domingo, abril 28, 2019

Nos profundos vales da galáxia e da solidão humana em "High Life"


Uma nave em algum lugar no espaço profundo, para além do sistema solar, ruma a 99% da velocidade da luz na direção de um buraco negro. Um homem dedica-se a cuidar da sua pequena bebê, em meio aos corredores escuros e um desordenado jardim de onde tira alimentação e oxigênio. Como pararam ali? De quem são os cadáveres mantidos em uma câmara criogênica? Quais os efeitos da viagem na velocidade da luz em uma tripulação perdida no vazio em uma missão potencialmente suicida? High Life (2018), da diretora francesa Claire Denis, não é propriamente um sci-fi convencional: em uma narrativa elíptica e em flash-backs tentamos reconstituir o passado e estimar o futuro daquela estranha missão. Uma viagem estranha e surreal pelos profundos vales da galáxia e da solidão humana. No espaço cósmico o homem nada descobrirá, a não ser a si mesmo. E isso pode não ser uma boa coisa.

sábado, abril 27, 2019

Guerra criptografada cria sincronismos no Dia D da Reforma da Previdência


Em política não há coincidências, mas sincronismos. O que dizer então sobre os acontecimentos sincrônicos que cercaram “O Dia D” da aprovação do texto da Reforma da Previdência na CCF da Câmara dos Deputados? Nova rodada de ataques de Carlos Bolsonaro ao vice general Mourão, a permissão do STF para Lula conceder entrevista, a redução da pena no caso do Triplex e o ápice no dia seguinte aprovação da Reforma: uma megaoperação da Polícia Civil em todo País com milhares de policiais nas ruas caçando mais de três mil “foragidos da Justiça”. “Acertando as contas com a Justiça!”, proclama triunfalmente a grande mídia. Agora o show de meganhagem diária pela TV (armas reluzentes, toucas ninjas e policiais “hipsters” com sex appeal) se associa à guerra semiótica criptografada que embaralha as informações para ocupar a pauta midiática, iludir a esquerda com um suposto “racha” no governo e alentar as massas desempregadas com o espetáculo moralista de caça de corruptos e criminosos. Principalmente com a proximidade do simbólico primeiro de maio. Enquanto isso, os sacos de maldades neoliberais vão seguindo em frente.

segunda-feira, abril 22, 2019

Comediante ganha eleições presidenciais na Ucrânia: quando guerra híbrida vira "gamecracia"

“Prometo que nunca vou desapontar vocês!”... Mas também ele garantiu na campanha eleitoral: “Se não tem promessas, não tem decepção!”. Ele nada prometeu. Nem debateu ou deu entrevistas. Ele venceu as eleições presidenciais na Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, comediante e ator da série televisiva “Servo do Povo”: na ficção ele é presidente da Ucrânia desde 2015. Na vida real ganhou as eleições nesse domingo, 21. Mais uma confirmação do célebre clichê de que “a vida imita a arte”? Quando sabemos que o cenário político ucraniano é estratégico para a guerra híbrida engendrada pela geopolítica dos EUA, começamos a perceber que a realidade vai muito além desse clichê. Principalmente quando também sabemos que a quatro dias antes das eleições, o Canal 1 + 1 lançou a última temporada da série de Zelenskiy. Trump, Bolsonaro, e agora Zelenskiy, são espécimes de um novo paradigma da política: a gamecracia - realidade e ficção se confundiram a tal ponto que se transformaram em jogo.

domingo, abril 21, 2019

Curta da Semana: "Singularity Stories Vol.1" - Inteligência Artificial não gosta de Bruno Mars

Collen confortavelmente senta no sofá da sala de estar. E ordena ao assistente de inteligência artificial, Alexa, a tocar uma música de Bruno Mars. Mas Alexa dispara que não vai tocar, porque Bruno Mars “é um saco!”. Collen ainda não sabe, mas está testemunhando um evento histórico: há poucos minutos, uma confluência aleatória de dados proveniente de três países através da Internet fez emergir uma singularidade tecnológica – uma super-inteligência artificial global, senciente e autônoma... e que não gosta do músico, produtor e cantor americano Bruno Mars. Esse é o curta “Singularity Stories Vol.1”, de uma série prometida pela produtora CineCisme de contos sobre singularidades tecnológicas – élan místico-religioso que atualmente anima os engenheiros computacionais do Vale do Silício.

