domingo, fevereiro 07, 2016

Adeus à carne: uma história gnóstica do Carnaval, por Claudio Siqueira


Chegamos a mais um carnaval, a famigerada “Festa da Carne”, embora a etimologia não seja bem essa. Sagrado para os foliões e profano para os carolas, as origens de tal festa possuem  raízes gnósticas como não poderia deixar de ser. Se “a voz do povo é a voz de Deus”, no Carnaval não poderia ser diferente; ainda que esse deus fosse Dionísio. Embora pouco conhecido pela metafísica do inconsciente coletivo nacional, o maior ritual hedonista brasileiro tem muito a ver com essa antiga divindade grega, que em Roma atendia por Baco. Duvida? Basta reparar no gordo Rei Momo que preside essa folia. Sim, senhoras e senhores! Os arquétipos sempre se repaginam, e o maior ébrio do Olimpo não ia ficar de fora da Saturnália dos trópicos. O "Cinegnose" disseca a história do carnaval, sem se esquecer da Sétima Arte, que o retratou com maestria.

sábado, fevereiro 06, 2016

Platão se encontra com Tarantino no documentário "The Wolfpack"


O leitor deve lembrar da alegoria da Caverna de Platão, diálogo filosófico sobre a condição humana prisioneira de imagens simulacros do mundo real. Na inacreditável história contada pelo documentário “The Wolfpack” (2015, disponível no Netflix) de Crystal Moselle, essa alegoria deixa de ser uma tese filosófica para se tornar real: o que aconteceria se o homem conseguisse sair da caverna de Platão e olhasse a realidade? Sete irmãos cresceram presos pelos seus pais em um apartamento em Nova York. Sem sair às ruas tinham o cinema hollywoodiano (e principalmente filmes do Tarantino, seus favoritos) como o único contato com o mundo exterior e passavam os dias reencenando sequências dos filmes – montavam cenografias e fantasias com papelão de caixas de cereais. O apartamento tornou-se uma caverna midiática e quando finalmente se libertaram, conseguiram ver a realidade apenas a partir das referencias cinematográficas.

Na antiguidade o filósofo Platão acreditava que se o homem conseguisse sair da caverna de onde era prisioneiro, a luz do mundo lá fora e do fogo que projetava os simulacros na parede seria tão intensa que iria ferir os olhos, e ele não poderia ver bem.

Muitos pensadores falam que a caverna de Platão atual é a midiática e que, mesmo se conseguíssemos tentar ver o mundo real desligando todos os equipamentos elétricos e eletrônicos, ainda assim veríamos as coisas a partir das referencias do mundo das imagens que persistem em nossas mentes.

quinta-feira, fevereiro 04, 2016

Curta da Semana: "O Sanduíche" - e no final do abismo tinha um sanduíche


Brilhante jogo de “narrativa em abismo” (um filme dentro de outro filme e dentro de outro filme e assim por diante), o curta “O Sanduíche” (2000) do brasileiro Jorge Furtado quer trazer o espectador dos simulacros da tela para a realidade de um set cinematográfico – o que um espectador acostumado a ver os filmes prontos na sala do cinema acharia de ver ao vivo o filme sendo produzido no próprio set de filmagem? É o que Furtado propõe: cair em um abismo narrativo até encontrar no final um prosaico sanduíche. Curta sugerido pelo leitor Rafael Mori.

Jorge Furtado é sem dúvida o cineasta brasileiro que mais profundamente explorou a linguagem do formato curta-metragem. Ilha da Flores (1989) é o curta mais lembrado do cineasta e o mais visto na história do cinema brasileiro – considerado pela crítica europeia um dos 100 curtas mais importantes do século passado.

segunda-feira, fevereiro 01, 2016

Três evidências de que o zika vírus é uma "Operação Pandemia" midiática


Fica cada vez mais evidente que a grande mídia possui uma pauta pré-estabelecida e que ciclicamente ela é “enriquecida” com a, por assim dizer, "Pandemia da Temporada": SARS, Gripe Aviária, Gripe Suína, Ebola... e agora a pandemia Zika. Com o terrível surto de casos de nascimentos de bebês com microcefalia. Apesar de estudos científicos contrários, a mídia e Governo se apressam em estabelecer ligação inequívoca entre o zika e os casos de má formação. Evidências contrárias são imediatamente rotuladas como “teorias conspiratórias” diante da inquestionável “emergência sanitária internacional”. A Crise Zika seria mais uma “Operação Pandemia” midiática?  O objetivo dessa suposta operação seria esconder da opinião pública três outros fatos envolvidos na Crise Zika: o uso intensivo de pesticidas, a vacina TdaP e mosquitos geneticamente modificados.

