segunda-feira, junho 29, 2020

Guerra Híbrida: por que o #UseAmarelo da Folha é bege?


Depois das false flags das prisões da perigosa “terrorista” Sara Winter e do “foragido” Queiroz, seguindo o “tic-tac” da guerra híbrida, o jornal Folha de São Paulo detona sua bomba semiótica: em editorial neste domingo exortou a todos aderirem a cor amarela como símbolo da “defesa da democracia”. Como lhe é peculiar, em tom megalomaníaco, arvora-se como vanguarda da “luta democrática” – resgatar o amarelo como símbolo democrático, libertando-o dos extremismos. Agora é “Amarelo Já!”. Porém, a Folha nos mostra um estranho matiz de amarelo, um amarelo bege. Diferente dos matizes amarelos limão, sólido e vibrante das domingueiras bolsomínias. O amarelo da Folha é um signo cromático para demarcar o “novo normal” do espectro político sob a lei antiterrorismo: nem o amarelo, o vermelho ou o preto-antifa dos “extremismos”. Mas agora, o amarelo bege da “democracia”. Mas qual democracia? A armadilha do domínio total de espectro armada contra a esquerda e oposições, cujo gatilho será disparado no futuro. Amarelo bege: AME-O OU DEIXE-O!  

sábado, junho 27, 2020

A incerteza quântica do Detetive em "O Turista Suicida"


Os impactos da descoberta do Princípio da Incerteza na mecânica quântica de Heisenberg foram muito além do campo científico – transformou o modo de constituição da subjetividade na modernidade: de qualquer ponto que pensemos a nossa vida, encontraremos um mundo fragmentado e incompreensível povoado por gente cujos compromissos e motivações não são claros. Por isso somos todos Detetives, personagem principal da Modernidade da literatura ao cinema. Sua tentativa de solucionar um enigma sempre se voltará contra ele mesmo. “O Turista Suicida” (Selvmordsturisten, 2019) é mais um exemplo de como a incerteza quântica faz parte da sensibilidade moderna: um investigador de uma seguradora tenta solucionar o enigma da morte de um segurado, envolvendo o “Hotel Aurora” – um resort elegante nas montanhas escandinavas que promete uma “morte assistida” ou “um belo final”. Porém, sem saber o detetive está investigando a si mesmo. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

O cinema como máquina de viagem no tempo em "La Belle Époque"


Quando falamos em viagem no tempo logo lembramos dos cânones da ficção científica: Relatividade e Mecânica Quântica materializadas em máquinas e dispositivos intrincados e misteriosos. Ou viagens místicas e estados alterados de consciência. Mas o cinema nunca imaginou a si próprio como um dispositivo de viagem no tempo: spots de luzes, cenografia, figurinos etc. Por que então não usarmos os recursos cinematográficos para vivermos uma experiência imersiva que nos remeta a qualquer lugar do passado? Esse é o conceito da comédia romântica francesa "La Belle Époque" (2019): com a ajuda de cenários, figurinos e extras, uma empresa oferece “viagens no tempo”: um jantar na corte na época da monarquia ou uma noite bêbada com Hemingway. E um cartunista frustrado com a era digital vai tentar reencontrar a paixão perdida, tanto amorosa como profissional, em uma noite de 1974 - festas, muitos cigarros de maconha, amor livre e movimentos contra culturais. Memórias reais ou hiper-reais?

quarta-feira, junho 24, 2020

A hiper-realidade da banalidade do mal em "O Ato de Matar"


O holocausto nazista, com suas milhões de vítimas, foi imortalizado por centenas de filmes e documentários. Porém, o genocídio político ocorrido na Indonésia entre 1965 e 1966, no qual foram massacradas mais de um milhão de pessoas (famílias inteiras, entre mulheres e crianças), é pouco conhecido – um expurgo político perpetrado por paramilitares e milícias em nome da luta contra a suposta ameaça comunista. “O Ato de Matar” (“The Act of Killing”, 2012, de Josh Oppenheimer) é um documentário cujas câmeras mostram como os líderes daquele genocídio ainda gozam do status de heróis e continuam atuantes sob o atual regime de extrema-direita. Tão orgulhosos que resolveram, durante as filmagens, fazer um outro filme dentro do próprio documentário: eles próprios reencenaram seus massacres, enquanto emulavam gêneros hollywoodianos como filmes de gangsteres e musicais. Criando um curioso efeito metalinguístico - um surrealismo medonho ao som de "Born Free".  Como a banalidade do mal pode se tornar hiper-real. 

domingo, junho 21, 2020

Guerra Híbrida: de homem-bomba, Queiroz vira bomba semiótica


“Onde está o Queiroz?”. Era a pergunta que não queria calar. Bem, agora o acharam. Mas no timing conveniente para reforçar a atual agenda da batalha das instituições de uma “democracia vibrante” contra os “terroristas” antidemocráticos. E a lareira do esconderijo do Queiroz, caprichosamente decorada com bonecos do mafioso hollywoodiano Tony Montana e um cartaz do AI-5, revelam signos sincrônicos para inflar semioticamente a sucessão de acontecimentos. E a esquerda vibra: é o fim do Governo Bolsonaro!... cada vez mais isolado politicamente e blá, blá blá... mais parecendo aquele penetra animado que fica na porta da festa tentando entrar de qualquer jeito. De homem-bomba Queiroz virou bomba semiótica – mais uma bomba cognitiva detonada na guerra híbrida cujo movimento estratégico em pinça atingirá a própria esquerda. Que agora baba ovo até para o Jornal Nacional e o STF, seus velhos algozes. Sem entender que por trás dessa guerra híbrida está o fim de uma era: a liquidação do pacto da luta de classes do Estado de Bem-Estar Social, acelerado pela pandemia.

