quinta-feira, janeiro 20, 2022

O medo e a culpa alimentam o terror demasiado humano no filme 'O Páramo'



Chegamos a esse mundo fisicamente dependentes dos nossos pais e cercados por terrores reais e imaginários que reforçam os nossos laços familiares, tanto pelo amor, medo e culpa. Essa é a matriz edipiana que será replicada da família até a sociedade, na qual o medo se transforma em matéria-prima da dominação. O terror espanhol Netflix “O Páramo” (El Páramo, 2021) re-encena esse drama atávico ao acompanharmos uma pequena família isolada em uma extensa planície desértica, vivendo em exílio para fugir dos horrores da guerra. Mas a distância não é o suficiente para o horror deixar de acompanhá-los. Um horror invisível de alguma besta que está à espreita. Que parece surgir de algo demasiado humano que alimenta todo o terror.

quarta-feira, janeiro 19, 2022

Serial killer, mídia e efeito Heisenberg no filme 'Círculo Vicioso'



Bem diferente do vitoriano Jack O Estripador, hoje o serial killer é um fenômeno midiático: não só se utilizam da mídia para obter a atenção como aprendem nas séries e filmes as técnicas de investigação policiais e o modus operandi de outros assassinos para se safarem. É o chamado “efeito Heisenberg” midiático. A comédia “Círculo Vicioso” (Vicious Fun, 2020), em um retrô (celebra os clichês de terror dos anos 1980) e slasher estilosos, faz uma metalinguagem desse paradoxo midiático. Um escritor e aspirante a roteirista de filmes de terror conhece, da pior maneira possível, a realidade muito além dos clichês daqueles filmes clássicos de terror dos anos 1980: ele acaba caindo numa espécie de grupo de autoajuda de assassinos seriais. E descobre como a sua cinefilia volta-se contra ele: os assassinos são tão autoabsorvidos que viraram clichês fílmicos vivos que matam de verdade.

domingo, janeiro 16, 2022

Nesse domingo: Raul Seixas e Ocultismo, OVNIs e Guerra dos Mundos e a PsyOp da simulação da "crise militar"


Venha participar da Live Cinegnose 360 #38, 16/01, às 18h no YouTube. Vamos conversar com os vinis de Raul Seixas: Ocultismo e OVNIs na ditadura militar – a construção do estereótipo do “maluco beleza”. Depois vamos conversar sobre a série “Estação Onze” (Bíblia, histórias em quadrinhos e Shakespeare) e o novo filme de Woody Allen “O Festival do Amor”. A histórica transmissão radiofônica de Guerra dos Mundos de Orson Welles - análise de trechos do áudio e a dúvida: ouvintes entraram mesmo em pânico ou foi apenas lenda urbana? Partido Militar Golpista (PMiG) e a nota da Anvisa: a PsyOp da simulação da crise militar. A crítica midiática da semana: “Operação Ômicron”: como tirar a recessão econômica da pauta em ano eleitoral.

sexta-feira, janeiro 14, 2022

Partido Militar Golpista (PMiG): nota da Anvisa é bomba semiótica da simulação de crise militar



A nota do militar e dublê de Diretor Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, contra as insinuações de que agência reguladora teria interesses escusos por trás da aprovação da vacinação infantil Covid-19, é mais um flagrante da operação psicológica da simulação de uma suposta “crise militar”. A canastrice retórica dessa bomba semiótica é tão evidente que deveria arrancar risadas e não análises sérias daqueles que conseguem encontrar verossimilhança num conflito tão fabricado. É também uma evidência de como, desde o golpe de 2016, o PIG (Partido da Imprensa Golpista – apud Paulo Henrique Amorim) saiu do modo “alarme” para entrar no modo “reprodução” para monitorar as reformas neoliberais, enquanto as Forças Armadas se assumiram como PMiG (Partido Militar Golpista), com todas as características de um verdadeiro partido político: Memória histórica e vocação institucional, Base ideológica, Pautas corporativas, Formação contínua de lideranças, Base eleitoral e militante etc.

