“Sentidos do Amor” (Perfect Sense, 2011) é um ponto fora da curva dentro do batido tema do” fim-do-mundo-como-o-conhecemos”. Uma pandemia rapidamente toma conta do planeta. Mas não vemos serem humanos decrépitos, exércitos contendo massas humanas desesperadas ou pessoas lutando ou matando para sobreviver. Apenas a luta das pessoas tentando levar a vida em frente, enquanto um a um dos sentidos vão sendo anulados por algo que nenhum cientista sabe a origem: primeiro o olfato. Depois o paladar, e assim por diante. “Sentidos do Amor” é uma reflexão literário-filosófica sobre como o desaparecimento progressivo dos nossos sentidos faz “um oceano de imagens do passado desaparecer”, remetendo às reflexões de Marcel Proust sobre a memória involuntária e identidade. E uma poderosa metáfora da incomunicabilidade, a verdadeira pandemia tecnológica dos nossos tempos.
No cânone religioso judaico-cristão a Criação é divina e perfeita. Mas o homem estragou tudo com a sua natureza pecadora. Expulso do Paraíso terrestre, o Criador passou a testar o homem em provas arbitrárias para testar a sua fé para ver se, finalmente, a humanidade conseguia expiar a natureza pecadora. A Bíblia fez esses relatos. Hoje, temos no seu lugar filmes e gêneros audiovisuais (reality shows, vídeos de “pegadinhas” etc.) cujo entretenimento é assistir incautos prisioneiros em jogos mortais que arrancam o pior de nós mesmos. O filme “Círculo” (Circle, 2015 – disponível no Netflix) é mais um filme de uma longa lista desse subgênero, dessa vez cruzando abdução alien com um jogo mortal: 50 estranhos despertam em um quarto escuro, dispostos em círculo. Qual o objetivo do experimento? Existe alguma saída? Eles devem tentar cooperar ou competir com os homens e mulheres ao seu redor? Ou é apenas um entretenimento alienígena voyeur e sádico, divertindo-se com o pior da nossa natureza?
Passado, presente e futuro na Live Cinegnose 360 #58 deste domingo (05/06), às 18h, no YouTube. Com uma novidade! A sessão “Conversas Aletórias”: no final, um bate papo do humilde blogueiro no chat respondendo a perguntas dos cinegnósticos. Nos vinis teremos música clássica: Tchaikovsky, em dois tempos - do Romantismo na música à cultura do cancelamento atual. Depois, vamos discutir dois filmes: o documentário “I Think We’re Alone Now” (a origem da matéria-prima psíquica da guerra híbrida) e “IO – O Último na Terra” (o filme mais anti-Elon Musk do Netflix). E falando em Elon Musk...como os bilionários estão se preparando para o Apocalipse: uma resenha do Livro “Survival of the Richest – Escape Fantasies of the Tech Billionaires” de Douglas Rushkoff. A crítica midiática da semana e a nova sessão “Conversas Aleatórias” com os cinegnósticos. Venha participar da Live Cinegnose 360: a melhor chance de fugir do tédio do final de domingo...
Era uma vez uma época em que empreendedores tecnológicos Musk, Bezos, Thiel, Zuckerberg tinham planos de negócios otimistas sobre como a tecnologia poderia beneficiar a humanidade. Agora, eles reduziram as expectativas ao verem todo o progresso tecnológico como uma espécie de macabro videogame em que somente aquele que encontrar a escotilha de escape será o vencedor. Será Musk ou Bezo migrando para o espaço? Thiel escondendo-se num complexo na Nova Zelândia? Ou Zuckerberg imortal no Metaverso? Nesse momento, Big Tech e Big Money estão se preparando para “O Evento”: algum tipo de catástrofe que se aproxima (climática, nuclear, hackers, desmoronamento da sociedade por conflitos etc.). O livro “Survival of the Richest - Escape Fantasies of the Tech Billionaires”, de Douglas Rushkoff detalha o que ele chama “The Mindset”: a mentalidade que vê a humanidade não como um recurso, mas um bug no sistema, no qual somente uma elite sobreviverá de um colapso que que eles próprios criaram. E como os fundos de hedge mundiais investem em filmes sobre zumbis e sci-fis que normalizam essa agenda.
