terça-feira, agosto 02, 2016

Globo promete cobertura tautista das Olimpíadas


Metalinguagens e efeitos visuais tautológicos dominaram a cobertura do programa Fantástico do último domingo sobre as Olimpíadas Rio 2016, com a mesma estética apoteótica das transmissões do Carnaval, dando o tom geral da cobertura da emissora. Mais do que mau gosto, é a evidência do “tautismo” (autismo + tautologia) crônico da Globo nos anos recentes. Para uma emissora que se fechou em si mesma como reação à crise de audiência e a concorrência das mídias de convergência, não existe mais mundo externo: as Olimpíadas só acontecem no Rio para que a Globo possa transmiti-la. E o auge do tautismo é quando jornalistas começam a entrevistar outros jornalistas da própria emissora. Para a Globo, a cobertura jornalística em si é mais importante do que o próprio evento e os relatos das emoções de seus apresentadores é mais dramático do que as dos próprios atletas.

segunda-feira, agosto 01, 2016

Curta da Semana: série "Bendito Machine" - relaxe, tudo está sob controle


“Relaxe, tudo está sob controle” é o que sempre parecem nos dizer as máquinas e as tecnologias. Por isso elas nos fascinam e nos gratificam a ponto de se tornarem modernas religiões. É o que nos mostra a série com cinco curtas de animação “Bendito Machine” (2006-2014). Produzida pelo estúdio espanhol Zumbakamera, cada episódio apresenta máquinas que sempre parecem “defecar” pequenas criaturas globulares com olhos que nos controlam por meio da oferta dos prazeres da ambição e gula. Em tempos de apps virais como o Pokémon GO chegando em terras brasileiras, assistir a essa série é obrigatório.

sábado, julho 30, 2016

Notícias de ataques inspiram "assassinos copycat"?


Diante da sequência de ataques ocorridos na Alemanha, o site da Deutsche Welle (empresa de radiodifusão alemã) cogitou a possibilidade de o país estar sofrendo uma sequência de “assassinatos copycat”, efeito de contágio desencadeado por uma “fórmula dramatúrgica” através da qual a mídia vem tratando diferentes eventos. Atentados terroristas genuínos e ataques de assassinos solitários são descritos dentro de um mesmo script sensacionalista, criando um gigantesco “efeito Heisenberg”: a mídia está cada vez mais cobrindo a si mesma e os seus efeitos sobre as pessoas.

quinta-feira, julho 28, 2016

Carma, metalinguagem e Fernando Pessoa no filme "Zoom"


“Zoom” é uma expressão inglesa com um duplo significado: poder ser “zunir” (“to zoom past” como “passar zunindo” ) ou a lente fotográfica que pode aproximar ou afastar-se de um objeto cujo movimento de ajuste produz um “zunido”. O filme “Zoom” (2015, Brasil-Canadá) de Pedro Morelli explora esse duplo sentido do termo ao criar três universos meta-narrativos (literatura, HQ e cinema) onde os protagonistas ignoram as existências paralelas, sem saber que suas decisões se afetam mutuamente: uma desenhista faz uma HQ sobre um diretor de cinema que faz um filme cuja protagonista escreve um romance sobre a desenhista de HQ. Zoom explora o simbolismo carmico de “ouroboros”, a cobra que come o próprio rabo. E o misticismo do silêncio do poeta português Fernando Pessoa.

quarta-feira, julho 27, 2016

Mídia faz cortina de fumaça com debate "Escola Sem Partido"


Doze anos depois do surgimento da proposta do “Escola Sem Partido”, o Senado lançou agora um projeto de lei para incluir essa ideia nas diretrizes e bases da educação nacional. A grande mídia deu espaço a essa notícia e tanto Esquerda quanto Direita morderam a isca e se engalfinharam: mordaça para os professores? Retrocesso na educação? Impedir que a esquerda doutrine alunos aproveitando-se da audiência cativa? Por que só agora o projeto ganha expressão política e midiática? O debate coincide com o momento da oligopolização do ensino por grupos educacionais estrangeiros (turbinados por fundos de investimentos) e nacionais que não visam apenas a mercantilização, mas a própria industrialização do ensino. A polêmica midiática do “Escola Sem Partido” parece ser uma cortina de fumaça para esconder um projeto industrial muito mais amplo com a importação de novas metodologias educacionais (“ativas”, “educação por competências”) tomadas como um fim em si mesmas onde o próprio professor desaparecerá junto com o seu ofício. Talvez no futuro nem mais exista professor para ser amordaçado.