quinta-feira, janeiro 13, 2022

'Festival do Amor': Woody Allen implacável com o cinema e com ele mesmo


"
Festival do Amor" (Rifkin’s Festival, 2020), 49longa-metragem de Woody Allen, à primeira vista parece uma comédia leve, romântica e nostálgica. Mas, na verdade, é a produção mais cáustica, melancólica e implacável de Woody Allen dos tempos recentes, não só com o cinema, mas, principalmente, com ele próprio. O dublê da vez do diretor é o ator Wallace Shawn, que faz um escritor com bloqueio criativo e ex-professor de cinema, velho chato vestindo um típico jeans de vovô e que fica tagarelando sobre os mestres do cinema, enquanto sua vida real está desmoronando. Um filme metalinguístico com inúmeras citações dos clássicos, de Orson Welles, Godard a Fellini e Lelouch. Para provar, com o autodistanciamento irônico de sempre, que o cinema abandonou suas questões simbólicas e filosóficas para mergulhar no realismo raso do ativismo midiático.

quarta-feira, janeiro 12, 2022

Série 'Estação Onze': Shakespeare versus história em quadrinhos no fim do mundo



A série HBO Max “Estação Onze” (Eleven Station, 2021- ) é muito mais do que outra série adaptada de romance profético sobre a atual crise pandêmica global. A série redefine as narrativas sobre o fim do mundo. Uma pandemia de gripe extermina mais de 90% da humanidade – na verdade uma bomba viral, sem período de incubação. O que restou foi um mundo pós-apocalipse, relativamente otimista, que vive sobre os escombros de celulares, computadores e Internet (agora inúteis) e onde uma trupe de atores e músicos shakespearianos apresenta montagens itinerantes levando o que restou da arte da velha civilização. Mas também herdou uma HQ chamada “Estação Onze” que virou um objeto de culto profético e religioso com sua mensagem enigmática. Enquanto Shakespeare inspira arte e entretenimento, a HQ influencia perigosas seitas fundamentalistas. Será que o gibi teve o mesmo destino que aquele reservado à Bíblia Sagrada no nosso mundo?

domingo, janeiro 09, 2022

Live de domingo: banda 'O Terço', história da pipoca e beijo no cinema e primeira semana da PsyOp militar e midiática


Você não pode perder a Live Cinegnose 360 #37, ainda mais “360 graus” nesse domingo, 09/01, no YouTube, às 18h: vamos de música, beijo e pipoca no cinema até a primeira semana de sinais de um ano eleitoral que promete ser de uma pesada guerra semiótica. Na sessão dos vinis desse humilde blogueiro vamos falar da banda brasileira O Terço e o álbum “Criaturas da Noite”: o porquê da ascensão da “Cultura Psi” na ditadura militar. Também vamos analisar a série sueca “Gente Ansiosa” (o detetive pós-moderno e a cultura quântica) e o filme “A Casa Sombria” (a gnose na experiência quase-morte). Depois, a história do beijo e da pipoca no cinema: quais as conexões? E um balanço da primeira semana da guerra semiótica militar e da grande mídia: os primeiros sinais da deliberada criação de uma atmosfera pesada no País.  

sábado, janeiro 08, 2022

Primeira semana do ano: mídia abre kit semiótico de manipulação e PsyOp militar entra em ação


Bastou a primeira semana do ano para aparecerem os primeiros movimentos de uma guerra semiótica que promete ser pesada nesse ano eleitoral. E a grande mídia já apresenta as primeiras armas do seu kit semiótico de manipulação: diante da ação policial de busca e apreensão contra o ex-governador Márcio França, entra em ação o empirismo grosseiro da estratégia do “não-há-nada-para-se-ver-aqui!”. Também foi ativado o jornalismo metonímico para criar uma bomba semiótica, milimetricamente tardia, em torno do artigo de Guido Mantega na “Folha” e o anúncio da “revogação da reforma trabalhista” pelo PT. E a psyOp militar de dissonância cognitiva em torno da “operação padrão” do ministro da Saúde Marcelo Queiroga, os ataques de Bolsonaro à vacinação de crianças e a suposta tensão entre o chefe do Executivo e o Comando do Exército que orientou os militares a tomar medidas contra a pandemia e não espalhar fake news.

