domingo, agosto 21, 2022

Live Cinegnose: Ella Fitzgerald, privatizações metonímicas, golpe e pedagogia do medo, mídia e hipernormalização


Mudanças climáticas, ameaça de golpe, inflação, o humilde blogueiro fazendo parte das estatísticas dos desempregados e desalentados... mas a Live Cinegnose 360 resiste... nesse domingo (21/08), às 18h, chegamos à edição #69. Na sessão dos vinis, continuamos na vibe do jazz: Ella Fitzgerald – na encruzilhada entre a indústria cultural e a cultura das drogas no jazz. Depois, vamos para o cinema e audiovisual: como entender a série “Sandman” com a filosofia de Alfred Whitehead; e o filme “Viveiro”: o micro e o macrocósmico em um filme gnóstico. E a Parte IV do trepidante “Pequeno Dicionário de Eufemismos e Clichês Linguísticos da Grande Mídia”. Em seguida, a crítica midiática da semana com pauta cheia: grande mídia quer transformar eleições em “Guerra Santa”; o caso “Tchutchuca do Centrão”: a canastrice que se voltou contra a própria PsyOp; o jornalismo metonímico ataca outra vez com a privatização dos aeroportos; Globo quer normalizar tudo: do crédito consignado aos desesperados à onda de frio; Vai ter golpe? Não vai ter golpe? Grande mídia turbina pedagogia do medo com transmissões ao vivo “históricas”. Analistas do jornalismo corporativo não entram em acordo com números DataFolha. É tudo nesse domingo! 

Na segunda-feira, no YouTube, o leitor encontra a Live Cinegnose 360 #69 com minutagem, bibliografia e discografia. 


sexta-feira, agosto 19, 2022

Vai ter golpe? A História jamais será transmitida ao vivo pela TV



Nos últimos dias, nunca se ouviu ou se leu tanto o adjetivo “histórico”. Seja na mídia hegemônica ou na progressista. Adjetivando eventos que foram transmitidos ao vivo pela TV: a leitura da Carta em Defesa da Democracia na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, SP, e o discurso do ministro Alexandre de Moraes na solenidade de posse na presidência do TSE. "Históricas" defesas da Democracia. Mas será que a TV consegue mesmo mostrar ao vivo acontecimentos históricos? Ou será que a mídia só escolhe aqueles eventos que confirmem um script pré-estabelecido que já esteja rodando? Qual script? O roteiro do “golpe-pode-estar-à-nossa-espera-na-esquina”. Pedagogia do medo diariamente alimentada por notas plantadas (“agrojornalismo”) nos espaços diários dos “colonistas” dos principais veículos de imprensa. A História é feita por acontecimentos silenciosos, à margem de qualquer representação e racionalização. Enquanto o “histórico” midiático são sempre eventos ruidosos, estridentes e emergenciais. Telecatchs canastrões. 

quinta-feira, agosto 18, 2022

Para entender a série "The Sandman" com a filosofia de Alfred Whitehead


A “Filosofia do Processo” de Alfred Whitehead e os mundos fantásticos da obra de Neil Gaiman têm mais coisas em comum do que podemos imaginar. Ambos pensam numa inusitada cosmologia que rompe com a dualidade cartesiana ao proporem universos (no caso de Whitehead, de elétrons a pessoas) no qual se ingressam entidades metafísicas que criam o potencial, a criação, o novo. Em “The Sandman”, de Neil Gaiman, Morpheus e o reino dos sonhos; em Whitehead, os “objetos eternos”. A série Netflix “The Sandman” (2022-), adaptada pelo próprio autor, repleto de seres míticos que governam seus reinos que tangenciam com o mundo “real”, figura o mundo dos sonhos e sua espécie de “Biblioteca Akáshica” (referência teosófica de Gaiman) que representam como a humanidade cria os seus objetos eternos, os Perpétuos, como o repositório de todos os desejos e potencialidades de um mundo muito além do cartesianismo.

domingo, agosto 14, 2022

Live de domingo: Louis Armstrong, delírios do mundo conectado e o Brasil no dia da marmota


