“O mundo deve agir conjuntamente e rapidamente para renovar todos os aspectos de nossas sociedades e economias, desde a educação até os contratos sociais e as condições de trabalho” (Klauss Schwab)
Cada vez mais essa fala genérica e ambígua do fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial (FEM) está ganhando concreção, dentro daquilo que o próprio Fórum define como “Grande Reset Global” – a reconfiguração do capitalismo, principalmente o periférico, dentro dos parâmetros da chamada “Quarta Revolução Industrial”. O Capitalismo de Plataforma, com a necessária eliminação de grande contingente populacional (através de práticas necropolíticas – a pandemia é uma delas) que nem para ser explorado servirá mais. “Corpos redundantes”: desempregados, aposentados, refugiados, deficientes, pensionistas, minorias étnicas etc.
A revolução tecnológica da nova revolução industrial nada tem a ver com a racionalidade econômica (aumento da produtividade, satisfação das necessidades etc.), mas com o esforço das elites do Big Tech e do Big Money em apostar todas as fichas na perpetuação da gigantesca bolha financeira global.
Sabemos que apesar dos primeiros sinais da explosão dessa bolha no crash de 2008-10, o modus operandi da engenharia financeira continuou a mesma: a excessiva alavancagem dos mercados de capitais através da titularização ou securatização das dívidas (conversão das dívidas em mais títulos para serem especulados) trazendo a proximidade de um colapso ainda pior do sistema financeiro global.
Dessa forma, às vésperas do início da pandemia a situação da bolha global era muito pior: enquanto na véspera do colapso de 2008 a dívida corporativa era de US$ 3,3 trilhões, no final de 2019 era ainda maior: US$ 6,15 trilhões, segundo dados do Federal Reserve dos EUA.
Mas também sabemos que a História nos ensina que nenhum poder conseguiu até hoje vencer a lei da gravidade econômica. A queda de muitos impérios como Roma e a Mesopotâmia mostraram que chegando até um certo ponto, as elites não são mais capazes de usar os mesmos truques psicológicos e financeiros para manter o status quo.
No momento, manter o status quo significa impedir, a todo custo, o estouro da bolha de tudo que sustenta o Big Money. A pandemia Covid-19 ofereceu a oportunidade de um CONVENIENTE circuit braker da engenharia financeira para colocar em suspensão a economia real enquanto os mercados financeiros globais receberam pesados aportes de dinheiro público: transformou o violento crash que viria em 2020 em uma crise em câmera lenta, dentro do velho script de socialização das perdas, enquanto os tubarões engolem as “sardinhas” no cassino financeiro, concentrando ainda mais a riqueza.
Estava na hora de ocorrer uma crise sanitária global! Será que isso faz parte do pacote estratégico do grande reset global exaltado por Klauss Schwab?
Agora que todas as ferramentas monetárias e fiscais tradicionais se tornaram ineficazes (apenas atuam como um truque psicológico para convencer as massas de que as autoridades estão fazendo alguma coisa – principalmente no discurso neoliberal midiático na periferia global, em países como o Brasil), o Grande Reset Global inicia a nova revolução financeira. Depois de mudar o dinheiro do analógico para o eletrônico, dá mais um salto mortal: a passagem para o dinheiro digital ao adotar o blockchain – por que não oferecer uma moeda moderna da “Nova Era” através do “DeFi” (finanças descentralizadas) para evitar que as pessoas se rebelem?
Para estender ainda mais a sobrevida da bolha de tudo, construindo instrumentos financeiros de forma descentralizada e independente e empresas e governos. Ora, se o Federal Reserve nos EUA roda a maquininha impressora de dólares criando valores do nada para rolar a dívida pública impagável de trilhões de dólares (107% do PIB), por que não a banca fazer a mesma coisa usando blockchain?
Camuflagem futurística
Para as massas, a transição do sistema legado para o DeFi será passada como uma simples atualização (com o tradicional discurso com o qual se vendem ilusões para as “sardinhas” do mercado financeiro virarem “day trades”): “estamos mudando o protocolo monetário da Nova Era... Baixe o aplicativo! Aqui estão os novos tokens”.
Numa camuflagem futurística, a elite mantém o status quo da gigantesca bolha financeira de tudo.
Mas o FEM, Klauss Schwab, o Big Money e o Big Tech sabem que o amanhã é incerto e imprevisível, e que essas ferramentas têm um poder de fogo com data de validade e que logo mais o salto mortal da bolha de tudo terá que voltar ao chão pela ação da gravidade. Então será necessária uma nova crise pandêmica, com a mesma função de mascaramento que tem a atual crise do novo coronavírus. Só que, dessa vez, como uma inédita pandemia digital.
Como então interpretar a nova simulação prevista para acontecer em julho deste ano chamada Cyber Polygon? Promovido pelo FEM, o indefectível Klaus Schwab justifica o evento dizendo que o mundo deverá se preparar para uma potencial pandemia ainda mais grave que a atual: a pandemia cibernética.
