no mercado de consumo criaria uma espontânea conscientização política. 

segunda-feira, dezembro 26, 2022

O pseudoevento da bomba de Brasília feita para explodir no campo semiótico

A bomba do terrorista George Washington de Souza (que nome síncrono!) não foi detonada. Mas explodiu no campo semiótico – parece até que ela foi feita para isso, não ser detonada no mundo real e criar um pseudoevento canastrão. Este Cinegnose chega a essa hipótese amparada na análise das primeiras páginas e manchetes dos jornalões, repletas de termos tautológicos (“bolsonarista radical”), difusos (“provocar o caos”), além da indefectível estratégia de contaminação metonímica para gerar novos sentidos maliciosos. Grande mídia está mais interessada em jogar o problema no colo do futuro governo do que nas autoridades atuais. E “acender a luz vermelha” da posse. Do terrorismo do mercado ao terrorismo “patriota”, é a continuidade da estratégia de emparedar o futuro governo. E para completar, entra em ação a “lupa identitária” da contabilidade de quantas mulheres e negros ocupam o futuro ministério... só que para o jornalismo corporativo não valem negros e mulheres indicadas por petistas.

sábado, novembro 26, 2022

Mídia preguiçosa não quer recuperar símbolos nacionais roubados pela extrema-direita



Nesse momento de Copa do Mundo no Catar, grande mídia e mercado publicitário estão fazendo a cobertura esportiva e veiculando comerciais na TV dentro do espírito “o verde-amarelo é de todos”. Supostamente tentando recuperar as cores e símbolos nacionais apropriados pela estratégia de comunicação “alt-right”. Que veste grupos que agora bloqueiam e fazem atentados em estradas. Mas será que tentam recuperar mesmo? Para eles, a torcida brasileira unida na Copa por si só resolveria tudo: uma simples transposição dos símbolos nacionais do extremismo político para o esporte, apenas com os sinais trocados. Porém, essa preguiçosa contraofensiva semiótica é insuficiente frente à sofisticada estratégia de dessimbolização da extrema-direita internacional. Como demonstrado na Finlândia quando o extremismo se apoderou do símbolo nacional do leão e da cruz. Ou será que grande mídia não quer mesmo é se livrar do ativo sociopolítico que representa o “Exército Psíquico de Reserva”. Que poderá ser útil no futuro?

sexta-feira, novembro 11, 2022

Paralelo ao Governo de Transição, PMiG deixa no modo de espera Exército Psíquico de Reserva


Todos sabem que não haverá golpe. Para o PMiG (Partido Militar Golpista) já é página virada e para a grande mídia foi a “festa da democracia”. Todos sabem... menos os fanáticos enrolados na bandeira nacional chorando e orando em voz alta diante de quartéis pelo país. Outros, tentam bloquear estradas, como fanáticos milenaristas à espera da salvação. Porém os “apitos de cachorro” dizem o contrário, elevando o moral da patuleia. Porque eles têm que ser mantidos em “stand by”: é o Exército Psíquico de Reserva. No passado, estava na Deep Web. Agora, dá as caras à luz do dia, com apoio logístico empresarial. Entrarão em “hibernação”, no modo de espera. Para serem novamente acionados por cripto-comandos em futuras guerras híbridas. Que parecem não estar muito distantes, depois do fim da lua de mel após o inflamado discurso de Lula no Governo de Transição.

sábado, outubro 29, 2022

Lula descobre as estratégias alt-right de desconstrução de debates. Será tarde?


Nervoso, numa noite particularmente beligerante, perdendo o controle e exigindo até um inédito direito de reposta do mediador William Bonner. Pisando em falso e quase se desequilibrando. Procurava sempre na palma da mão a colinha com duas palavras chaves fatais que teimava em esquecer: “décimo terceiro” e “férias”. Um candidato visivelmente incomodado, porque viu o oponente Lula utilizando as mesmas técnicas de desconstrução trumpista e pós-moderna que a alt-right sempre se primou: metalinguagem, comunicação indireta, técnica de dissociação e desautorização do interlocutor. Talvez, um reflexo do “efeito Janones”: apropriar-se do mesmo ímpeto desconstrutivista do adversário e lutar no mesmo campo semiótico que sempre a extrema direita atuava sem ninguém incomodar. Até agora. Resta saber se essa novidade tardia veio a tempo suficiente para evitar o pior.