segunda-feira, julho 25, 2016

Curta da Semana: "We Together" - a memória involuntária dos zumbis


Os zumbis de George Romero se encontram com o vídeo-clip "Thriller" de Michael Jackson fazendo uma exploração no psiquismo dos zumbis. Esse é o curta “We Together” (2016) de Henry Kaplan. Uma música desperta em zumbis memórias involuntárias, fazendo-os terem flash backs da antiga vida humana que ainda podem ter de volta, desde que redescubram quem eles foram. Nada mais gnóstico: os zumbis são tão alheios de si mesmos como nós. Este talvez seja o porquê do fascínio atual pelos zumbis, um verdadeiro arquétipo contemporâneo.

domingo, julho 24, 2016

O evento-encenação da "célula amadora" dos terroristas de paintball


Saem bolivarianos e comunistas e agora entram terroristas islâmicos. Sim! Nós também temos terroristas. “Células amadoras” onde o batismo é feito através de webcam, compram armas do Paraguai pela Internet e pretendem fazer “treinos de lutas marciais” a poucos dias dos jogos olímpicos, suposto alvo dos intolerantes religiosos. Isso quem disse foi Alexandre de Moraes, ministro da Justiça, em uma coletiva convocada numa atmosfera de pompa e gravidade. Uma “investigação sigilosa” que, ao mesmo tempo, pode ser divulgada à Imprensa. E a grande mídia repercute com seus correspondentes no Exterior para que, definitivamente, esse País seja levado à sério. Esse é mais um exemplar de uma longa história de “eventos-encenação” (Umberto Eco) que começa com o casamento de Lady Di e Príncipe Charles, passando pelos mísseis jogados no Sudão e Afeganistão por Bill Clinton para desviar a atenção de um escândalo sexual em 1998 até essa desajeitada estratégia do governo Temer repleta de contradições, timing e oportunismo, com direito a foto de um “terrorista de paintball”.

quinta-feira, julho 21, 2016

Para a TV Globo o Japão é a reserva moral brasileira


Toda vez que o Brasil entra em crise econômica, a TV Globo convoca seu correspondente da época em Tóquio para intensificar matérias com edificantes lições morais sobre virtudes que supostamente faltariam para um país como o nosso que nunca dá certo: o modelo de educação mundial, a disciplina, a disposição para o trabalho, abnegação e auto-sacrifício. É a mitologia do “milagre japonês”. Os ocidentais tentam transformar o Japão em um espelho de si mesmos com seus tradicionais clichês. Mas não conseguem entender o gênio da cultura japonesa: a capacidade de imitar o ocidente sem absorver sua essência – o Japão consegue entrar na órbita cultural, tecnológica e comercial ocidental levando ao extremo um velho princípio taoista de que a vitória não se consegue afirmando-se, mas, pelo contrário, desvalorizando-se, cedendo. Assim como no jiu-jitsu onde não se vence impondo sua própria força ou valor, mas absorvendo a força do oponente.

terça-feira, julho 19, 2016

A teoria conspiratória do Projeto Montauk na série "Stranger Things"


A nova série Netflix “Stranger Things” (2016) faz um mergulho em um subgênero dos anos 1980 que levou as teorias conspiratórias aos blockbusters: “ET”, “Contatos Imediatos”, “Os Goonies”, “Viagens Alucinantes”, “A Coisa”, etc. Mas também leva a sério a mãe de todas as conspirações, aquela que os pesquisadores da área chamam de Teoria da Conspiração Unificada (TCU) por explicar todos os paradoxos científicos atuais: o chamado “Projeto Montauk”. A série “Stranger Things” (que originalmente se chamaria “Montauk”) se inspira nas especulações em torno desse nebuloso projeto do Departamento de Defesa dos EUA dos anos 1970-80 envolvendo guerra psicológica e psíquica, além de controle da mente à distância. Mas parece que produziu algum efeito colateral que fez o Projeto terminar abruptamente em 1983. E agora esse efeito ameaça uma pequena cidade dos EUA.

segunda-feira, julho 18, 2016

Ataque em Nice: entre "False Flag" e o "Efeito Copycat"


