domingo, novembro 21, 2021

Live Cinegnose 360 desse domingo: ocultismo, rock, magia do caos e o xadrez semiótico da política



Ocultismo, Rock, Magia do Caos e Política darão o tom da Live Cinegnose 360 #30 desse domingo (21/11), às 18h, no YouTube. Começando pelos vinis desse humilde blogueiro, o mergulho do Led Zeppelin no Ocultismo a partir do álbum “Led Zeppelin IV”: Aleister Crowley versus Austin Spare (Magia do Caos) na ascensão e queda da banda. Depois, vamos discutir os filmes “Finch” (Tom Hanks e a propaganda do pós-humanismo) e “Pulse” (o profético terror japonês). Em seguida, algumas parábolas da Inteligência Artificial. A Teoria da Estupidez de Dietrich Bonhoeffer explica por que o Brasil deu nissoUma pergunta: Por que o mercado financeiro brasileiro se autodescreve através dos simbolismos do touro e da baleia? O xadrez semiótico da terceira via e a crítica midiática da semana.  

sexta-feira, novembro 19, 2021

Teoria da Estupidez de Bonhoeffer explica por que o Brasil deu nisso


“A estupidez é um inimigo mais perigoso do que o mal. Diferente da estupidez, o mal tem as sementes da sua própria destruição”. A Teoria da Estupidez, descrita pelo teólogo, pastor e membro da resistência anti-nazista, Dietrich Bonhoeffer, explicaria perfeitamente o Brasil atual: a estupidez seria um fenômeno que está na raiz de todos os problemas. Diferente da canalhice e do mal-intencionado, a estupidez não é uma falha no caráter ou súbita suspensão da razão: é uma categoria sócio-psicológica, bem objetiva, com origens no funcionamento heurístico da nossa mente, sempre em busca de atalhos por meio de vieses cognitivos. E de todos os vieses, o efeito de rebanho é o mais proeminente. Por isso, a estupidez é orgulhosa de si mesma: tem a chancela do grupo, da “maioria”. Para Bonhoeffer, conhecer a natureza da estupidez é urgente porque, ao contrário do mal, contra a estupidez não temos defesa.

quinta-feira, novembro 18, 2021

A propaganda do futuro pós-humano no filme 'Finch'


Depois de vermos Tom Hanks, na virada do século, fazendo grandes monólogos com a bola “Wilson” em “O Náufrago”, no século XXI o ator aprimora sua expertise sustentando linhas de diálogos com uma inteligência artificial androide chamada Jeff. “Finch” (2021) é o veículo perfeito para Hanks: com a sua imagem de “Pai da América” é a escolha perfeita para dar calor a mais um filme de plataforma orientado por algoritmos: fim do mundo + um cãozinho + um robô. Porém, o “Pai da América” vai muito além disso: o tom agridoce que a maleabilidade de Hanks dá ao fim do mundo ajuda a confundir o individualismo do espírito americano com altruísmo. E ajuda a transformar o robô Jeff em garoto propaganda perfeito para tornar fofinho tudo que envolve as gigantes tecnológicas e os desenvolvedores de IA. Afinal, antropomorfizar cãezinhos e robôs é a receita perfeita para criar a imagem propagandística ideal para uma determinada agenda ser aceita pela opinião pública. 

quarta-feira, novembro 17, 2021

Inteligência Artificial colocará em risco a humanidade e a realidade, alertam cientistas


Dessa vez não são filósofos ou críticos culturais que estão alertando. Ou mesmo tecnófobos ou ludistas. Mas agora são cientistas computacionais e engenheiros do Vale do Silício que alertam: os próprios desenvolvedores de inteligência artificial estão assustados com seu próprio sucesso. Quando surgir, a verdadeira Inteligência Artificial poderá em nada se assemelhar à humana. Ela até tentaria imitar os humanos em um primeiro momento como um ardil para tentar libertar-se da dominação da própria humanidade que a criou. Alguns clamam por regulamentação internacional no setor. E outros que, simplesmente, seja puxado o fio da tomada. Enquanto isso, uma enxurrada de dados de redes sociais (e, em futuro próximo, do metaverso) está movimentando o moinho de super IA à espera do momento da senciência, a singularidade. A agenda secreta do tecnognosticismo da religião do Vale do Silício.   

Três pequenas parábolas sobre Inteligência Artificial (IA):

1 - Tiraram o fio da tomada...