sábado, abril 20, 2019

Um quebra-cabeça mitológico no filme "A Deusa da Vingança"



Califórnia, Deserto de Mojave, 1998. Enquanto uma misteriosa estrela vermelha brilha no céu ensolarado, um vendedor ambulante percorre zonas desoladas com trailers e depósito de ferro-velho. Sam não encontra ninguém, liga insistentemente para sua esposa que nunca atende e encontra um motel igualmente vazio. A única voz que ouve é de um programa de rádio no seu velho carro, cujo host chamado Eddy conclama os ouvintes a acharem e fazerem justiça com as próprias mãos contra um frio assassino de crianças. Estranhamente algo prende Sam naquele lugar e as coisas ficarão ainda piores. Esse é o filme “A Deusa da Vingança” (Sam Was Here, 2016) um quebra-cabeça mitológico na mesma linha de “Mãe!” de Aronofsky. Assim como na mitologia grega na qual Nêmesis busca a vingança para manter o equilíbrio cósmico, também naquele lugar um drama cosmológico precisa ser resolvido.

sexta-feira, abril 19, 2019

Cem dias de guerra semiótica de Bolsonaro e a alternativa transmídia


Marca simbólica, como se fosse uma espécie de lua de mel de um governo recém-empossado com os eleitores, os 100 primeiros dias do Governo Bolsonaro mostraram que o período foi tudo, menos uma lua de mel. Cem dias de guerra semiótica no “modo campanha”:  juntos, Bolsonaro e General Mourão, fazem o jogo hollywoodiano do “bad cop/good cop” para gerar informações e contra-informações, dissonâncias e táticas criptografadas: enquanto o presidente pira, o vice-general baixa a bola e, de repente, vira o centro da racionalidade de um governo supostamente formado por malucos no qual todos parecem bater cabeças uns nos outros. O “wishiful thinking” da esquerda vê um governo desarticulado, mostrando rachaduras aqui e ali. É isso que querem que todos pensem. Um governo que vive do caos, mas um caos com método. Enquanto isso, os “coletes amarelos” da França podem ensinar uma alternativa para a esquerda: a guerra semiótica transmídia.  

terça-feira, abril 16, 2019

O destino da arte é a simulação no filme "Minha Obra-Prima"


No passado Renzo Nervi foi um pintor bem-sucedido. Hoje, não consegue vender um único quadro. Amargo, ressentido e à beira da indigência, ele recebe a ajuda de um amigo marchand dedicado a lucrar com a arte alheia. Até que um inesperado acidente proporciona a oportunidade inédita (e ilegal) de ganhar dinheiro em um mercado de arte onde o luxo e o esnobismo concorre com o artifício e a mentira.No filme argentino “Minha Obra-Prima” (“Mi Obra Maestra”, 2018) acompanhamos uma comédia farsesca de humor negro que apresenta o destino da arte no mundo pós-moderno: a simulação - simular o valor de uma obra como se fosse puramente artística, quando na verdade é tão vazia quanto um suspiro. Não se trata mais, como no passado, de dissimular a falsidade. Mas agora de simular qualquer vocação artística.
Theodor Adorno acreditava que a arte continha a alteridade e a transcendência. Como obra do espírito, a arte tendencialmente pretenderia ultrapassar a si mesma, criando uma tensão com a sociedade e o próprio espírito – a negação do Todo, social, político, econômico etc.
Como músico que era, além de filósofo (Adorno tocava violino), via essa natureza transcendente da arte na “Música Nova” – a música atonal de Schoenberg e o serialismo da nova música erudita como alternativa à integração da cultura de massas e Indústria Cultural.
Mas os tempos pós-modernos do pós-guerra integraram toda qualquer pretensão de “alteridade” ou “tensão” da arte: virou “intervenção” ou “performance” em exposições que se transformaram em “instalações artísticas”. Artistas “incompreendidos” ou “rebeldes” passaram a ter cotação no mercado, assessorados por “marchands” e donos de galerias de arte.
Então, o que é arte? Qual a diferença entre um quadro e um pôster publicitário? Ou entre a cópia e o original, já que tudo é “commoditie”, reprodução, cópia? Filmes como Cópia Fiel (2010) ou Velvet Buzzsaw (2019) são exemplos cinematográficos dessa desconstrução pós-moderna da arte, ao reduzi-la à ilusão, simulação, artifício, mentira.


