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sábado, novembro 04, 2017
Fantasma do Gnosticismo ronda CERN: para pesquisadores Universo não deveria existir!
sábado, novembro 04, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Quanto mais a Ciência se distancia do
antigo modelo mecanicista de Universo, curiosamente mais se aproxima da antiga
Cosmogênese do Gnosticismo e da mitologia grega na qual mesmo o poderoso Zeus
estava submetido às leis do Senhor do Tempo – Cronos. Pesquisadores do CERN
perplexos afirmam: o Universo não deveria existir! Sem conseguirem encontrar
assimetria entre matéria e anti-matéria, os pesquisadores atestam que o
Universo deveria ter se auto-aniquilado no segundo seguinte à Criação após o
Big Bang. Ao mesmo tempo, cientistas do Instituto Max Planck na Alemanha chagaram
a dados relativos à energia interna de um buraco negro que inesperadamente
confirmam a hipótese do Universo Holográfico – em algum lugar nos limites do
Universo existiu uma superfície 2D que “codificou” toda a informação que
descreve a nossa realidade 3D + Tempo. A improbabilidade do Universo seria mais
uma evidência do cosmos ser uma simulação finita?
domingo, outubro 08, 2017
Em "Mãe!" o conflito cósmico no psiquismo de cada um de nós
domingo, outubro 08, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Com “Mãe!” (Mother!, 2017), o diretor Darren
Aronofsky (“Pi”, “Fonte da Vida” e “Noé”) confundiu crítica e público: enquanto
os distribuidores classificavam o filme como “terror” ou “mistério” para o
público, os críticos tentam entendê-lo como alguma coisa entre Polanski e De
Palma. Mais uma vez, o diretor desafia a todos com sua hermética simbologia
herética e gnóstica com incursões pela mitologia judaica, cabalística e cristã.
A novidade é que “Mãe!” alcança o nível mais alto de abstração da carreira cinematográfica
de Aronofsky ao transformar um casarão em metáfora do centro do conflito da
Cosmologia gnóstica: a tensão entre Sophia (o
Feminino Divino) e o Demiurgo (a divindade inferior com os seus agentes, os
Arcontes). Conflito que acompanha o mundo desde a sua Queda, Criação,
Destruição e Recomeço. E o mistério que envolve os moradores daquele casarão
(um poeta e sua esposa) como a parábola de como essa tensão cósmica se reflete
no psiquismo de cada um de nós.
quinta-feira, agosto 03, 2017
"Apocalypto": como explicar o fim da civilização maia?
quinta-feira, agosto 03, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Muitas vezes
encontramos verdades no pensamento conservador. Apenas que elas estão invertidas.
Um exemplo é “Apocalypto” (2006). Dirigido por um conservador assumido, o ator
Mel Gibson, o filme quer mostrar como foi possível a civilização maia, que
alcançou sofisticado conhecimento em Astronomia, Matemática, Artes e
Arquitetura, ter se extinguido muito tempo antes da chegada dos espanhóis na
América. A hipótese mais aceita é a ecológica (esgotamento dos recursos
naturais e mudanças climáticas), que o filme partilha ao acompanhar um
protagonista que teve sua tribo destruída e levado prisioneiro para a capital
maia para sacrifício em um ritual sangrento para entreter as massas. Na capital
maia encontramos seca e doenças. A ignorância e amoralidade poderiam ter levado
à decadência. Mas também a dominação e escravidão. Luta de classes custa caro e
pode exaurir uma sociedade. Esse é o surpreendente viés aberto por Mel Gibson a
partir de um pressuposto conservador em “Apocalypto”.
sexta-feira, maio 12, 2017
Para quê serve a astrologia de massas?
sexta-feira, maio 12, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Na década de 1950 o alemão Theodor Adorno (pelo olhar sócio-psicanalítico) e o francês Roland Barthes (pelo ponto de vista da semiologia) empreenderam pesquisas sobre as colunas de astrologia, respectivamente do Los Angeles Time e do semanário Elle. Ambos chegaram à mesma reposta: a astrologia de massas serve para exorcizar o real. A astrologia deixa de ser uma abertura para o Oculto, o Onírico e o Imaginário para se transformar num espelho realista e disciplinador da própria rotina diária dos leitores. Será que essa resposta pode ser aplicada à astrologia de massas atual, mais de cinquenta anos depois dessas análises?