Vai ter golpe? Quem vai dar o golpe? Onde será o golpe? Certamente não aqui, na Live Cinegnose 360 #68, nesse domingo (14/08), às 18h, no YouTube. Pra melhorar o astral, na sessão dos vinis desse humilde blogueiro vamos conversar sobre Louis Armstrong: conflitos e contradições da personificação do jazz com a indústria cultural. Depois, dois filmes sobre tecnologia: “Dark Cloud” (a “patafísica” da Inteligência Artificial); e Werner Herzog e o seu documentário “Eis o Delírio do Mundo Conectado” fazem a pergunta: a Internet sonha com ela mesma? Em seguida, continuamos com o nosso épico trabalho: parte III do Pequeno Dicionário de Eufemismos e Clichês Linguísticos da Grande Mídia. E na crítica midiática da semana: o “hacker de Araraquara” tira a máscara; números da pesquisa Quaest/Genial confirmam a estratégia semiótica da profecia autorrealizável; Janones pra marqueteiro de Lula: guerrilha semiótica eleitoral; País é prisioneiro do “Dia da Marmota”; a leitura da Carta no Largo do São Francisco: a História nunca é transmitida ao vivo pela TV. E mais comentários e conversas aleatórias com os cinegnósticos. É tudo nesse domingo! 

Na segunda-feira, no YouTube, o leitor encontra a Live Cinegnose 360 #68 com minutagem, bibliografia e discografia. 


sexta-feira, agosto 12, 2022

'Eis o Delírio do Mundo Conectado': será que a Internet sonha com ela mesma?


O lendário cineasta alemão Werner Herzog dessa vez volta sua atenção para a Internet, no documentário “Eis o Delírio do Mundo Conectado” (“Lo and Behold: Reveries of the Connected World”, 2016). Um documentário centrado numa questão que só poderia surgir da mente de Herzog: será que a Internet sonha com ela mesma? Sim! E a World Wide Web é o seu sonho, criada sobre a rede de computadores iniciada nos anos 1960 como projeto militar e científico: a Internet. Porém, a WWW foi por um caminho bem diferente daquele imaginado por um dos pioneiros: Ted Nelson – um projeto que imaginava uma espécie de Biblioteca de Alexandria em hipertexto. Ao contrário, a WWW cresceu regida por uma lei dos cassinos de Las Vegas: a Lei dos Grandes Números, na qual a Banca sempre ganha. E suas consequências são desenvolvidas no documentário: o rebaixamento da noção de inteligência na “Inteligência Artificial” e a “Internet do Eu” com dramáticos dilemas éticos morais trazidos por um Internet com interface invisível – a Internet das Coisas.

quinta-feira, agosto 11, 2022

A patafísica da inteligência artificial em 'Dark Cloud'


Nada de bom pode vir de uma inteligência artificial. Pelo menos no cinema, desde que HAL 9000 decidiu matar a tripulação de uma nave no clássico “2001” de Kubrick. À primeira vista, um filme com o título “Dark Cloud” (2022), sobre uma paciente num tratamento terapêutico pioneiro em uma casa remota totalmente controlada por uma IA, já sugere ao espectador que as coisas também não vão acabar muito bem. Porém, “Dark Cloud” vai muito além do confronto máquina versus humanidade. Se no passado a IA tentava emular a inteligência humana revelando ser maligna pelo fato de não possuir alma, no pós-humanismo o Mal é de natureza “patafísica”: justamente por ser tão complexa, eficiente e precisa, ironicamente uma IA pode se voltar contra a própria finalidade para a qual foi construída – a Teoria dos Sistemas de Varela e Luhumann e o Teorema da Incompletude de Gödel talvez expliquem essa cilada lógica de todo sistema tecnológico.

sábado, agosto 06, 2022

Live Cinegnose 360: o enigma Miles Davis, 'journalist exploitation' na Globo e crítica midiática da semana


Como o Brasil e o mundo não deixam o humilde blogueiro em paz, continua a Live Cinegnose 360... nesse domingo, às 18h, no YouTube, a edição #67. Na sessão e vinis vamos de Miles Davis: o enigma da música afro-americana – como abriu os novos e perigosos caminhos do jazz. Depois, vamos discutir dois filmes: “She Will” (o identitarismo e antropologia da ordem patriarcal) e “Georgetown” (como a América pode ser enganada pela sua própria ilusão). Em seguida, vamos dar continuidade ao Pequeno Dicionário de Eufemismos e Clichês Linguísticos da Grande Mídia. Cinegnose encontrou a primeira bomba semiótica na guerra híbrida brasileira! Crítica midiática da semana: “journalist exploitation”, o modus operandi da TV Globo; o script “as instituições estão funcionando” e as estratégias de normalização da grande mídia; para quem vai servir o 5G? É nesse domingo. É na Live Cinegnose 360!

