sexta-feira, outubro 20, 2023

Os cadáveres do hospital em Gaza: terrorismo, 'Napalm Girl' e contínuo midiático atmosférico



Para além do horror do vídeo da coletiva de imprensa sob os escombros de um hospital da Faixa de Gaza, em torno de cadáveres ensanguentados cobertos por lençóis, as imagens revelam a radical transformação da natureza das guerras no século XXI: da guerra clássica que visava a ocupação de território e a destruição do Estado inimigo, agora temos o terrorismo – provocações que visam unicamente impactar o “contínuo midiático atmosférico” que substituiu a velha esfera pública de opiniões. Assistimos na guerra Israel/Hamas, ataques, réplicas e tréplicas dentro dos próprios termos da transpolítica do terrorismo: a escalada de ações que disputam as atenções desse contínuo midiático. Se no passado as fotos-choque de guerras (como a “Napalm Girl” de 1972) eram descobertas pelos fotojornalistas, hoje são as fotos-choque que procuram atrair as lentes e microfones.  Com ações que muitas vezes replicam o repertório imagético desse contínuo, o novo inconsciente coletivo junguiano.

quinta-feira, outubro 19, 2023

'Cronos - A Relíquia do Tempo': escravos de Cronos, não percebemos o tempo oportuno



O mito da segunda chance domina o tema da viagem do tempo no cinema. Principalmente por ser um sintoma daquilo que o filósofo Giacomo Marramao chama de “hipertrofia de expectativas”: vivemos angustiados pelas chances perdidas no passado e pela aparente falta de tempo para chegar no futuro. Para os estoicos da Grécia antiga, nos tornamos escravos de Cronos e incapazes de perceber o “tempo oportuno” (kairós), aquilo que no presente nos conecta com o eterno. “Cronos – A Relíquia do Tempo” (2020) é um filme brasileiro que foge do clichê da “segunda chance”. Sobre um protagonista que, da pior maneira, descobre a ilusão de Cronos para encontrar Kairós: um cuidador de idosos recebe um relógio capaz de retroceder o tempo em até 24 horas, mas essa dádiva logo se torna uma maldição quando ele é obrigado a enfrentar as consequências pelo mau uso do dispositivo.

terça-feira, outubro 17, 2023

Ligações perigosas: Israel bombardeia hospitais e Rota atropela civis; e no Brasil, passa a boiada neoliberal; Zelensky: 'esqueceram de mim!'


Se, na Faixa de Gaza, Israel joga bombas em hospitais, aqui viaturas da ROTA saindo do quartel em celebração atropelam civis. Quais as ligações perigosas entre esses dois eventos? Venha ajudar a puxar o fio de Ariadne que une esses eventos na Live Extra Cinegnose 360 #23, nessa quarta-feira (18/10), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois de mais uma polêmica sessão dos Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana: depois das crítica aos jornais do dia, repercussões da entrevista de Luis Nassif à Live Cinegnose do último domingo; puxando o fio de Ariadne: ligações perigosas entre a guerra de Israel e a preparação da guerra santa no Brasil; jornalismo corporativo blinda o caso do roubo no arsenal do Exército em SP; Jihad Islâmica + Hamas = Israel/EUA; grande mídia torce contra negociações da diplomacia brasileira; Guerra no Oriente Médio e a boiada passa no Brasil: Haddad quer reduzir piso da Saúde, Educação na esteira neoliberal do novo ensino médio; Esqueceram de Mim: cadê o Zelensky? E outras bombinhas semióticas!

sábado, outubro 14, 2023

Entrevista com Luis Nassif: mídia, guerra e economia; a invenção do terrorismo islâmico; os apitos de cachorro da FAB


