terça-feira, setembro 28, 2021

'Our Brand is Crisis': como Hollywood apaga os rastros das PsyOps na América Latina


Rachel Boynton conseguiu registrar os bastidores da consultoria política Greenberg Carville Shum (GCS) que levou a vitória de Gonzalo Lozada à presidência, em 2002, na Bolívia, com o documentário “Our Brand is Crisis” (2005). Para depois, Lozada enfrentar as manifestações populares, resultando em dezenas de mortos, renunciar e fugir para os EUA. O documentário descreve como a propaganda política clássica foi substituída por operações psicológicas que exploram o medo e o ressentimento coletivo. “Modus operandi” padrão das “revoluções coloridas” das décadas seguintes. Dez anos depois, Hollywood produz “A Especialista em Crise” (“Our Brand is Crisis”, 2015), versão ficcional do documentário que tenta apagar os rastros da PsyOp da geopolítica dos EUA na Bolívia e América Latina - os aspectos mais comprometedores são apagados pela típica pseudo-neutralidade psicológica que envolve mecanismos de personalização narrativa, happy end mas, principalmente, a visão do processo eleitoral como uma mera competição de marcas na liberdade de um mercado de ofertas.

segunda-feira, setembro 27, 2021

Édipo, culpa e fantasia-clichê no terror do filme 'We Need to Do Something'


Tudo começa promissor em “We Need to Do Something” (2021): um tornado aproxima-se de um bairro de subúrbio e a família abriga-se no banheiro, para ficar prisioneira depois que uma árvore caiu e bloqueou a porta. Mas parece que há algo de mais terrível lá fora. Um terror indie sintonizado com as ansiedades da atual pandemia e que minuciosamente constrói um horror psicológico baseado na linguagem extracampo com a câmera e montagem. Porém, acaba caindo na velha armadilha da matriz edipiana da psicanálise dos cânones do gênero terror hollywoodiano: desejo e culpa que alimentam a velha fantasia-clichê da “quebra-da-ordem-e-retorno-à-ordem” – o Mal como remédio amargo para redimir a ordem do núcleo familiar, mesmo que seus membros estejam despedaçados em ressentimentos uns com os outros. 

quarta-feira, setembro 22, 2021

Será que o Departamento de Estado dos EUA assistiu ao filme 'Cronicamente Inviável'?


Ao revisitarmos o filme do cineasta Sérgio Bianchi, “Cronicamente Inviável” (2000), a primeira sensação que temos é de que, mais de vinte anos depois, nada mudou ou regrediu no País: estão lá as mazelas sociais e econômicas atuais – um abismo social marcado pela humilhação, intimidação, violência policial, preconceito etc. Mas há algo mais, assustador! O filme é tão metódico e didático em mapear as feridas psíquicas nacionais derivadas do militarismo e escravidão (não é um filme sobre luta de classes, mas sobre ressentimento e desespero) que se tornou objeto de inúmeros textos acadêmicos especializados nos EUA. Será que “Cronicamente Inviável” fez parte dos documentos primários dos “brasilianistas” do Departamento de Estado norte-americano que operou a “revolução colorida” da guerra híbrida brasileira? O filme monta um quadro tão perfeito do mal-estar do povo e da má-consciência das elites que poderia ser a fonte de dados perfeita para a estratégia que acionou o gatilho da cismogênese que envenenou o psiquismo brasileiro, sustentando o golpe militar híbrido. 

terça-feira, setembro 21, 2021

Por que jornalismo corporativo está tão incomodado com documentário 'Bolsonaro e Adélio'?