sexta-feira, janeiro 07, 2022

Luto e a gnose na experiência quase-morte em 'A Casa Sombria'


Dentro do campo da Cinetanatologia (o estudo das representações da morte no cinema), narrativas sobre as experiências de quase-morte (EQM) são recorrentes no século XXI, principalmente a gnose pós-morte – a conquista da lucidez na situação imersiva em ilusões criadas pela tela mental, demiúrgico ardil para nos manter ainda presos nesse mundo. Mesmo na morte. "A Casa Sombria" ("The Night House", 2020) é um exemplo de uma narrativa que consegue elevar a clássica estória de casa mal-assombrada à discussão da gnose pós-morte. O choque do inexplicável suicídio do marido repercute um antigo episódio de EQM na adolescência da protagonista. Luto e raiva pelo marido ter a abandonado daquela maneira proporciona ao espectador tanto uma narrativa psicológica simbólica (a batalha de não deixar o luto tomar conta de nossa mente), quanto gnóstica: confrontar aquilo que está por trás dos relatos “new age” das EQM - o Nada.

quarta-feira, janeiro 05, 2022

A incerteza do detetive gnóstico e pós-moderno na série 'Gente Ansiosa'


Conan Doyle e Agatha Christie criaram os detetives arquetípicos da Modernidade: Sherlock Holmes e Hercule Poirot: embora conhecedores da natureza humana, tratam a investigação como uma ciência exata - lógica e raciocínio. Porém, a descoberta do princípio quântico da incerteza do observador, mais do que uma descoberta da Física, impactou a cultura do século XX. E, principalmente, a figura literária do Detetive: a tentativa de solucionar um enigma sempre se volta para ele mesmo. O Detetive sempre será também uma peça do mistério que tenta solucionar. A série Netflix sueca de humor negro “Gente Ansiosa” (Folk Med Ångest, 2021) é mais um exemplo desse Detetive pós-moderno e gnóstico, cuja solução de um enigma (um assalto frustrado que terminou com reféns improváveis) passa pela compreensão de uma ferida psíquica da juventude de um obsessivo investigador da polícia.

domingo, janeiro 02, 2022

Primeira Live Cinegnose 360 do ano: Milton Nascimento, o Ano Novo Oculto, Matrix, cometas e crítica midiática



Comece o Ano Novo do jeito certo, participando da Live Cinegnose 360 #36, 02/01, às 18h no YouTube. Na sessão dos vinis desse humilde blogueiro, vamos falar sobre o álbum “Milagre dos Peixes ao Vivo” (1974): Milton Nascimento, o misticismo do Cristianismo Primitivo e a Ditadura Militar brasileira. Também vamos discutir dois filmes: “Não Olhe para Cima”: Media Life e o irônico destino do filme nas redes sociais; “Matrix Resurrections”: irmãs Wachowski, a crítica de Jean Baudrillard e a apropriação política da extrema-direita. Grande mídia esconde significado oculto do Ano Novo. Jornalismo corporativo e as editorias “As Instituições Estão Funcionando” e “Urgência Climática”. Retrospectiva: os pontos altos do “Jornalismo Snapchat” e “morde-assopra” de 2021. Crítica midiática da semana.

quinta-feira, dezembro 30, 2021

'Matrix Resurrections' faz narrativa cyberpunk em abismo respondendo a crítica e extrema-direita


Três coisas incomodaram as irmãs Wachowski após a “Trilogia Matrix” (1999-2003): a crítica frontal do pensador francês Jean Baudrillard (uma das fontes de inspiração da Trilogia) de que “Matrix é o filme que a Matriz teria sido capaz de produzir”; a apropriação da extrema-direita dos simbolismos de “Matrix”; e as intromissões da Warner Bros na produção do filme. Por isso, Lana Wachowski retomou para si a narrativa de Matrix na continuação “Matrix Resurrections” (2021), não só recriando o clássico universo cyberpunk, mas tornando-o ainda mais complexo na chamada "narrativa em abismo": muita metalinguagem e autorreferências: um filme dentro de um game de computador criado pela empresa que na verdade é o estúdio que produziu o filme que assistimos. Além de atualizar a mitologia gnóstica original (do CosmoGnóstico ao PsicoGnóstico), Lana fugiu da crueza esquemática de 1999 (Matrix versus deserto do real) para mergulhar na complexidade do mix hiper-real da ficção com a realidade. Incorporou as críticas de Baudrillard, além de tentar blindar o filme de quaisquer apropriações reacionárias através de uma narrativa ambígua. 