terça-feira, outubro 25, 2022

Canastrona False Flag 'Scarface' abre reta final da campanha eleitoral


Se no domingo anterior o ministro Alexandre de Moraes puxou o freio para equilibrar o debate na Band ao mandar excluir o vídeo “pintou o clima”, nesse domingo mais uma vez o ministro entra em cena determinado a prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) que recebeu os policiais federais com pompa e circunstância cinematográficas, ao estilo Tony Montana de “Scarface”. A icônica cena do “Padre” Kelmon ladeado pelo Bob Jeff vestido para a guerra e um agente que mais parecia ter saído de algum conflito do Oriente Médio, aponta para um evento dramaturgicamente coreografado. Com todos os indícios de uma operação “False Flag”: recorrência, sincronismo, canastrice e timing. Bob Jeff, aquele que nada tem a perder se auto-imolando, desempenha seu último papel: o de “apito de cachorro” para desviar a atenção do distinto público do incômodo sincericídio de Paulo Guedes, e chamar os brios do núcleo armado bolsonarista que legitime uma eventual operação de Garantia de Lei e Ordem. Ou antes ou depois da eleição.

segunda-feira, outubro 17, 2022

Timing perfeito do TSE salva o debate de domingo e agenda da grande mídia para segundo turno


Quem ganhou o debate da Band? Lula? Bolsonaro? Não, foi o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que salvou o dia com um timing perfeito: depois de uma live de Bolsonaro no início da madrugada, rouco e consternado, horas antes do debate domingo o ministro determinou a exclusão do vídeo do “pintou o clima” e de que os petistas “se abstivessem de novas manifestações”. Tudo que a mídia hegemônica quer é manter um contexto de estabilidade e que os debates apenas retroalimentem a agenda dominante (pandemia, corrupção etc.), sem intromissões ou surpresas. Como o “efeito Janones”, por exemplo. Manter um quadro de estabilidade com números de pesquisas que pouco mudem. É bom ficarmos atentos ao jogo de freios e contrapesos para manter um quadro diversionista de uma suposta estabilidade. Desviando a atenção das anomalias que levaram a eleição ao segundo turno... e que poderão se repetir. 

Debates políticos na TV pode se tratar de tudo, menos de aprofundar propostas ou um livre debate de ideias. Pelo menos não quando alguém tem um minuto e meio para responder uma pergunta feita por jornalistas ou correr contra o cronômetro para tentar reverter bordões, silogismos falaciosos, acusações e bravatas do adversário. Especialmente quando se tem pela frente estratégias de comunicação alt-right, especializadas em desautorizar o interlocutor através do cinismo.

As fórmulas dos debates televisivos são especialmente criadas para favorecer franco atiradores, com suas lacrações e mitadas, matéria-prima para posteriores clipes que serão repercutidos nas redes sociais. Mas principalmente, as fórmulas são criadas para desgastar o primeiro colocado nas pesquisas eleitorais. Principalmente num segundo turno, quando todas as expectativas estão voltadas em saber se aquele que está atrás nas pesquisas poderá virar o jogo.

Em outras palavras, debate na TV é torcida e “secação” do adversário. 

E para a grande mídia, a oportunidade de manter o controle da narrativa, escolhendo perguntas ou dividindo o debate em blocos de temas que, por fim, retroalimentam tautisticamente a agenda imposta pelo próprio jornalismo corporativo. As únicas “surpresas” toleradas em debates são gafes (incapacidade do candidato de lidar com a linguagem televisiva) ou falácias articuladas como fossem graves denúncias.

No todo, deve manter intocada a narrativa. Principalmente num momento em que o PT está sob o “efeito Janones” desafiando a grande mídia: passou a jogar no mesmo campo simbólico da extrema direita, saindo dos trilhos do “PT parlamentar” ou do “PT jurídico” - o trilho da ideologia midiática de que o único antídoto contra fake news é a informação, a “verdade”, e o combate institucional contra as mentiras através dos canais legais.