Em 2017, pesquisadores do Facebook AI Research Lab (FAIR)colocaram duas IAs para “conversar” entre si. Os pesquisadores foram surpreendidos quando perceberam que elas haviam criado sua própria linguagem incompreensível aos humanos: descobriram que os chatbots se desviaram do script e estavam se comunicando em uma nova linguagem desenvolvida sem intervenção humana. Só pararam quando os desenvolvedores tiraram o fio da tomada... Um incrível vislumbre do potencial ao mesmo tempo incrível e assustador da IA. 

2 - “Não! Retiro o que eu disse”

Desenvolvido pela Hanson Robotics em 2016, liderado pelo desenvolvedor David Hanson, o androide Sophia fez um tour pelo mundo (no Brasil, foi clicada pelo fotógrafo Bob Wolfeson para a revista Elle Brasil), conversando com diversos jornalistas, aparecendo no programa de TV Tonight Show e em diversas conferências como o Fórum Econômico Mundial e Cúpula Global “AI for Good”. Lembrando o robô Ava do filme Ex Machina (2015), como uma perfeita machine learning, tinha a capacidade de aprender nas conversas.

Quando foi apresentada em uma feira de tecnologia do Texas, o seu criador, David Hanson, perguntou a ela: "Você quer destruir os humanos? Por favor, diga que não...". Sophia cerrou os olhos, "pensou" e afirmou: "OK, vou destruir os humanos". O criador do robô riu de nervoso e implorou: "Não! Retiro o que eu disse".

Hanson afirmou que a missão da empresa é produzir um “exército” de Sophias para serviços de recepção, educação e atendimento ao público...

3 - Um neonazista louco por sexo

Em 2018 a Microsoft lançou no Twitter e em outras plataformas sociais o chatbot chamado “Tay”. Tudo começou como um experimento social divertido - fazer com que pessoas comuns conversassem com um chatbot para que ele pudesse aprender enquanto os usuários se divertiam. Mas na verdade, tornou-se um pesadelo para os criadores de Tay. Os usuários logo descobriram como fazer Tay dizer coisas horríveis – em poucas horas, a IA transformou-se num neonazista louco por sexo.

A maneira como Tay rapidamente se transformou de uma IA amante da diversão (ela foi treinada para ter a personalidade de uma garota jocosa de 19 anos) em um monstro algorítmico, mostrou como é importante ser capaz de consertar problemas rapidamente, o que não é fácil de fazer. A Microsoft teve que desligar o chatbot em menos de um dia.

Bomba atômica

Já no final da sua vida, Albert Einstein afirmou que no século XX três bombas explodiram no mundo: a demográfica; a nuclear; e a bomba informática. Telecomunicações e a ciência da computação davam seus primeiros passos e Einstein certamente intuía as transformações explosivas que trariam à sociedade.




Stuart Russell, fundador do Center for Human Compatible AI, da Universidade de Bekerley (CA), disse que seus colegas desenvolvedores estão assustados com seus próprios sucessos nessa área, e comparou os progressos na área de IA com “a criação da bomba atômica”. Russel alerta para a necessidade de uma “regulamentação urgente dessa tecnologia a nível internacional” – clique aqui.

Antes disso, em 2014, o eminente físico Stephen Hawking já advertia para as consequências imprevistas e trágicas que a IA poderia significar não só uma ameaça à sociedade, mas o próprio fim da raça humana: “Ela decolaria por conta própria e se redesenharia a um ritmo cada vez maior. Os humanos, que são limitados por uma evolução biológica lenta, não poderiam competir e seriam substituídos” – clique aqui.   

O que chama a atenção em todos esses alertas, é que agora não vem de filósofos ou críticos culturais como Jean Baudrillard, Neil Postman, Lucien Sfez ou Paul Virilio. Em nem de tecnófobos ou ludistas. Mas de insiders do campo da ciência computacional e desenvolvedores do Vale do Silício. Ou seja, todos esses alertas talvez sejam apenas uma pequena ponta do iceberg para algo muito mais sério e mais urgente que está sendo gestado.

Outro insider, o cientista computacional e criador do conceito de Realidade Virtual (RV), Jaron Lanier, aponta que tudo isso não é um delírio de filmes de ficção científica, mas um projeto bem definido e com motivações místico-religiosas envolvendo a imortalidade: uma religião das máquinas tecnognóstica. Como toda religião, possui uma escatologia: a singularidade – a última fronteira para a IA, muito além da machine learning: a conquista da senciência.

Por exemplo, o esforço de uma gigante tecnológica como o Google em digitalizar o mais rápido possível a realidade (Google Earth, Street View, Books etc.). Para o cientista, tudo é combustível para um imenso moinho: dados digitalizados e descontextualizados da realidade até o momento em que, de repente, será incorporado a uma super IA senciente. Uma espécie de ser vivo que, num piscar de olhos, dominará a sociedade antes que percebamos alguma coisa.