sexta-feira, agosto 05, 2022

Após golpe militar híbrido, grande mídia executa script 'instituições estão funcionando'


“Defesa da democracia”, “confiança no sistema eleitoral”, “Estado de Direito” são alguns de uma constelação de mantras diários repetidos pelo jornalismo corporativo. Ajuda a criar a imagem de uma grande mídia imparcial e crítica. Também retroalimenta a “pedagogia do medo”, a ansiedade de que um golpe poderá vir de qualquer lugar. Mas para que essa PsyOp funcione, é necessário mostrar que “as instituições estão funcionando”, paralisando a esquerda. Mesmo que as últimas notícias mostrem o contrário: militares no TSE revisando códigos-fonte, a anomalia da figura jurídica do ‘estado de emergência” na PEC Eleitoral e a oferta de crédito consignado para os desesperados beneficiários do Auxílio Brasil. A grande mídia normaliza e banaliza as anomalias inconstitucionais em série, criando o simulacro da normalidade institucional através de eufemismos e reportagens com angulações que ocultam o essencial: o golpe militar já aconteceu, mas foi híbrido... e ninguém viu. 

quinta-feira, agosto 04, 2022

Em 'Georgetown' a América é enganada pela sua própria ilusão



Washington DC é um verdadeiro Triângulo das Bermudas, habitado por poderosos, aqueles que tentam influenciar os poderosos e aqueles que escrevem sobre ambos. Gente, com muito dinheiro, status, posição e privilégios. Mas que, mesmo assim, não estão a salvo de serem enganadas pelas mesmas armas que fizeram a hegemonia da América: a ilusão e a mentira. Baseado em um caso real, “Georgetown” (2019), estrelado e dirigido por Christoph Waltz, acompanha um vigarista que fez carreira no centro do poder à base de falsos currículos, diplomas e certificados impressos a partir de sites fakes da Internet, citações de amizades fictícias e relações imaginárias com potências estrangeiras. Uma história que terminou em assassinato. E que aponta para o ponto fraco de um país construído a partir da imagem: a nostalgia de alguma essência real que nunca teve.

quarta-feira, agosto 03, 2022

Filme 'She Will': a antropologia da ordem patriarcal para além do identitarismo


À primeira vista, o filme produzido pelo mestre do terror Dario Argento e dirigido pela estreante Charlotte Colbert, “She Will” (2021) parece ser mais uma produção mainstream dentro da onda identitarista apropriada pela grande mídia e discurso corporativo – o chamado “neoliberalismo progressista”. Uma atriz idosa confronta-se com os fantasmas do assédio sexual quando, jovem, estreou em um filme cujo remake está para ser lançado. Buscando fugir de todo hype, viaja para as Terras Altas na Escócia. Lá encontrará as origens simbólicas de toda a ordem patriarcal: a lama primordial de uma floresta composta por cinzas humanas das vítimas das inquisições e o carbono negro da queima do carvão industrial. Por isso, “She Will” vai além:  Uma filme sobre abuso infantil, assédio sexual e envelhecimento feminino envolta na lama daquela floresta: a raiz antropológica de todas as desigualdades – a contradição Natureza vs. Sociedade, a Mãe Terra vs. o Deus Capital.

sábado, julho 30, 2022

Domingo com The Residents, um dicionário de clichês midiáticos e a pedagogia do medo da psyOp militar


Um domingo com mais Live Cinegnose 360, na edição 66, às 18h, no YouTube. Depois dos comentários aleatórios, a sessão híbrida dos Vinis/CDs do humilde blogueiro com a Teoria da Obscuridade do “The Residents”: a banda mais misteriosa do rock. Em seguida vamos discutir o afrofuturismo angolano do filme “Ar Condicionado” (memórias, perdas e condicionadores de ar) e o filme polonês “Sweat” (a ascese solitária dos influenciadores digitais). E vamos fazer também um pequeno dicionário dos eufemismos e clichês linguísticos da grande mídia. Crítica midiática da semana: o tautismo da sabatina dos candidatos a presidência da Globonews; o que o secretário da Defesa dos EUA veio fazer no Brasil? A “Carta em Defesa da Democracia” como efeito da psyOp militar da “pedagogia do medo”; Profecia autorrealizável nos números da pesquisa DataFolha? Tudo isso nesse domingo com o humilde blogueiro para animar o final de domingo.

