sábado, fevereiro 06, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O leitor deve lembrar da alegoria da Caverna
de Platão, diálogo filosófico sobre a condição humana prisioneira de imagens
simulacros do mundo real. Na inacreditável história contada pelo documentário “The Wolfpack”
(2015, disponível no Netflix) de Crystal Moselle, essa alegoria deixa de ser uma tese filosófica para
se tornar real: o que aconteceria se o homem conseguisse sair da caverna de
Platão e olhasse a realidade? Sete irmãos cresceram presos pelos seus pais em um
apartamento em Nova York. Sem sair às ruas tinham o cinema hollywoodiano (e
principalmente filmes do Tarantino, seus favoritos) como o único contato com o
mundo exterior e passavam os dias reencenando sequências dos filmes – montavam
cenografias e fantasias com papelão de caixas de cereais. O apartamento
tornou-se uma caverna midiática e quando finalmente se libertaram, conseguiram
ver a realidade apenas a partir das referencias cinematográficas.
Na antiguidade o filósofo Platão acreditava que se o homem conseguisse
sair da caverna de onde era prisioneiro, a luz do mundo lá fora e do fogo que projetava os
simulacros na parede seria tão intensa que iria ferir os
olhos, e ele não poderia ver bem.
Muitos pensadores falam que a caverna de Platão atual é a midiática e
que, mesmo se conseguíssemos tentar ver o mundo real desligando todos os
equipamentos elétricos e eletrônicos, ainda assim veríamos as coisas a partir
das referencias do mundo das imagens que persistem em nossas mentes.