Como é possível mostrar a realidade, ao mesmo tempo em que a oculta? O vídeo “vazado” nas redes sociais mostrando os maus modos de Bolsonaro à mesa (ou à bandeja) comendo frango e espalhando farofa (e o seu “bônus track”, o making off do filho Carlos dirigindo a cena bizarra) e as imagens do assassinato cruel do congolês em um quiosque na praia da Barra, RJ, guardam uma perniciosa conexão: a guerra semiótica em um ano eleitoral. A “meta-simulação” do “bônus track” (análoga ao de Biden, denunciando que a Rússia estaria criando um vídeo de simulação de ataque da Ucrânia, antecipando os próprios vídeos falsos americanos) quer apagar os rastros do PMiG (Partido Militar Golpista) na construção do personagem manchuriano Bolsonaro. Enquanto a cobertura midiática do assassinato de Moïses oculta aquilo que pavimenta todo racismo, xenofobia e o domínio do comércio por milicianos: a reforma trabalhista.