Enquanto a grande mídia fica em discussões semânticas sobre o conceito de terrorismo, alimentando a polarização política brasileira, ela continua alheia a um maremoto econômico global que está por vir. Principalmente no Ocidente, onde ocorrem duas guerras simultâneas: Ucrânia e Israel. Esse é o tema da entrevista que a Live Cinegnose 360 #129 fará com o jornalista Luis Nassif, nesse domingo (15/10), às 18h, no YouTube e Facebook. Que começa com a sessão dos vinis do humilde blogueiro: Kid Abelha e os Abóboras Selvagens e o álbum “Seu Espião” – Woody Allen e o comparativo entre o Top10 das músicas em 1983 e 2023. Em seguida, vamos entrevistar o jornalista Luis Nassif sobre mídia, economia e a guerra Israel/Hamas. Depois, vamos discutir dois filmes: “Clonaram Tyrone” (sexo, drogas, junk food e controle social); e a série “Morning Show” (a caixa preta da infotenimento). Em seguida, a Crítica Midiática da semana: Netflix, Hamas e a invenção do terrorismo islâmico; o modelo simbiótico do inimigo externo, no Brasil e Israel; os apitos de cachorro da FAB na repatriação dos brasileiros; Reino Unido cobra para repatriar britânicos: classe média e o patrimonialismo brasileiro; mídia brasileira e a agenda ocidental: guerra e polarização. E outras bombas semióticas que eventualmente explodam até as 18h.

sexta-feira, outubro 13, 2023

Guerra Israel X Hamas: Netflix, guerra híbrida e a invenção do terrorismo islâmico



Como um típico evento terrorista do século XXI (cujo ato inaugural foi o 11 de setembro), os ataques do Hamas contra Israel mais uma vez suscitam as recorrentes questões: timming e “cui bono” (quem ganha?). Criando dúvidas justificadas: a construção do Hamas como o inimigo íntimo de Israel e a invenção do terrorismo religioso pelo atlanticismo e a doutrina dos falcões da guerra neocons dos EUA. False Flag? Inside job? Quando os acontecimentos perdem o fatalismo histórico para entrarem no campo das simulações (não-acontecimentos, pseudo-eventos etc.), precisam do efeito do real da ficção. E a Netflix torna-se a ferramenta híbrida para apagar os limites entre ficção e realidade. Tanto na guerra híbrida brasileira com as séries “House of Cards” e “O Mecanismo”; na Ucrânia, com a série “O Servo do Povo”; e agora com a série “Fauda”, o “Tropa de Elite” de Israel. 

quinta-feira, outubro 12, 2023

'Clonaram Tyrone!': sexo, drogas, junk food e controle social



O que estava apenas nas entrelinhas em “Corra”, de Jordan Peele, e “Sorry to Bother You, de Boots Riley, é  explícito e direto em “Clonaram Tyrone!” (They Cloned Tyrone, 2023), de Juel Taylor, . “Assimilação é melhor que aniquilação”, nos informa a certa altura uma linha de diálogo: como considerar os EUA um país “pós-racial”, como querem os novos democratas do governo Biden, se ainda o país é guiado por uma supremacia branca? Nessa comédia de ficção científica, três improváveis protagonistas negros (um cafetão, um traficante e uma prostituta) desconfiam de algum tipo de sombrio experimento de controle social em uma comunidade através das drogas, sexo e junk food. Se em “Corra” os vilões eram educados brancos liberais e democratas, em “Clonaram Tyrone!” estão novamente brancos. Mas, desta vez, os “falcões da guerra” neocons.

terça-feira, outubro 10, 2023

Sincronismos Netflix e Guerras na Ucrânia e Israel/Hamas; guerra, 'inside job", Korybko e Cinegnose; Modus operandi mídia e FAB


O que há em comum entre a guerra na Ucrânia e a guerra Israel e Hamas? A Netflix! Você sabia que duas séries da plataforma de streaming ironicamente viram a ficção se tornar realidade? Coincidências?... Ou sincronismos? Venha descobrir na Live Extra Cinegnose 360 #22, nessa quarta-feira, às 18h, no YouTube e Facebook. Depois de mais um trepidante Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana: Modus Operandi 1: jornalismo corporativo tenta encontrar algum desgaste para Lula no conflito de Israel e Hamas; Modus Operandi 2: FAB resgata brasileiros de Israel – prejuízos sempre são socializados; Andrew Korybko está errado: ataque do Hamas foi, sim, um “inside job” – Cinegnose apresenta dúvidas justificadas; Guerra brasileira: operação especial da Maré comemora retomada da... piscina do tráfico; e outras bombas semióticas que eventualmente explodam até as 18h.

sábado, outubro 07, 2023

Mortos não falam... e isso é bom para a mídia; o Cavalo de Troia 'batcu'; Cybersyn: a Internet socialista que a CIA destruiu