Nesse momento, o jornalismo corporativo reage com o fígado (e com muitas falácias lógicas e adjetivos) contra o documentário “Bolsonaro e Adélio: uma fakeada no coração do Brasil”. Até o deputado arrependido, Alexandre Frota, ganhou manchetes com o seu pedido de “CPI da Facada” sob o impacto do documentário nas redes – mesmo bolsonarista arrependido, Frota continua útil na guerra criptografada de informações alt-right, ao contaminar uma CPI com sua “credibilidade”. Para além da estratégia morde-assopra da grande mídia (no fundo, Bolsonaro ainda é a sua única “esperança branca” neoliberal), há algo mais profundo: um misto de inveja e pânico ao ver um didático exemplo de jornalismo investigativo, há muito convenientemente esquecido pelos veículos corporativos de imprensa – um tipo de jornalismo preguiçoso que confunde “investigação” com “checagem” ou “apuração”, prática de um jornalismo que trabalha unicamente sentado.

sábado, setembro 18, 2021

Em 'Caminhos da Memória' Hollywood quer ocultar o Mal da nossa existência


Não é o passado que nos assombra. Nós é que nos transformamos em fantasmas para assombrar as nossas memórias, porque para nós no presente o futuro foi cancelado. E isso se torna tão viciante como uma droga. Esse é o interessante argumento no qual baseia-se o filme “Caminhos da Memória” (Reminiscence, 2021), ele próprio uma revisita ao passado: o dos filmes noir clássicos, com detetives imersos numa teia conspiratória e uma mulher fatal que nos conduz a becos sem saída. Porém, estamos numa produção mainstream hollywoodiana que deve extirpar do filme noir aquilo que ele tinha de mais gnosticamente perigoso: a denuncia do Mal como intrínseco à realidade. Por isso, em “Caminhos da Memória”, a mulher fatal transforma-se em good-bad girl e a luta de classes transforma-se em corrupção num mundo alagado pós catástrofe climática onde os excluídos estão condenados a morrerem afogados e uma elite detém as terras secas.

quinta-feira, setembro 16, 2021

Temer dá continuidade ao blefe da 'Operação 7 de Setembro'


O show deve continuar. Dando continuidade ao blefe da “Operação Sete de Setembro” entra em cena o “apaziguador” Michel Temer com direito a fotos do seu embarque triunfal para Brasília em avião da FAB, vídeo “vazado” e notas cuidadosamente plantadas nas colunas da imprensa corporativa. O mininistro  do STF Alexandre de Moraes “trocou uma ideia” com Temer, que “trocou uma ideia” com Bolsonaro, que “trocou uma ideia” com Alexandre de Moraes. Dessa maneira, Temer nos livrou do abismo do golpe para o qual Sérgio Reis, Zé Trovão e Batoré arrastavam a Nação. Como, no futuro, um professor de História conseguirá descrever esse melodrama tão inverossímil? Uma sequência de não-acontecimentos (dos blefes com dinheiro público ao estado da arte de um vídeo canastríssimo) que a grande mídia deu pernas, parceira das operações psicológicas que objetivam: (a) apagar rastros das próprias PsyOps militares; (b) criar a ilusão de que as “instituições que funcionam resistem ao golpe” (que já ocorreu, mas foi híbrido); (c) manter o ciclo vicioso de volatilidade política para as “sardinhas” se afogarem no mar da especulação financeira infestada de “tubarões” com informações privilegiadas.

quarta-feira, setembro 15, 2021

"Três Estranhos Idênticos": será que Hitler ganhou a guerra?


Tudo começou como um típico final feliz de um melodrama midiático: três gêmeos idênticos, separados aos seis meses de vida e adotados por famílias diferentes, por acaso se reencontram no campus de uma universidade norte-americana. Nos anos 1980 viraram celebridades e objetos de uma insaciável curiosidade do público em talk shows e programas de auditório. Circo midiático que pretendia ocultar uma realidade sombria: uma obscura pesquisa científica liderada por um psiquiatra austríaco, cujos resultados jamais foram publicados, os financiadores são mantidos no anonimato e os registros originais estão judicialmente trancafiados no acervo da biblioteca da Universidade de Yale. É o que descreve o documentário “Três Estranhos Idênticos” (2018, disponível na Netflix) que sugere as conexões entre a American Eugenic Society (“eugenia”, termo usado para tornar a expressão “limpeza racial” menos forte) e os campos de concentração nazistas. O que nos leva a suspeitar que a sociedade norte-americana atual seria a versão triunfante do modelo que Hitler queria implantar. 

