quarta-feira, janeiro 04, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois de entrar em metástase e, a partir das
“hardnews” dos telejornais, contaminar o jornalismo esportivo, teledramaturgia
e entretenimento, encontramos uma das origens da doença do tautismo (autismo +
tautologia) da TV Globo: o método fonoaudiológico responsável há décadas pela fala dos atores, repórteres,
radialistas e âncoras da emissora. É o chamado “Método do Espaço Direcional”
cujas estratégias vocais reforçam subliminarmente a descrição que a Globo faz
de si mesma - a crença de um destino manifesto que na fase metastática atual assume um delirante messianismo religioso: tons de voz graves, ressonância e
ritmo da fala cada vez mais lúgubres e patibulares dos âncoras como se a Globo testemunhasse algo que já foi profeticamente gravado a ferro e fogo nas pedras
da História desde tempos imemoriais: “Vejam, já estava escrito!”. Cânone do “Método”, é sintomático que
Cid Moreira tenha virado um apóstolo bíblico que decidiu levar o Evangelho “até
os últimos dias”. Afinal, esse é o subtexto diário das inflexões de voz dos
apresentadores globais que procuram conformar os telespectadores ao atual
“capitalismo de desastre” implantado no País.