Cada vez mais o país copia a trama de um policial noir clássico: prendam os suspeitos de sempre e arrume uns cadáveres... afinal, eles não falam! Além de contar com um jornalismo corporativo complacente. Quer acreditar em qualquer coisa. E contra tudo isso, nesse domingo (08/10) acontece a Live Cinegnose 360 #128, às 18h, no YouTube e Facebook. Mas antes, vamos começar com Deep Purple: da distopia Highway Star à banda mais sortuda do rock. Depois dos Comentários Aleatórios, vamos discutir a série “Na Mira do Júri” (a canastrice da percepção e o fim do reality show) e um dos mais obscuros filmes brasileiros: “O Efeito Ilha” (será que” Show de Truman” plagiou esse filme?). Nos livros do humilde blogueiro: marginalidade ontem e hoje; a fotografia nos engana. E na Crítica Midiática da Semana: o “batcu”: como o Cinegnose previu, o golpe virá de um Cavalo de Troia; Canastrice política: assassinato dos médicos imita trama dos filmes noir; como CIA destruiu o Projeto Cybersyn: a Internet socialista do Chile; Ataque terrorista do Hamas: a hipótese da False Flag – timing e quem ganha... venha conspirar nesse domingo!

'Na Mira do Júri': da canastrice da percepção ao fim do reality show



Reality shows e dramas sobre tribunais do júri são duas fixações da TV dos EUA. E elas se encontram na minissérie Prime Vídeo “Na Mira do Júri” (Jury Duty, 2023). Aqui acompanhamos um mix entre o mockumentary e o “media Prank” (“pegadinhas”): um voluntário se inscreve num suposto reality show sobre os bastidores de um tribunal do júri em um condado de Los Angeles. Mas o que ele não sabe é que ele é o alvo do experimento – todos ao redor, dos membros do júri ao juiz, réu e advogados, são atores profissionais. A minissérie lembra a condição de Jim Carey em “Show de Truman”. Porém, com duas diferenças fundamentais: aqui, o protagonista não nasceu no reality show. Por que então ele não percebeu a artificialidade do evento? A condição pós-moderna da “canastrice da percepção” está por trás. E se “Show de Truman” tinha muito a dizer sobre a ascensão do reality show, talvez “Na Mira do Júri” possa ser considerado o fim do próprio gênero reality show.

quarta-feira, outubro 04, 2023

Neoliberalismo agora quer... SANGUE! Flagrante de identitarismo e cismogênese; privatizações e modus operandi da Globo


Narcocrime, lucrar com a crise climática através de créditos de carbono... e agora, SANGUE! O Capitalismo não tem limites nos seus saltos mortais. Venha discutir esses e outros assuntos da semana na Live Extra Cinegnose 360 #21, excepcionalmente nessa quinta-feira (05/10), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois dos indefectíveis Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana: a questão da segurança e a chantagem da grande mídia: a cilada da Força Nacional no RJ; o que há em comum entre créditos de carbono e a PEC que autoriza comércio de plasma sanguíneo? Greve contra privatizações em SP: o modus operandi da Globo; um didático exemplo da cismogênese identitária na comunicação interpessoal e política; Quem faz fake news é o jornalismo corporativo: Lula deu 1 bilhão para a Argentina; o caso do filme “O Som da Liberdade”: as oportunidades midiáticas perdidas pela esquerda. E muito mais! Nessa quinta-feira. 

terça-feira, outubro 03, 2023

Nessa semana Live Extra Cinegnose 360 na quinta-feira



Excepcionalmente, nessa semana a Live Extra Cinegnose 360 acontecerá na quinta-feira (05/10), às 18h, no YouTube e Facebook... assista ao recado do humilde blogueiro... até lá!

sábado, setembro 30, 2023

'The League of Gentlemen'; está em andamento o golpe militar narcocapitalista; Barroso vs Lula: distintas coberturas midiáticas


