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sábado, novembro 04, 2017

Fantasma do Gnosticismo ronda CERN: para pesquisadores Universo não deveria existir!


Quanto mais a Ciência se distancia do antigo modelo mecanicista de Universo, curiosamente mais se aproxima da antiga Cosmogênese do Gnosticismo e da mitologia grega na qual mesmo o poderoso Zeus estava submetido às leis do Senhor do Tempo – Cronos. Pesquisadores do CERN perplexos afirmam: o Universo não deveria existir! Sem conseguirem encontrar assimetria entre matéria e anti-matéria, os pesquisadores atestam que o Universo deveria ter se auto-aniquilado no segundo seguinte à Criação após o Big Bang. Ao mesmo tempo, cientistas do Instituto Max Planck na Alemanha chagaram a dados relativos à energia interna de um buraco negro que inesperadamente confirmam a hipótese do Universo Holográfico – em algum lugar nos limites do Universo existiu uma superfície 2D que “codificou” toda a informação que descreve a nossa realidade 3D + Tempo. A improbabilidade do Universo seria mais uma evidência do cosmos ser uma simulação finita? 

domingo, outubro 08, 2017

Em "Mãe!" o conflito cósmico no psiquismo de cada um de nós


Com “Mãe!” (Mother!, 2017), o diretor Darren Aronofsky (“Pi”, “Fonte da Vida” e “Noé”) confundiu crítica e público: enquanto os distribuidores classificavam o filme como “terror” ou “mistério” para o público, os críticos tentam entendê-lo como alguma coisa entre Polanski e De Palma. Mais uma vez, o diretor desafia a todos com sua hermética simbologia herética e gnóstica com incursões pela mitologia judaica, cabalística e cristã. A novidade é que “Mãe!” alcança o nível mais alto de abstração da carreira cinematográfica de Aronofsky ao transformar um casarão em metáfora do centro do conflito da Cosmologia gnóstica: a tensão entre Sophia (o Feminino Divino) e o Demiurgo (a divindade inferior com os seus agentes, os Arcontes). Conflito que acompanha o mundo desde a sua Queda, Criação, Destruição e Recomeço. E o mistério que envolve os moradores daquele casarão (um poeta e sua esposa) como a parábola de como essa tensão cósmica se reflete no psiquismo de cada um de nós.

quinta-feira, agosto 03, 2017

"Apocalypto": como explicar o fim da civilização maia?


Muitas vezes encontramos verdades no pensamento conservador. Apenas que elas estão invertidas. Um exemplo é “Apocalypto” (2006). Dirigido por um conservador assumido, o ator Mel Gibson, o filme quer mostrar como foi possível a civilização maia, que alcançou sofisticado conhecimento em Astronomia, Matemática, Artes e Arquitetura, ter se extinguido muito tempo antes da chegada dos espanhóis na América. A hipótese mais aceita é a ecológica (esgotamento dos recursos naturais e mudanças climáticas), que o filme partilha ao acompanhar um protagonista que teve sua tribo destruída e levado prisioneiro para a capital maia para sacrifício em um ritual sangrento para entreter as massas. Na capital maia encontramos seca e doenças. A ignorância e amoralidade poderiam ter levado à decadência. Mas também a dominação e escravidão. Luta de classes custa caro e pode exaurir uma sociedade. Esse é o surpreendente viés aberto por Mel Gibson a partir de um pressuposto conservador em “Apocalypto”.

sexta-feira, maio 12, 2017

Para quê serve a astrologia de massas?




Na década de 1950 o alemão Theodor Adorno (pelo olhar sócio-psicanalítico) e o francês Roland Barthes (pelo ponto de vista da semiologia) empreenderam pesquisas sobre as colunas de astrologia, respectivamente do Los Angeles Time e do semanário Elle. Ambos chegaram à mesma reposta: a astrologia de massas serve para exorcizar o real. A astrologia deixa de ser uma abertura para o Oculto, o Onírico e o Imaginário para se transformar num espelho realista e disciplinador da própria rotina diária dos leitores. Será que essa resposta pode ser aplicada à astrologia de massas atual, mais de cinquenta anos depois dessas análises?

