Desde o Bates Motel do vilão Norman bates no filme "Psicose" de Hitchcock, os hotéis renderam uma longa filmografia do terror ao drama e humor negro – lugares misteriosos, decadentes, habitado por fantasmas, assassinos, golpistas etc. Isso porque os hotéis parecem espaços inerentemente estranhos: um lugar que podemos chamar de lar por um tempo limitado. Mas, mesmo assim, compartilhamos nossa experiência com pessoas que nunca conheceremos. “Mr. K” (2024, disponível na Apple TV), produção europeia dirigida por Talluah Hazekamp Schwab, dá continuidade a esse imaginário com uma interessante combinação entre referências literárias a Kafka e a antiga mitologia gnóstica. A jornada labiríntica e surreal de seu protagonista, um mágico aprisionado em um hotel bizarro e inescapável, serve como uma poderosa alegoria gnóstica. Através de sua atmosfera kafkiana e de seus temas de aprisionamento, busca por conhecimento e a natureza ilusória da realidade, o filme espelha os princípios fundamentais do Gnosticismo.