Atualmente ataques e atentados parecem se tornar relações públicas de si mesmos: buscam sempre a máxima repercussão e visibilidade. Dos “frames” escolhidos pelos fotógrafos até a própria tragédia, tudo é retoricamente tão saturado que entra no campo das mitologias midiáticas. A narrativa é sempre a mesma: o ataque de um “lobo solitário”; a ação que interrompe festas, prazer e diversão, o timing, o oportunismo e, finalmente,  a morte/suicídio final do terrorista. O ataque em Nice mais uma vez repetiu o plot. Porém dessa vez acrescentou mais um elemento: a ambiguidade – ataque terrorista? Apenas um louco que odeia o mundo? Por isso no ataque em Nice podem ser encontrados elementos tanto de "Operação Bandeira Falsa" (“False Flag”) como do chamado “efeito Copycat” (imitação). E a coincidência da estreia do filme de ação “Bastille Day” (cujo plot é a luta para impedir um atentado em Paris) no dia do ataque reforça essa hipótese.

sexta-feira, julho 15, 2016

Autoajuda é negação psíquica em "The Invitation"


As ricas mansões das colinas de Hollywood escondem estranhas seitas e comunidades formada por celebridades, diretores e produtores da indústria do entretenimento. Em uma dessas ricas casas um grupo de amigos que não se via há dois anos é convidado para um jantar. Lá encontrarão os anfitriões: uma ex-esposa e seu novo marido, entusiastas de uma nova seita que promete “um novo recomeço”. Esse é o thriller psicológico “The Invitation” (2015) de Karyn Kusama onde as seitas de autoajuda se revelam na verdade grandes mecanismos de negação psíquica onde a linha que separa a sanidade da loucura começa a desaparecer. Os convidados daquele jantar conhecerão da pior forma possível a máxima freudiana: “o reprimido sempre retorna”.

quinta-feira, julho 14, 2016

O universo gnóstico infanto-juvenil em "Jovens Titãs em Ação"


É férias e os filhos passam mais tempo em casa, festas e encontros com os amigos de escola. É o momento onde o “Cinegnose” cai de cabeça no universo da cultura infanto-juvenil: animações, games, redes sociais e canais do YouTube. Um universo cada vez mais dominado por uma sensibilidade “meta” – paródica, auto-referencial e metalinguística. Um exemplo é o episódio “A Quarta Parede” da série de animação “O Jovens Titãs em Ação” apresentado pelo Cartoon Network. Uma versão irônica da série clássica “Teens Titans” da DC Comics. O que acontece quando personagens ficcionais tomam consciência de que são apenas paródias de personagens em quadrinhos? A quebra da barreira imaginária entre personagem e espectador (a quarta parede) e a entrada da narrativa na mitologia gnóstica: o demiurgo “Freak Control” que aprisiona personagens para conquistar prêmios e reconhecimento – uma paródica analogia da condição humana.

segunda-feira, julho 11, 2016

A Simbologia Alquímica em "As Tartarugas Ninjas", por Claudio Siqueira


Dia 16 de junho deste ano estreou nos cinemas o filme "As Tartarugas Ninjas: Fora das Sombras" (Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows). Após sua primeira edição em maio de 1984 pela editora Mirage Studios, os quatro esdrúxulos personagens tiveram diversas obras midiáticas envolvendo seu universo, de desenhos animados a videogames. Mas, desde o novo filme de 2014, é apresentada uma versão mais diferenciada entre os personagens. E com razão, já que os quatro diferem bastante não apenas em sua personalidade, mas nos elementos alquímicos que representam.

Curta da Semana: "Home Suite Home" - hotéis, turistas e o exílio humano


Trinta anos vivendo a rotina de a cada noite se hospedar em um hotel fazendo críticas para guias de turismo. Vivendo numa torre de marfim de quartos de luxo, minibar e toalhas sempre limpas, Ludwig tem uma vida monótona que acabou se confundindo com o próprio trabalho. Mas algo se perdeu: a experiência de ser apenas um turista e saber que um dia voltará para sua casa. Mas onde está o lar de Ludwig? Ele tornou-se uma espécie de exilado de si mesmo. Esse é o curta “Home Suite Home” (2015) do holandês Jeroen Houben que dá mais uma contribuição à mitologia que o cinema construiu em torno de hotéis, do Overlook de “O Iluminado” de Kubrick ao “Grande Hotel Budapeste” de Wes Anderson. Dessa vez, o hotel como um microcosmo da gnóstica condição humana de exílio.