PsyOp militar da pedagogia do medo e a 'Carta em Defesa da Democracia'


As psyOps da guerra híbrida militar veem a sociedade civil e a opinião pública como um “palco de operações” numa analogia à guerra convencional: false flags, guerra criptografada, abordagens informacionais indiretas, controle total de espectro etc. são mobilizados com um objetivo: criar a simulação de que “as instituições estão funcionando”. E seu efeito residual é a “pedagogia do medo”, o medo de que um golpe possa ocorrer a qualquer momento. Ocultando o fato de que o golpe já aconteceu. Mas foi híbrido, mantendo abertamente sob tutela as instituições civis. A Carta em Defesa da Democracia (já com mais de 400 mil signatários) partilha dessa ilusão criada pelo “palco de operações”, com a ajuda midiática que ressuscita na tela fotos e vídeos da velha ditadura militar. Como um fantasma que pudesse voltar. Paralisando a esquerda que, temerosa, permanece pacata, protocolar e institucional. Mesmo sabendo que as instituições foram aparelhadas pelo golpe militar híbrido.

quinta-feira, julho 28, 2022

A ascese solitária dos influenciadores digitais em 'Sweat'



As celebridades olimpianas do século XX foram substituídas pelos influenciadores digitais do século XXI. Trazendo a possibilidade para todos da celebrização de si mesmo, da selfie ao influenciador profissional. E uma nova moral: o ascetismo mundano – a disciplina e autocontrole para atrair a atenção de todos. Mas o custo físico e psíquico é alto. Esse é o tema da co-produção sueco-polonesa “Sweat” (2020): acompanhamos três dias de uma influenciadora de fitness motivacional, rodeada por fãs fiéis, mas que experimenta o resultado final da dissociação entre a sua imagem deslumbrante nas redes sociais e a intimidade: a negligência emocional que tenta ser remediada pelo trabalho intenso.

quarta-feira, julho 27, 2022

Memórias, perdas e condicionadores de ar no filme 'Ar Condicionado'


A sociedade apresenta-se de modo invertido para nossas consciências. Esse é um tema que vai de Marx a Freud: coisas inanimadas parecem ganhar vida própria, enquanto nós nos desumanizamos. O afrofuturismo angolano de “Ar Condicionado” (2020) aborda esse tema, fazendo uma crítica ao consumismo e às deformações urbanas usando simbolicamente essa consciência invertida: do nada, condicionadores de ar começam a despencar dos prédios, matando pedestres que estiverem passando na hora errada. Uma conspiração chinesa para vender ventiladores? Uma faceta das mudanças climáticas? Obsolescência planejada assassina? Ou esses objetos cansaram de funcionar e estão se matando? Um mix de sci-fi com realismo fantástico, no qual as memórias das perdas da colonização portuguesa e guerra civil estão por trás desse fenômeno bizarro.

sábado, julho 23, 2022

Live de domingo: Gong, guerra híbrida e o 7X1 da Alemanha, viagem no tempo na China, "É no mundo inteiro!" é novo mote da grande mídia


Quer ligar lé-com-cré no atual caos semiótico de notícias criado pela grande mídia? Então venha participar da Live Cinegnose 360 #65, nesse domingo (24/07/2022), às 18h, no YouTube. Vamos começar na sessão dos vinis/CDs do humilde blogueiro discutindo o rock espacial da banda Gong: o solipsismo no rock progressivo. Depois, dois filmes asiáticos: o sul-coreano “Aloners” (da solidão do século XX à incomunicabilidade do XXI) e o chinês “2046: Os Segredos do Amor” (Por que o Partido Comunista Chinês proibiu filmes sobre viagem no tempo?). E em ano de Copa do Mundo, nada melhor do que revisitarmos o 7X1 da Alemanha sobre o Brasil na Copa de 2014: coincidências e sincronismos da goleada na guerra híbrida. E na crítica midiática da semana: urnas eletrônicas: da teoria da conspiração à dúvida justificada; grande mídia tenta criar os truísmos da profecia autorrealizável: invasão do Capitólio e o jornalismo metonímico, o auxílio emergencial vai fazer mulheres votar em Bolsonaro.“É no mundo inteiro!” é a expressão mais ouvida nos telejornais. Como combater o baixo astral das notícias: os clichês motivacionais dos projetos sociais, e nas mortes no Complexo do Alemão. E mais comentários e conversas aleatórias. Tudo nesse domingo! 

sexta-feira, julho 22, 2022

'2046: Os Segredos do Amor': por que algo tão bom de repente não mais funciona?