sexta-feira, março 17, 2017
Em "Rubber" um pneu quer se vingar da civilização
sexta-feira, março 17, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Surpresa em festivais de cinema fantástico pelo mundo, a comédia francesa de horror “Rubber” (2010) nos brinda com a bizarra estória de um pneu assassino com poderes telepáticos que rola pelas estradas e desertos em busca de vingança. Somente o olhar de um diretor francês para ter a ironia e o distanciamento necessários para criar uma alegoria sobre o centro espiritual da civilização americana: o automóvel e o deserto.
domingo, fevereiro 05, 2017
Curta da Semana: "Being Batman" - o homem que acredita ser o próprio Cavaleiro das Trevas
domingo, fevereiro 05, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
No começo esse humilde blogueiro achava que o
curta “Being Batman” (2016), de Ryan Freeman, fosse mais uma sátira sobre o
super-herói. Até perceber que o curta é um documentário com um personagem real
que vive na cidade de Brampton, em Ontário, Canadá. Um homem que acredita ser o
próprio Batman e que os acontecimentos trágicos da sua vida fizeram-no se
conectar sincronicamente ao personagem fictício de Bruce Wayne. Todas as noites
Stephen Lawrence sai da sua “batcaverna” a bordo de uma réplica do batmóvel do
filme de 1989 de Tim Burton para vigiar as ruas da cidade. No curta “Being
Batman” Lawrence dá depoimentos sobre a sua vida como Batman. Mostra sua casa
transformada em batcaverna, suas armas e a rotina noturna. Isso não é cosplay:
Lawrence diz ser o próprio Batman!
sexta-feira, dezembro 23, 2016
Seis filmes para pensar o Natal
sexta-feira, dezembro 23, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em sete anos de existência o blog “Cinema
Secreto: Cinegnose” sempre quis homenagear o Natal com sugestões e análises de
filmes e curtas metragens que celebrassem com muito humor negro e surrealismo
não apenas a data festiva mas também a controversa figura do Papai-Noel.
Afinal, os leitores do “Cinegnose” merecem um olhar alternativo para uma data
tão previsível como um Roberto Carlos Especial de todo final de ano na TV. Aqui estão
seis sugestões de filmes que farão o leitor refletir sobre os simbolismos e
ícones natalinos.
sexta-feira, dezembro 09, 2016
A estranha "linguagem crepuscular" no acidente aéreo da Chapecoense
sexta-feira, dezembro 09, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Assim como trágicos eventos como o Massacre
do Colorado, o atentado à Maratona de Boston e os ataques na França, o acidente
aéreo que vitimou o clube Chapecoense na Colômbia também está cercado de
coincidências ou sincronismos envolvendo mídia, nomes e lugares. Momentos que
antecedem trágicos eventos parecem sempre revelar coincidências envolvendo
nomes, aniversários e simbolismos. Para o senso comum, não passariam de conexões
causais aleatórias. Seria como se a realidade sofresse algum “espasmo”
momentâneo antes da tragédia, para depois voltar ao “normal”. Para a chamada
hipótese sincromística esses “espasmos” escondem uma rede formada pelo inconsciente coletivo cuja
dinâmica é baseada nas chamadas formas-pensamento e arquétipos. É a “linguagem
crepuscular”, conhecida pelo budismo tibetano (por meio de mandalas, mantras
etc.) e que no Ocidente pesquisadores em Sincromisticismo buscam estudá-la através
da Onomatologia (estudos da origem dos nomes) e Toponímia (origem dos nomes dos
lugares) procuram recorrências e padrões nos acontecimentos. O que a tragédia
aérea do clube brasileiro poderia revelar?
quarta-feira, novembro 09, 2016
O drama sobrenatural de uma perda inexplicável em "Absentia"
quarta-feira, novembro 09, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A cada ano
milhares de pessoas simplesmente desaparecem no mundo sem deixar pistas.
Misture esse dado estatístico real à influência do horror fantástico de H.P.
Lovecraft com a simbologia arquetípica dos túneis. O diretor independente Mike
Flanagan fez isso e resultou no filme “Absentia” (2011), um “terror silencioso”
que pode causar estranheza aos espectadores incautos acostumados ao “gore” da
violência e sangue. Como a dor psicológica da perda inexplicável evolui para o
medo do sobrenatural, em uma narrativa que mistura dramas familiares e
conjugais com o sobrenatural que jaz em
um túnel para pedestres no final da rua de um subúrbio de Los Angeles. Filme
sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
quinta-feira, novembro 03, 2016
O que há em comum entre Cosme e Damião, Halloween e Finados?, por Claudio Siqueira
quinta-feira, novembro 03, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Festa importada
dos Estados Unidos da América, muitos criticam o Halloween como um
estrangeirismo desnecessário. Nos dias 26 (para os católicos) ou 27 de setembro
(para o Candomblé e a Umbanda), comemora-se o dia de São Cosme e São Damião,
mas, ao contrário do que acusam os críticos do sincretismo, o santo doppelgänger
também é fruto de hibridismos gnósticos e representa um arquétipo astrológico.