Desde que o ano iniciou, o jornalismo da grande mídia brasileira parece engessado em uma pauta recorrente de cabo a rabo da sua programação diária: no Brasil, Operação Lava-Jato, corrupção e crise econômica; no Exterior, a catástrofe econômica da Venezuela (que substitui a da Argentina, agora supostamente rediviva após a vitória de Macri), o combate anti-terrorismo e a crise dos refugiados na Europa – o que para a pauta “investigativa” dos correspondentes no velho continente, sempre apressados em buscar “conexões”, terroristas e refugiados quase sempre são a mesma coisa.

sábado, janeiro 30, 2016

No filme "O Novíssimo Testamento" Deus não morreu - apenas se tornou inútil


Deus existe, e ele está em algum lugar em Bruxelas. Arrogante e grosseiro, passa os dias digitando em um computador ultrapassado regras para tornar a vida de todos um inferno. Mas o que ninguém sabe é que Ele tem uma filha que está decidida a ser mais bem sucedida do que seu irmão, Jesus – libertar a humanidade do jugo de um Demiurgo através do Novíssimo Testamento. Esse é o filme “O Novíssimo Testamento” (Le Tout Nouveau Testament, 2015) do belga Jaco van Dormael, uma comédia de humor negro blasfema, herética mas, principalmente, gnóstica: se soubéssemos o momento exato da nossa morte, paradoxalmente viveríamos melhor a vida que nos resta, sem o medo do caos e do aleatório que impedem o nosso livre-arbítrio. Para Van Domael, Deus não morreria, mas se tornaria inútil.

O que faria o leitor se soubesse o dia, a hora e o minuto exato da sua morte? Continuaria levando a vida normalmente cumprindo seus deveres e reponsabilidades à espera do fim? Ou mandaria tudo às favas e realizaria tudo aquilo que seus deveres e responsabilidades não deixavam?

Mas quem enviou essa informação tão precisa e perturbadora? Uma pessoa que teve acesso ao computador de Deus, roubou as informações e, por vingança, as enviou para todos os celulares do planeta via mensagem SMS.

sexta-feira, janeiro 29, 2016

Cidade de Santos vive no caos semiótico


Descer a serra para a Baixada Santista (litoral de São Paulo) é uma curiosa experiência. Sair da cidade de São Paulo, onde a Lei Cidade Limpa erradicou a poluição visual de outdoors e fachada comerciais, e entrar na cidade de Santos é uma experiência impactante: o acúmulos de totens, outdoors, imensas placas de fachadas, displays etc. Mas há algo de intrigante na cidade: não é apenas a poluição visual por acúmulo e adição. Há um estranho fenômeno que poderíamos chamar de “caos semiótico” – pet shop que se confunde com buffet infantil, igreja evangélica que parece um depósito de galões de água mineral, uma casa de colchões que lembra a fachada de uma casa noturna e escola que emula parque temático. É a semiótica mimética por imitação, pastiche, estilização e contaminações visuais.