quarta-feira, junho 17, 2020

O golpe militar híbrido não foi televisionado


Para nós a História é feita por grandes imagens icônicas televisionadas, filmadas ou fotografadas: tanques e soldados nas ruas no golpe de 1964; as torres do WTC desabando em 2001; imagens da TV do muro de Berlim sendo derrubado. As esquerdas também devem achar a mesma coisa: temem algo impactante que configure um golpe, de um cabo e soldado fechando o STF a tanques e soldados nas ruas fechando de vez o regime. Mas o golpe militar já aconteceu e a tomada do Estado não foi marcada por nenhum ato espetacular. Golpes militares híbridos não são televisionados. A doutrina militar do combate ao “comunismo viral” já tomou o Estado: já possui dispositivos legais e de operações psicológicas apoiadas pelo consórcio jurídico-midiático-militar. Enquanto põem em ação as estratégias híbridas de paralisação estratégica do inimigo através da manipulação do temor de um golpe que já aconteceu.

domingo, junho 14, 2020

Filme "1BR": quando a Ciência vira um pesadelo religioso totalitário


Se aprendemos alguma coisa com a História é que duas ideias não costumam terminar bem: primeiro, a ideia de um Deus demiúrgico, sempre presente por trás de religiões que estimularam cismas, guerras, genocídios e conquistas; e a outra, a propaganda dos valores da comunidade e da família que sempre desagua no totalitarismo. O thriller “1BR” (2019) transforma um condomínio de apartamentos em Los Angeles no microcosmo dessa trágica recorrência histórica: uma jovem solitária vai morar num condomínio de apartamentos que é uma comunidade incrivelmente perfeita – multicultural, inclusiva e acolhedora Mas aos poucos descobrirá que essa pequena utopia é de fato uma prisão – um brutal sistema de condicionamento que busca a conformidade absoluta. Outra seita de malucos ao estilo Charles Mason? Ou um sofisticado experimento de psicologia comportamental na qual Deus baixa à Terra sob a forma de Ciência? Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

quarta-feira, junho 10, 2020

Curta da Semana: "Wannabe" - a três segundos da celebridade



Com tanta gente produzindo conteúdo, fala-se que um vídeo na Internet deve conquistar a atenção do público nos primeiros três segundos. Segundos que podem ser a fronteira que separa o anonimato da fama: um influenciador digital com milhões de seguidores. O desejo pela celebridade não é um fenômeno novo na sociedade, mas na era digital assume características distintas. É o que mostra o curta-metragem alemão “Wannabe” (2017), de Jannis Lenz – um projeto transmídia conectanto o curta com vídeos on line de Coco, uma adolescente aspirante ao estrelato. Para ela, a fama e o sucesso não são consequências naturais do talento. São fins em si mesmos. É a forma dela fugir da sua vida e até de si mesma. Um drama pós-moderno: de tanto criar simulacros de si mesma naqueles três segundos decisivos, esqueceu de quem ela é. 

sábado, junho 06, 2020

Realidade realiza a ficção e Black Mirror não terá sexta temporada: é o fim da série?


“Tudo soa como algo que já assistimos, e penso: eu já imaginei isso!... realmente, tudo parece com coisas que já escrevi”, afirmou o criador da série “Black Mirror”, Charlie Brooker, diante dos atuais desdobramentos da pandemia COVID-19. Em entrevistas, Brooker tem sugerido que o não lançamento da sexta temporada da série se deve a um esgotamento criativo de “Black Mirror”: os mundos futuros descritos pelo roteirista já foram não só há muito realizados, como a realidade parece ultrapassar a imaginação ficcional – desde a minissérie “Dead Set” (2008), escrita por Brooker, na qual integrantes confinados de um reality show estão alheios a uma epidemia zumbi que se espalha no Reino Unido. O futuro, matéria-prima do gênero ficção científica, parece que não mais existe: ele já foi ironicamente realizado. 

quinta-feira, junho 04, 2020

Saem black blocs, entram os antifas: Guerra Híbrida?


Finalmente a oposição decidiu tomar conta das ruas, até aqui dominada pela extrema-direita em meio à quarentena que impôs um circuit braker político-econômico. Surgem os “antifas”, acabando com a tranquilidade das domingueiras bolsomínias clamando por intervenção militar e fechamento do Congresso e STF. Será que os antifas poderão se tornar aquilo que os black blocs foram para as “Primaveras” da Guerra Híbrida pelo mundo? Aqui e ali aparecem signos recorrentes das chamadas “Revoluções Populares Híbridas”: numa caçamba, jogada no meio da Avenida Paulista, pichações do acrônimo inglês ACAB (“All Cops Are Bastards”, emulando os protestos anti-racistas nos EUA) e “2013 VIVE”, além de slogans genéricos como “Defesa da Democracia”. Antifas poderão ser facilmente envolvidos no chamado “movimento de pinça”, tática militar da guerra convencional levada para o campo simbólico da Guerra Híbrida. Essas “pinças” podem ser múltiplas: junto com os antifas, surgem movimento suprapartidários. Por ex., um deles bancado por Jorge Paulo Lemann (que deu dinheiro e apoio operacional ao “Movimento Vem Prá Rua”) e a ONG norte-americana ligada às revoluções híbridas, a National Endownment for Democracy.

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