Em 2011 o Partido Comunista Chinês proibiu o tema viagem no tempo em produções audiovisuais, sob alegação de que não eram “realistas”. Certamente, o filme “2046: Os Segredos do Amor” (“2046”, 2004), do diretor Wong Kar-wai (“In the Mood for Love”), fez parte dessa tendência de filmes sobre o tema que se tornaram popular na TV do país e irritou o governo. É um filme para cinéfilos corajosos cuja narrativa pula não só do futuro para o passado e vice-e-versa, como também confunde a realidade literária de um livro sci-fi escrito pelo protagonista com o seu próprio presente, cujos personagens reais se transformam em ficção no seu livro. Tentando capturar a experiência da memória de um grande amor perdido, o filme se trata da luta do homem contra o tempo que torna todo momento feliz passageiro. Por que algo tão bom de repente não mais funciona?

quinta-feira, julho 21, 2022

Solidão, incomunicabilidade e espectros no filme 'Aloners'


“Mais do que a morte, o que mais tememos é a solidão”, dizia Freud em 1921. O século XX teria criado a “multidão solitária”, vivendo o mal-estar da alienação. Porém, era ainda uma sociedade presencial, substituída no século XXI pela comunicação espectral, na qual a solidão se transformou em incomunicabilidade. Paradoxalmente, na era das comunicações globais em tempo real. O filme sul-coreano “Aloners” (2021) faz um perfeito diagnóstico dessa nova forma de solidão moderna onde, hipnotizada pela rotina mecânica do dia a dia, fezemos tudo para criar bolhas solipsistas.  “Aloners” acompanha uma jovem que trabalha em um call center – o típico lugar sem alma, a própria expressão do paradoxo tecnológico entre a comunicação espectral e a incomunicabilidade. E como os fantasmas, imaginários e às vezes até reais, vão aos poucos furando a sua bolha de isolamento e revelando sua condição de alienação.

terça-feira, julho 19, 2022

Urnas eletrônicas: das teorias conspiratórias às dúvidas justificadas


A pantomima do chefe do Executivo diante de embaixadores atacando as urnas eletrônicas, com inacreditáveis powerpoints by Dallagnol sobre inescrutáveis “malwares maliciosos”, foi mais um jogo de dissimulação e simulação (blefe) de um fusível para ser queimado. Tal como o jogo de prestidigitação do mágico (que com uma mão distrai o distinto público e com a outra puxa a carta secreta da manga), Bolsonaro não diz o mais importante de qualquer crítica consequente às tecnologias adotadas pelo TSE: o problema não é auditabilidade ou impressão de votos, mas de conflito de interesses e soberania: segurança criptográfica, armazenamento e contagem estão nas mãos de uma multinacional brasileira ligada visceralmente às Forças Armadas e outra com ligações comprovadas com CIA e NSA. O capitão da reserva distrai a patuleia com teorias conspiratórias. Enquanto as dúvidas justificáveis são ocultadas.

sábado, julho 16, 2022

Nesse domingo, 'Violeta de Outono', ligações perigosas: PEC e crimes políticos; Kryptus, Oracle, PMiG e urnas eletrônicas


País em transe!!! Mas dá para fazer uma pausa e participar da Live Cinegnose 360 #64 desse domingo (17/07), às 18h, no YouTube. Nessa edição, temos os CDs do humilde blogueiro: o power trio brasileiro “Violeta de Outono”: o resgate progressivo do lado sombrio do psicodelismo. O filme finlandês “Hatching” (um conto de fadas adulto sobre consequências da busca por aprovação nas redes sociais) e o brasileiro “Medida Provisória” (racismo como guerra cultural com as digitais da Globo Filmes). Um estudo etnográfico e semiótico de campo sobre o núcleo duro do bolsonarismo. O dia que o Brasil esqueceu: como a novela “O Dono do Mundo” (1991) anteviu o anestesista estuprador! A PsyOp do “Estado de Emergência” da PEC Kamikaze e suas ligações perigosas com o crime político de Foz de Iguaçu. Mais ligações perigosas: Kryptus, Oracle, PMiG (Partido Militar Golpista) e urnas eletrônicas – por que a esquerda não dobra a aposta? Anitta para marqueteira do PT! E mais comentários e conversas aleatórias com os cinegnósticos. Tudo isso nesse domingo. Venha participar!

sexta-feira, julho 15, 2022

O terror emerge do sonho americano das redes sociais no filme 'Hatching'



