segunda-feira, dezembro 07, 2015

"Cinegnose" faz aula pública em ocupação escolar


O “Cinegnose” oferece uma contribuição ao movimento estudantil de ocupação das escolas estaduais contra as medidas de “reorganização” (fechamento) de unidades escolares no Estado de São Paulo. Com a oficina “Táticas de Guerrilha Antimídia” que será ministrada amanhã em escola ocupada em Taboão da Serra, esse blogueiro mostrará o resultado das pesquisas da série “bombas semióticas” iniciada nesse blog a partir das grandes manifestações de rua em 2013. E as táticas e armas de contracomunicação diante do inimigo mais invisível e ardiloso que o movimento estudantil terá: a grande mídia.

domingo, dezembro 06, 2015

Curta da Semana: "The Black Hole" - escritórios são as Matrix atuais


O que você faria se encontrasse no seu local de trabalho uma folha com um círculo preto que revela ser um buraco tridimensional? Você seria dominado pela curiosidade metafísica ou pela possibilidade de ganhos pessoais? Essa é uma das leituras possíveis do curta inglês “The Black Hole” (2008). Com um afiado humor negro, o curta mostra o quanto opressivo pode ser a atmosfera da verdadeiras Matrix corporativas que são os escritórios atuais. Tão opressivas e amorais que são capazes de nos fazer passar batidos diante de um evento potencialmente além da imaginação.

sábado, dezembro 05, 2015

O sobrenatural pode ser digital?


Até aqui nos filmes de terror o Mal, fantasmas e maldições sempre se espalharam principalmente por meio de linhas telefônicas, monitores de TV e ondas de rádio. Isso sem falar das contaminações biológicas pelo sangue ou ar. Ou seja, o Outro Mundo sempre nos alcança no mundo cinematográfico através das tecnologias analógicas e meios físicos. O que dizer então de filmes recentes onde o sobrenatural manifesta-se através das tecnologias digitais como Internet e dispositivos móveis? É verossímil espíritos agirem através de sinais fragmentados e binários? Se os fenômenos ocultos, mágicos ou espirituais baseiam-se em um princípio de semelhança (o Outro Mundo precisa sempre de um meio físico ou contínuo para estabelecer uma ponte com o mundo físico), seria possível fantasmas ou forças espirituais manifestarem-se por meio das mídias digitais?

terça-feira, dezembro 01, 2015

CAOs, espiral do silêncio e a crise autorrealizável


As intermináveis reviravoltas da Operação Lava Jato; o processo contra o presidente da Câmera dos Deputados Eduardo Cunha envolvendo diversas instituições e paralisando o Congresso. E como pano de fundo, o País à beira do abismo da crise econômica. A grande mídia chegou ao estado da arte: a guerrilha semiótica organizada pela tática de CAOs (Consonâncias, Acumulações e Onipresenças das informações) turbinada por duas bombas semióticas: a profecia autorrealizável e a espiral do silêncio. As mídias abandonaram o campo da propaganda tradicional (repetição, persuasão e reforço) para ingressar no campo sofisticado da cognição - mais do que discursos e conteúdos informativos, construir percepções por meio de CAOs. Mesmo quando desmentidas, essas informações nunca mais serão falsas porque já foram credíveis no clima de opinião.

Era 1997. A Globalização e a desregulamentação dos mercados triunfavam. Os chamados Tigres Asiáticos (Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong, Tailândia e Cingapura) eram o modelo econômico para o século XXI. De repente se transformaram no epicentro de uma onda de pânico afundando as Bolsas em todo o mundo. Boatos e medo invadiram a suposta racionalidade dos investidores que passaram a girar histericamente em torno do próprio umbigo em uma onda de vendas baseada nas opiniões de outros investidores provocando uma espiral viciosa de especulação.

Na época, analistas de investimentos como Barton Biggs da Morgan Stanley apontaram o pânico e a retroalimentação à ausência de memória dos profissionais financeiros: com a ausência de História Econômica na formação acadêmica, os profissionais eram condenados a repetir ciclicamente os mesmos erros, desde o crash de 1929.

domingo, novembro 29, 2015

Curta da Semana: "Life and The Mirror" e "Goodbye" - Estamos perdendo a fé na vida pós-morte?


