Esse curta tornou-se viral e muitos internautas tentam desvendar o
mistério que envolve o destino daquela família. “This House Has People In It” é
um curta assustador que aponta para o futuro do gênero terror: as narrativas
transmídias onde os espectadores participam de forma imersiva em um ARG –
Alternate Reality Game. Um site de uma suposta empresa que comercializa vídeos
de vigilância e um misterioso vídeo de um escultor em argila disponível no
YouTube são as pistas para que cada usuário monte sua narrativa e crie
hipóteses para o que aconteceu naquela casa onde todos pareciam estar
preparando uma inocente festa de aniversário.
O gênero “found footage” encontra-se com o tema “drama familiar”,
argumento que vem fascinando os cineastas nos últimos anos.
Criado por Alan Resnick, This
House Has People In It é um curta de 11 minutos que foi ao ar recentemente
na Adult Swin – canal de TV a cabo que compartilha parte do seu horário com o
Cartoon Network. Na verdade, o curta é apenas a ponta do iceberg de um ARG,
Alternate Reality Game – estratégia transmídia onde é proposto um jogo
interativo onde, a partir de diversos sites e fontes, o usuário vai construindo
sua própria narrativa a partir de outros vídeos e arquivos. Assim tentará
entender o porquê dos eventos que são mostrados nesse curta.
As imagens deste curta seriam supostamente recuperadas de câmeras
domésticas da empresa fictícia AB Surveillance Solutions, cujo endereço do site
está no final do curta. Além de estar disponível no Youtube o vídeo do artista que
trabalha com esculturas em argila assistido por um dos personagens nesse curta.
São pistas através das quais o usuário constrói suas próprias hipóteses.
Se o leitor quiser começar a montar o quebra-cabeças, basta começar no
site da AB Surveillance Solutions e criar um nome de usuário e senha – clique aqui.
Ou veja abaixo um vídeo onde é colocados todos os vídeos, gravações e textos em
ordem cronológica para facilitar a compreensãoo do mistério.
This House Has People In It é mais um exemplo atual da expansão das linguagens em transmídia com
narrativas híbridas que envolvem múltiplos dispositivos e plataformas, criando
experiências imersivas para o espectador – o conteúdo parece estar por todos os
lugares, criando um universo ficcional que está sempre em expansão.
O Curta
A narrativa do curta é formada por imagens de câmeras de segurança de
cada um dos cômodos da uma residência de classe média. A família que vive na
casa – incluindo o pai, mãe, irmã adolescente, irmão mais novo, bebê e a avó –
discutem e veem TV enquanto preparam uma festa de aniversário.
Em torno da marca de quatro minutos torna-se óbvio que algo terrível
está acontecendo naquela casa: a adolescente chamada Madison não está apenas
deitada no chão da cozinha para fazer birra aos pais. Ela está afundando
através do piso e não consegue pedir ajuda aos pais.
Através das várias imagens de câmeras parece que algo de terrível
espreita aquela residência, enquanto uma criatura não identificada parece
perseguir um cervo que passa no jardim diante da janela da sala de estar.
Alheia a tudo, a avó assiste a um especial de TV sobre cerâmica e
modelagem de argila, onde o artista fala coisas estranhas como “úmido, úmido
como um corpo quente, como o interior de um corpo...”. Mais tarde o bebê escapa
da casa engatinhando. Parece o único que poderá escapar de alguma coisa
terrível que está sendo preparada.
O curta é uma amostra do horror contemporâneo em transmídia que
demonstra como atualmente os cineastas estão fascinados com dramas familiares misturados
com narrativas em found footage
(vídeos supostamente perdidos e recuperados). Essa narrativa define o tom
irônico: vemos coisas na casa que os personagens não estão vendo e nosso olhar
está ligado ao olho insensível das diversas câmeras de segurança.
Uma espécie de “voyeurismo branco” que parece ampliar ainda mais o
horror desse tipo de linguagem.
O vídeo tornou-se um viral na Internet e toda uma mitologia multimídia
está sendo construída pelos internautas.
Há ainda um site falso do Escultor que aparece na TV que descreve algum
tipo de doença relacionada com a argila – “Lynks Disease”. Os e-mails que o
usuário poderá receber da AB Surveillance Solutions sugerem que a argila foi
comprada por membros daquela casa e podemos acompanhar em alguns outros vídeos
possíveis efeitos dessa doença como ficar em estado catatônico passando as mãos
no próprio rosto...
O mistério ainda está ainda está por ser desvendado.