terça-feira, dezembro 28, 2021

O irônico destino media life do filme 'Não Olhe para Cima'


O diretor e roteirista Adam MacKay é considerado o “profeta da raiva”: seu tema preferido é sobre pessoas que parecem estar anestesiadas ou indiferentes a catástrofes que se aproximam, como nos filmes “A Grande Aposta” e a série “Sucession”. A corrosiva sátira de “Não Olhe para Cima” (2021) retorna ao tema: um grande cometa destruidor de planetas aproximando-se da Terra é descoberto acidentalmente por uma dupla de astrônomos que, desesperados, procuram a presidenta e a mídia para alertar o mundo. Mas tudo que encontram é “media life”: um mundo tautista tão absorvido pela mídias que a realidade exterior evaporou, filtrada por memes, polarizações e lacrações que produziram a pós-verdade e a derrota da verdade científica no mar turbulento de vieses e opiniões. Ironicamente, os protagonistas do filme viraram memes também na não-ficção – as redes sociais veem neles representações de Bolsonaro, Carluxo e demais personagens da nossa tragédia política negacionista. Porém, não foram Trump, Steve Bannon, Bolsonaro e Olavo de Carvalho que criaram a pós-verdade. Foi a cibercultura originada nas tecnologias de convergência, o verdadeiro objeto da crítica de Adam MacKay. Esses personagens da extrema-direita alt-right apenas se aproveitaram desse contexto tecnológico para criarem as fake news.

domingo, dezembro 26, 2021

Nesse domingo, segredos da trilha de 'Laranja Mecânica', sincronismos na vitória de Boric no Chile, comunicação e política


A Live Cinegnose 360 fecha o ano com a edição #35, neste domingo (26/12) no YouTube, às 18h. Começamos na sessão dos vinis mergulhando nos segredos na trilha musical eletrônica de Wendy Carlos composta para o filme “Laranja Mecânica” de Stanley Kubrick. Com a série “Invasion” (2021- ) discutiremos a incomunicabilidade humana: o beco sem saída semiótico com uma possível tentativa de comunicação com ETs. E com o filme “O Declínio” (2020), como a extrema-direita tornou-se a expressão política da cultura sobrevivencialista pós-moderna. Por que a vitória de Boric no Chile, o jantar com Lula e Alckmin e a aprovação do bilionário Fundo Eleitoral foram eventos sincrônicos? A estratégia de comunicação política da vitória de Boric. Jornalismo comparado: como a grande mídia narrou o final de ano do governo Dilma e do governo Bolsonaro. A crítica midiática da semana.

sexta-feira, dezembro 24, 2021

Vitória de Boric, jantar Lula-Alckmin, fundo eleitoral: eventos sincrônicos da despolitização


Lula e Alckmin se reúnem em jantar de fim de ano do Grupo Prerrogativas em São Paulo; o ex-líder estudantil Gabriel Boric vence eleições no Chile, dois anos depois da onda de protestos que varreu o país e abriu as portas para uma nova Constituição; sob escândalo moralista da grande mídia, Congresso aprova o bilionário Fundo Eleitoral. Esses três eventos dessa semana podem estar distantes no tempo ou no espaço. Mas são significativamente sincrônicos: a vitória de Boric no Chile é o contraste com o desenrolar dos efeitos da guerra híbrida no Brasil - judicialização e despolitização do sistema partidário com a crise da representação política e a emergência dos “partidos-Estado” mantidos por fundões partidários e eleitorais. Desconectados da sociedade que, bestificada, assiste às “concertações” e “freios de arrumação”.  Enquanto isso, a estratégia comunicacional vitoriosa de Boric no segundo turno “Un millón de puertas” ecoa divisores de água da história das teorias de comunicação... algo fora dos propósitos dos partidos-Estado brasileiros.

quarta-feira, dezembro 22, 2021

Extrema-direita é a tradução política da ética sobrevivencialista em 'O Declínio'