Este ano, o Cyber Polygon 2021 simulará um ataque cibernético fictício com participantes de dezenas de países respondendo a “um ataque direcionado à cadeia de suprimentos em um ecossistema corporativo em tempo real”, diz o release do evento. “É um alerta para as vulnerabilidades de ataque à cadeia de suprimentos ainda presentes em organizações públicas e privadas, servindo como um aviso de que a próxima violação poderia ser exponencialmente pior, se espalhando por qualquer dispositivo conectado à Internet”.
De acordo com o FEM, COVID-19 era conhecida como um risco antecipado, assim como é seu potencial equivalente digital.
Além do mais, “um ataque cibernético com características semelhantes às do COVID se espalharia mais rápido e mais longe do que qualquer vírus biológico. Sua taxa reprodutiva seria cerca de 10 vezes maior do que a que experimentamos com o coronavírus”.
Devemos esperar uma pandemia digital?
O leitor desse Cinegnose deve estar lembrado que, sincronicamente, DOIS MESES antes de eclodir a pandemia do novo coronavírus, o FEM realizou em outubro de 2019 o “Event 201 – A Global Pandemic Exercise”. Realizado no Johns Hopkins Center for Health Security, Baltimore, o evento realizou uma simulação cuidadosamente projetada de uma possível epidemia de coronavírus, então chamado de “nCoV-2019” – muito próximo do acrônimo atual.
Um sistemático e detalhista exercício de simulação antevendo todos os cenários possíveis de uma pandemia e as consequências políticas, financeiras, econômicas e sociais para o planeta. Vídeos e mais vídeos foram gravados com cenários detalhados examinando o que aconteceria nos mercados de capitais, grande mídia, mídia independente, colapso das bolsas de valores, a extensão do vírus a algo de 65 milhões de pessoas e assim por diante.
Os cenários descritos na simulação foram proféticos (ou profecias autorrealizáveis): o ano de 2020 acompanhou os mesmos cenários descritos pelo FEM, desde que o vírus COVID-2019 foi supostamente descoberto na China.
Será que esse sincronismo se repetirá agora com o Cyber Polygon? Devemos esperar para 2022 uma nova pandemia? Dessa vez digital? O fato é que as crises parecem surgir convenientemente sempre que as elites desejam operar grandes mudanças.
Os jornalistas investigativos Whitnet Webb e Johnny Verdmore apontam para esse modus operandi no artigo “From Event 201 To Cyber Polygon: The WEF’s Simulation Of A Coming Cyber Pandemic”:
Os exercícios ocorrem vários meses depois que o FEM, organização internacional para a cooperação público-privada que conta com a elite mais rica do mundo entre seus membros, anunciou formalmente seu movimento por uma Grande Reinicialização (Great Reset), que envolveria a transição coordenada para uma economia global da Quarta Revolução Industrial, na qual os trabalhadores humanos se tornam cada vez mais irrelevantes.
Essa revolução, incluindo seu maior proponente, o fundador do FEM, Klaus Schwab, apresentou anteriormente um grande problema para os membros e organizações membros do FEM em termos do que acontecerá às massas de pessoas desempregadas pela crescente automação e digitalização no local de trabalho. Novos sistemas econômicos que são baseados digitalmente e em parceria com, ou administrados por bancos centrais são uma parte fundamental da Grande Reinicialização do FEM, e tais sistemas seriam parte da resposta para controlar as massas de desempregados recentemente. Como outros observaram, esses monopólios digitais, não apenas serviços financeiros, permitiriam que aqueles que os controlam “desligassem” o dinheiro de uma pessoa e o acesso aos serviços se esse indivíduo não cumprir certas leis, mandatos e regulamentos (clique aqui).
Enquanto isso, o site do evento Cyber Polygon toca o terror: “à medida que o mundo está mais interconectado e a digitalização global acelera “um único link vulnerável é suficiente para derrubar todo o sistema, assim como o efeito dominó. Uma abordagem segura para o desenvolvimento digital hoje determinará o futuro da humanidade nas próximas décadas” (clique aqui).
Se a pandemia Covid-19 foi uma crise conveniente diante da iminência de um colapso global em 2020 (não é à toda que 2019 exibiu um número completamente fora da curva (1.332) de CEOs e executivos renunciaram surpreendentemente a seus cargos em empresas gigantes mundiais em meio a altos ganhos corporativos até então), da mesma forma uma inédita crise pandêmica digital cairia como uma luva na agenda do Grande Reset Global.
Seja qual for a natureza da crise (analógica ou digital), sempre virá acompanhada por violenta concentração de riqueza em uma elite que sempre inventará mais um mecanismo monetário para manter a todo custo a gigantesca bolha de tudo.