sexta-feira, março 17, 2017

Em "Rubber" um pneu quer se vingar da civilização



Surpresa em festivais de cinema fantástico pelo mundo, a comédia francesa de horror “Rubber” (2010) nos brinda com a bizarra estória de um pneu assassino com poderes telepáticos que rola pelas estradas e desertos em busca de vingança. Somente o olhar de um diretor francês para ter a ironia e o distanciamento necessários para criar uma alegoria sobre o centro espiritual da civilização americana: o automóvel e o deserto.

domingo, fevereiro 05, 2017

Curta da Semana: "Being Batman" - o homem que acredita ser o próprio Cavaleiro das Trevas


No começo esse humilde blogueiro achava que o curta “Being Batman” (2016), de Ryan Freeman, fosse mais uma sátira sobre o super-herói. Até perceber que o curta é um documentário com um personagem real que vive na cidade de Brampton, em Ontário, Canadá. Um homem que acredita ser o próprio Batman e que os acontecimentos trágicos da sua vida fizeram-no se conectar sincronicamente ao personagem fictício de Bruce Wayne. Todas as noites Stephen Lawrence sai da sua “batcaverna” a bordo de uma réplica do batmóvel do filme de 1989 de Tim Burton para vigiar as ruas da cidade. No curta “Being Batman” Lawrence dá depoimentos sobre a sua vida como Batman. Mostra sua casa transformada em batcaverna, suas armas e a rotina noturna. Isso não é cosplay: Lawrence diz ser o próprio Batman!

sexta-feira, dezembro 23, 2016

Seis filmes para pensar o Natal


Em sete anos de existência o blog “Cinema Secreto: Cinegnose” sempre quis homenagear o Natal com sugestões e análises de filmes e curtas metragens que celebrassem com muito humor negro e surrealismo não apenas a data festiva mas também a controversa figura do Papai-Noel. Afinal, os leitores do “Cinegnose” merecem um olhar alternativo para uma data tão previsível como um Roberto Carlos Especial de todo final de ano na TV. Aqui estão seis sugestões de filmes que farão o leitor refletir sobre os simbolismos e ícones natalinos.

sexta-feira, dezembro 09, 2016

A estranha "linguagem crepuscular" no acidente aéreo da Chapecoense


Assim como trágicos eventos como o Massacre do Colorado, o atentado à Maratona de Boston e os ataques na França, o acidente aéreo que vitimou o clube Chapecoense na Colômbia também está cercado de coincidências ou sincronismos envolvendo mídia, nomes e lugares. Momentos que antecedem trágicos eventos parecem sempre revelar coincidências envolvendo nomes, aniversários e simbolismos. Para o senso comum, não passariam de conexões causais aleatórias. Seria como se a realidade sofresse algum “espasmo” momentâneo antes da tragédia, para depois voltar ao “normal”. Para a chamada hipótese sincromística esses “espasmos” escondem uma rede  formada pelo inconsciente coletivo cuja dinâmica é baseada nas chamadas formas-pensamento e arquétipos. É a “linguagem crepuscular”, conhecida pelo budismo tibetano (por meio de mandalas, mantras etc.) e que no Ocidente pesquisadores em Sincromisticismo buscam estudá-la através da Onomatologia (estudos da origem dos nomes) e Toponímia (origem dos nomes dos lugares) procuram recorrências e padrões nos acontecimentos. O que a tragédia aérea do clube brasileiro poderia revelar?

quarta-feira, novembro 09, 2016

O drama sobrenatural de uma perda inexplicável em "Absentia"


A cada ano milhares de pessoas simplesmente desaparecem no mundo sem deixar pistas. Misture esse dado estatístico real à influência do horror fantástico de H.P. Lovecraft com a simbologia arquetípica dos túneis. O diretor independente Mike Flanagan fez isso e resultou no filme “Absentia” (2011), um “terror silencioso” que pode causar estranheza aos espectadores incautos acostumados ao “gore” da violência e sangue. Como a dor psicológica da perda inexplicável evolui para o medo do sobrenatural, em uma narrativa que mistura dramas familiares e conjugais  com o sobrenatural que jaz em um túnel para pedestres no final da rua de um subúrbio de Los Angeles. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

quinta-feira, novembro 03, 2016

O que há em comum entre Cosme e Damião, Halloween e Finados?, por Claudio Siqueira


Festa importada dos Estados Unidos da América, muitos criticam o Halloween como um estrangeirismo desnecessário. Nos dias 26 (para os católicos) ou 27 de setembro (para o Candomblé e a Umbanda), comemora-se o dia de São Cosme e São Damião, mas, ao contrário do que acusam os críticos do sincretismo, o santo doppelgänger também é fruto de hibridismos gnósticos e representa um arquétipo astrológico. Quais as conexões entre o sincretismo católico de Cosme e Damião, Halloween e o Dia de Finados?

quarta-feira, outubro 26, 2016

Bizarro show da abertura de túnel na Suíça: Satanismo? Illuminatis? Ou evento sincromístico?