O Outro Mundo está ficando cada vez mais parecido com esse. O “Cinegnose” vem percebendo uma tendência no cinema recente em representar o pós-morte como uma projeção das mazelas já existentes nessa vida, repetindo uma tendência do gênero ficção-científica: a “hipo-utopia”, onde o futuro deixa de existir para virar uma projeção dos problemas do presente. Os curtas da semana “Life and The Mirror” (2007) e “Goodbye” (2015) são dois exemplos dessa estranha tendência. Assim como estamos perdendo a fé na vida, também estaríamos perdendo a fé na vida pós-morte?

sábado, novembro 28, 2015

"The Zohar Secret" revela o misticismo no cinema russo atual


O auge do Império Romano coincidiu com o surgimento dos textos mais enigmáticos da humanidade, como o “Zohar” que é a própria mística da Cabala. Se os seu conteúdo fosse revelado poderia provocar a queda do próprio Império. Mas o roubo dos pergaminhos por um legionário romano marcará o destino da História do Ocidente e da vida desse soldado que ficará prisioneiro em uma cilada Tempo-Espaço por sucessivas reencarnações até os tempos atuais. Esse é o filme “The Zohar Secret” (2015), mais uma recente produção russa onde está presente o tema do misticismo gnóstico. Seria o misticismo russo uma forma de reação à invasão do Marketing e da Publicidade na Rússia pós-comunismo? Uma reação contra mais um império, assim como os textos místicos judaicos e gnósticos enfrentaram o Império Romano no passado? Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

Cinco anos de arrecadação de recursos por crowndfounding através da plataforma Kickstarter (site de financiamento coletivo que busca apoiar projetos inovadores), envolvendo 1.300 pessoas de 54 países conseguiram levantar algo em torno de 10 milhões de dólares entre dinheiro e equipamentos.

terça-feira, novembro 24, 2015

Uma jornada xamânica em "Blueberry: Desejo de Vingança"


Uma verdadeira cápsula do tempo. Um daqueles filmes que mereciam ser enterrados na época do seu lançamento para depois serem redescobertos como verdadeiras pérolas. O filme “Blueberry”  (aka "Renegade") do francês Jan Kounen (2004) foi ridicularizado pela crítica e público para hoje ser saudado como um western sobrenatural, um cult do xamanismo no cinema.  Blueberry não é apenas um filme sobre jornadas espirituais xamânicas de um protagonista à beira da morte: os próprios efeitos especiais e imagens cinéticas induzem o espectador a imergir em estados alterados de consciência. O desejo de vingança de um protagonista transforma-se em jornada xamânica de autoconhecimento desconstruindo as códigos do gênero faroeste – vingança, honra, dominação e conquista.

O gênero western já foi muitas vezes desconstruído no cinema por sátiras (Banzé no Oeste, 1974, de Mel Brooks), o exagero revivalista do spaghetti western italiano dos anos 1960-70, a fusão do western com séries policiais urbanas nos anos 1970 (McCloud – 1970-77) ou a paródia dos códigos e convenções dos duelos e violência nos filmes de Tarantino.

Mas nada se equipara ao western francês Blueberry. Baseado no faroeste em quadrinhos francês homônimo de Jean-Michel Charlier e Jean “Moebius” Giraud, o filme foi muito mais além da simples adaptação de um comic book: o filme transformou-se em uma jornada espiritual após o próprio diretor do filme se encontrar com índios xamãs que o iniciaram a rituais verdadeiros.

sábado, novembro 21, 2015

Curta da Semana: "Bloody Dairy" - Por que os gatos dominaram a Internet?


O curta “Bloody Dairy” (2015), projeto de 100 dias de animações em gif, e mais uma amostra de como os gatos cada vez mais estão tomando conta da Internet com memes e vídeos virais, superando os seu eternos rivais: os cães. Tornou-se fenômeno cultural, merecendo até uma exposição no Museum of Moving Image em Nova York. Por que gatos ao invés de cachorros? A questão pode parecer inútil e superficial, mas também pode nos conectar com os milenares simbolismos ocultos e esotéricos dos gatos como guardiões e mediações com outros mundos. Portanto, para onde os gatos nos apontam em memes e vídeos? Estamos diante de um fenômeno sincromístico em plena cultura high tech?

sexta-feira, novembro 20, 2015

A lama de Mariana e os atentados de Paris entre os tempos histórico e midiático


Causou estranheza a muitos leitores o título da última postagem: “Os Atentados de Paris não aconteceram”. Então foi tudo montagem? E os mortos? O “Cinegnose” está delirando? Por isso, este humilde blogueiro decidiu fazer mais um postagem detalhando melhor o argumento: os atentados de Paris "não aconteceram", paradoxalmente, porque foi um acontecimento noticiável. Da lama de Mariana aos atentados de Paris está em confronto duas noções de tempo: o histórico (colocado em segundo plano pela mídia) e o midiático. Ambiguidade, infogenia, noticiabilidade, tempo pontual e o terrorismo como um “pseudoevento” foram fatores que tornaram os eventos de Paris muito mais noticiáveis para a grande mídia do que a catástrofe humana e ambiental de Mariana.