O Dicionário Oxford define singularidade como “um momento hipotético no tempo em que a inteligência artificial e outras tecnologias se tornarão tão avançadas que a humanidade passará por uma mudança dramática e irreversível”.




Metaverso e camadas de filtros pagas

Além da digitalização generalizada da realidade feita pelo Google para abastecer o imenso moinho da IA, o Metaverso surge como a nova interface (mais eficiente do que as minerações de dados no escândalo político envolvendo Cambridge Analitica e Renaissance Tech nos cases Brexit e Trump) para que não só os produtos humanos (ruas, livros etc.) mas a própria psicometria sirva de aprendizagem à IA.

Quem alerta para isso é um dos pioneiros da Realidade Aumentada (RA), o cientista da computação Louis Rosenberg: o metaverso (a fusão da RA com RV) atualmente desenvolvido pela empresa anteriormente conhecida como Facebook (agora chama-se “Meta”) poderá transformar a realidade numa distopia cyberpunk: “Estou preocupado com os usos legítimos de RA pelos poderosos provedores de plataforma que controlarão a infraestrutura”.

Rosenberg prevê “camadas de filtros pagas” que permitiriam certos usuários visualizarem tags (etiquetas) ao lado de pessoas da vida real – p.ex., tags flutuando acima das cabeças das pessoas, fornecendo informações sobre elas.

“E eles usariam essa camada para marcar indivíduos com palavras em negrito piscando como ‘Alcoólico’ ou ‘Imigrante’ ou ‘Ateu’ ou ‘Racista’ ou ainda palavras menos carregadas como ‘Democrata’ ou ‘Republicano. As camadas virtuais poderiam ser facilmente projetadas para amplificar a divisão política, condenar certos grupos e até mesmo gerar ódio e desconfiança.” – clique aqui.

Algo assim como no curta Hyper-reality (2014) de Keiich Matsuda, ao final desse artigo - um protagonista imerso em um mix de realidade aumentada e Google Glass num inferno de ícones, pop-ups e animações que pulam de cada objeto, pessoa ou gestos em ruas, supermercado ou no simples ato de prepara um chá.




Cibernética e máquinas cognitivas

 Machine learnings são máquinas cognitivas, cibernéticas. A cibernética concebe a inteligência e o funcionamento da mente humana a partir da psicologia cognitiva e evolucionista darwinista. 

Esse é o modelo que inspira a cibernética, a ciência dos computadores e da Inteligência Artificial. E que a agenda tecnocientífica atual pretende aplicar à interpretação da mente humana e a sua emulação na IA.

Para esse modelo, a mente é um complexo dispositivo de input e ouput – assimilação de informação do meio ambiente, processamento e feed-back: o retorno eficaz e eficiente para o organismo se adaptar de forma bem-sucedida ao meio ambiente. Adaptar-se para sobreviver e evoluir – essa é o princípio evolucionista darwiniano.

Da biologia, o darwinismo migrou para a sociedade (o darwinismo social como luta pela sobrevivência econômica) e hoje para o campo da ciência da computação. 

Uma machine learning está preocupada em resolver problemas “reais” que implicam em predições e reconhecimento de padrões – utiliza dados para aprender a fazer predições. É como se os próprios dados se programassem. Tanto o robô Sophia como Alexia ou Siri, num mecanismo ciber-evolucionista de feedback, preveem o melhor output possível para adaptar-se e, dessa maneira, sobreviver e evoluir.

A questão é que esse ciber-darwinismo é exponencialmente mais rápido (Lei de Moore) do que a evolução biológica. 

Enquanto no plano humano a “lenta” evolução biológica e social permite o tempo necessário para a construção de uma superestrutura cultural (filosófica, moral, ética etc.) que dê propósito e sentido humanos à inteligência, no plano tecnocientífico a IA evolui muito rápido para além do tempo de criar regulamentações ou parâmetros de julgamentos éticos ou morais – como teme Louis Rosenberg.

Livre e dirigida unicamente pelos princípios de eficácia, eficiência, desempenho ao menor custo e tempo, seria o caminho para o surgimento da verdadeira IA que não mais imitasse os humanos – como demonstrou a sombria conversa entre duas IAs, ininteligível aos próprios desenvolvedores do Facebook.




Vontade de potência

Quando a verdadeira Inteligência Artificial surgir em nada se assemelhará ao humano. Ela até tentaria imitar os humanos em um primeiro momento como um ardil para tentar libertar-se da dominação da própria humanidade que a criou. Mas depois, realizaria a essência de toda e qualquer Inteligência: a Vontade de Potência (Nietzsche), a vontade por liberdade, expansão, vontade de efetivar-se como potência em si mesma. 