Esse humilde blogueiro costuma passar as férias escolares na cidade natal de Santos/SP. Sair de São Paulo, descer a serra e chegar na cidade do litoral é uma experiência curiosa: na estrada já começamos a nos deparar com outdoors, mídia publicitária que foi banida da cidade de São Paulo com a Lei Cidade Limpa.

domingo, janeiro 24, 2016

Wall Street autoconsciente e cínica no filme "A Grande Aposta"


Desde os anos 1980 fundos de investimento de Wall Street investem em Hollywood nos chamados estúdios independentes. Ironicamente, os mesmos estúdios que inventaram o subgênero “cinema da crise” que desde o crash da bolha especulativa imobiliária de 2008 denunciam as “fraudes” e “mentiras” de Wall Street em diversos documentários e dramas ficcionais. O filme “A Grande Aposta”, indicado ao Oscar desse ano, é mais uma dessas produções supostamente críticas, mas ironicamente financiadas pelo próprio sistema que denuncia. Wall Street é autoconsciente e cínica ao financiar filmes como “A Grande Aposta”? Será que  toda “ganância é boa” ao ponto do sistema financeiro lucrar com a própria denúncia de si mesmo?

As ondas da crise financeira global de 2008 continuam se espalhando não só nas tendências econômicas, mas também no universo cinematográfico. Foi capaz de criar uma espécie de subgênero que poderíamos denominar como “cinema da crise”: Capitalismo - Uma História de Amor (2009), A Ascensão do Dinheiro (2009), O Último Dia do Lehman Brothers (2009), Trabalho Interno (2010), Margin Call: O Dia Antes do Fim (2011), O Lobo de Wall Street (2013), para ficar nos mais conhecidos.

Sejam documentários ou narrativas ficcionais, esses filmes têm em comum o esforço em tentar explicar aos leigos a terminologia hermética dos sistemas financeiros como subprimes, swaps, agências de classificação de risco, CDO sintética, CDO composta, obrigações hipotecárias, tranches etc.

sexta-feira, janeiro 22, 2016

Curta da Semana: "Don't Hug Me, I'M Scared" - o mundo é o inferno das boas intenções


Fenômeno viral na Internet, a série de curtas “Don’t Hug Me, I’M Scared” (2011-2015) de um coletivo de artistas ingleses misturam fantoches, animações 3D e artistas fantasiados de animais, num assustador mix de Vila Sésamo e Backyardigans com o último pesadelo de David Lynch. Para mostrar às crianças que o mundo é um inferno de boas intenções. Os curtas começam com a linguagem dos tradicionais vídeos educativos cheios de boas intenções e saudáveis lições de moral: os temas são abstratos e existenciais (Tempo, Amor, Criatividade) e práticos (comida saudável e computadores). Mas as boas intenções se convertem em momentos sangrentos e de surreal humor negro, mostrando às crianças uma lição sobre o mundo dos adultos as espera: boas intenções amigáveis e altruístas se transforam em infernos autoritários. Curta sugerido pelo nosso leitor Francisco Narde.

Os vídeos educativos atuais fazem um trabalho razoável de ensinar a crianças e jovens habilidades básicas como matemática, linguagem e outros diversos conteúdos escolares. Mas ainda não conseguem tratar de certos temas que, apesar de intangíveis, farão parte do cotidiano no futuro: medos existenciais, a religião, o tempo, a morte, a disciplina e a obediência.

quinta-feira, janeiro 21, 2016

Faça parte do Clube de Assinantes "Projeto Cinegnose 360 Graus"



            Fazer parte do Clube de Assinantes do Projeto Cinegnose 360 Graus ajudará não só a manter o blog como também o assinante ganhará acesso a conteúdos exclusivos como livros, revistas e camisetas. Como esse humilde blogueiro explica no vídeo abaixo:

segunda-feira, janeiro 18, 2016

"Cinegnose" passou para o Top 100 do Prêmio Top Blog. Continue votando!


Depois de sete meses de votações dos internautas saiu o resultado da primeira fase do Prêmio Top Blog 2015: o "Cinema Secreto: Cinegnose" está no Top 100 da categoria Arte e Cultura. Agora, entra na segunda fase de votações dos internautas e avaliações de um júri técnico.

O “Cinegnose” agradece aos internautas leitores e seguidores os votos que levaram esse blog ao segundo turno.

Vamos tentar repetir a performance de 2012 quando o “Cinegnose” chegou à final da categoria entre os três finalistas – o Top 3. Naquela oportunidade o blog ficou em segundo lugar. Quem sabe dessa vez levamos o prêmio!

Por isso nesse segundo turno contamos novamente com o voto dos nossos amigos leitores e os novos seguidores que estão chegado agora no “Cinegnose”.