Sorrateiramente está em andamento o verdadeiro golpe militar: narcocapitalista! A infernal maquinação entre o dispositivo policial-militar, grande mídia, neopentecostalismo e narco-crime organizado. Como guerra santa! Isso e outras bombas semióticas discutiremos na Live Cinegnose 360 #127, nesse domingo (01/10/2023), às 18h, no YouTube e Facebook. Para começar, “The League of Gentlemen”: Robert Fripp e a guitarra esotérica na geração MTV. Depois, vamos analisar os filmes “Ninguém Vai Te Salvar” (por que queremos acreditar em discos voadores?) e “Um Efeito Ótico” (entre o provincialismo globalizado no turismo e pós-morte no cinema). Na sessão dos livros do humilde blogueiro: a classe média brasileira e como a cultura da interface nos moldou. E na Crítica Midiática da Semana: a posse de Barroso no STF e a cirurgia de Lula – duas coberturas midiáticas bem diferentes; para além da Guerra Híbrida: o País se prepara para uma Guerra Santa com o apoio da grande mídia; MPF abre inquérito contra Banco do Brasil por participação na escravidão: mais um golpe “de veludo”? Isso e muito mais no tradicional tijolaço de domingo.  

quinta-feira, setembro 28, 2023

Turismo, provincianismo globalizado e morte no filme 'Um Efeito Ótico'


Seguindo a trilha do surrealismo do cinema de David Lynch, Charlie Kaufman e Spike Jonze, “Um Efeito Ótico” (Un Efecto Óptico, 2020, disponível na HBO Max), do diretor espanhol Juan Cavestany, vai ficando cada vez mais estranho e desafiador ao espectador na medida em que a narrativa avança. Um casal espanhol decide viajar para Nova York para “desconectar-se” do seu cotidiano. Após o embarque, começam a sentir que provavelmente a cidade não é aquela que a agência de turismo lhes vendeu. O que começa como uma crítica ao provincianismo globalizado que se tornou a experiência do turista na atualidade, aos poucos começa a transitar para uma atmosfera gnóstica: morte, cinema e a experiência da “tela mental”.

'Ninguém Vai Te Salvar': por que queremos acreditar em discos voadores?


Para Jung o fenômeno OVNI era arquetípico: se no passado procurávamos a salvação nos céus através do mito e da religião, agora, numa sociedade tecnológica e ateia, procuramos a mesma coisa através dos discos voadores. O filme “Ninguém Vai Te Salvar” (No One Will Save You, 2023) lembra essa tese junguiana o fazer um mix de duas visões que sempre foram opostas nas representações dos extraterrestres no cinema: ou são objetos fóbicos, ou pacifistas que tentam salvar a humanidade de si mesma. Um filme que é uma experiência cinematográfica: com apenas duas linhas de diálogo, apresenta uma história impulsionada exclusivamente pela ação e narrativa visual – uma jovem solitária que mora num casarão tenta resistir a uma invasão alienígena.

terça-feira, setembro 26, 2023

Live Extra: síndrome do Tenente Frank toma mídia; Astrologia e mudanças climáticas? Mídia está vendo Live Cinegnose


“Por favor, dispersem! Não há nada aqui pra se ver!”. A grande mídia está cada vez parecida com a icônica cena do tenente Frank em “Corram que a Polícia Vem Aí”: fazer o distinto público não olhar o essencial e se divertir com telecatchs... Por isso, venha participar da Live Extra Cinegnose 360 #20, nessa quarta-feira (27/09), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois de outra trepidante sessão dos Comentários Aleatórios, vem a Crítica Midiática do meio da semana: o que tem a ver Astrologia com a retórica das mudanças climáticas? Urgência sismo-climática: parece que a mídia está assistindo à Live Cinegnose. Biden com megafone na mão emula Lula... da classe média; Marinha não quer dar golpe em Brasília... é na Bahia; O telecatch de General Heleno na CPMI; identitarismo e cismogênese no governo Lula: prato cheio para O Globo; Atlantic Council faz discurso metonímico sobre Putin. Venha participar nessa quarta!

sábado, setembro 23, 2023

'Blur' e o projeto neoliberal dos 90's; cresce temperatura da retórica da fervura global; Charles Dickens interrogou Mauro Cid?


