Membros da elite artística ou política repercutindo nomes como Aleister
Crowley, manipulando magia cerimonial e participando de estranhos rituais
coletivos. As conexões documentadas entre aquele que é considerado o maior
ocultista do século XX, Aleister Crowley, com o classic rock ou vídeos que
documentam a elite política e financeira internacional participando de um
bizarro ritual coletivo anual em Bohemian Grove, Califórnia, atiçam a
imaginação dos teóricos da conspiração. Mas a atração das elites pelo oculto talvez
se deva mais a um tentava de expiação da sua má consciência na tentativa de se tornarem
senhores de seus próprios infernos. Porém, a ampliação midiática de antigos simbolismos
e formas-pensamentos pode trazer consequências imprevisíveis.
A genialidade tanto do classic rock quanto das elites políticas
parece estar na forma como foram capazes de mobilizar e comercializar o esoterismo e
ocultismo no século XX. Essa mobilização de símbolos, personagens e mitos
originais dessa esfera metafísica da cultura criaram os princípios básicos de
manipulação pela indústria do entretenimento de arquétipos ou egrégoras
antigas, criando uma espécie de contínuo midiático atmosférico.
A formação desse contínuo
midiático resulta no renascimento, renovação ou fortalecimento de
formas-pensamento que podem ser tanto direcionados de forma proposital
(propaganda, publicidade, jornalismo etc.) ou com resultados caóticos ou
inesperados como, por exemplo, incidentes violentos – é o caso do massacre
do Colorado nos EUA em 2012 e suas conexões sincromísticas com o personagem do
Coringa no filme Batman: o Cavaleiro das
Trevas, ou a relação entre o “maníaco do shopping”, que em 1999 disparou freneticamente uma submetralhadora contra a
plateia de 40 pessoas, resultando em três mortos e vários feridos no cinema de
um shopping em São Paulo que exibia O
Clube da Luta.
Cientistas nazi da SS no Tibet em busca das supostas origens míticas arianas - 1938 |
Na
política temos o evento inaugural da doutrina Nazista cuja propaganda política
utilizou uma releitura de um símbolo budista tibetano (a suástica) e fundamentou seus
princípios em mitologias pagãs e místicas antiquíssimas como o mito de
Atlântida (da qual seria originária a raça ariana), a conexão mística e espiritual
entre monges tibetanos e os arianos europeus (o que fez Himller enviar
cientistas da SS em uma incursão ao Himalaia em busca de evidências
“científicas” dessa conexão).
Na
política atual temos o, agora, não tão secreto suposto ritual babilônico de culto
a antiga divindade chamada Moloch, realizado anualmente por membros da elite
política, financeira e midiática mundial em uma localidade chamada Bohemian
Grove, na Califórnia.
E na
cultura pop temos as conexões do classic
rock com o mais famoso e controvertido ocultista do século XX, o inglês
Aleister Crowley (1875-1947), com bandas como, por exemplo, Rolling Stones e Led Zeppelin
nos ano 1970.
A “Besta” no Classic Rock
Muitos livros recentes mapeiam e
documentam as estreitas conexões que a indústria do entretenimento elabora
entre o rock e o ocultismo. Livros como o de Christopher Knowles The Secret History of Rock'n'Roll , o de
Stephen Davis Hammer of the Gods , e o de Gary Lachman Turn Off Your Mind : The Mystic Sixties and the Dark Side of the Age of
Aquarius revelam como o rock abandonou o imaginário hippie-pop dos anos
1960 com jovens comendo granola no Céu para depois ingerir a pílula vermelha de
Crowley sob a promessa de que o homem poderia reinar com o espírito livre em
seu próprio inferno. Esses livros relatam também eventualmente o momento
fáustico quando Mefistófeles veio recolher o preço que seus famosos invocadores
deveriam pagar: o vício das drogas, a sanidade destruída e as amizades
desfeitas.
Os Rolling Stones: às vezes o que diz o rótulo de um produto é verdade |
A revolta de Crowley contra os
Céus e os Infernos expressada através da magia cerimonial e Cabala no famoso O
Livro da Lei sintetizado na frase “fazes o que tu queres” foi a inspiração para
jovens artistas dentro de um gênero musical cujas pressões corporativas do show business cresciam nos anos 70.
Talentosos artistas tentavam se rebelar contra os demiurgos do rock and roll.
O primeiro exemplo é o dos
Rolling Stones. A maioria das pessoas acha que a música Sympathy for the Devil foi apenas uma tentativa de Mick Jagger dar
uma aparência mercadológica maligna para a banda para se diferenciar da imagem
mais virtuosa dos Beatles.
Às vezes o que o rótulo de um produto
diz é realmente verdade! No final dos anos sessenta, os Rolling Stones caíram
sob o feitiço de Kenneth Anger, um cineasta independente norte-americano satanista
e membro da OTO, em Pasadena, Califórnia (cujos membros incluíam L. Ron Hubbard
– fundador da Cientologia, a atriz Jane Wolfe e o cientista Jack Parsons). Anger
foi, sem dúvida, a principal influência para Sympathy for the Devil .