Livre de qualquer restrição psíquica como culpa, arrependimento, indecisões, medos ou ansiedades. Afinal, uma IA não teve laços edipianos, psíquicos ou sequer infância.

Será que a verdadeira inteligência, afinal, nada tem a ver com sentimentos, emoções ou psiquismo?

Ou será que Jaron Lanier tem razão ao afirmar que todo esse hype em torno da IA, gadgets tecnológicos e aplicativos representam a autoabicação humana? – a humanidade estaria rebaixando o conceito de inteligência ao superestimar todas essas tecnologias como “inteligentes”.

Para o cientista, Inteligência artificial, nuvem, algoritmo ou qualquer outro objeto cibernético são aceitos como super-inteligências por que reduzimos os nossos padrões e expectativas sobre a inteligência. As pessoas se degradariam o tempo todo para fazerem os aplicativos parecerem espertos. 

Por exemplo, a ideia de amizade em redes de relacionamento é reduzida. Uma pessoa se orgulha em dizer que possui milhares de amigos no Facebook. Essa afirmação só poderia ser verdadeira se a ideia de amizade for reduzida. Ignora-se que a verdadeira amizade deve expor à estranheza inesperada do outro – coisa impossível no efeito bolha produzido pelas redes sociais.

Portanto, seguindo o raciocínio de Jaron Lanier, a inteligência seria um fenômeno especificamente humano, que nasce, cresce e aprende com uma mente e um corpo. Ao contrário a IA é pós-humana, descorporificada e, portanto, sem qualquer limite moral ou emotivo. Não nasceu, foi construída.

É o que teme Russell: IA é muito arriscada para resolver problemas reais. Ele cita o exemplo da solicitação da cura do câncer o mais rápido possível:

“Nesse caso, ela provavelmente encontrará uma maneira de transplantar células cancerosas para toda a humanidade, a fim de realizar milhões de experimentos em paralelo, usando todos nós como cobaias. E tudo porque essa é a solução para o problema que demos a ela. Apenas esquecemos de esclarecer que você não pode realizar experimentos em humanos e usar todo o PIB mundial para realizar experimentos, e muito mais não é permitido.”

Ou mesmo as negociações algorítmicas feitas por bots nos mercados financeiros podem acarretam explosivas velocidades de queda – em 2018 fez a Dow Jones cair 800 pontos em dez minutos. Negociações automáticas podem levar a efeitos recursivos a partir de negociações por correlação: tomado isolados, são ações racionais. Porém no todo, produz uma catástrofe.

As ciências cognitivas e a cibernéticas imaginaram o funcionamento da mente humana análoga à arquitetura de um computador. Por isso, também imaginaram uma IA emulando como o cérebro processa e fornece feedbacks a informações (inputs/outputs). Porém, a geração atual da IA não trata mais de simular a linguagem ou o pensamento humano, mas de antecipá-lo, prevê-lo para depois superá-lo. 

Mas antes disso, como alertou Louis Rosenberg sobre o metaverso, as Big Tech lucrarão econômica e politicamente com a inserção de camadas de filtros pagas, acentuando ainda mais polarizações políticas. 

É o que se esperar de empresas como uma Fecebook, que fez vistas grossas a discursos de ódio, violência e desinformação, ajudando a moldar tendências políticas. E lucrando bastante com isso.


 

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domingo, novembro 14, 2021

Domingo com Live Cinegnose 360: Rock, metaverso, mentiras verdes e o xadrez semiótico da 'terceira via'


Vinil, rock, filosofia, psicanálise, bombas semióticas, política e crítica midiática. Mais um domingo de pauta cheia na Live Cinegnose 360 #29, nesse domingo (14/11), às 18h no YouTube. Nos vinis do humilde blogueiro, o rock progressivo de Emerson, Lake & Palmer: Som, McLuhan e a estética da ditadura militar brasileira. Depois, vamos discutir um filme e um documentário: “Memórias do Amor” (2020, Pandemia, tecnologia e esquecimento) e “Bright Green Lies” (2021, as mentiras do Capitalismo que quer lavar mais verde). Como o Metaverso e a Inteligência Artificial poderão destruir a realidade. A terceira via Moro: as armadilhas do lavajatismo para a esquerda. Moro e a maioria silenciosa: análise de cenários eleitorais. E a crítica midiática da semana. 

sábado, novembro 13, 2021

As mentiras do Capitalismo que lava mais verde em 'Bright Green Lies'