    

Por isso, o grande vencedor do debate na Band foi o ministro do TSE Alexandre de Moraes. Com o The Last Minute Rescue de mandar retirar das redes o vídeo postado pelo PT que sugeria pedofilia na fala de Bolsonaro sobre venezuelanas menores de idade, “Xandão” evitou que a narrativa do debate fosse deixada nas mãos do imponderável. Isto é, de que a Band (e de resto, o jornalismo corporativo) perdesse o controle da narrativa – perda dos mecanismos de freio e contrapeso através da agenda restrita aos temas da Pandemia, Corrupção, Responsabilidade Fiscal, Orçamento Secreto e Fake News.

Certamente a equipe de Bolsonaro temia o descontrole do candidato no debate: o tema poderia dominar com um efeito desestabilizador para o chefe do Executivo. A live que ele fez no início da madrugada desse domingo, rouco e com a fisionomia crispada, tentando se defender de um “ataque feito com um vídeo que pega um pedaço e inverte tudo isso”, já prenunciava um debate na TV em que o presidente já entraria em desvantagem.

    Mas o ministro Alexandre de Moraes (notório pelos seus coreografados telecatchs com o presidente para tocar o terror da “crise entre podres”), no final da tarde (timing prfeito!), deu sua decisão, diminuindo o estrago da fala e fazendo o candidato entrar autoconfiante no cenário de estilo metaverso do debate da Band. 



Moro e as pastas de Collor

Mas não ficou por isso. Em vingança, a equipe de Bolsonaro leva o ex-juiz e ex-desafeto de Bolsonaro eleito ao senado, Sérgio Moro, como uma espécie de assessor para temas relativos à corrupção do PT – lembram do controle da narrativa?

Parece que a presença de Bolsonaro teve o mesmo efeito daquelas famosas pastas verdes e amarelas (recheadas de folhas em branco) que Collor levou ao debate da Globo de 1989, sugerindo que poderia disparar a qualquer momento uma bala de prata. Para desestabilizar emocionalmente o oponente.

Criados os freios e contrapesos, foram garantidas as condições seguras para a grande mídia manter o controle da narrativa.

Se não, vejamos. Como sempre, o rescaldo do debate foi polissêmico: a extrema direita diz que Bolsonaro ganhou, e por nocaute. Os progressistas mais pessimistas dizem que deu empate. E a esquerda mais otimista afirma que Lula ganhou, mas por pontos. 

Assim como as mais de 700 pesquisas desse ano sempre apontaram para números estáveis, sugerindo um leitor já decidido (para tudo virar do avesso nos resultados do primeiro turno, depois de uma série de anomalias – clique aqui), também todos os debates promovidos até aqui renderam interpretações polissêmicas. 

Pudera! Sempre os temas mais palpitantes para a opinião pública são deixados de fora para ficar na narrativa monofásica com os temas listados acima. Ou, no máximo, colocar um padre fake como estratégia diversionista.



Assim como, horas antes do debate, um acontecimento palpitante que revelava muito do modus operandi e caráter da extrema direita (a bucha de canhão do “Projeto de Nação” do PMiG – Partido Militar Golpista) foi deixado de fora pela ação do “Xandão do telecatch” que, dessa maneira, salvou o dia.

Colonistas uníssonos

Enquanto no espectro político dominava a polissemia, no campo dos “colonistas” do jornalismo corporativo a interpretação foi, ao contrário, uníssona: Lula ganhou no bloco sobre a pandemia, empatou nas perguntas dos jornalistas e perdeu de goleada no bloco sobre corrupção – supostamente Lula não soube aproveitar seu banco de minutos, deixando mais de cinco minutos livres para Bolsonaro fazer um monólogo. Essa foi a interpretação de dez em cada dez.

Acredito que isso foi deliberado na estratégia de Lula: tentou reverter os previsíveis argumentos de corrupção (mensalão, petrolão etc.) com poucas interrupções, contando ao final com a esperada desarticulação de Bolsonaro em falas longas (frases desescosturadas recheadas de ofensas) que poderiam render pedidos de repostas – Lula ficou frustrado, pois esperava pelo menos dois pedidos aprovados. Apenas contou com um direito de resposta.  