Antoine vive a obsessão de salvar a si mesmo e sua família de algum tipo de catástrofe que virá: crise econômica, invasão de refugiados climáticos, tirania de algum governo totalitário comunista ou do “Estado profundo” etc. Assiste a um canal de um youtuber ultradireitista que faz vídeos que são tutoriais de técnicas de sobrevivência para uma futura catástrofe. Decide fazer um curso de final de semana com o youtuber em um remoto centro de treinamento nas montanhas geladas do Quebec com uma meia dúzia de participantes, todos armados até os dentes. Essa é a produção franco-canadense Netflix “O Declínio” ("Jusqu'au Déclin", 2020), que é mais do que um olhar irônico ao fetiche por armas e autodefesa. Mas, principalmente, como a atual extrema-direita tornou-se a tradução política da chamada “ética do sobrevivencialismo”, forma de resignação em relação futuro através do individualismo e despolitização.

terça-feira, dezembro 21, 2021

Série 'Invasão': a incomunicabilidade humana faz visita alien terminar nada bem


A primeira temporada inteira da série Apple TV + “Invasão” (“Invasion”, 2021- ) parece mais o primeiro capítulo de um épico de ficção científica. Mas não um épico hollywoodiano de invasões, mais preocupado em mostrar aliens, destruição em massa e terror. Acompanhamos os dez episódios concentrando-se em dramas humanos diferentes espalhados pelo mundo que acabam se conectando na medida em que os alienígenas pouco a pouco começam a dar as caras. Na verdade, toda a temporada é a configuração de algo maior que está por vir, tangenciando com o tema do filme de Dennis Villeneuve, “A Chegada” (2016): quando finalmente encontrarmos alienígenas, estaremos numa situação de total incomunicabilidade – sequer será aplicável a noção de "inteligência" a nossos visitantes. E, o pior como alertou o físico Stephen Hawking, estaríamos numa situação análoga a Colombo encontrando os índios no Novo Mundo... e que terminou nada bem.

sábado, dezembro 18, 2021

Nesse sábado, Live Cinegnose 360: Disco Music, o Papai Noel pagão, eleições e bombas semióticas silenciosas


Excepcionalmente nesse SÁBADO (18/12) teremos a Live Cinegnose 360 #34, às 18h... nos embalos de sábado à noite de Natal! Como não poderia deixar de ser, na sessão dos vinis desse humilde blogueiro, o álbum “Os Embalos de Sábado à Noite”: Drogas, Sobrevivencialismo e Minimalismo na cultura Disco Music e reflexos políticos no Brasil. Depois, o filme “Rare Exports” (2010): Papai Noel, modo seguro de usar; e “Ataque dos Cães” (2021): a desconstrução da mitologia masculina e política do cowboy. Bombas semióticas silenciosas: Excel e PowerPoint e efeitos cognitivos nos usuários.O xadrez semiótico eleitoral: o que aconteceu com a esquerda na região Sul-Sudeste? Pesquisas eleitorais DataFolha e Ipec: Lula precisa criar uma profecia autorrealizável. Grande mídia adota estratégia James Carville. Crítica midiática da semana. 

sexta-feira, dezembro 17, 2021

A desconstrução da mitologia política e masculina do cowboy em 'Ataque dos Cães'


Um homem coberto de sujeira da cabeça aos pés que encarna um personagem em crise masculina. Ele tem uma necessidade constante de provar que é o líder mais rude e duro dentro de uma estufa masculina de cowboys. Provavelmente para ocultar sua adoração e afeição pelo homem que o ensinou muito mais do que montar um cavalo. “Ataque dos Cães” ("The Power of the Dog", 2021, disponível na Netflix), de Jane Campion, mostra a melhor atuação de Benedicte Cumberbatch na sua carreira representando um personagem que desconstrói não apenas a si mesmo. Mas toda a mitologia do cowboy e do Western cinematográfico. O filme começa com todos os ingredientes do gênero, para lentamente se transformar em um gótico americano sombrio, ecoando a atmosfera hitchcokiana de “Psicose”. 