Depois de 17 anos de construção do túnel ferroviário mais longo do planeta que atravessa a base dos Alpes suíços, ligando aquele país à Alemanha, foi inaugurado no dia 01 de junho desse ano o “Gotthard Base Tunnel”. A cerimônia foi transmitida ao vivo pela grande mídia europeia como um grande show teatral multi-mídia. E o que críticos e espectadores descreveram nas redes sociais como “a cerimônia mais bizarra e confusa da História”: “ritual ocultista bizarro”, “satânico”, “manifestação pós-cristã da Nova Ordem Mundial”, “celebração Illuminati” diante de espectadores formados pelos mais altos dignitários da elite política europeia . Não precisa dizer que o evento incendiou a imaginação dos teóricos da conspiração. O fato é que o espetáculo teatral pareceu alguma coisa entre o “Teatro da Crueldade” de Artaud e a performance do grupo catalão “La Fura dels Baus. E turbinado por uma massiva simbologia hermética, pagã e religiosa. Sabemos que não é a primeira que lemos notícias sobre membros da elite global assistindo a rituais ou cerimônias ocultistas. Como interpretar esse estranho evento midiático, sem cair em um conspiracionismo rasteiro? Algumas hipóteses do Cinegnose: Sincromisticismo e Ecumenismo Pós-Moderno. Pauta sugerida pelo nosso leitor Antonio Manuel da Silva Filho.

sábado, julho 02, 2016

Alquimia e esoterismo em "Os Goonies", por J. B. de Oliveira


Os filmes de Spielberg sempre foram carregados de pistas sobre teorias conspiratórias e simbolismos esotéricos como em “E.T.” ou “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”. Spielberg foi fundamental para a mudança da opinião pública em relação a existência de seres-extraterrestres. Ele foi um dos principais precursores da guinada metafísica de Hollywood com a exploração de um mix de esoterismo, Ufologia (“Contatos Imediatos”, por exemplo, contou com a consultoria do ufólogo Allen Hynek) e simbolismo hermético. Mesmo o filme “Os Goonies” (1985), que mergulha no imaginário infanto-juvenil de caças a tesouros, trapalhadas e travessuras, está repleto de simbolismos herméticos e alquímicos.

domingo, junho 05, 2016

Cinegnose faz palestra e workshop sobre Cinema e Gnosticismo no Rio de Janeiro


A convite do Coletivo Transaberes, esse humilde blogueiro fará palestra e workshop no Rio de Janeiro nos dias 24 e 25 de Junho. Serão discutidas as conexões entre a mitologia gnóstica e a produção cinematográfica atual, além das implicações culturais e científicas da crescente presença do Gnosticismo no imaginário contemporâneo. A palestra acontecerá na Casa da Ciência na sexta-feira, 24 (“Cinegnose: Cinema e Gnosticismo”), e o workshop na Estação das Letras (“O cinema secreto: implicações culturais e científicas do Gnosticismo no Cinema”), sábado dia 25.

terça-feira, abril 12, 2016

Em "A Bruxa" a mente é o combustível do horror


Bruxas e a moralidade de puritanos da América colonial do século XVII narrado com explícitas alusões à família que se autodestrói no filme "O Iluminado" de Kubrick e a referência visual do quadro de Goya "O Sabá das Bruxas". Tudo leva a crer que “A Bruxa” (The Witch, 2015) é mais um filme do gênero terror com sustos, sangue e perseguições. Mas o estreante diretor Robert Eggers sabe que a mente é o  verdadeiro combustível do horror: mantém o espectador no fio da navalha entre a realidade e a ficção: a dúvida se o elemento sobrenatural sugerido no filme é real ou se atmosfera claustrofóbica da moralidade puritana foi capaz de criar bruxas e demônios. O resultado é uma verdadeira psicanálise dos arquétipos do horror e das bruxas que sempre foram “bodes expiatórios” dos horrores que povoam nossas mentes.