sábado, setembro 11, 2021

Domingo com Live Cinegnose 360: pecados capitais da Internet; sonhos na Pandemia; 20 anos do 11/09 e bombas semiótica


Mais um final de domingo com a Live Cinegnose 360, a edição #20, às 18h no YouTube. Vamos começar com a vanguarda do disco “Revolver” de 1975: a poesia concreta taoísta de Walter Franco. A cibercultura no filme “Clickbait” (2021): do Dispositivo de Foucault aos pecados capitais premiados na Internet. Um inventário dos simbolismos dos sonhos do brasileiro na Pandemia. Revisitando os 20 anos dos atentados de 11 de setembro: o primeiro metaterrorismo multimídia do século XXI. E o rescaldo dos fragmentos da bomba semiótica do Sete de Setembro. Final de domingo sem tédio é na Live Cinegnose 360! 

sexta-feira, setembro 10, 2021

A Internet criminógena: os pecados virtuais de todos nós em 'Clickbait'


Era uma vez os velhos dispositivos panópticos de vigilância e punição: do Deus monoteísta ao Estado e Polícia. Mas tudo mudou com a Internet, novo dispositivo que, paradoxalmente, vigia e controla através de uma estratégia de não só facilitar, mas também premiar quase todos os antigos pecados capitais: inveja, ira, ganância, orgulho e, principalmente, a luxúria. Um gigantesco confessionário anônimo no qual os metadados de redes sociais, geolocalizadores e plataformas de relacionamentos poderão voltar-se contra nós. A série Netflix “Clickbait” (2021) sugere essa discussão ao acompanhar um homem de família aparentemente decente que desaparece a caminho do trabalho. Para horas depois aparecer em um vídeo na Internet no qual admite, aparentemente sob coação, ter abusado de mulheres. Segurando um cartaz indicando que será morto quando o vídeo atingir 5 milhões de visualizações.

quinta-feira, setembro 09, 2021

Por que os manifestantes bolsonaristas estão cada vez mais à vontade nas ruas?

 


Pela experiência desse humilde blogueiro, sempre que manifestantes que vão às ruas protestar há medo e tensão no ar (o medo do aparato repressivo policial), somente superados pelo idealismo. Mas o que acompanhamos no Sete de Setembro foi, de um lado, a ansiedade amedrontada da esquerda e, do outro, as “flashmobs” bolsonaristas com manifestantes relaxados, à vontade, como se estivessem numa festa. Apesar do propósito golpista de invasões e quebra-quebras. Enquanto policiais militares apenas observaram e até ajudaram, como em Brasília. Se Bolsonaro está assim tão “isolado”, porque sente-se também tão à vontade, sempre subindo o tom? Porque sabe que conta com uma, até aqui, vitoriosa estratégia alt-right de comunicação. Além da grande mídia como a parceira “morde-assopra” com a missão de apagar os rastros da PsyOp militar que pariu o candidato manchuriano Bolsonaro. Uma narrativa midiática construída a partir de dois eixos: (a) Bolsonaro é um bicho acuado e com medo de ser preso; (b) A economia vai mal porque temos um presidente que não quer trabalhar. A missão é blindar a agenda neoliberal.   

quarta-feira, setembro 08, 2021

As bases ocultas de Brasília, por Claudio Siqueira


Dia 7 de setembro comemoramos a independência(?) do Brasil. Sob a iminência de um novo golpe militar, o Cinegnose veio falar não do feriado, mas do Distrito Federal, Brasília. Uma cidade de proveta criada propositalmente em um local apropriado, não como ponto estratégico no caso de uma guerra como é propagandeado, mas como um hipersigilo mágico de dimensões faraônicas – assinatura pictórica ou representação simbólico de um desejo, propósito ou desígnio. As bases ocultas de Brasília sempre estiveram envolvidas com profecias e conjunções astrológicas e sincromísticas.