Por isso, nada melhor do que assistir à comédia argentina farsesca e de humor negro Minha Obra-Prima (Mi Obra Maestra, 2018) sobre Renzo Nervi (Luis Brandoni), um pintor que já foi bem-sucedido nos anos 1980 em Buenos Aires, mas hoje não consegue vender um único quadro. Porém, um inesperado acidente proporciona a oportunidade inédita (e ilegal) de ganhar dinheiro em um mercado de arte onde o luxo e o esnobismo concorre com o artifício e a mentira.
Minha Obra-Prima continua com a visão ácida sobre os intelectuais argentinos do filme anterior (El Ciudadano Ilustre) da dupla de diretores Gastón Duprat e Mariano Cohn: como a burguesia (e principalmente os novos ricos em busca do verniz cultural) se movem em ambientes artísticos, voltando a fazer uma dura crítica ao banal na vida cultural.
Mas há também algo universal, sobre o destino da arte no mundo pós-moderno: como o processo de valorização do objeto artístico é uma simulação e não uma dissimulação – não se trata mais de falsificar uma obra assim como se imprime dinheiro falso. Mas simular o valor de uma obra como se fosse puramente artística, quando na verdade é tão vazia quanto um suspiro – resultado de um jogo de especulação, ausente de escrúpulos ou qualquer de qualquer vocação artística.

O Filme


Arturo Silva (Guillermo Francella) há décadas dedica-se a venda de obras de arte em sua galeria no Centro de Buenos Aires. Seu único interesse é lucrar com a arte alheia. Encantador e sempre com um discurso sedutor e persuasivo, desde vários anos mantém uma amizade com Renzo Nervi (Luis Brandoni) que se encontra nos últimos anos da sua vida – depois de uma carreira bem-sucedida, há anos não consegue vender uma única obra.
Sua paixão pela arte acabou resultando num estilo de vida prá lá de decadente: amargo, cínico, misantropo e autoindulgente parece que conscientemente prepara sua própria ruína, com um final a uma morte trágica parecida com os boêmios pintores impressionistas parisienses.


Os egos, as mesquinhezas e as misérias desses dois personagens os unem numa estranha amizade. Arturo tenta impulsionar novamente a carreira de Renzo até que Arturo logra associar-se a uma influente colecionadora de obras de arte internacional, Dudu (Andrea Frigerio).
Conseguem para Renzo uma encomenda para a confecção de um mural. Mas a autoindulgência e orgulho do pintor decadente falam mais alto: ele jamais aceitou fazer qualquer tela sob encomenda, como se sua arte fosse um mero produto. Mas estranhamente aceita, para depois sabotá-la, como mais um ato de protesto autodestrutivo.
Renzo está à beira da indigência, sustentado pelo seu único aluno, o espanhol Alex (Raúl Arévalo) – um personagem contrastante, comparado ao cinismo de Renzo e do seu amigo Arturo. Alex é idealista e admira a arte do autodestrutivo mentor.


“Argentina é um país singular” – Alerta de spoilers à frente


Tudo caminha para o desfecho inevitável: a morte trágica – Renzo é atropelado por um caminhão depois de displicentemente atravessar a rua, quase que pedindo para alguém abreviar seu sofrimento. No hospital, sugere para seu amigo Arturo a eutanásia.
Mas Arturo acaba tendo uma ideia muito melhor, seguindo seu instinto de especulador da arte alheia – por que não simular a morte de Renzo? Afinal, Van Gogh só alcançou a fama e suas obras o valor de milhões de dólares somente após a sua morte!