O que há em comum entre Musk, Bezos, Thiel e Zuckerberg? Além da fortuna e dos fundos de investimentos turbinando seus projetos, está o niilismo apocalíptico e a urgência de fugir desse planeta, seja para colônias em Marte ou para Multiversos. Nove em cada dez produções sci-fi atuais está alinhada com a agenda desses super-ricos. E a exceção confirma a regra. Uma das poucas exceções é o filme “Io – O Último na Terra” (Io - Last on Earth, 2019), o filme mais anti-Musk dos últimos tempos. Uma cientista vive solitária na Terra pós-apocalíptica, dominada por uma nuvem tóxica que matou grande parte da humanidade – os sobreviventes migraram para uma estação espacial na lua de Júpiter Io. Seu namorado em Io (ironicamente chamado Elon) tenta convencê-la a embarcar na última nave que partirá da Terra. Porém, entre colmeias de abelhas e obras de arte que pega dos escombros de um museu de Arte Moderna, tenta provar que a vida no planeta é mais resiliente do que imaginamos. E somos os guardiões do renascimento.
Não é por menos que a guerra híbrida tornou-se a tática de intervenção política mais bem-sucedida do século XXI, impulsionando “revoluções coloridas” por todo o planeta. A cultura pop, centrada no culto das celebridades, gerou a matéria-prima psíquica necessária para a criação das cismogêneses que evenenam as sociedades. O documentário “I Think We’re Alone Now” (2008) retrata dois fãs da cantora pop adolescente dos anos 1980, Tiffany, que passaram a acreditar que estavam envolvidos em um relacionamento intenso e pessoal com a celebridade. Fãs limítrofes prisioneiros na cilada imaginária do “duplo vínculo” (Gregory Bateson), condição esquizo criada por relações familiares danificadas e ampliada pela relação paradoxal dos espectadores com as mídias que diluem as fronteiras entre relação exclusiva/anonimato, intimidade/massificação, público/privado. Oferecendo a vulnerabilidade necessária para sociedades-alvo serem corroídas por dentro.
Se você procura um domingo com especulações quânticas, conexões da psicanálise com a guerra híbrida e análises político-semióticas, então venha participar da Live Cinegnose 360 #57, 29/05, às 18h no YouTube. Nos vinis do humilde blogueiro, encontramos Björk e os Sugarcubes: a dialética negativa no pós-rock. Depois, vamos discutir os filmes “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”: multiverso, viagens no tempo e os impactos da física quântica na cultura pop. E o filme “Psicopata Americano”: a psicopatologia foi normalizada no mundo corporativo. Como a psicanálise de Gregory Bateson tornou-se ferramenta da guerra híbrida: cismogênese e surto semiótico-esquizofrênico no Brasil. Conheça os dois “pranksters" russos que estão ganhando a guerra na Ucrânia... e a mídia ocidental ignora. Como a grande mídia assimilou os números da última pesquisa DataFolha. E a crítica midiática da semana e mais Comentários Aleatórios.
Se você é um sobrevivente desta distopia chamada Brasil, então tem encontro marcado com a Live Cinegnose 360 desse domingo, 22/05, às 18h, no YouTube. Já que falamos em distopia, vamos começar com a banda Bauhaus, na sessão dos vinis do humilde blogueiro: por que a cada década a indústria do entretenimento explora tendências depressivas dos jovens? Depois, vamos discutir os filmes “Spree” (a uberização da busca da fama e do ego) e o novo clássico “A Fita Branca” (quando não percebemos que o Mal cresce sob nossos pés). Houve uma falha na Matrix em 1965? - O caso da matéria “Computers for Everyone” da revista “Eagle”. O que Elon Musk veio fazer no Brasil? – a suspeita lista de empresários do encontro. Por que a Woke Exploitation da TV Globo não passa da página dois? E mais: comentários aleatórios e crítica midiática da semana.
Neste domingo (15/05), mais vinis, análise de filmes e séries e bombas semióticas que alopram a política brasileira. A Live Cinegnose 360 de domingo, 16h, no YouTube começa com os vinis da banda U2: do messianismo cristão à bomba semiótica do “Sim!”. Depois a série “Bem-Vindos ao Éden” (Publicidade, Marketing, seitas e a releitura gnóstica do Genesis bíblico) e o filme estranho “Boa Noite, Mamãe!” (a matriz edipiana do gênero terror). No quê o lawfare de guerra híbrida do Deep State dos EUA se inspirou? Então vamos discutir o doc e filme “The Staircase”. Extra! Grande mídia cria realidades paralelas econômicas que superam a própria física quântica! E a crítica midiática da semana em mais um tijolaço de domingo!