sábado, julho 09, 2016

Ligações perigosas em comerciais na grande mídia


Que ligações existem entre as ex-jornalistas Fátima Bernardes, Ana Paula Padrão, Friboi, os intervalos comerciais dos telejornais da grande mídia, a holding J&F e o ministro da fazenda Henrique Meirelles? Certamente ligações perigosas que constituem aquela área cinza do chamado “conflito de interesse” no jornalismo. Desde o caso do milionário comercial da Samarco veiculado no horário nobre dos telejornais, em plena crise humana e ambiental de Mariana, as ligações perigosas entre anunciantes e conteúdo jornalístico têm se ampliado. Agora, acompanhamos a massiva campanha publicitária da JBS Friboi, com milionários cachês para artistas da Globo, e comerciais do Banco Original em telejornais da grande mídia. Banco pertencente ao mesmo grupo (J&F) cujo presidente do Conselho Administrativo desde 2012 até recentemente foi o atual ministro da fazenda. A mídia estaria sendo silenciada com grossas verbas publicitárias?

quinta-feira, julho 07, 2016

Filme "Sonho Tcheco" pergunta: publicitários mentem?


Dois estudantes da Academia de Cinema de Praga (FAMU), República Tcheca, têm a ideia de produzir um documentário cínico e irônico sobre a campanha publicitária de um hipermercado. Ele se chama “Sonho Tcheco”, tem jingle, logotipo, folhetos distribuído por toda cidade, outdoors em rodovias, o rosto carismático dos gerentes em comerciais de TV, spots de rádio, mas... o hipermercado não existe! O filme “Sonho Tcheco”(Cesky Sen, 2004) nos mostra como na República Tcheca pós-comunismo os hipermercados viraram para muitos o único programa de lazer.  E como a Publicidade e Relações Públicas, por meio de estratégias etnográficas e neuromarketing, conseguiram levar três mil pessoas a um descampado para a inauguração de um hipermercado fictício  onde apenas havia uma fachada sustentada por andaimes metálicos. De forma estranhamente engraçada, o documentário mostra como publicitários são capazes de mentir de forma consciente, sob o pretexto de apenas “atender a um cliente”.

quarta-feira, julho 06, 2016

Motivação, alquimia e rebelião: 7 cenas sobre demissão no cinema


Por decurso de prazo e fim do prazo de validade, depois de 30 anos lecionando e pesquisando na Universidade esse humilde blogueiro foi demitido. Para espiar os demônios internos, nada melhor do que dar uma olhada em como o cinema representa esse divisor de águas na vida de qualquer um. Representações alquímicas, mensagens motivacionais, meta-demissões, cruel antropologia corporativa e mergulhos nas águas profundas da rebelião, com direito a automutilação e chantagens, estão nas sete melhores sequências de demissão no cinema recente selecionados pelo “Cinegnose”.

segunda-feira, julho 04, 2016

Curta da Semana: "The Nostalgist" - estamos viciados em nossas ilusões?


Se a vida de um ser humano é uma coleção de memórias, podemos enganar a nós mesmos fingindo algo que nunca aconteceu? Podemos aliviar do peso do passado através do nosso sentimento de nostalgia? Estas são as principais questões levantadas no curta “The Nostalgist” (2014) de Giacomo Cimini baseado no bestseller “Robopocalypse” do engenheiro de robótica e escritor Daniel H. Wilson. Combinando imersões em realidade virtual e realidade aumentada, o curta mostra pai e filho vivendo uma realidade idílica que, aos poucos, demonstra ser apenas uma fina interface sobre um mundo distópico. Assim como os protagonistas do filme, por meio da tecnologia estaríamos também criando falsas memórias de nós mesmos? Estamos também viciados em nossas próprias ilusões?