Quais as conexões entre o sincretismo católico de Cosme e Damião, Halloween e o
Dia de Finados?
quarta-feira, outubro 26, 2016
Bizarro show da abertura de túnel na Suíça: Satanismo? Illuminatis? Ou evento sincromístico?
quarta-feira, outubro 26, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois
de 17 anos de construção do túnel ferroviário mais longo do planeta que
atravessa a base dos Alpes suíços, ligando aquele país à Alemanha, foi
inaugurado no dia 01 de junho desse ano o “Gotthard Base Tunnel”. A cerimônia
foi transmitida ao vivo pela grande mídia europeia como um grande show teatral
multi-mídia. E o que críticos e espectadores descreveram nas redes sociais como “a cerimônia mais bizarra e confusa da História”: “ritual ocultista bizarro”,
“satânico”, “manifestação pós-cristã da Nova Ordem Mundial”, “celebração
Illuminati” diante de espectadores formados pelos mais altos dignitários da
elite política europeia . Não precisa dizer que o evento incendiou a imaginação
dos teóricos da conspiração. O fato é que o espetáculo teatral pareceu alguma
coisa entre o “Teatro da Crueldade” de Artaud e a performance do grupo catalão
“La Fura dels Baus. E turbinado por uma massiva simbologia hermética, pagã e
religiosa. Sabemos que não é a primeira que lemos notícias sobre membros da
elite global assistindo a rituais ou cerimônias ocultistas. Como interpretar
esse estranho evento midiático, sem cair em um conspiracionismo rasteiro?
Algumas hipóteses do Cinegnose: Sincromisticismo e Ecumenismo Pós-Moderno. Pauta sugerida pelo nosso leitor Antonio Manuel da Silva Filho.
sábado, julho 02, 2016
Alquimia e esoterismo em "Os Goonies", por J. B. de Oliveira
sábado, julho 02, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Os filmes de Spielberg sempre foram carregados de pistas sobre teorias conspiratórias e simbolismos esotéricos como em “E.T.” ou “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”. Spielberg foi fundamental para a mudança da opinião pública em relação a existência de seres-extraterrestres. Ele foi um dos principais precursores da guinada metafísica de Hollywood com a exploração de um mix de esoterismo, Ufologia (“Contatos Imediatos”, por exemplo, contou com a consultoria do ufólogo Allen Hynek) e simbolismo hermético. Mesmo o filme “Os Goonies” (1985), que mergulha no imaginário infanto-juvenil de caças a tesouros, trapalhadas e travessuras, está repleto de simbolismos herméticos e alquímicos.
domingo, junho 05, 2016
Cinegnose faz palestra e workshop sobre Cinema e Gnosticismo no Rio de Janeiro
domingo, junho 05, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A convite do Coletivo Transaberes, esse
humilde blogueiro fará palestra e workshop no Rio de Janeiro nos dias 24 e 25
de Junho. Serão discutidas as conexões entre a mitologia gnóstica e a
produção cinematográfica atual, além das implicações culturais e científicas da
crescente presença do Gnosticismo no imaginário contemporâneo. A palestra
acontecerá na Casa da Ciência na sexta-feira, 24 (“Cinegnose: Cinema e
Gnosticismo”), e o workshop na Estação das Letras (“O cinema secreto: implicações culturais e científicas do
Gnosticismo no Cinema”), sábado dia 25.
terça-feira, abril 12, 2016
Em "A Bruxa" a mente é o combustível do horror
terça-feira, abril 12, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Bruxas e a moralidade de puritanos da América colonial do século XVII
narrado com explícitas alusões à família que se autodestrói no filme "O
Iluminado" de Kubrick e a referência visual do quadro de Goya "O Sabá das
Bruxas". Tudo leva a crer que “A Bruxa” (The Witch, 2015) é mais um filme do
gênero terror com sustos, sangue e perseguições. Mas o estreante diretor Robert
Eggers sabe que a mente é o verdadeiro combustível
do horror: mantém o espectador no fio da navalha entre a realidade e a ficção:
a dúvida se o elemento sobrenatural sugerido no filme é real ou se atmosfera claustrofóbica da
moralidade puritana foi capaz de criar bruxas e demônios. O resultado é uma
verdadeira psicanálise dos arquétipos do horror e das bruxas que sempre foram
“bodes expiatórios” dos horrores que povoam nossas mentes.