Publicidade cada vez mais se aproxima das seitas e religiões. Assim como essas, a Publicidade não oferece mais produtos, mas agora “experiências” que prometem autoconhecimento e uma nova vida, tentando “espiritualizar” o consumo. Na série Netflix espanhola Netflix “Bem-Vindos ao Éden” (2022- ), uma festa em uma ilha que aparenta ser uma ação de marketing de uma nova bebida energética para jovens selecionados nas redes sociais, revela que por trás está uma seita baseada na nova religiosidade ecumênica global: espiritualismo New Age combinado com ambientalismo que promete a “salvação” do apocalipse climático. Prisioneiros em uma ilha paradisíaca numa série que faz releitura CosmoGnóstica do Paraíso bíblico para a geração das mídias sociais.
Esse país não deixa o Cinegnose em paz... por isso, como sempre, a pauta da Live Cinegnose 360 está cheia! O “set list” desse domingo (08/05), às 18h, no YouTube, será esse: vinis do humilde blogueiro do rock progressivo do Gênesis – do cult esotérico ao pop profano. Depois a série “Outer Range” (Cronos e o Tempo na mitologia grega e na modernidade) e o filme “Ruby Sparks” (Pigmaleão e o Divino Feminino gnóstico). O fenômeno político da Gamecracia e a Memética: o estudo formal dos memes. Brasil em transe! Pânico! Mais uma contagem regressiva para o golpe militar contra as eleições... só que não: o telecatch da profecia autorrealizável e da tática de agendamento midiático para fazer Paulo Guedes e a crise econômica sumirem... e a crítica midiática da semana. Venha participar da Live Cinegnose 360. Nunca o bicho é tão feio quanto parece!
Sobe a temperatura de um país em transe, aterrorizado pela iminência de um golpe militar contra as eleições Enquanto isso, nas telas da grande mídia os “colonistas”, agora com sangue nos olhos depois que Lula virou capa da revista Time, gritam que ele só “erra”, está “fora de forma” e sua campanha está “em crise”. Aproveitando a bagunça, o ministro Paulo Guedes sai de fininho, aliviado por não lhe cobrarem a conta da fome, desemprego e inflação. Mais uma vez, jornalismo corporativo e PMiG põem em ação as estratégias de comunicação de “agenda setting” e “profecia autorrealizável”. Deu certo no golpe contra o segundo governo Dilma ao criarem a crise econômica autorrealizável. E agora repetem num ano eleitoral para aloprar o cenário político com um telecatch que oculta duas coisas: desde 2018 as eleições já estão tuteladas pelo PMiG (o golpe militar já ocorreu e as instituições não funcionam mais) e a crise econômica neoliberal – transformada em catástrofe natural pela grande mídia.
O mito de Pigmaleão (o escultor que se apaixonou pela própria obra em busca da mulher ideal) tem atraído diversos artistas, produzindo diversas releituras. Uma delas é o filme “Ruby Sparks - A Namorada Perfeita” (2012), escrito, dirigido e estrelado por Zoe Kazan – um jovem escritor com um sucesso comercial aos 19 anos sofre bloqueio criativo para manter a imagem mercadológica de gênio. Sua musa ideal aparece em sonhos e finalmente o inspira para começar um novo livro. Até ela misteriosamente se materializar, controlada pelas palavras que o escritor datilografa em sua velha máquina de escrever. O jovem escritor é prisioneiro daquilo que a psicologia já definiu como “Efeito Pigmaleão” e “Profecia Autorrealizável”. Porém, “Ruby Sparks” vai além: conecta a mitologia de Pigmaleão com o mito gnóstico do Divino Feminino (Sophia) e com o arquétipo contemporâneo do “Viajante”.