quinta-feira, dezembro 16, 2021

Excel e PowerPoint: as bombas semióticas silenciosas da guerra híbrida


Há uma bomba semiótica que, até aqui, passou desapercebida pelos estudiosos da guerra híbrida, uma bomba silenciosa ocultada pela inocência utilitária: a bomba informática - programas e aplicativos que invadem a nossa estrutura mental, a cognição, compreensão da realidade e, por fim, nossas decisões. Não é por acaso que a ascensão do neoliberalismo e Globalização vieram acompanhadas por planilhas Excel e slides de PowerPoint: dão a ilusão de racionalidade e controle individual, mas na escala macro geram disfunções exponenciais. O Lawfare encontrou toda uma geração de jovens concurseiros do Judiciário com um discurso contaminado pela linguagem powerpointiana: ilusão, simplificação, distração e anestesia. Linguagem quase religiosa que gera mais convicções do que evidências. No ato de filiação do ex-procurador Dallagnol no Podemos mais uma vez ficou evidente essa “cultura PowerPoint”. 

terça-feira, dezembro 14, 2021

'Histórias que Nosso Cinema (não) Contava' e 'Os Motéis e o Poder': militares, sexo, poder ontem e hoje


Dois eventos sincronicamente ligados marcaram a ditadura militar brasileira: a criação da Embratur e o seu projeto de investimentos em motéis e a Embrafilme impulsionando os filmes da pornochanchada. Essa aparente contradição entre o discurso moralizante da defesa dos valores da família e de Deus e o estímulo ao erotismo e pornografia na verdade revela o “sadismo de potência” clássico dos governos totalitários. O documentário “Histórias Que o Nosso Cinema (Não) Contava” (2017) e o lançamento do livro “Motéis e o Poder”, de Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo revelam essa peculiar relação entre sexo, poder e sociedade. Mas também nos fazem pensar numa comparação com a atualidade: diferente do golpe militar “old school” de 1964, hoje vivemos o golpe militar híbrido. Qual seria a atual relação entre sexo e poder? Acompanhando o psicanalista Erich Fromm, poderíamos responder: o “sadismo necrófilo de destruição”, forma de sadismo “frio” no qual a destruição se sobrepõe ao prazer da excitação pelo controle do outro. 

domingo, dezembro 12, 2021

Live Cinegnose 360: Tom Waits, sexo e poder na ditadura militar e mais xadrez semiótico eleições 2022



O final do ano se aproxima, mas a Live Cinegnose 360 não para... neste domingo (12/12), edição #33, às 18h no YouTube. Começamos com Tom Waits e o vinil “One From The Heart” - da sarjeta à redenção: como ser autêntico numa sociedade inautêntica? Depois, o documentário “Twas The Fight Before Christmas”: Lawfare e o Natal alt-right; o Filme “Nine Days”: o livre-arbítrio das almas em um mundo material. Sexo e Poder: motéis e a ditadura militar brasileira. Manipulações midiáticas: telejornais não estão suportando mais as “más notícias”. Projeto “Banana Plantation” e Grande Reset do Capitalismo: Polícia Militar fora do controle e a destruição do INEP e ENEM. O xadrez Semiótico Eleições 2022: uma psyOp militar? Um conto distópico e identitário de Natal. A crítica midiática da semana... impossível começar a próxima semana sem a Live Cinegnose 360! 

sexta-feira, dezembro 10, 2021

'Nine Days': por que as almas precisam nascer na Terra?



Por que as almas precisam nascer na Terra, e iniciar a jornada do berço ao túmulo? O diretor e roteirista brasileiro Edson Oda faz um drama metafísico e humanista, que lida com a pré-existência da alma no seu filme “Nine Days” (2020). Um seletor de almas minucioso tem a difícil tarefa de, em nove dias, entrevistar diversos candidatos num processo seletivo: uma delas preencherá a “vaga”: uma vida na Terra. Através de diversos jogos mentais, dilemas morais e situações hipotéticas, os candidatos passarão por rígidos testes. O que significa estar vivo? Como podemos apreciar a vida enquanto estamos aqui? É mesmo possível? São questões que para o próprio entrevistador são difíceis, enquanto observa por monitores de TV as vidas das almas selecionadas na Terra. 

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