sexta-feira, abril 08, 2016
"Samorost 3": gnosticismo em um jogo eletrônico, por Claudio Siqueira
sexta-feira, abril 08, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Vamos falar de um game saído do forno há poucos dias. Oriunda da
República Checa, a equipe Amanita Design brindou o mundo com seus
Point-and-Click Games no estilo Adventure, divulgando produtos e serviços
através de um processo conhecido como “Gameficação”, utilizando-se da
ferramenta para fins de publicidade. Como não poderia deixar de ser, o game é
repleto de influências gnósticas embora os próprios criadores talvez não se
deem conta disso. Prova de que o Inconsciente Coletivo reverbera em toda a
esfera terrestre.
terça-feira, outubro 27, 2015
Mais louco é quem me diz - A exposição de Darcílio Lima, por Claudio Siqueira
terça-feira, outubro 27, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em junho deste ano houve a exposição "Darcílio Lima - Um Universo
Fantástico" na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. Cearense de
Cascavel, tornou-se um dos principais artistas brasileiros do Movimento
Surrealista, mas seu trabalho, assim como de muitos outros nomes do
surrealismo mundial, contém influências gnósticas que passam, como sempre,
despercebidas do grande público.
Conspiracionistas atestam que os conteúdos gnósticos presentes em obras
midiáticas possuem o intuito de inculcar mensagens subliminares nas mentes do
grande público; outros que tudo não passa de mera paranoia da parte de quem
assim pensa. Outros ainda, que os autores de tais obras não teriam conhecimento
real acerca das referências gnósticas presentes em suas obras. Se isso é
verdade, ao menos teríamos, talvez, a prova cabal do Inconsciente Coletivo
postulado por Carl Jung, posto que os mitos e arquétipos se repetem em
obras midiáticas mambembes sem o conhecimento de causa de seus autores.
segunda-feira, setembro 07, 2015
Mitologia gnóstica no cinema para iniciantes
segunda-feira, setembro 07, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Apesar de em toda História o Gnosticismo ter cultivado o elitismo espiritual por meio de sociedades secretas e conhecimentos arcanos, desde a literatura do Romantismo até o cinema a mitologia gnóstica vem cada vez mais fazendo parte do atual cenário da cultura pop. O Cinema atual insere em suas narrativas de diversos gêneros quatro principais mitos gnósticos: o do “Demiurgo”, o da “Alma Decaída”, o do “Salvador” e do “Feminino Divino”. Portanto, vamos introduzir aos novos leitores do Cinegnose o tema do Cinema Gnóstico e fazer um pequena síntese das pesquisas desses oito anos aos mais antigos seguidores do blogue.
Para aqueles que
estão chegando agora ao Cinegnose e, mesmo para aqueles que já são iniciados no
tema e constatam a complexidade conceitual da área, vamos fazer uma introdução
didática sobre a presença de elementos da mitologia gnóstica no cinema.
Desde as suas origens no início
da Era Cristã até os dias atuais a tradição gnóstica tem rejeitado as
convenções culturais como formas decadentes de um mundo ilusório. Por isso, o
gnosticismo tem cultivado o elitismo espiritual – conhecimentos arcanos e
sociedades secretas.
Tal estratégia histórica é compreensível
se considerarmos que o Gnosticismo considera o mundo material – e os seus
defensores – como ilusórios e falhos produtos de um Demiurgo, um deus inebriado
na sua crença de ser único e poderoso mas que não passa de uma emanação
decadente de um plano transcendente e harmônico.
Depois dos diversos renascimentos
ao longo da História (como na literatura do Romantismo dos séculos XVIII-XIX),
a mitologia gnóstica chega ao cinema no século XX.
E os temas gnósticos no cinema
não são recentes. Desde antigos filmes como
The Revenge of the Homunculus (Otto Rippert’s, 1916) sobre as trágicas
consequências de um experimento alquímico mal sucedido; The Golem (de Paul Wegener’s, 1920) mostrando os trágicos
resultados da magia cabalística; Frankenstein
(de James Whales, 1931) onde o tema é o fracasso gnóstico em transcender a
matéria mortal.