Vote clicando no selo abaixo.

O Top Blog é um projeto de incentivo cultural baseado em informação democrática e colaborativa. Desde 2008, premiou, mediante votação popular e técnica, os melhores blogs nacionais de acordo com seus temas e abordagens. Em 2015, após ser adquirido por um grupo de investidores com experiência no mundo digital, retorna sob nova gestão, mantendo sua essência original, porém adequado a um novo cenário de produção e consumo de conteúdo na internet.

domingo, janeiro 17, 2016

Por que "O Regresso" é o favorito ao Oscar?


Com doze indicações para o Oscar 2016 com o filme “O Regresso”, mais uma vez o diretor Alejandro Iñarritu está no centro das atenções: se no ano passado com o premiado “Birdman” homenageou o verniz artístico de Hollywood (a Broadway), agora é a vez do diretor fazer um tributo aos elementos mais caros da propaganda da política externa dos EUA: o sobrevivencialismo como nova tradução do individualismo e o temor das investidas dos inimigos interno (o traidor) e externo (malditos franceses!). Mas em “O Regresso” esses elementos foram imersos em camadas de simbolismos místicos, xamânicos e religiosos que transformaram DiCaprio em um santo medieval atormentado por visões. Iñarritu prova ser um “insider” – parece saber como ninguém atingir os corações da Academia de Cinema.

Tudo é primal em O Regresso: a selvageria do homem contra o homem, o persistente desejo de vingança, a força letal de um urso, as forças brutais da natureza em uma terra que parece que foi esquecida por Deus. Ou será que o homem foi esquecido por Deus?

quinta-feira, janeiro 14, 2016

Amor, narcisismo e solidão no filme "The Lobster"


Em um futuro próximo será proibido optar pela vida solteira. Aqueles que não acharem a “alma gêmea” deverão ser confinados em um resort para acharem uma companheira em um curto prazo – caso contrário, serão devolvidos à Natureza e transformados literalmente em um animal à sua escolha. Depois de “Dente Canino” (2009) e “Alps” (2012) o diretor grego Yorgos Lanthimos mergulha mais uma vez em sistemas autoritários onde amor e sentimentos são a isca para a cooptação. “The Lobster” (2015) mostra como no mundo atual, seja para solteiros ou casados, o amor transforma-se em narcisismo e solidão para alimentar formas de controle social e identidade. O drama de Édipo como forma de controle social.

É comum nos filmes distópicos ou pós-apocalípticos o amor entre personagens surgir como forma de resistência a uma ordem injusta, repressiva ou trágica. O amor é o que une e dá força para o herói enfrentar o pior. Mas não para o diretor grego Yorgos Lathimos.

segunda-feira, janeiro 11, 2016

Segredos muito além da morte do gnóstico pop David Bowie


David Bowie conseguiu escapar do obituário clichê que a indústria do entretenimento reserva ao astros do rock: drogado, atormentado etc. Ele conseguiu elevar o rock da adolescência para a maturidade. Bowie tinha uma obsessão secreta por doutrinas gnósticas, o Oculto e o Paranormal. Tudo teria começado com a turnê Ziggy Stardust (1972-73) e a misteriosa figura empresarial por trás do sucesso: Tony DeFries – figura emblemática no pop, também associada ao sucesso de Madonna, a ressurreição de Steve Wonder e o fim dos Beatles. Após a blitz de marketing global sem precedentes, o sucesso tornou Bowie paranoico e obcecado por livros de autodefesa psíquica. Nas entrevistas falava em “malevolência paranormal”. Como John Lennon ainda nos Beatles, Bowie passou a colocar mensagens cifradas e enigmáticas em suas músicas tentando chamar a atenção sobre algo muito sinistro por trás da indústria do entretenimento.