A Marinha queria invadir Brasília pelo Lago Paranoá? Como o respeitável público acredita em qualquer coisa, a Live Cinegnose 360 não se cansa de denunciar... e continua na edição #126, nesse domingo (24/09), às 18h, no YouTube e Facebook. E vamos começar com a banda “Blur”: Britpop e as “comunidades imaginadas” como projeto neoliberal dos 90s. Depois, vamos discutir o filme chileno “O Conde” (Pinochet, vampiros e a teratopolítica) e o filme “Dalíland” (como o Capitalismo Tardio superou o surrealismo de Salvador Dalí). E na sessão dos livros do humilde blogueiro, o projeto militar do social irradiado e um indígena pensa no fim do mundo. E na Crítica Midiática da semana: a temperatura máxima da retórica da “fervura global”; será que Charles Dickens interrogou o tenente-coronel Mauro Cid? O ato falho da Folha: jornalão acredita que Notícias Populares era “cool”; está aumentando o poder aquisitivo? Então grande mídia descobre os males do consumismo; nova guerra híbrida focará na ação direta das ONGs; para o Atlantic Council quem jogou as bombas atômicas no Japão foi a Rússia. Venha participar nesse domingo!

sexta-feira, setembro 22, 2023

Tragédia e ironias no filme 'Dalíland': como a realidade superou o surrealismo


O filme “Dalíland: A Vida de Salvador Dalí” (Daliland, 2022) começa com uma tragédia e termina com uma ironia. Começando com o trágico incêndio na sua casa na Espanha em 1984, acompanhamos a vida do pintor (interpretado por Ben Kingsley) nos anos 1970, a partir das memórias de um jovem admirador e funcionário de uma galeria de arte em Nova York. Mostra como sua arte havia se transformado em um produto pop, tão contemporâneo como o de  Andy Warhol. Sempre sedento por dinheiro em cash para custear seu estilo de vida de excessos, Dalí acabou prisioneiro do personagem que criou. Ironicamente, a única forma que o artista modernista encontrou para sobreviver à pós-modernidade: parecia que o mundo tinha ultrapassado o surrealismo – através da publicidade, sociedade de consumo e cultura pop a realidade roubou dele os estranhos mundos que sonhava. Restou a ele se agarrar no próprio personagem que criou para si mesmo.

quinta-feira, setembro 21, 2023

Pinochet, vampiros e teratopolítica no filme 'O Conde'


No aniversário de 50 anos do violento golpe militar do Chile (que em 1973 derrubou o governo socialista de Salvador Allende), estão sendo exibidos muitos filmes e documentários sobre aqueles acontecimentos. Mas nada se compara à produção Netflix “O Conde” (El Conde, 2023):  Augusto Pinochet, assume a forma de um monstro político, um vampiro centenário condenado a viver para sempre escondido depois de fingir a própria morte, para evitar a punição merecida depois de anos de assassinatos e corrupção. Um fascista-vampiro que passou séculos lutando contra qualquer revolução socialista ou democrática. E uma freira-exorcista decide extirpar o Mal daquele corpo, para livrar o mundo do golpismo diabólico. “O Conde” é um exemplo da estratégia semiótica da “teratopolítica”: demonizar o inimigo político até transformá-lo em uma anormalidade, aberração e perigoso veículo de contágio de ódio e violência. Uma estratégia ambígua que pode despolitizar cenários políticos complexos.

terça-feira, setembro 19, 2023

Nessa quarta: Zelensky faz discurso sombrio e Lula acerta alvo midiático; escândalo Intermed, médicos e a elite


Zelensky vai para a ONU lamentar que não tem armas nucleares... mas tudo com o que a grande mídia se preocupa é com os gastos do cartão corporativo de Lula. Esse é um dos temas em discussão da Live Extra Cinegnose 360 #19, nesta quarta-feira (20/09), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois da trepidante sessão dos Comentários Aleatórios, vem a Crítica Midiática do meio da semana: jornalismo metonímico na agenda setting da urgência climática; Privatização da Sabesp: como o mercado cria a escassez; a cobertura descontextualizada do escândalo do “punhetaço” dos jogos da Intermed; Embargo econômico de Cuba, cartão corporativo, Zelensky... as formas do jornalismo corporativo tentar emparedar Lula na ONU; Discurso de Lula na ONU: perfeitamente modulado para logística da produção de notícias; Javier Milei lidera com apoio político dos EUA e imaginário do Brasil. E muito mais nessa quarta! 