Os temas gnósticos retornam mais
tarde, desta vez através de filmes não-comerciais ou rotulados como cults que endossam valores heterodoxos.
Blow Up (Antonioni, 1966) é uma exploração gnóstica de como a
cultura consumida pelas aparências suplanta a realidade.
Confundindo forma e conteúdo
através de uma narrativa altamente ambígua e alucinante que incomoda tanto os
personagens do filme quanto o público, 8½
(Fellini, 1963) explora a cabalística crença de que um ideal humano pode ser
alcançado através do artifício, a criação de um Adão cinemático;
Zardoz (John Boorman, 1974) uma verdadeira fábula gnóstica onde, em
um futuro pós-apocalipse, o protagonista alcança a iluminação ao descobrir que
o deus em que acreditava (Zardoz) era, na verdade, uma criação artificial de
uma elite imperfeita e decadente.
The Man Who Fell to Earth (Nicholas Roeg, 1976) apresenta um
extraterrestre que vem para a Terra em busca de água para o seu planeta que
está morrendo. Incapaz de cumprir sua missão acaba prisioneiro de uma rede de
corrupção em uma América corporativa. Diferentes dos antigos filmes, estes
filmes gnósticos cults criticam o status quo, sugerindo que a cultura
pós-moderna é um desolado mundo de ilusões que produz conformismo.
O que distingue os filmes de
temática gnóstica dos últimos vinte e cinco anos é que, diferente do passado cult ou de vanguarda, agora estão
presentes no cinema mainstream
hollywoodiano. A temática gnóstica abandona o campo do cinema alternativo de
público elitizado para atingir as massas através do cinema comercial. Ao
contrário do passado, os temas gnósticos estão presentes em filmes com
produções de bom orçamento, atores celebrizados pelas mídias de massa e
enquadrados dentro de gêneros fixos tradicionais.
Basicamente são a partir de
quatro mitos básicos que o cinema vem explorando o Gnosticismo:
1. O Mito do Demiurgo
A Criação, o Mundo
ou a própria realidade é controlada por uma divindade inferior e os seus
agentes. Esses anjos (ou arcontes) lançaram um véu de ilusão, ignorância ou
desespero existencial sobre aqueles que procuram dominar (e às vezes se alimentam).
No gnosticismo clássico, o caráter do Deus do Antigo Testamento era um modelo
preferido para o vilão extramundano. Ele é muitas vezes referido como o
Demiurgo.
No cinema, o
Demiurgo não tem necessariamente de ser um antagonista do divino, mas pode
assumir a forma de qualquer entidade opressora incluindo ETs , tecnologias
opressoras e até mesmo as instituições humanas. Tudo se resume a questão do
controle humano versus a liberdade humana. Esse mito inflama a questão sobre o
que é real e o que é falso em intrincados níveis ontológicos (ou dimensões).
Alguns exemplos:
Êxodo: Deuses e Reis (2014) e Noé (2014) – Deus do Velho Testamento como um Demiurgo
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Prometheus (2012) ou Dark City (1998)
– Demiurgos como raças avançadas de seres alienígenas que transformaram os
humanos em experimentos científicos.
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Mais Estranho Que a Ficção (2006) – o Demiurgo é um escritor que manipula
de diversas formas uma narrativa literária tentando matar o protagonista.
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Show de Truman (1998), EDtv (1999) ou Mad City (1997) – o Demiurgo pode ser um produtor de um
reality show, um repórter manipulador ou a própria grande mídia que explora a
espontaneidade e simplicidade do protagonista.
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Uma Aventura Lego (2014) – o Demiurgo é o pai de um menino que disputa o filho o
controle do destino de uma cidade construída em blocos de Lego
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2. O mito da alma
decaída.
A ideia de que a
semente divina, proveniente de um lugar chamado Pleroma (ou Plenitude) tenha
caído em um mundo estranho. Este esperma-luz, a matéria prima da
auto-realização, reside dentro de cada mortal, também conhecida como
“centelha-divina”. É exatamente pela qual que as criaturas espirituais do
Demiurgo anseiam ou querem corromper. Descansando no sono ou estupor, a jornada
épica começa verdadeiramente quando um mortal descobre ou é escolhido para
realizar o seu potencial transcendental. Uma guerra de libertação tende a
entrar em erupção.
Normalmente envolve
uma agitação do protagonista durante a vigília por algum poder latente ou um
presente que o obrigue a cumprir um destino heróico. Este mito provoca a
pergunta do que é ser consciente e os níveis de consciência que o ser humano
pode chegar.