Além injetar satanismo em suas
músicas, os Rolling Stones compuseram uma estranha trilha sonora para o curta
de Anger Invocacion For My Demon Brother
em 1969. O gosto da banda em brincar com o ocultismo eventualmente despareceu,
mas, como Knowles menciona em seu livro, Satanás viria a possuir novamente os Rolling
Stones na década de oitenta , quando a banda começou a introduzir o patrocínio
das empresas às suas turnês . Suas almas foram perdidas para sempre...
David Bowie desenhando a simbologia cabalista da Árvore da Vida |
Led Zeppelin e David Bowie
Jimmy Page era um devoto fiel de
Crowley: comprou a antiga casa da “Besta” e possuía uma enorme biblioteca de
seus mais diletos livros sobre feitiçaria e magia ritual. Page também foi amigo
de Kenneth Anger e financiou alguns dos seus empreendimentos, até mesmo
ajudando-o com seu filme Lucifer Rising
(que envolveu Mick Jagger e Charles Manson). É assumido que Page nunca se
divorciou da magia ritual, embora negue publicamente nunca mais se envolveu com
satanismo após se desentender com Kenneth Anger.
Led Zeppelin nos anos 70 |
Quando Bowie ficou mais velho e
sóbrio e percebeu que sua saúde estava em risco, suavizou sua espiritualidade. Bowie acabou abraçando a teologia gnóstica
cristã, o que passou a envolver um forte fascínio pelo mito gnóstico de Sophia:
personagem mítico que representa a sabedoria que decaiu do verdadeiro Deus e que
deu à luz a divindade demiúrgica (Jeová) do Antigo Testamento. Isso é
perceptível em músicas como I’ve Been
Waiting For You e Heathen.
Bohemian Grove: a Política vai à Babilônia
Desde que o jornalista Alex
Jones, munido de uma câmera digital secreta, se infiltrou no Bohemian Grove no
ano 2.000 e documentou um bizarro ritual ocultista com a participação de
membros da elite mundial todos se perguntaram: por que banqueiros, políticos e
executivos de mídia internacionais estão lá parados, observando homens com hobbies
negros e vermelhos fazendo um estranho ritual diante de uma gigantesca estátua
de coruja, depositando em uma pira incendiária o que parece ser um boneco
representando um sacrifício humano?
Bohemian Club é um clube
exclusivo masculino fundado em 1872 localizado em Monte Rio, Califórnia, em um
lugar conhecido como Bohemian Grove. Todo verão, no mês de julho, seus membros (2.500 no total) participam de um “acampamento” onde se programam dentro de uma intensa pauta
constituída por palestras sobre conjuntura mundial, lazer e um estranho ritual
conhecido como Cremation of Care
feito sob os pés da estátua de uma coruja com 12 metros de altura.
A cerimônia Cremation of Care assistido anualmente pela elite política internacional no Bohemian Grove, Califórnia |
As imagens de Alex Jones,
transformadas no documentário The Dark
Secrets Inside Bohemian Grove (veja vídeo abaixo), atiça a imaginação dos teóricos da
conspiração. Para Jones, todo o ritual seria pagão e se remeteria a uma
“cerimônia mística, religiosa, luciferiana e babilônica” de adoração à
divindade Moloch que previa sacrifícios humanos - sobre isso clique aqui. É um show musical, pirotécnico
e teatral cujo texto, que seria pronunciado pela Coruja, foi por muito tempo
narrado pelo apresentador de TV Walter Cronkite.
Na verdade a dramática
performance seria uma alegoria do banimento de todas as preocupações e culpas
da consciência dessa elite, como relata Porter Garnett no livro The Bohemian Jinks: A Trealise. O que
levou o pesquisador Jon Ronson a concluir de forma significativa: “A minha
impressão é que em tudo isso permeia uma sensação de imaturidade: imitadores de
Elvis, assustadores rituais pseudo-pagãos e bebedeiras. Essas pessoas podem ter
atingido o ápice das suas profissões, mas emocionalmente parecem ainda presos
aos seus anos de faculdade” – veja RONSON, Jon, Them: Adventures with Extremists, Simon and Schuster, 2002, p. 321.
Dessas histórias de artistas,
líderes políticos e executivos no auge de suas carreiras fazendo incursões pelo
campo do ocultismo, misticismo e esoterismo, podemos chegar a duas conclusões
sincromísticas:
(a) De
forma imatura e sensacionalista manipulam egrégoras, formas-pensamento ou
arquétipos com forças reais (criações mentais que utilizam matéria fluídica capazes de criar formas
autônomas no Plano Astral,) amplificando suas programações
ocultas inadvertidamente através das mídias, produzindo esse “oceano de
pensamentos” que constitui o contínuo midiático atmosférico. Em dadas
circunstâncias podem entrar em contato com o mundo real, produzindo eventos ou
conexões significativas como violência, guerras, assassinatos e demais formas
perversas de comportamentos individuais ou coletivos – sobre isso veja links
abaixo;
(b) A
manipulação dessa magia ritual, mitos e simbolismo antiquíssimos por uma elite
artística e política refletiria o desejo profundo desses indivíduos se
libertarem da má consciência (culpa ou ódio) que os acompanha e dos poderes
corporativos ou políticos aos quais devem se submeter. Em outras palavras,
tentam se tornar os senhores dos seus próprios infernos. Assim como Aleister
Crowley pretendia transformar o próprio Satanás em seu subordinado.