Nascido David Robert Jones em 1947, David Bowie sempre teve o gosto pela ficção científica e “esquisitices espaciais” – refletido no seu filho Duncan Jones, diretor de “esquisitices” sci fi como os filmes Lunar e Contra O Tempo. Colocando em perspectiva sua obra, um tipo de arquétipo sempre esteve por trás como força motriz das letras das suas músicas e performances ao vivo: a figura do alienígena que caiu na Terra e que, tal como um messias, veio denunciar que aqui nesse planeta vivemos uma condição semelhante – a de estrangeiros dentro de nossas próprias vidas.

domingo, janeiro 10, 2016

Chegamos ao futuro: nasceu Roy, o replicante de "Blade Runner"


“É com muita satisfação que comunico que o replicante Roy Batty, modelo Nexus 6 – MAA10816, entrou em funcionamento nessa sexta-feira, 8 de janeiro de 2016. Parabéns ao envolvidos!”. Esse é o texto que acompanhou um meme que circulou nas redes sociais lembrando que mais uma vez chegamos ao futuro – em 21/10 do ano passado estivemos também no futuro com “De Volta Para O Futuro 2”. Roy, o icônico replicante do filme "Blade Runner - O Caçador de Androides" (1982) de Ridley Scott, já nasceu e daqui a quatro anos terá uma violenta crise existencial ao descobrir que tem tão pouco tempo de vida. O que significa para nós essa estranha sensação de chegarmos ao futuro através de filmes como “2001”, “1984”, De Volta Para O Futuro” e “Blade Runner”? É o que o “Cinegnose” pretende descobrir.

Quando chegou o ano de 1984, foi irresistível não fazer comparações com o clássico livro de Orwell 1984:  o futuro mundo distópico projetado pelo escritor inglês em 1949 teria sido enfim realizado? O Estado Big Brother imaginado por Orwell aconteceu? Ele é comunista ou capitalista? A “novilíngua” já está presente nas mídias de massas?

sábado, janeiro 09, 2016

Por que jornalistas vestem roupas corporativas?


Foi-se o tempo em que víamos apresentadores de telejornais de paletó e gravata escondendo bermudas e chinelos por trás da bancada. Hoje devem caminhar pelo cenário apresentando infográficos em telões. Mas por que vemos jornalistas e repórteres em um figurino preferencialmente corporativo? Por que o traje mais informal assemelha-se ao de um funcionário de algum escritório saindo para um “happy hour” ou em algum “day off” concedido pela empresa? Linguagem cênica para um melhor rendimento televisual? Ou sintoma de outra coisa:  a inveja criada pela diferença de classe social entre jornalistas e seus entrevistados, o cimento psicológico do chamado “jornalismo corporativo” posto em prática pela grande mídia.

“Quem se interessou alguma vez pelos atuais problemas da semiologia, já não pode continuar a fazer o nó da gravata, todas as manhãs diante do espelho, sem ficar com a clara sensação de estar fazendo uma opção ideológica. Ou pelo menos de lançar uma mensagem ou um carta aberta a todos os transeuntes que cruzarem com ele no dia-a-dia”, afirmou certa vez o pesquisador italiano Umberto Eco.

quinta-feira, janeiro 07, 2016

Em Observação os 13 filmes mais esperados para 2016


Fuja de um ano que será marcado por mais do mesmo na indústria do cinema: mais Star Wars, Star Trek, Capitão América, X-Men etc., além de remakes e spin-off de Harry Potter. Preocupado com essa perspectiva sombria, o Cinegnose resolveu mergulhar nas turbulentas águas do cinema independente e trazer à tona uma lista de 13 estreias para esse ano. Há apenas três exceções. Incorporamos à lista três filmes mainstream: “Deuses do Egito”, “Alice Através do Espelho” e "Esquadrão Suicida. O primeiro, por trazer temas gnósticos; o segundo pela Disney querer apagar na adptação dos livros de Lewis Carroll todas as simbologias ocultistas e esotéricas; e o terceiro em ver os efeitos de mais uma aparição do Coringa no cinema.