O terror que emergia de subúrbios em tons pastéis, como reza o sonho americano, foi a tendência dos anos 80-90. Nesse século, o terror emerge mais uma vez do sonho americano, dessa vez transferido para a busca de likes, compartilhamento e engajamento nas redes sociais. Ao lado de filmes como “Spree” e “Cam”, o filme finlandês “Hatching” (2022) é o mais atual exemplo de uma tendência em filmes que descrevem o que acontece com as pessoas quando buscam aprovação na Internet a qualquer custo. O filme não poupa esforços para ser estranho: uma mãe transforma os treinos da sua jovem filha na primeira competição de ginástica olímpica numa live dentro de um video-blog chamado “Lovely Everyday Life”. Até o momento em que a filha descobre um ovo de um pássaro que cresce, até eclodir um pássaro-monstro que se transformará na sua doppelgänger.

quinta-feira, julho 14, 2022

'Medida Provisória': racismo como guerra cultural com as digitais do padrão Globo Filmes


Assim como foi em “Que Hora Ela Volta?” (2015), “Medida Provisória” (2020), dirigido por Lázaro Ramos, é mais um filme cujo padrão Globo Filmes é o suficiente para diluir um conteúdo potencialmente crítico e corrosivo. Um filme cuja repercussão se deve mais a fatores extra-fílmicos (um país com governo militarizado e de extrema-direita) do que por suas qualidades estético-cinematográficas. Fazendo a crítica confundir uma suposta crítica social com análise fílmica. Com narrativa maniqueísta e estereotipada, “Medida Provisória” reduz a questão racial ao confortável campo dos valores e da guerra cultural, desviando do texto teatral original “Namíbia, Não!”. Confortável para quem? Daí entra os fatores extra-fílmicos: a repercussão de um filme em ano eleitoral cujo viés involuntariamente (pelos menos para diretor e roteiristas) se alinha ao discurso da guerra cultural que agrada a própria extrema-direita. 

sábado, julho 09, 2022

'Psychocandy', filmes urgentes, lutas marciais e fascismo, super-heróis atacam Ucrânia e a PEC autorrealizável


Vinis, traquitanas que nem sempre funcionam, filmes urgentes, bombas semióticas e críticas midiáticas. Além de comentários e conversas aleatórias. Tudo isso na Live Cinegnose 360 #63 desse domingo (10/07/2022), às 18h, no YouTube. Começaremos com Jesus and Mary Chain e o mais antipop vinil de todos os tempos: “Psychocandy” – noise rock contra o pop nos anos 1980. Depois, dois filmes urgentes: o estranho sci-fi brasileiro “Carro Rei” (o ovo da serpente tecnológica que o Brasil chocou) e “Pleasure” (a invenção do “feminino” pela indústria pornográfica). Em seguida, lutas marciais e fascismo: a couraça dos “rinocerontes” na guerra híbrida brasileira. Guerra na Ucrânia: mais uma vez, super-heróis dos EUA convocados. E a crítica midiática da semana: a bomba semiótica autorrealizável da PEC Kamikaze; O Brasil renitente de Washington Olivetto; e Infotenimento no jornalismo esportivo da Globo demite Casagrande. Final de domingo sem tédio é na Live Cinegnose 360! 

A bomba autorrealizável da PEC; Brasil renitente de Olivetto; infotenimento demite Casagrande


Com o fim da “esperança branca” da Terceira Via, restou para a grande mídia Bolsonaro mesmo! Porém, não está fácil. Depois de passar esses últimos anos acusando o chefe do executivo de ser negacionista, extremista, golpista e mostrar “colonistas” chorando ao vivo pela morte de pessoas sem UTIs durante a pandemia, como apoiar Bolsonaro? Como evitar expor a jogada de “morde-assopra” da mídia nos últimos tempos? A ansiosa e impaciente cobertura da mídia corporativa pela aprovação da “PEC Kamikase” é a reedição de uma psyOp que deu certo no golpe de 2016:  a bomba semiótica autorrealizável, executada em três fases que a grande mídia tentará pôr em ação até as eleições – aparência, percepção e crença. Enquanto isso, o Brasil renitente do velho milagre econômico da ditadura militar (que se aliou com o Brasil Profundo), e que pariu a publicidade brasileira, dá as caras: um artigo inacreditável de Washington Olivetto em “O Globo”. E, por fim, a demissão de Casagrande da Globo, pelos 75% de aumento das verbas publicitárias de Bolsonaro na Globo e o domínio do infotenimento no jornalismo.

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