Deus existe? E se existe, por que deixa coisas ruins acontecerem? Por que nos sentimos abandonados por Deus? Por que o Universo é eterno é nós somos finitos? Qual a natureza de um misterioso buraco sem fundo que surge em pleno pasto de uma fazenda no Wyoming? Inspirado na antiga mitologia grega de Cronos (um Titã que se tornou o “Deus do Tempo”), a série da Prime Video “Outer Range” (2022- ) é povoado por personagens angustiados com essas questões, entre a Metafísica, a ficção científica e os tropos clássicos do gênero Western. Um misterioso buraco que parece ligar ao Tempo Eterno (anterior a Cronos) e a feroz disputa territorial entre duas famílias de fazendeiros faz da série uma aposta sobre questões filosóficas e gnósticas: o Tempo como um acidente na Criação, da qual só podemos escapar se conseguirmos perceber aquilo que os gregos antigos chamavam de “Kairós”: o “acontecimento único”.
ANIVERSÁRIO DO CINEGNOSE 360!!! Nesse domingo, 01/05, às 18h, no Youtube, é o primeiro aniversário. E vamos comemorar a longevidade do Cinegnose 360 com mais vinis, comentários aleatórios, filmes estranhos e o xadrez semiótico da guerra híbrida brasileira. Vamos começar com vinis de Peter Gabriel: o leitor do gnosticismo alquímico de Jung no rock. Depois, vamos discutir os filmes “We’re Going to the World’s Fair” (tecnognosticismo nos games e creepypasta) e “Fresh” (elite, antropofagia e capitalismo). Depois, a antropologia e política do riso e da morte em Massimo Canevacci. Conselhos do humilde blogueiro para Lula: como fugir das armadilhas semióticas da “comunicação indireta” e “dilema midiático”. E a crítica midiática da semana. Venha ajudar a soprar a velinha... por enquanto é só uma.
“We’re All Going to the World’s Fair” (2022), da cineasta trans Jane Schoenbrun, é um filme com aquela estranheza que é cada vez mais valorizada e desejada em diferentes gêneros: um filme experimental com um mix de estética de videoarte, creepypasta, game de computador RPG on line e videochamadas no Zoom. Um filme estranho que tem muito a nos dizer sobre as origens místicas que motivam o atual desenvolvimento das ciberutopias por trás de games, aplicativos e o desejo pela imersão nos mundos virtuais. E que vai muito além das velhas fantasias escapistas do cinema e TV: têm a ver com o milenar sonho da imortalidade, para escapar da gnóstica relação de alienação e estranhamento com o mundo. Principalmente no adolescente, perdido entre a infância e a vida adulta. Para ele, o sonho tecnognóstico passa a ser cada vez mais sedutor.
Este humilde blogueiro participou da edição de número seis do programa “Poros da Comunicação” no canal do YouTube TV FAPCOM, cujo tema foi “Tecnologia e o Sagrado: um novo obscurantismo? |
Esse humilde blogueiro participou da 9a. Fatecnologia na Faculdade de Tecnologia de São Caetano do Sul (SP) em 11/05 onde discutiu os seguintes temas: cinema gnóstico; Gnosticismo nas ciências e nos jogos digitais; As mito-narrativas gnósticas e as transformações da Jornada do Herói nas HQs e no Cinema; As semióticas das narrativas como ferramentas de produção de roteiros. |
Após cinco temporadas, a premiada série televisiva de dramas, crimes e thriller “Breaking Bad” (2008-2013) ingressou na lista de filmes d...
No Oitavo Aniversário o Cinegnose atualiza lista com 101 filmes: CosmoGnósticos, PsicoGnósticos, TecnoGnósticos, AstroGnósticos e CronoGnósticos. |
Esse humilde blogueiro participou do Hangout Gnóstico da Sociedade Gnóstica Internacional de Curitiba (PR) em 03/03 desse ano onde pude descrever a trajetória do blog "Cinema Secreto: Cinegnose" e a sua contribuição no campo da pesquisa das conexões entre Cinema e Gnosticismo. |
"Cinegnose" Neste trabalho analiso a produção cinematográfica norte-americana (1995 a 2005) onde é marcante a recorrência de elementos temáticos inspirados nas narrativas míticas do Gnosticismo. >>> Leia mais>>>
"O Caos Semiótico" Composto por seis capítulos, o livro é estruturado em duas partes distintas: a primeira parte a “Psicanálise da Comunicação” e, a segunda, “Da Semiótica ao Pós-Moderno >>>>> Leia mais>>> |