terça-feira, setembro 07, 2021

Live Cinegnose EXTRA, hoje: o jogo de sombras das manifestações

 


segunda-feira, setembro 06, 2021

Bomba semiótica da Anvisa é o 'esquenta' para o 7 de setembro



Pelas telas da TVs, assistimos neste domingo ao vivo à detonação de mais uma bomba semiótica na guerra híbrida de comunicação: a bomba semiótica da Anvisa. Uma frenética “Health Authority” (como estampava o colete de campanha do agente) invadiu o campo do jogo Brasil e Argentina, decidido a retirar quatro jogadores argentinos por desrespeito a uma portaria sanitária interministerial. Bomba que começou a ser armada furtivamente pela Polícia Federal ao deixar os jogadores entrarem no País, para todas as decisões sanitárias serem propositalmente adiadas, preparando a explosão semiótica ao vivo com grande audiência. Mais um “apito de cachorro” para assanhar as manifestações prometidas para o 7 de setembro. Show de meganhagem e justiçamento para despertar a narrativa lavajatista da grande mídia: “algemas neles”... “a lei é para todos”, gritaram alguns notórios na grande mídia. Estratégia semiótica com as digitais da comunicação alt-right: polissemia, novidade, efemeridade, movimento e imprevisibilidade.

sábado, setembro 04, 2021

Live Cinegnose 360: Crítica midiática, Guerra híbrida, Marx, Freud Nietzsche e o rock do 'Joy Division'


Você quer um final de domingo com música, filosofia, psicanálise, crítica midiática e análise de cenários políticos na guerra híbrida brasileira e internacional? Então participe da Live Cinegnose 360 #19 desse domingo. Na sessão dos vinis, Marx, Freud, Nietzsche e esoterismo na poética de Ian Curtis e a banda cult Joy Division. Filme “Free Guy: Assumido o Controle”, um filme gnóstico na era dos jogos de computador; por que a Globo exibiu o filme brasileiro “Não Vamos Pagar Nada” no “Tela Quente”? Qual a relação entre Joe Biden e os ataques em Araçatuba? A resposta pode estar no documentário “O Capital da Fé”. Crise Hídrica e o Jornalismo metonímico. E porque a esquerda fazer uma oposição por procuração. Tudo isso às 18h desse domingo.  

sexta-feira, setembro 03, 2021

Grande burguesia vai abandonar Bolsonaro? Esquerda tenta fazer oposição por procuração


A esquerda parece aquele penetra animado que fica na porta da festa tentando entrar de qualquer jeito, enquanto vê, lá dentro, a direita e extrema-direita bebendo e se divertindo. Essa condição faz a esquerda criar aliados imaginários, para inventar uma espécie de oposição por procuração: Biden, Mourão, OEA, Rodrigo Maia etc. Frustrada, agora esquerda comemora um suposto abandono da elite econômica diante de uma “tempestade perfeita” da inflação, desemprego e crise econômica crônica. O “manifesto” Fiesp-Febraban seria uma evidência... só que não:  a grande burguesia (banca financeira, agronegócio e exportadores de commodities) está lucrando ainda mais, desconectada da crise que atinge “apenas” o povão. Imersa na guerra criptografada de informações, a esquerda não percebe a nova reconfiguração do capitalismo: numa “banana plantation” da quarta revolução industrial, grande massa da população nem para ser explorada servirá. O que a esquerda vai fazer?

quinta-feira, setembro 02, 2021

'Não Vamos Pagar Nada' infantiliza crise brasileira com medo, culpa e ressentimento