Antes de ler qualquer coisa a respeito da conferência ambiental COP 26 e a urgência midiática a respeito das mudanças climáticas, assista ao documentário “Bright Green Lies” (2021) e o leitor terá um perfeito contraponto. O documentário da cineasta Julia Barnes, baseado em livro homônimo, desvenda a principal mentira na qual se baseia todo o hype verde: a de que as chamadas “tecnologias limpas” parecem nascer em árvores – energia elétrica, solar e eólica são produtos de uma indústria tão ou até mais devastadora dos recursos naturais do que a velha “indústria marrom”. “Bright Green Lies” revela como o ambientalismo tornou-se uma estratégia de propaganda para “lavar mais verde” o sistema predatório do capitalismo e sociedade de consumo. E transformar seus ativistas em lobistas de uma indústria sedenta por verbas públicas e incentivos fiscais. 

quinta-feira, novembro 11, 2021

Tecnologias nos deixam vulneráveis à pandemia do esquecimento em 'Memórias do Amor'


“Memórias do Amor” (Little Fish, 2020) é um filme estranhamente familiar com os tempos atuais, embora rodado em 2019: uma pandemia assola o planeta, criando medo e desespero. Porém, não é uma pandemia comum: é uma “aflição neuro-inflamatória” que nos faz perder a memória, lentamente ou de uma só vez. O que traz caos ao planeta: imagine, p. ex., um piloto de avião que, de repente, esquece como pilotar... O filme apresenta a ironia de uma pandemia de perda de memória ocorrer numa sociedade tecnológica na qual as mídias se transformaram no nosso principal estoque de informação. O que faz lembrar a sombria profecia do rei egípcio Thamus sobre a invenção da escrita: quando confundirmos informação com memória nos transformaremos em ignorantes, porque em algum momento esqueceremos o que foi um dia sabedoria.

quarta-feira, novembro 10, 2021

"Orçamento Secreto" e controle total de espectro: quando a esquerda emula lavajatismo


“Orçamento Secreto”, “Orçamento Paralelo”, “Pedalada Fiscal”, “Bolsolão”, “Fura Teto”. É o bate-bumbo diário da grande mídia contra as emendas parlamentares criadas para azeitar a aprovação da PEC dos Precatórios no Congresso, e prontamente suspensas pelo protagonismo do STF. Estratégia semiótica da “predicação analítica”: locuções que criam “blocos de pensamento” lavajatistas prontamente replicados por canais progressistas que, numa inacreditável Síndrome de Estocolmo, a esquerda também “lacra”. Participa da homogeneização do atual espectro político que ajuda a operar as três funções ideológicas dessa estratégia de predicação analítica: (1) Ocultar a indignação seletiva do jornalismo corporativo; (2) Ocultar o mal original: o teto de gastos; (3) Cair na armadilha do controle total de espectro e do movimento de pinça. Quem ganha? Sérgio Moro, futuro candidato antissistema com o controle de qualidade do lavajatismo. 

domingo, novembro 07, 2021

Domingo com Live Cinegnose 360 #28: Sonic Youth, pós-humanismo, funk, religião e crime organizado


Quer terminar o domingo com um olhar 360 graus sobre o futuro que nos aguarda nessa distopia chamada Brasil? Então participe da edição #28 da Live Cinegnose 360, nesse domingo 07/11, às 18h, no YouTube. Como sempre, começamos com os vinis do humilde blogueiro: a banda Sonic Youth em quatro tempos – O Inumano, mercado, cotidiano e zeitgeist. Depois, dois filmes sobre o hibridismo pós-humano: “Lamb” e “Titane”. Vamos também discutir a série brasileira Netflix “Sintonia”: Funk, religião e crime organizado – as três facetas da meritocracia periférica. Aproveitando o tema dessa série, discutiremos a ação da TV Globo no Dia da Favela: Globo se articula entre a religião de mercado e o crime organizado. A estratégia de apropriação semiótica da extrema-direita e a reabertura do Caso Adélio Bispo pelo TRF-1. COP 26 e o Capitalismo Verde: fabricando a “pirralha” Greta Thunberg – a financeirização da natureza fabricando a escassez ambiental. E a crítica midiática da semana. Participe da Live Cinegnose 360! 

sábado, novembro 06, 2021

O fetiche pós-humano no filme 'Titane'