domingo, julho 03, 2016

Os novos demiurgos do ensino superior e o materialismo histórico


“Nem parece que estou dando aula”, ouvi certa vez de uma professora entusiasmada com uma nova metodologia de ensino cada vez mais comum em universidades adquiridas por grupos turbinados por fundos internacionais de investimento. Lembra o slogan daquele banco comprado pelo Itaú, “nem parece banco”.  Hoje, a financeirização descobriu o ensino superior e trouxe a racionalidade capitalista para um setor onde o ofício do professor era um entrave na linha de produção moderna por ser ainda um antigo resquício escolástico. Dos antigos donos de faculdades  “boca de metro” pulamos para os “global players”, os novos demiurgos. Repete-se a lógica industrial prevista pelo velho materialismo histórico de Marx: trabalho complexo deve ser convertido em trabalho simples, transformando o professor num profissional destituído do seu ofício. Mas para que isso torne-se uma fatalidade natural da vida é necessário um discurso imaginário:  a ilusão (o fetiche do título e publicações), a ideologia (a meritocracia) e uma retórica - a “metodologia ativa”. Talvez a metáfora daquela professora seja mais literal do que ela imaginava...

sábado, julho 02, 2016

Alquimia e esoterismo em "Os Goonies", por J. B. de Oliveira


Os filmes de Spielberg sempre foram carregados de pistas sobre teorias conspiratórias e simbolismos esotéricos como em “E.T.” ou “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”. Spielberg foi fundamental para a mudança da opinião pública em relação a existência de seres-extraterrestres. Ele foi um dos principais precursores da guinada metafísica de Hollywood com a exploração de um mix de esoterismo, Ufologia (“Contatos Imediatos”, por exemplo, contou com a consultoria do ufólogo Allen Hynek) e simbolismo hermético. Mesmo o filme “Os Goonies” (1985), que mergulha no imaginário infanto-juvenil de caças a tesouros, trapalhadas e travessuras, está repleto de simbolismos herméticos e alquímicos.

sexta-feira, julho 01, 2016

Nikola Tesla e a paranoia do detetive em "The American Side"


Onde foi parar o caderno de anotações do físico sérvio Nikola Tesla, com segredos capazes de mudar o mundo? Está nas mãos de agências do Governo? Corporações já aplicam seus segredos? Ou esses segredos já são conhecidos por sociedades secretas como o Bohemian Grove? Ao investigar um caso corriqueiro de infidelidade conjugal, um detetive barato tropeça por acaso numa das maiores conspirações do século XX. Esse é o filme “The American Side” (2016) onde nos revela como o personagem do Detetive sofreu profundas alterações desde Sherlock Holmes de Conan Doyle: enquanto Holmes contava com a lógica dedutiva, o detetive atual tem unicamente ao seu lado a intuição, a experiência e paranoia que comprovam que a realidade em muito supera a ficção. Por isso esse traços pós-moderno vão aproximar o Detetive da mitologia gnóstica. Mais um filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

terça-feira, junho 28, 2016

Cinegnose discute no Rio formas do Cinema escapar da caverna de Platão


O cinema é um dispositivo que descende diretamente o Mito da Caverna de Platão. Partilha da construção da irrealidade do mundo, mas também pode ser uma porta da saída dessa caverna por meio da criação do “acontecimento comunicacional” que induza a estados iluminados ou alterados de consciência. E que, por fim, favoreça a “gnose”. Essa foi a conclusão final da jornada que esse humilde blogueiro participou ministrando palestra e workshop no Rio de Janeiro nessa última sexta e sábado. Realizados na Casa da Ciência da UFRJ e na livraria Estação das Letras, e organizados pelo Coletivo Transaberes, tive a oportunidade de apresentar um amplo painel dos diversos renascimentos do Gnosticismo nas ciências, artes e literatura, até o momento atual do Gnosticismo Pop hollywoodiano. É mais uma forma de aumentar o véu da ilusão, mas também abre fissuras por onde podemos escapar.

domingo, junho 26, 2016

A paranoia gnóstica no filme "Luciferous"


O projeto cinematográfico de um casal rodado em seu próprio apartamento em Toronto, Canadá. Junto com sua pequena filha, uma família real atua como uma família ficcional em um suposto "found footage" (vídeo achado como se fosse real) encontrado e anexado como prova das investigações de um crime que aconteceu. Mas essa é uma sinopse simplista (apenas uma versão) do filme Luciferous (2015) onde uma família real é manipulada por alguma força sobrenatural que parece atuar no apartamento, levando a família a uma lenta desintegração. O filme explora temas gnósticos clássicos como a paranoia, memória e a confusão entre ilusão e realidade. O que torna tanto os protagonistas como os espectadores em detetives que tentam compreender as pistas falsas e estranhas metalinguagens ao longo do filme. Assim como no arquétipo contemporâneo do Detetive, a resolução do enigma pode se voltar contra o próprio detetive que tenta achar a verdade. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

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