sexta-feira, abril 08, 2016

"Samorost 3": gnosticismo em um jogo eletrônico, por Claudio Siqueira


Vamos falar de um game saído do forno há poucos dias. Oriunda da República Checa, a equipe Amanita Design brindou o mundo com seus Point-and-Click Games no estilo Adventure, divulgando produtos e serviços através de um processo conhecido como “Gameficação”, utilizando-se da ferramenta para fins de publicidade. Como não poderia deixar de ser, o game é repleto de influências gnósticas embora os próprios criadores talvez não se deem conta disso. Prova de que o Inconsciente Coletivo reverbera em toda a esfera terrestre.

terça-feira, outubro 27, 2015

Mais louco é quem me diz - A exposição de Darcílio Lima, por Claudio Siqueira

Em junho deste ano houve a exposição "Darcílio Lima - Um Universo Fantástico" na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. Cearense de Cascavel, tornou-se um dos principais artistas brasileiros do Movimento Surrealista, mas seu trabalho, assim como de muitos outros nomes do surrealismo mundial, contém influências gnósticas que passam, como sempre, despercebidas do grande público.


Conspiracionistas atestam que os conteúdos gnósticos presentes em obras midiáticas possuem o intuito de inculcar mensagens subliminares nas mentes do grande público; outros que tudo não passa de mera paranoia da parte de quem assim pensa. Outros ainda, que os autores de tais obras não teriam conhecimento real acerca das referências gnósticas presentes em suas obras. Se isso é verdade, ao menos teríamos, talvez, a prova cabal do Inconsciente Coletivo postulado por Carl Jung, posto que os mitos e arquétipos se repetem em obras midiáticas mambembes sem o conhecimento de causa de seus autores.

segunda-feira, setembro 07, 2015

Mitologia gnóstica no cinema para iniciantes


Apesar de em toda História o Gnosticismo ter cultivado o elitismo espiritual por meio de sociedades secretas e conhecimentos arcanos, desde a literatura do Romantismo até o cinema a mitologia gnóstica vem cada vez mais fazendo parte do atual cenário da cultura pop. O Cinema atual insere em suas narrativas de diversos gêneros quatro principais mitos gnósticos: o do “Demiurgo”, o da “Alma Decaída”, o do “Salvador” e do “Feminino Divino”. Portanto, vamos introduzir aos novos leitores do Cinegnose o tema do Cinema Gnóstico e fazer um pequena síntese das pesquisas desses oito anos aos mais antigos seguidores do blogue.

Para aqueles que estão chegando agora ao Cinegnose e, mesmo para aqueles que já são iniciados no tema e constatam a complexidade conceitual da área, vamos fazer uma introdução didática sobre a presença de elementos da mitologia gnóstica no cinema.

Desde as suas origens no início da Era Cristã até os dias atuais a tradição gnóstica tem rejeitado as convenções culturais como formas decadentes de um mundo ilusório. Por isso, o gnosticismo tem cultivado o elitismo espiritual – conhecimentos arcanos e sociedades secretas.

Tal estratégia histórica é compreensível se considerarmos que o Gnosticismo considera o mundo material – e os seus defensores – como ilusórios e falhos produtos de um Demiurgo, um deus inebriado na sua crença de ser único e poderoso mas que não passa de uma emanação decadente de um plano transcendente e harmônico.

Depois dos diversos renascimentos ao longo da História (como na literatura do Romantismo dos séculos XVIII-XIX), a mitologia gnóstica chega ao cinema no século XX.

E os temas gnósticos no cinema não são recentes. Desde antigos filmes como The Revenge of the Homunculus (Otto Rippert’s, 1916) sobre as trágicas consequências de um experimento alquímico mal sucedido; The Golem (de Paul Wegener’s, 1920) mostrando os trágicos resultados da magia cabalística; Frankenstein (de James Whales, 1931) onde o tema é o fracasso gnóstico em transcender a matéria mortal.

The Revenge of Homunculus, 1916

Os temas gnósticos retornam mais tarde, desta vez através de filmes não-comerciais ou rotulados como cults que endossam valores heterodoxos.