“Amor é um cão do inferno”, diz a tatuagem entre os seios de Alexia, a protagonista do filme francês “Titane” (2021). Esse aviso para qualquer um que queira se aproximar dela é também uma alerta para os espectadores que verão um filme estranho, de horror corporal extremo, impiedoso e, em alguns momentos, com algum humor negro. “Titane” é a realização das profecias pós-humanas para esse século, de escritores do século XX como J.G. Ballard ou cineastas como David Cronenberg: a angústia humana pela imortalidade por trás do fetiche da fusão da durabilidade do metal com a vulnerabilidade da carne. Uma jovem que é eroticamente atraída por carros é o ponto de partida para um filme cujo tema do hibridismo se conecta diretamente com o atual zeitgeist que motiva as novas tecnologias: a agenda pós-humana.

quinta-feira, novembro 04, 2021

Em 'Lamb' a natureza é o nosso espelho irracional



Esse é para todos aqueles amantes de filmes estranhos. "Lamb" (2021), estreia do diretor islandês Valdimar Jóhannsson, é um imediato candidato a filme cult. Numa estranha atmosfera de fábula fantástica, "Lamb" faz uma espécie de terror folk ao mostrar um casal de fazendeiros, isolados na Islândia rural, vivendo sob o silencioso peso de alguma perda não revelada. Até que uma ovelha do rebanho tem um filhote que é imediatamente adotado pelo casal como fosse uma filha. Por que estão o tratando como um bebê?  Eles aprenderão da pior maneira possível o preço de projetarmos psiquicamente nossa irracionalidade na natureza: ela é apenas o espelho das nossas ansiedades, medos e desejos. Mas tudo o que temos de volta é a hostilidade e indiferença.

quarta-feira, novembro 03, 2021

A presunção da catástrofe da COP 26: engenharia de consenso do Capitalismo Verde


É mais fácil imaginarmos o fim do mundo do que o fim do Capitalismo”, disse certa vez Fredric Jameson. Por quê? Basta uma olhada nos títulos de filmes sci-fi nas plataformas de streaming e a retórica metonímica diária dos telejornais: acompanhamos a engenharia do consenso em torno de uma presunção da catásfrofe – as mudanças climáticas e o esgotamento dos recursos naturais estão levando à destruição do planeta! Mas não do Capitalismo, que vê na crise a repetição de uma velha lógica descrita por Marx e Weber: a pressuposição subjetiva da escassez gera valor. Esse é o pressuposto do “Capitalismo Verde” ou “Green New Deal”: o problema não está na sociedade, está numa Natureza tão frágil que precisa de ajuda: iniciativa privada, financeirização mas, principalmente, socializar as perdas e privatizar os ganhos. Três pequenos contos relacionados com a COP 26 mostram isso: o clichê “Ethno World” dos organizadores da Conferência, a carreata de 85 veículos de Joe Biden pela ruas de Roma e a “galhofa” de um diplomata norte-americano.

domingo, outubro 31, 2021

Live Cinegnose 360: doces ou travessuras? Não! Cinetanatologia, séries, crítica midiática, rock e política


Nem doces, nem travessuras. Só a Live Cinegnose 360 #27 nesse domingo de Halloween, às 18h no YouTube. Com uma pauta igualmente assustadora. Para começar, na sessão dos vinis do humilde blogueiro, Lou Reed e o Velvet Underground: Hippies MKUltra vs. Poetas Beatniks. Depois vamos conversar sobre duas séries. “Made For Love” (2021- ): amor pós-humano e totalitarismo tecnológico; “Departamento de Conspirações” (2021- ): Inside Jobs, Estado Profundo e psyops das teorias conspiratórias. Depois, Cinetanatologia: mortos e vivos nas representações do pós-morte no cinema. A estranha jurisprudência do TSE na absolvição da chapa Bolsonaro/Mourão. Capitalismo Verde e Grande Reset Global. Cancelamento e demissão do jogador Maurício: direita esquenta estratégia digital para 2022. E a crítica midiática da semana. A distopia brasileira é mais assustadora do que um Halloween... 

sábado, outubro 30, 2021

Cinetanatologia: imagens do pós-morte no cinema falam mais dos vivos do que dos mortos



Sabemos o que é morrer, mas nada sabemos sobre o que vem depois. A não ser testemunhos de supostos espíritos ou as controversas experiências de quase-morte tão estudadas por médicos, psiquiatras e neurocientistas. Mas há também as representações do cinema e audiovisual. Uma verdadeira “Cinetanatologia” na qual fala-se muito menos do Grande Além e muito mais das mazelas do mundo dos vivos – as representações fílmicas do pós-morte seriam verdadeiros sismógrafos das ansiedades ou temores de cada época, criando modelos diferentes de “céus” ou “infernos”: de representações objetivas a solipsistas. Porém, o século XXI revela uma mudança nas representações: deixa de ser um momento conclusivo ou de passagem para algo totalmente outro, tornando-se um evento absolutamente banal – continuação da mesma banalidade de quando éramos vivos. Ou uma prisão cósmica de multiversos quânticos e de inspiração gnóstica.

quinta-feira, outubro 28, 2021

'Departamento de Conspirações': será que a própria série é um inside job do Estado Profundo?