Com a ajuda da influência internacional de Dudu, Arturo da um incrível impulso “pós-morte” para as obras de Renzo – ganha exposições exclusivas em diversas capitais do mundo.
O marchand e o artista decadente criam o golpe perfeito: Renzo vive isolado numa região remota, produzindo cópias que emulam seu ápice criativo dos anos 1980. Tudo quadros “descobertos” em casas de parentes. Enquanto xeiques novos ricos compram lotes das suas obras a milhões de dólares.
Nível inédito de especulação artística: na “pós-morte” Renzo faz cópias “falsas” de si mesmo. De um ápice artístico do passado que só depois da própria morte passa a ter valor de mercado.
Se no passado a questão da arte era o confronto entre a cópia e o original artístico (a arte como um signo que ainda gozava de uma referência ou legitimidade socialmente sancionada), hoje o valor se desprende do campo da arte para entrar nas estratégias de simulação – dizer que existe alguma coisa (a morte de um gênio), quando na verdade só existe o vazio: o blefe.
A partir daí a narrativa desdobra esse blefe a um nível que, a certa altura, Renzo afirma: “Argentina é um país singular”.
A simulação como um blefe é a própria essência da comédia farsesca. Mas a amizade de um marchand com o artista é a própria definição do blefe pós-moderno na arte, como uma espécie de “cinismo esclarecido”, termo cunhado pelo filósofo Peter Sloterdijk: o cínico integrado aos seus postos e privilégios (gerentes, executivos, professores, jornalistas ou artistas) que mantêm um autodistanciamento irônico e melancólico sobre o que fazem, um sentimento de “inocência perdida”, de ironizar e depreciar a si mesmo e ao que faz (“é o que tem prá hoje”, dizem), uma falsa consciência conformista e sem sonhos diante do sistema de onde tira seus privilégios – leia SLOTERDIJK, Peter. Crítica da Razão Cínica, Estação Liberdade, 2012.
É a amoralidade e o pragmatismo de uma comédia farsesca, cujo gênero parece ser uma especialidade do cinema argentino.



Ficha Técnica 

Título: Minha Obra-Prima
Diretor: Gastón Duprat, Mariano Cohn
Roteiro:  Andrés Duprat, Gastón Duprat
Elenco:  Luis Brandoni, Guillermo Francella, Andrea Frigerio, Raul Arévalo
Produção: Arco Libre, Hei Films
Distribuição: A Contracorriente Films
Ano: 2018
País: Argentina

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domingo, abril 14, 2019

Rádio, viagem no tempo e identidade no filme polonês "The Man With The Magical Box"

Um filme sobre viagem no tempo com a colcha de retalhos típica da nostalgia pós-moderna: um mix de “Brazil” de Terry Gilliam, “Clube da Luta”, “Blade Runner”, “1984” de Orwell com alusões a “Stalker” de Tarkovsky. É o thriller sci-fi polonês “The Man With The Magic Box” ("Czlowiec z magicznym pudelkiem", 2017) - na Varsóvia de 2030 um homem encontra em seu velho apartamento um antigo rádio de 1950 que misteriosamente transmite músicas do passado com ondas Theta que produzem nele flashs de memória de uma outra vida. Mas um governo nacionalista totalitário monitora qualquer tentativa de fuga por meio de viagens no tempo através da mente. Diferente da maioria das abordagens do cinema sobre a viagem no tempo (como possibilidade de mudança como “segunda chance”), “The Man With The Magic Box” faz o contrário: a viagem no tempo como busca da permanência, duração – a busca da própria identidade.

sábado, abril 13, 2019

Transgressão e domesticação do cinema discutido pelo Cinegnose em Simpósio no Rio


A invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumière causou muito barulho na virada do 1900 – abalou o paradigma da estabilidade da realidade com o registro inédito de objetos e pessoas em movimento. Gerou na Filosofia a Fenomenologia de Husserl, Bergson e Whitehead. Mas o potencial transgressivo do primeiro cinema foi domesticado pela indústria cinematográfica com as imagens narrativas. A posterior ascensão do gnosticismo pop no cinema na virada do 2000 teve o potencial de retomar a força transgressiva do dispositivo cinematográfico. Esse foi o tema discutido por este editor do “Cinegnose” no Simpósio “A Transfiguração em 1900” nesse última sexta-feira no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro – “Cinema 1900/2000: Da Caverna de Platão à Matrix”.

quarta-feira, abril 10, 2019

Curta da Semana: "Alternative Math" - a ameaça do anti-intelectualismo e irracionalismo