Nos tempos que a Globo atuou como partido de oposição até o golpe de 2016, a teledramaturgia foi uma das principais armas: novelas e séries para ativar os principais gatilhos imaginários: judicialização e justiçamento. Agora, a teledramaturgia está a serviço da blindagem da política econômica neoliberal apoiada pelos patrocinadores da emissora: banca financeira, agronegócio e exportadores de commodities. A produção Globo Filmes “Não Vamos Pagar Nada” (2020) é exibida na TV aberta no momento quando a política neoliberal cobra seu preço: inflação, desemprego e crise energética. Desempregadas e sem ter como comprar o básico, um grupo de donas de casa saqueia um mercado local. Para depois se confrontarem com seus maridos e a polícia. Uma perfeita peça ideológica em forma de comédia: com uma narrativa infantilizada, explora o medo e sentimento de culpa. Que no adulto se transformam em ressentimento.

quarta-feira, setembro 01, 2021

'Free Guy: Assumindo o controle' - o filme gnóstico na era dos jogos de computador


Se “Show de Truman” e “Matrix” foram os clássicos da era das mídias tradicionais, “Free Guy: Assumindo o Controle” (Free Guy, 2021) é o cinema gnóstico na era dos jogos de computador e dispositivos móveis. Claramente inspirado em Truman e na dupla Neo/Trinity, um anônimo personagem não jogável (NPC) de um game chamado “Free City” ganha autoconsciência e descobre a cruel artificialidade do seu mundo. Do anonimato, ganha a notoriedade no mundo dos games e tenta a quebrar por dentro os códigos de “Free City”. Além de abordar a clássica discussão filosófica entre livre arbítrio vs. necessidade (porém, dentro da cosmogonia gnóstica), passa pela cultura dos jogos. Principalmente a amoralidade dos jogadores que, através da experiência imersiva, emulam a amoralidade dos super-heróis da HQs e das franquias cinematográficas.

terça-feira, agosto 31, 2021

Em 'True Stories' Freud encontra a América Profunda


É uma coincidência significativa o filme de David Byrne e Talking Heads, “True Stories” (1986) ter sido relançado pela Criterium Collection, em DVD e Blu-Ray, em 2018. Assim como o seu relançamento ocorreu em meio do governo de extrema-direita de Donald Trump, seu lançamento nos anos 1980 foi no meio do governo também conservador de Ronald Reagan. Naquele momento, reeleito. Byrne vai ao encontro de personagens inspirados em histórias de tabloides dos EUA: tipos da América Profunda na cidade fictícia de Virgil, Texas. Uma espécie de Vale do Silício texano, na qual o futurismo das novas tecnologias não é o suficiente para alterar a moralidade e a cultura conservadora de pessoas que não querem saber de justiça ou liberdade – tudo que querem é serem “dignas do amor”. “True Stories” ilustra o principal insight freudiano de “Psicologia de Massas e Análise do Ego”: mais do que a morte, o que mais tememos é não sermos amados.

segunda-feira, agosto 30, 2021

Cinegnose e Transaberes lançam curso pré-gravado 'Gnosticismo e Acontecimento Comunicacional'


A parceria Coletivo Transaberes e Cinegnose lança o curso pré-gravado “Gnosticismo e Acontecimento Comunicacional: o encontro da jornada pessoal com a jornada mítica”, ministrado por este humilde blogueiro. O curso transita entre o Gnosticismo, Cinema e Filosofia da Comunicação, com uma questão bem direta: como escapar da Matrix? Seja ela existencial, pessoal ou política. Assista aqui ao vídeo de apresentação, o conteúdo das aulas do curso e como se inscrever.