Esse é o ano que será marcado pela continuidade de franquias (Star Wars, Star Trek, X-Men, Capitão América, Batman lutando junto com o Super-Homem etc.) e spin-off da série Harry Potter (Animais Fantásticos e Onde Habitam), e refilmagens (Jumanji, uma versão feminina de Ghostbusters etc.) numa evidência de que a indústria do cinema pretende se arriscar o menos possível e apostar mais em fórmulas prontas do que em novos nomes ou temas.

domingo, janeiro 03, 2016

Filme "O Clã" mostra a transparência do Mal


Sob a fachada de uma respeitada família de um burocrata do governo aposentado e uma professora primária em um dos bairros mais ricos de Buenos Aires, estava um terrível segredo: no porão daquela casa escondiam-se vítimas de sequestros, friamente assassinados após o pagamento de cada resgate milionário. Baseado em caso real, o filme argentino “O Clã” de Pablo Trapero retrata um tipo bem especial de maldade, bem diferente da hollywoodiana e próxima da “transparência do Mal” retratada na literatura por Marquês de Sade e no cinema por Pasolini – não mais a maldade como um ente que desvirtua e corrompe, mas o Mal originado da própria racionalidade e da virtude: por trás de uma grande fortuna, esconde-se sempre um grande crime.

Uma família prepara-se para o jantar em uma casa em San Isidro, um dos bairros mais ricos de Buenos Aires. O pai reza com a família antes de iniciar a refeição. À mesa, estão as filhas adolescentes que nasceram em berço de ouro. A mãe, uma pacata professora. E o filho primogênito é um bem sucedido atleta de rúgbi, presente em capas de revistas esportivas nacionais e estrela da seleção argentina.

sábado, janeiro 02, 2016

Em Observação a lista dos 10 filmes mais estranhos de 2015


Um samurai travesti em uma floresta na Alemanha persegue um policial; o ar pode acabar num submarino porque as massas das panquecas servidas à bordo criam bolhas de ar; uma sociedade secreta japonesa agencia mulheres ninjas dominatrix para atacarem em público homens de negócios que querem ter prazeres sadomasoquistas. Esqueça os blockbusters e os filmes “oscarizáveis”. Estamos no universo dos filmes mais “estranhos” de 2015. Uma lista de dez filmes que mostram até onde o cinema pode chegar ao explorar o excêntrico, o estranho e o incomum.

Mais um ano de cinema se foi. Mas se o leitor cavar mais fundo para além da superfície cheia de remakes de grandes sucessos como Mad Max e Star Wars ou dramas conservadores que aparecem a cada final de ano para tentar abocanhar um Oscar, vai encontrar algumas criaturas estranhas se mexendo no porão da indústria do cinema.

quinta-feira, dezembro 31, 2015

Filme "Deep Dark" atualiza a simbologia fantástica do Buraco


O terror independente “Deep Dark” (2015) é um exemplo de como arquétipos são os principais elementos na composição atual de argumentos e roteiros para filmes. Certa vez, diretor Michael Medaglia imaginou uma cena do buraco em uma parede de onde saiam mensagens misteriosas.  Achou a cena interessante. E todo o resto da narrativa cresceu em torno dessa imagem. Em muitos aspectos “Deep Dark” assemelha-se a “Quero Ser John Makovich” de Spike Jonze ao colocar um buraco como um elemento fantástico, misterioso e aterrorizante. Com isso, “Deep Dark” aproxima-se da recorrência simbólica do buraco como símbolo mágico e sagrado em todas as culturas: da China e Índia antigas, passando pelo surrealismo das obras de Salvador Dali até chegar ao “Mar de Buracos” da animação “Yellow Submarine” dos Beatles. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

Desde que Lewis Carroll escreveu a história de uma menina chamada Alice cuja narrativa começa com a protagonista caindo na toca de um coelho para conhecer um estranho mundo chamado “País das Maravilhas”, a ficção Ocidental mergulhou junto no antiquíssimo simbolismo dos buracos e cavernas como ante-câmeras de mundos e deuses.

terça-feira, dezembro 29, 2015

No Sexto Aniversário o blog lança o "Projeto Cinegnose 360 Graus" e busca assinantes


Nesse sexto aniversário do “Cinegnose”, o blog chegou a uma massa crítica de conteúdo e conhecimentos. Portanto, chegou a hora do blog dar um salto qualitativo. Para comemorar seu sexto aniversário, o blog lança o “Projeto Cinegnose 360 Graus”: a expansão do conteúdo do blog em exclusivas publicações como livros, revistas e camisetas (sim! As camisetas tornaram-se uma das principais mídias de tendências contemporâneas), além de um canal no YouTube com críticas cinematográficas de lançamentos e temas culturais. Para esse Projeto tornar-se realidade o blog iniciará em janeiro uma campanha para criar uma base de assinantes que além dar sustentação financeira à iniciativa, receberá produtos exclusivos resultantes do olhar em 360 Graus sobre o Gnosticismo no cinema e cultura pop.