Abaixo, alguns exemplos:
Earthling (2010) ou ET
(1982) – Aliens caem na Terra e vivem uma situaçãoo de
ameaça e estranhamento. Filmes que são uma metáfora da gnóstica condição
humana
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Sense8 (2015) – Humanos com sensibilidade especial (os sensates) despertam de
suas vidas ordinárias para o chamado de luta contra um Demiurgo – uma agência
quase governamental especializada em manipulações genéticas.
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O Destino de Júpiter (2015) – uma humilde empregada recebe
o chamado da Plenitude. Os mitos gnósticos da Criação, Queda e Ascensão
representados de forma explícita em uma space opera.
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O Homem Que Caiu na Terra (1976) - Thomas Jerome Newton é um alien humanóide que vem para a Terra em busca
de água para seu planeta que está morrendo. Sua inteligência e
revolucionárias invenções atrai corporações que tentam corrompê-lo.
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Upside Down (2012) – Mescla de ficção científica com drama romântico que dá uma
nova roupagem ao mito da Queda humana.
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3. O Mito do Salvador
Pode assumir duas
formas. O primeiro é que após o despertar para a sua constituição sobrenatural,
o protagonista não deve apenas salvar aqueles ao redor dele dos poderes que
criaram o regime ilusório, ele deve também divulgar o conhecimento (gnose) para
os outros, para que possam compartilhar as mesmas liberdades ou descubram
habilidades semelhantes.
A segunda forma é
que uma figura salvadora precisa de outra figura salvadora, pois a relação de
um hierofante para um neófito é central no Gnosticismo (a ocidental caricatura
do professor sábio oriental ajudando o herói). Este mito acende a questão do
significado do ser humano, e todos os seres humanos são verdadeiramente iguais,
mesmo que alguns possuam maiores habilidades do que outros (um tema
predominante nas HQs, óperas de ficção científica e até mesmo em séries de
televisão, tais como a série Heroes).
Abaixo, alguns exemplos:
Matrix (1999) – Neo e Morpheus criam a clássica relação do mestre e do iniciado que
será o Salvador.
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Clube da Luta (1999) – A iniciação de um neófito a
um Clube que mudará sua visão de mundo. Mais do que isso, o protagonista se
torna o líder de um grupo que buscará algo politicamente muito maior.
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Branded (2012) – Outro neófito, dessa vez no mundo da Publicidade, será
iniciado no mundo da luta entre as marcas, descobrindo as forças ocultas que
controlam o mundo.
|
4. O Mito do Feminino Divino
No gnosticismo
clássico, Sophia ocupa o centro do palco, simultaneamente, como ser caído e uma
redentora da humanidade. Sua encarnação já assumiu várias formas, incluindo a
Shekinah de Deus na Cabala, Maria Madalena no Cristianismo esotérico, e Gaia no
neo-paganismo. Sylvia em O Show de Truman
e Trinity em Matrix são duas das mais
famosas nos domínios da Ficção Científica e da Fantasia.
A encarnação pode
ser o protagonista, o professor do protagonista, e toda uma gama de variações.
Ela resgata ou é resgatada, ou ambos, nas batalhas contra os agentes da
opressão e da quebra da realidade falsa. É difícil negar a obsessão das Anime
com a confusão com o feminino e sexualidade em geral (que se afasta ou, talvez,
complementa a atitude gnóstica da desconfiança em relação ao sexo). Isso agrava
a questão dos diferentes níveis de amor, amizade e individualidade no que
poderia parecer um universo frio e indiferente.
Veja alguns exemplos:
WALL-E (1999) – Sophia é encarnada em um robô chamado EVA com design high tech que
vêm à Terra devastada buscar sinais de vida e encontra um nostálgico
robozinho que empilha lixo e tenta resgatar fragmentos de uma civilização que
desapareceu.
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Dead Man (1995) – A personagem Theo, a
prostituta, tem um papel decisivo no início da jornada espiritual do
protagonista. Ela é Sophia, prisioneira do Demiurgo que domina a cidade.
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L’Imortelle (1963) – Filme
francês precursor do mito de Sophia no cinema que eleva a mulher a um patamar
metafísico revelando as formas ilusórias do mundo ao protagonista.
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Vanilla Sky (2001) – Aqui Sophia está explícita.
Penélope Cruz faz a própria personagem exorta o protagonista David Aymes a
despertar do interior de um “sonho lúcido”, na verdade uma simulação
tecnológica da realidade.
Clique na tag Sophia para buscar outros filmes.
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