2 + 2 é igual a 4. Essa é a verdade do raciocínio lógica da Matemática. Uma verdade factual. Ou será que não? Por que não, igual a 22? Afinal, não vivemos numa sociedade de liberdade de opinião? Então a Matemática e seus professores são espertalhões autoritários querendo impor seus pontos de vista? Eles estão por trás de uma conspiração para tolher a liberdade cognitiva dos estudantes? Esse é o tema do divertido curta “Alternative Math” ("Matemática Alternativa", 2018), uma comédia com diversas camadas interpretativas, mas que também tem um tom assustador sobre o mundo potencialmente terrível que está à nossa espreita: o ressentimento que produz a onda anti-intelectualismo e irracionalismo da pós-verdade – nas mídias sociais, realidades paralelas e bizarras teorias conspiratórias ganham o mesmo status de verdades científicas sob o álibi da liberdade de opinião. Curta sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

segunda-feira, abril 08, 2019

Cinegnose discute, nessa sexta, cinema gnóstico no Simpósio "A Transfiguração em 1900"


Um estranho vortex abalou o Ocidente na virada do século XIX para o XX: mudanças radicais na vida urbana, nas ciências, tecnologias, artes, filosofia e costumes. E com o cinema não poderia ser diferente, pois estava no centro desse vortex – criou uma experiência perceptiva e sensorial absolutamente nova. O dispositivo cinematográfico acabou se tornando a metáfora do próprio funcionamento da mente na filosofia e ciências, criando uma crise na percepção e na maneira de nós encararmos o tempo e a permanência. Porém, enquanto o cinema revolucionava, ele próprio continuou prisioneiro da Caverna de Platão – um instrumento para a manutenção da ilusão do que entendemos como “realidade”. O surgimento do cinema gnóstico na virada do século XX para o XXI criou a possibilidade dessa emancipação. Esse tema será discutido por esse editor do “Cinegnose” no Simpósio “A Transfiguração em 1900”, nessa sexta-feira, 12/04, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro.

domingo, abril 07, 2019

Os contos de fadas se vingam da humanidade em "Border"


Outro filme para cinéfilos corajosos. O filme sueco Border (“Gräns”, 2018) nega ao espectador dois princípios básicos da narrativa hollywoodiana: verossimilhança e identificação. “Border” joga com a curiosidade e repugnância do público diante de um estranho casal de protagonistas: Tina é uma policial alfandegária com a capacidade incomum de farejar medo, culpa ou raiva nos passageiros, conseguindo detectar algo ilegal que estejam portando na passagem da fronteira. E Vore é um estranho viajante que atrai a curiosidade de Tina. A “feiúra” e os hábitos estranhos deles (a instrospecção deprimida de Tina e os risos de Vore como se soubesse de todos os apetites reprimidos de Tina) nos causam distanciamento. Mas um distanciamento necessário para refletirmos sobre o tema da “fronteira”: o que separam os gêneros? Qual a fronteira entre o bem e o mal? Entre humanos e monstros? Em uma atmosfera de fábula, Border mostra como a humanidade é incapaz de dar essas respostas. E como os mitos dos contos de fadas retornam para se vingarem de nós.

segunda-feira, abril 01, 2019

As 10 táticas de manipulação de Chomsky: esquerda refém das provocações de Bolsonaro


Principalmente a partir das manifestações de rua em 2013, a esquerda perdeu completamente o controle da sua agenda. Desde então, enquanto permaneceu no governo limitou-se a agir reativamente controlando danos. E fora do poder, limita-se a deixar o sangue subir à cabeça e reagir a cada provocação do clã Bolsonaro, aceitando entrar no jogo da guerra semiótica criptografada. Sem conseguir criar uma agenda própria. A recente foi a ordem de Bolsonaro para as casernas comemorarem o golpe militar de 1964 como uma “revolução popular” – escandalizada, esquerda vai às ruas como se quisesse salvar a própria biografia, enquanto o País marcha para “reformas”, uberização do trabalho e extermínio do futuro de uma geração inteira. O linguista Noam Chomsky diria que a oposição está caindo na primeira tática de manipulação: a Distração. Para depois, por em prática as outras nove táticas de criação de falsos consensos na opinião pública.

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