Blow Up (Antonioni, 1966) é uma exploração gnóstica de como a cultura consumida pelas aparências suplanta a realidade.

Confundindo forma e conteúdo através de uma narrativa altamente ambígua e alucinante que incomoda tanto os personagens do filme quanto o público, (Fellini, 1963) explora a cabalística crença de que um ideal humano pode ser alcançado através do artifício, a criação de um Adão cinemático;

Zardoz (John Boorman, 1974) uma verdadeira fábula gnóstica onde, em um futuro pós-apocalipse, o protagonista alcança a iluminação ao descobrir que o deus em que acreditava (Zardoz) era, na verdade, uma criação artificial de uma elite imperfeita e decadente.

The Man Who Fell to Earth (Nicholas Roeg, 1976) apresenta um extraterrestre que vem para a Terra em busca de água para o seu planeta que está morrendo. Incapaz de cumprir sua missão acaba prisioneiro de uma rede de corrupção em uma América corporativa. Diferentes dos antigos filmes, estes filmes gnósticos cults criticam o status quo, sugerindo que a cultura pós-moderna é um desolado mundo de ilusões que produz conformismo.

O que distingue os filmes de temática gnóstica dos últimos vinte e cinco anos é que, diferente do passado cult ou de vanguarda, agora estão presentes no cinema mainstream hollywoodiano. A temática gnóstica abandona o campo do cinema alternativo de público elitizado para atingir as massas através do cinema comercial. Ao contrário do passado, os temas gnósticos estão presentes em filmes com produções de bom orçamento, atores celebrizados pelas mídias de massa e enquadrados dentro de gêneros fixos tradicionais.

Basicamente são a partir de quatro mitos básicos que o cinema vem explorando o Gnosticismo:

1.   O Mito do Demiurgo

Dark City, 1998

A Criação, o Mundo ou a própria realidade é controlada por uma divindade inferior e os seus agentes. Esses anjos (ou arcontes) lançaram um véu de ilusão, ignorância ou desespero existencial sobre aqueles que procuram dominar (e às vezes se alimentam). No gnosticismo clássico, o caráter do Deus do Antigo Testamento era um modelo preferido para o vilão extramundano. Ele é muitas vezes referido como o Demiurgo.

No cinema, o Demiurgo não tem necessariamente de ser um antagonista do divino, mas pode assumir a forma de qualquer entidade opressora incluindo ETs , tecnologias opressoras e até mesmo as instituições humanas. Tudo se resume a questão do controle humano versus a liberdade humana. Esse mito inflama a questão sobre o que é real e o que é falso em intrincados níveis ontológicos (ou dimensões).

Alguns exemplos:



Êxodo: Deuses e Reis (2014) e Noé (2014) – Deus do Velho Testamento como um Demiurgo


Prometheus (2012) ou Dark City (1998) – Demiurgos como raças avançadas de seres alienígenas que transformaram os humanos em experimentos científicos.


Mais Estranho Que a Ficção (2006) – o Demiurgo é um escritor que manipula de diversas formas uma narrativa literária tentando matar o protagonista.


Show de Truman (1998), EDtv (1999) ou Mad City (1997) – o Demiurgo pode ser um produtor de um reality show, um repórter manipulador ou a própria grande mídia que explora a espontaneidade e simplicidade do protagonista.


Uma Aventura Lego (2014) – o Demiurgo é o pai de um menino que disputa o filho o controle do destino de uma cidade construída em blocos de Lego


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2. O mito da alma decaída.

Earthling, 2010

A ideia de que a semente divina, proveniente de um lugar chamado Pleroma (ou Plenitude) tenha caído em um mundo estranho. Este esperma-luz, a matéria prima da auto-realização, reside dentro de cada mortal, também conhecida como “centelha-divina”. É exatamente pela qual que as criaturas espirituais do Demiurgo anseiam ou querem corromper. Descansando no sono ou estupor, a jornada épica começa verdadeiramente quando um mortal descobre ou é escolhido para realizar o seu potencial transcendental. Uma guerra de libertação tende a entrar em erupção.

Normalmente envolve uma agitação do protagonista durante a vigília por algum poder latente ou um presente que o obrigue a cumprir um destino heróico. Este mito provoca a pergunta do que é ser consciente e os níveis de consciência que o ser humano pode chegar.