sexta-feira, agosto 27, 2021

'Gritos dos Excluídos' é um OVNI na guerra híbrida do sete de setembro


O governador de São Paulo, Doria Jr., tirou do icônico palco político-midiático da Avenida Paulista (SP) a tradicional manifestação (desde 1995) do “Grito dos Excluídos” e definiu que apenas bolsonaristas poderão se manifestar lá no dia sete. Para além da “ambiguidade” de Doria Jr. (faz oposição a Bolsonaro muito mais por uma razão conjuntural do que ideológica), há um aspecto simbólico mais profundo: dentro do atual roteiro da guerra híbrida e do domínio total de espectro, o “Grito dos Excluídos” é simplesmente um OVNI inconveniente que tem que ser escondido pela grande mídia. Porque vai além da pauta “superestrutural” (Fora Bolsonaro, guerra cultural, anti-negacionismo etc.) - o “Grito” exige renda, trabalho, moradia, saúde dentro da nova reconfiguração do capitalismo que cria “excluídos”. Questões infraestruturais que a guerra híbrida que ocultar para blindar a política neoliberal. Enquanto isso, a grande mídia brasileira se recompõe e descobre o novo tom propagandístico para o Afeganistão: “fuga” virou “resgate” e “colaboradores” viraram “refugiados” para ocultar o retorno do modo “false flag” do Estado Islâmico.

quinta-feira, agosto 26, 2021

O novo totalitarismo híbrido narco-militar-midiático no filme 'A Ditadura Perfeita'


Quando falamos em ditaduras, logo imaginamos um governo totalitário que suspende as liberdades individuais e o Estado de Direito mantendo uma nação subjugada por um forte aparato repressivo policial e militar. Essa é uma ditadura clássica, mas não perfeita, porque ainda necessita do terror, violência e censura e a mídia é o seu maior inimigo. No filme mexicano “A Ditadura Perfeita” (“La Dictadura Perfecta”, 2014, disponível na Netflix) encontramos o estado da arte de uma ditadura híbrida e perfeita, sob o véu da democracia formal, fundada na relação promíscua entre grande mídia, políticos, narcotráfico e Forças Armadas. Uma sátira mordaz da política do México na qual a gestão dos meios de comunicação e dos escândalos de corrupção fazem eleger qualquer presidente que a aliança narco-militar-midiática queira. Ser o leitor encontrar no filme qualquer semelhança com a realidade política brasileira NÃO é mera coincidência.  

terça-feira, agosto 24, 2021

O vazio existencial do nosso conformismo bovino no filme 'Animal Político'


Uma vaca vive entre os humanos. Teve uma infância feliz e uma família humana amorosa. Vai a restaurantes, shopping, baladas, faz compras e se relaciona com todos. Mas mesmo com todo o seu conformismo bovino, sente que falta algo. Há uma angustiante sensação de vazio em toda essa felicidade. E a vaca sai em busca de uma resposta, seja racional ou espiritual. “Animal Político” (2016) é uma anomalia no cenário cinematográfico brasileiro, um filme estranho no melhor sentido: uma narrativa onírica e surreal sobre nossos problemas existenciais produzidos por fatores bem concretos: a sociedade de consumo numa sociedade marcada pelo abismo da desigualdade. O filme nos faz compreender a célebre afirmação de Aristóteles (o homem é um animal político) interpretando-a ao pé da letra, através da alegoria e de um humor sutil. 

sábado, agosto 21, 2021

Live Cinegnose 360: rock eletrônico de 'Harry', o Reset do Capitalismo em filmes e mídia a ver navios no Afeganistão


Todos sabem... Domingo é dia da Live Cinegnose 360, às 18h00 com transmissão simultânea no Youtube e Facebook. Como também todos sabem, nessa edição #17 (22/08) começamos com a sessão dos vinis do humilde blogueiro: a materialidade histórica do rock eletrônico da banda santista Harry. Depois, precisamos conversar sobre o Grande Reset do Capitalismo com o documentário “Generation Wealth” (2018) e dois filmes brasileiros surreais com vacas protagonistas: “1,99: Um Supermercado Que Vende Palavras” (2003) e “Animal Político” (2015). A grande mídia brasileira sem entender a guinada geopolítica dos EUA com a “perda” do Afeganistão – e porque a esquerda deve se preocupar. E para terminar, as 10 táticas de manipulação de Chomsky.

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