Devido à grande polêmica entre os leitores sobre a postagem anterior sobre os atentados de Paris, o “Cinegnose” decidiu fazer um maior detalhamento para tentar esclarecer dúvidas e uns tantos males entendidos. Parece que muitos leitores se apegaram aos aspectos mais sensacionalistas da postagem - os atentados não aconteceram? Foi tudo montagem? Falsa Bandeira? E os mortos? Foi tudo simulação? Mais uma das malucas teorias sobre conspirações? Esse humilde blogueiro estaria virando um Michael Moore brasileiro?

segunda-feira, novembro 16, 2015

Atentados em Paris não aconteceram


Acumulação, consonância e onipresença. Esses três palavras definem a atual cobertura da grande mídia brasileira aos ataques em Paris. Ao contrário da autêntica Chernobyl brasileira em que se transformou a catástrofe ambiental e humana em Mariana/MG com o rompimento da barragem de detritos da Vale do Rio Doce/Samarco. Por que essa diferença de tratamento? Há muitos motivos políticos e econômicos em não expor uma empresa privada anunciante na grande mídia. Mas também porque a essência do terrorismo é midiática para ser midiatizável. Os atentados em Paris foram praticamente um kit imprensa dado de mão beijada para as redações com personagens, histórias e roteiros prontos. Será que esse é o motivo da recorrência de relatos sobre a sensação de irrealidade em depoimentos de vítimas e testemunhas? E também o motivo da espiral de especulações sobre uma suposta Operação False Flag? E se os mais de 100 mortos não forem prova de que testemunhamos um acontecimento real?

Terminado o jogo França X Alemanha no Stade de France na fatídica noite de sexta-feira 13 dos ataques em Paris, os torcedores se dirigiram ao gramado à espera da autorização para deixar o local. Depois a TV mostrou ao vivo a multidão dirigindo-se aos corredores de saída. Cantavam a Marselhesa, agitando a bandeira da França e erguendo os punhos.

Certamente não era pela comemoração da vitória da França por 2 a 0. Informados pelos celulares sobre o que transcorria fora do estádio, o clima era de ódio, revolta e evidente desejo de revide contra os terroristas. Essa talvez tenha sido a imagem mais emblemática daquela noite, porque mostrou ao vivo o resultado imediato dos ataques terroristas, de conveniência política e geopolítica – com a maior população muçulmana da Europa e uma das sociedades mais divididas do continente, reforça ainda mais a xenofobia contra a atual onda de imigrantes fugidos da guerra na Síria e Afeganistão.

sábado, novembro 14, 2015

Cacau, Gnosticismo e lisergia em "Charlie e a Fábrica de Chocolate"


O livro infantil “A Fantástica Fábrica de Chocolate” escrito por Roald Dahl em 1964 resultou em duas adaptações cinematográficas: a de 1971 de Mel Stuart e a de 2005 de Tim Burton. Enquanto na primeira adaptação os chocolates assumem um tom lisérgico com humor non sense, em Tim Burton há um retorno as origens cruéis dos contos de fada, fazendo um mix entre a sensibilidade gnóstica e todo um simbolismo místico milenar pouco conhecido que envolve o cacau e o chocolate. Rios de chocolate e florestas de confeitos da “Fábrica de Chocolate” escondem trabalho escravo e injustiça. E um Demiurgo arrependido que tenta resgatar o élan espiritual perdido na infância em um mundo cercado de tentações.

A história de um garoto pobre que consegue realizar seus sonhos por ser uma boa criança. Um leitmotiv simples e direto, sobre o qual o livro e as duas versões cinematográficas conseguiram criar diversas camadas simbólicas transformando a jornada do protagonista em algo essencialmente místico: como encontrar a luz espiritual interior se vivemos em um mundo cercado de tantas tenções que nos faz esquecer de nós mesmos?

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