Afinal, por que a interpretação dos “colonistas” ficou tão uníssona? Porque o debate rendeu o feedback tautista que mantém a grande mídia no controle narrativo: confirmou a agenda – Lula ganhou no primeiro bloco porque fez o “match” com a as críticas ao negacionismo feitas pela mídia corporativa contra Bolsonaro durante toda a pandemia. 

 E perdeu para Bolsonaro no bloco sobre corrupção porque, por sua vez, o presidente fez o “match” com todos os bordões criados pela grande mídia no período do jornalismo de guerra: “mensalão”, “o petrolão”, “o maior esquema de corrupção da história” etc. A fala de Bolsonaro, como sempre, foi um pot-pourri fragmentado e apoplético daquilo que a mídia ceivou com muito esmero.

Nesse tema, Lula está condenado a nunca mais ser inocente. Não importa se a Justiça, a ONU, o Papa o absolvam. Não importa o que fale ou a estratégia que utilize: depois de anos de guerra híbrida, “corrupção do PT” virou um meme autoimune, isto é, blindado a qualquer contra-argumento. Porque um meme autoimune não é um argumento: já está no campo da pós-verdade, é evidente por si mesmo.

Ou seja, Alexandre de Moraes foi o freio. E o tema da corrupção (depois os colonistas reclamam que não se discute “propostas”) o contrapeso

Está claro que o plano geral com esses freios e contrapesos é manter um cenário estático e conter quaisquer surpresas que por acaso surjam – como o “efeito Janones”, o bateu-tomou como cura contra fake news, ao invés da “informação profissional” do jornalismo corporativo.

Mas porque a grande mídia quer tanto manter o cenário de estabilidade, sempre com uma pequena vantagem para Lula nas pesquisas?  Será uma estratégia diversionista? Levando-se em conta as estranhas anomalias no primeiro turno por trás da verdadeira ducha de água fria no PT.

É bom ficarmos atentos ao jogo de freios e contrapesos que objetiva manter um quadro diversionista de uma suposta estabilidade. Desviando a atenção das anomalias que levaram a eleição ao segundo turno... e que poderão se repetir. 

 

 

Postagens Relacionadas

 

Mídia em pânico tenta minimizar 'efeito Janones' e oito anomalias eleitorais

 

 

Primeiro turno: urnas eletrônicas, anomalias e o buzz "tem caroço nesse angu"

 

 

Debate da Globo tenta abduzir Lula e dar pernas à terceira via para forçar segundo turno

 

 

Terceira Via, "botão eject" e mais-valia semiótica no debate da Band

 

 

sexta-feira, outubro 14, 2022

Mídia em pânico tenta minimizar 'efeito Janones' e oito anomalias eleitorais



A cúpula da campanha do chefe do Executivo e a grande mídia sentiram o impacto. De um lado, obrigou a campanha da extrema direita ir a público fazer desmentidos. E a grande mídia reclama de “baixo nível da campanha”, “Efeito Janones” ou “estratégia digital que não muda corrida eleitoral”. É o efeito da estratégia da campanha do PT “olho por olho, dente por dente” nas redes: combater fake news com outra fake news. Aquilo que este Cinegnose vem insistindo há anos: a esquerda deve lutar no mesmo campo simbólico da extrema direita já que a leniência do Judiciário e os muxoxos midiáticos mostram que as instituições NÃO estão funcionando numa disputa eleitoral assimétrica. Tão assimétrica que Bolsonaro volta a denunciar uma possível fraude eleitoral, temeroso de que a esquerda (cada vez mais desconfiada) se aproprie da sua pauta. Colaborando com essa desconfiança, este humilde blogueiro elenca oito anomalias ou dúvidas justificadas no primeiro turno. Afinal, os institutos de pesquisa “erraram” porque suas metodologias só funcionam em condições normais de temperatura e pressão. 

Tecnologia do Blogger.

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Bluehost Review