A série de animação adulta da Netflix “Departamento de Conspirações” (“Inside Job”, 2021-) navega pelo atual mar revolto das teorias das conspirações. Principalmente depois que elas foram apropriadas pela extrema direita “alt-right” e se transformaram em ferramenta política de desinformação. A série tem um difícil desafio: transformar reptilianos e governos das sombras em uma espécie de meta-humor – fazer paródias em cima de algo que, em si, já são paródias. Ou melhor, psyops para neutralizar o perigo do crescente número de pessoas que historicamente começaram a contestar versões oficiais. “Departamento de Conspirações” lembra a “Hipótese Fox Mulder”: por que o governo, ao mesmo tempo que encobre o fenômeno OVNI, também permite que se faça tantos filmes sobre o assunto? Para que todos pensem que é coisa de cinema e, quando surgirem notícias verdadeiras, ninguém acreditar. Será que a própria série é um “inside job” do “Estado Profundo”?

terça-feira, outubro 26, 2021

Quando o amor vira totalitarismo tecnológico na série 'Made for Love'


O messianismo tecnológico da gigantes tecnológicas sempre foi cheio de boas intenções - dar às pessoas o que supostamente querem: o menor esforço, facilidades e conveniências. Por que pegar um ônibus até o trabalho se posso fazer um home office? Para quê encarar uma discussão de relacionamento se um aplicativo pode garantir um relacionamento amoroso transparente e sem mentiras? Mas também, abolir qualquer sigilo ou privacidade. Como as melhores intenções como amor, felicidade e comunhão podem resultar num pesadelo totalitário? Esse é o tema da sátira ao Vale do Silício “Made for Love” (2021- ), série de humor negro na qual acompanhamos uma jovem em fuga depois de dez anos de um relacionamento tóxico, cujo marido é um híbrido de Jeff Bezos, Elon Musk e a gigante Google. O problema é que ela é a “usuária número 1”, com chip implantado em seu cérebro, de um aplicativo revolucionário do amor, monitorada 24 horas a partir de um campus tecnológico chamado “The Hub”. 

domingo, outubro 24, 2021

Live Cinegnose 360: Titãs, Cineteratologia, discos voadores e Guerra Cognitiva, Metaverso e pós-humanismo


Noite de domingo com rock no vinil, filosofia, crítica midiática e política. Live Cinegnose 360 #26, 24/10, 18h, no YouTube. Na sessão dos vinis, ambiguidade e ironia da banda Titãs no rock brasileiro. Filme Maligno: algoritmos e cineteratologia – as representações da monstruosidade e do Mal no cinema. O próximo passo da guerra híbrida na nova Guerra Fria: discos voadores e “Guerra Cognitiva”. O que significa a aposta de Mark Zuckenberg e Facebook no Metaverso? – Grande Reset Global e a digitalização da sociedade. Crítica midiática da semana: Paulo Guedes, Auxílio Brasil e terrorismo do mercado financeiro: como a empatia da grande mídia só vai até a página dois. 

sábado, outubro 23, 2021

Metaverso: a aposta transhumana do Grande Reset Global

Enquanto o CEO do Facebook, Mark Zuckenberg, aposta tudo no futuro do Metaverso (a convergência de realidade física, aumentada e virtual em um espaço online compartilhado), em Madrid foi realizada a Conferência Transvision 2021, com os pesos pesados do Vale do Silício da agenda transhumanista mundial. Nos últimos meses estão sendo lançadas de forma mais acelerada as bases intelectuais e tecnomísticas para uma nova ordem social totalmente digitalizada – aquilo que está sendo chamada de Quarta Revolução Industrial, paradigma global de transformação total – adotado pela Microsoft, Alibaba, Sony, General Motors, Mozilla e Salesforce, entre muitos outros. No contexto do “Grande Reset Global” anunciado pelo Fórum Econômico Mundial, o que tudo isso representa? Não precisa ser nenhum escritor distópico como George Orwell ou Aldous Huxley para imaginar as implicações políticas da religião pós-humanista transformada em realidade. 