Abaixo, alguns exemplos:



Earthling (2010) ou ET (1982) – Aliens caem na Terra e vivem uma situaçãoo de ameaça e estranhamento. Filmes que são uma metáfora da gnóstica condição humana


Sense8 (2015) – Humanos com sensibilidade especial (os sensates) despertam de suas vidas ordinárias para o chamado de luta contra um Demiurgo – uma agência quase governamental especializada em manipulações genéticas.


O Destino de Júpiter (2015) – uma humilde empregada recebe o chamado da Plenitude. Os mitos gnósticos da Criação, Queda e Ascensão representados de forma explícita em uma space opera.


O Homem Que Caiu na Terra (1976) - Thomas Jerome Newton é um alien humanóide que vem para a Terra em busca de água para seu planeta que está morrendo. Sua inteligência e revolucionárias invenções atrai corporações que tentam corrompê-lo.


Upside Down (2012) – Mescla de ficção científica com drama romântico que dá uma nova roupagem ao mito da Queda humana.


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3.   O Mito do Salvador


Pode assumir duas formas. O primeiro é que após o despertar para a sua constituição sobrenatural, o protagonista não deve apenas salvar aqueles ao redor dele dos poderes que criaram o regime ilusório, ele deve também divulgar o conhecimento (gnose) para os outros, para que possam compartilhar as mesmas liberdades ou descubram habilidades semelhantes.

A segunda forma é que uma figura salvadora precisa de outra figura salvadora, pois a relação de um hierofante para um neófito é central no Gnosticismo (a ocidental caricatura do professor sábio oriental ajudando o herói). Este mito acende a questão do significado do ser humano, e todos os seres humanos são verdadeiramente iguais, mesmo que alguns possuam maiores habilidades do que outros (um tema predominante nas HQs, óperas de ficção científica e até mesmo em séries de televisão, tais como a série Heroes).

Abaixo, alguns exemplos:



Matrix (1999) – Neo e Morpheus criam a clássica relação do mestre e do iniciado que será o Salvador.


Clube da Luta (1999) – A iniciação de um neófito a um Clube que mudará sua visão de mundo. Mais do que isso, o protagonista se torna o líder de um grupo que buscará algo politicamente muito maior.


Branded (2012) – Outro neófito, dessa vez no mundo da Publicidade, será iniciado no mundo da luta entre as marcas, descobrindo as forças ocultas que controlam o mundo.



4. O Mito do Feminino Divino

Matrix, 1999

No gnosticismo clássico, Sophia ocupa o centro do palco, simultaneamente, como ser caído e uma redentora da humanidade. Sua encarnação já assumiu várias formas, incluindo a Shekinah de Deus na Cabala, Maria Madalena no Cristianismo esotérico, e Gaia no neo-paganismo. Sylvia em O Show de Truman e Trinity em Matrix são duas das mais famosas nos domínios da Ficção Científica e da Fantasia.

A encarnação pode ser o protagonista, o professor do protagonista, e toda uma gama de variações. Ela resgata ou é resgatada, ou ambos, nas batalhas contra os agentes da opressão e da quebra da realidade falsa. É difícil negar a obsessão das Anime com a confusão com o feminino e sexualidade em geral (que se afasta ou, talvez, complementa a atitude gnóstica da desconfiança em relação ao sexo). Isso agrava a questão dos diferentes níveis de amor, amizade e individualidade no que poderia parecer um universo frio e indiferente.

Veja alguns exemplos:



WALL-E (1999) – Sophia é encarnada em um robô chamado EVA com design high tech que vêm à Terra devastada buscar sinais de vida e encontra um nostálgico robozinho que empilha lixo e tenta resgatar fragmentos de uma civilização que desapareceu.


Dead Man (1995) – A personagem Theo, a prostituta, tem um papel decisivo no início da jornada espiritual do protagonista. Ela é Sophia, prisioneira do Demiurgo que domina a cidade.


L’Imortelle (1963) – Filme francês precursor do mito de Sophia no cinema que eleva a mulher a um patamar metafísico revelando as formas ilusórias do mundo ao protagonista.


Vanilla Sky (2001) – Aqui Sophia está explícita. Penélope Cruz faz a própria personagem exorta o protagonista David Aymes a despertar do interior de um “sonho lúcido”, na verdade uma simulação tecnológica da realidade.

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