Você não percebeu: quadro 'Ilha dos Mortos' apareceu em diversas obras midiáticas, por Claudio Siqueira


Adquirido por personagens históricos tão diversos como Hitler, Lenin e Freud, o quadro "Ilha dos Mortos", de Arnold Böcklin, marcou profundamente o imaginário coletivo. Alusões a essa obra apareceram em diversas cenas de obras midiáticas e quase sempre a figura do protagonista visita a ilha e retorna revigorado após um fatídico encontro consigo mesmo. Böcklin, pintor surrealista influenciado pelo romantismo pré-rafaelita, mesclava ambos os estilos para pintar figuras mitológicas em ambientes reais. Embora não soubesse, estava ajudando a fundar os alicerces do ClockpunkJungle FantasyFantasia Medieval e tantos outros gêneros que procuram misturar o real e o fictício.É que, para ele, o real nada mais é do que uma projeção do imaginário. Realmente (com o perdão da piada paradoxal), não há critério para medi-lo e mesmo os fatos estão à mercê das interpretações. Cinegnósticos, bem-vindos à Ilha dos Mortos!

sábado, setembro 16, 2023

'Uriah Heep' e ascensão das mitologias no rock; Judicialização, hipertelia e telecatch; preços caem, mas para mídia é ruim


Data Venia, o humilde blogueiro vai acompanhar o relator em mais um show híbrido do STF da punição dos primeiros de mais de mil zé manés do telecatch de golpe de Estado. É nesse domingo (17/09), na Live Cinegnose 360 #125, às 18h, no YouTube e Facebook. Vamos começar com o hard rock de “Uriah Heep”: por que a ascensão das mitologias medievais no rock? Depois, vamos analisar o filme brasileiro “Era o Hotel Cambridge” (somos todos refugiados, do país e de nós. Mesmos) e a série “Origem” (filmes CosmoGnósticos e o microcosmo da condição humana). Na sessão dos livros do humilde blogueiro, sincromisticismo e Uberização. E na Crítica Midiática da semana: julgamento dos zé manés do 08/01: Judicialização alcança o estágio da hipertelia; Javier Milei recebe apoio do X de Musk e ganha ferramentas imaginárias do Brasil; o caso do preço do filé mignon: quando grande mídia quer transformar boas notícias em más... e muito mais! É nesse domingo.  

O mistério CosmoGnóstico da série 'Origem' faz microcosmo da condição humana


As narrativas CosmoGnósticas (protagonistas que se encontram prisioneiros em realidades artificialmente construídas ou acidentalmente criadas) estão deixando as telonas para ocupar as séries de TV. Um exemplo dessa tendência é “Origem” (From, 2022-), um candidato a pelo menos se equiparar a “Lost”, a série Cosmognóstica mais bem-sucedida – aplicando algumas fórmulas de “Lost”, “Origem” dá continuidade ao drama gnóstico de protagonistas presos em mundos que funcionam como microcosmos da condição humana. Um xerife caminhando por uma rua e tocando um sino que carrega em uma das mãos, avisando a todos para entrar nas suas casas antes de anoitecer, é a imagem indelével que abre a série – os mistérios de uma cidade em ruínas, aparentemente fora do tempo e espaço.

sexta-feira, setembro 15, 2023

No filme 'Era o Hotel Cambridge' somos todos refugiados, do país e de nós mesmos


Sentir-se como estrangeiro (seja em outro ou no próprio país) torna-se condição existencial crescente num capitalismo de exclusão – a produção constante de refugos sociais, aqueles que são excluídos até da própria exploração do mercado. Redundantes e inúteis, se apegam nos últimos destroços de um naufrágio social: sua própria cultura e as formas de comunicações possíveis entre alteridades, organizadas como grupos de resistência. O filme brasileiro “Era o Hotel Cambridge” (2016), da cineasta Eliane Caffé, retrata essa condição num híbrido de documentário e ficção, ao fazer o relato da ocupação do outrora glamouroso Hotel Cambridge, abandonado, entre outros edifícios no Centro de São Paulo. Uma questão aparentemente local, mas que ganha alcance universal através da linguagem ficcional que dramatiza a questão central nesse momento: somos todos refugiados, do país e de nós mesmos.

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