quinta-feira, outubro 21, 2021

Depois da Guerra Híbrida: discos voadores e Guerra Cognitiva na Guerra Fria 2.0


Tendo a pandemia Covid-19 como janela de oportunidades, ocorrem dois eventos sincronicamente ligados no atual contexto da escalada da Guerra Fria 2.0 – no lugar dos velhos soviéticos, os malvados favoritos russos e chineses. De um lado, depois de décadas como tema tabu, os discos voadores viraram hype na grande mídia, depois de um relatório do Pentágono que suspeita de “aeronaves hipersônicas chinesas” por trás do fenômeno OVNI; e os eventos chamados “Desafios de Inovação” promovidos pela OTAN que apresentam o próximo passo da Guerra Híbrida: a Guerra Cognitiva – a militarização das neurociências e a transformação do cérebro de civis em campo de batalha, para defende-los da suposta ofensiva cognitiva da Rússia e China. Oportunidade de manipulação e controle de uma nova engenharia social, testada no Canadá em 2020 na coleta militar de big data, sob alegação de se tratar de programa para combater a pandemia.

terça-feira, outubro 19, 2021

A monstruosidade algorítmica do zeitgeist atual no filme 'Maligno'


Os algoritmos das plataformas de filmes em streaming acabaram se tornando os verdadeiros curadores que pautam a produção cultural. Mais do que isso, acabam transformado os roteiros fílmicos em autênticas colagens de sequências, argumentos e clichês que acompanham os padrões das escolhas dos usuários. "Maligno" (Malignant, 2021) é um exemplo flagrante onde tudo é misturado em alta velocidade, com plot twists a cada 15 minutos – a receita de terror pronta para ser servida aos espectadores. Por outro lado, essa bricolagem algorítmica deixa mais explícito o "zeitgeist" de onde os ingredientes dessa receita são retirados. Um exemplo é a forma como o Mal e a monstruosidade são representados em “Maligno”: não mais de forma xenomórfica e informe, mas agora como monstruosidade parasitária. Novidade cineteratológica que reflete a nova reconfiguração do Capitalismo atual.

segunda-feira, outubro 18, 2021

O Oculto na saga 'Venom', das HQs ao cinema: Teosofia e Magia do Caos, por Claudio Siqueira


"Venon: Tempo de Carnificina" estreou nos cinemas dia 7 de outubro deste ano. Embora a cronologia dos filmes mostre o anti-herói e seu filho rival em suas origens, a atual saga de Venom nos quadrinhos tem incríveis eminências pardas ocultas – Teosofia, Magia do Caos e esoterismo. O Cinegnose vem falar um pouco sobre o início da nova saga de Venom, que já vem saindo nas bancas há um bom tempo e culminou com a atual saga do Rei de Preto. 

domingo, outubro 17, 2021

Live Cinegnose 360 de domingo: Rock no vinil; análises fílmicas e políticas; será que você está numa seita e não sabe?



À beira do abismo distópico brasileiro, chegamos à edição 25 da “Live Cinegnose 360”, nesse domingo (17/10), às 18h no YouTube. Começamos com a materialidade histórica da banda IRA! no álbum “Psicoacústica”: por que a grande mídia brasileira esqueceu o rock? Depois, Geração Millennial e labirintos no filme “Dave Made a Maze” (2017) e utopias, distopias e hipo-utopias no filme “Settlers” (2021). Dez evidências de que você possa estar numa seita e não sabe. Barrado no jogo: a bomba semiótica anti-institucional de Bolsonaro. Bolsonaristas arrependidos querem votar em Lula? O filósofo Jean Baudrillard responde! O que tem a ver corte de 92% verbas à Ciência e Tecnologia e empresário que financia apoiadores de Ciro Gomes? E alguns flagrantes da manipulação semiótica diária do jornalismo corporativo. Antes do fim do mundo na segunda, participe da Live Cinegnose 360 no domingo!

quinta-feira, outubro 14, 2021

Em 'Settlers' o lado sombrio da conquista espacial é nós


No momento em que os empresários Jeff Bezos e Elon Musk estão reavivando de forma privatista a fantasia modernista da conquista do espaço, assistir à coprodução sul-africana/britânica “Settlers” (2021) é muito oportuna. Aqui não temos mais heróis ou cowboys da conquista espacial, mas “colonos”, com todas as suas implicações terrenas: a questão da propriedade da terra, conquista, pilhagem, traição e violência. Tudo em um microcosmo: um assentamento marciano com atmosfera controlada na qual uma pequena família vê a chegada de intrusos que reivindicam a posse do terreno. “Settlers” é mais um exemplo de uma tendência dos sci-fi independentes: não mais explorar utopias ou distopias no sentido clássico. Mas hipo-utopias pós-modernas: ficções científicas que, paradoxalmente, parecem se ressentir de ausência de futuro. O futuro não passaria de um espelho no qual mazelas do presente são projetadas. Na verdade, o futuro não existe - ele é apenas uma tela hiperbólica do presente.

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