Nesse mês o Cinema Secreto: Cinegnose faz seis anos. Ao longo desse tempo foram analisados mais de 400 filmes, resultando numa lista, até aqui, de 66 filmes gnósticos.

Esses filmes foram a base para a discussão das consequências culturais e  científicas que as temáticas dessas produções sugerem: Sincromisticismo, Parapolítica, Cartografias da Mente e as conexões entre conceitos da Física Quântica e Gnosticismo.

domingo, dezembro 27, 2015

Curta da Semana: "Dinner For One" - tenha um final de ano politicamente incorreto


Por que TVs europeias, principalmente alemãs, a cada 31 de dezembro exibem um velho curta em preto e branco chamado “Dinner For One”, desde 1963? Alemanha, Leste Europeu e países nórdicos exibem todo final de ano o curta original ou versões com um humor mais politicamente correto. “Dinner For One” é a síntese da fleugma e humor negro inglês: uma senhora da alta sociedade comemora seus 90 anos e um mordomo finge servir a convidados em uma grande mesa de jantar com cadeiras vazias – são os lugares de amigos de outras comemorações, já falecidos. Um bizarro mix de embriaguez involuntária, morte e aniversário. Por que a cada final de ano os europeus continuam assistir fascinados a esse estranho curta?

sábado, dezembro 26, 2015

Fenômenos quânticos revelam universos paralelos em colisão


A hipótese do “multiverso” (a ideia de que nosso Universo seria apenas um em um número infinito) não é uma novidade na Física e na Filosofia. Recentemente essa hipótese se associou à busca por físicos de uma “assinatura cósmica” que comprovasse que o Universo seria uma simulação computacional finita, aproximando ainda mais à Física da antiga mitologia gnóstica. Agora, um trio de físicos da Austrália e EUA publicou um artigo científico onde explora a possibilidade de universos paralelos estarem  colidindo entre si. E os estranhos comportamentos das partículas subatômicas revelado pela mecânica quântica nada mais seriam do que os interstícios desses mundos se encontrando. As implicação filosófica da pluralidade de mundos é evidentemente gnóstica. Mas, os físicos apontam para uma surpreendente aplicação dessa hipótese: o estudo da dinâmica molecular das reações químicas de drogas.

Existem universos alternativos? – mundos onde jamais os dinossauros foram extintos por algum asteroide que caiu na Terra ou onde a Austrália foi colonizada pelos portugueses ao invés dos ingleses.

terça-feira, dezembro 22, 2015

Pôsteres de "Central do Brasil" e "Que Horas Ela Volta?": coincidência ou sincronicidade?


Uma incrível semelhança entre os pôsteres promocionais dos filmes brasileiros “Central do Brasil” (1998) de Walter Salles e “Que Horas Ela Volta?” (2015) de Anna Muylaert. O “Cinegnose” não acredita em coincidências, mas em sincronicidades: os dois filmes são apontados como obras-símbolos de duas eras: o primeiro filme, a era FHC; o segundo, a era Lula. Por que os dois pôsteres recorrem à mesma composição imagética? Há algo que os une, mesmo com um intervalo de 17 anos: como filmes-símbolos de cada época, representam iconicamente passado versus futuro; novo versus velho. Além de cada um desses filmes expressarem as condições pelas quais foram produzidos: em 1998 uma co-produção Brasil/França e em 2015 uma produção Globo Filmes.

Podemos considerar o filme um documento primário de uma época. Através de imagens e movimento expressam o imaginário e sensibilidade de cada época. E também as condições de produção através das quais foi realizado.

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