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quinta-feira, julho 22, 2021

Evento 'Cyber Polygon 2021', os segredos de polichinelo de Snowden e o Estado-Plataforma



Bombou tanto na mídia corporativa quanto na progressista o escândalo da espionagem cibernética de proporções internacionais envolvendo uma empresa israelense de cyber vigilância e o software “Pegasus”. Software adquirido, p. ex., por governos de extrema-direita para controlar a mídia investigativa independente. Denunciado por um consórcio de jornais corporativos e ONGs internacionais, Edward Snowden exaltou: “esse vazamento é a reportagem do ano”. Será que agora os jornalões globais estão defendendo o jornalismo investigativo independente? Como todo “vazamento”, tem o timing preciso: ocorre logo após o “Cyber Polygon 2021”, evento do Fórum Econômico Mundial para centralizar o poder de vigilância no “Estado-Plataforma”. Quem ganha com esse segredo de polichinelo do “vazamento”? A fusão público-privado na cyber militarização do espaço, da qual participam, por exemplo, Elon Musk com o StarLink e SpaceX. Segredos de polichinelo que se revelam psyOp da agenda do Grande Reset Global.

“Esse vazamento vai ser a reportagem do ano”, afirmou no Twitter Edward Snowden, ex-administrador de sistemas da NSA (Agência e Segurança nacional dos EUA) sobre matéria publicada no último domingo (18) pelo jornal britânico The Guardian. O jornal revelou um escândalo de vigilância cibernética de proporções internacionais envolvendo a empresa israelense NSO Group e o software espião Pegasus.

A investigação foi resultado de um consórcio de jornais (Washington Post, Le Mond, Die Ziet) além de ONGs e organizações como Forbiden Stories e Anistia Internacional. O principal produto da empresa israelense infecta celulares e dispositivos de múltiplos fabricantes que usam Android ou iOS da Apple. Arranca informações as mais variadas, como listas de compras, transações bancárias, ligações, fotos, filmes, mensagens trocadas por WhatsappTelegram e Facebook.

Instala-se de maneira discreta, sem a intervenção do usuário, colocando o Pegasus num nível de sofisticação acima dos concorrentes do mercado mundial de espionagem cibernética.

A NSO afirmou que só comercializa o software para governos, no estrito uso do combate a atividades criminosas como narcotráfico e grupos terroristas. Durante a investigação, pelo menos dados de dez governos foram descobertos como usuários do Pegasus: Azerbaijão, Bahrein, Kazaquistão, México, Marrocos, Ruanda, Arábia Saudita, Hungria, Índia e Emirados Árabes Unidos.



Porém, a investigação mostrou indícios de que o software é usado para espionar desafetos políticos como a mídia independente e jornalistas investigativos, por exemplo, em países como México, Arábia Saudita e Hungria.

O caso do México aparece com destaque na investigação do Consórcio: mais de quinze mil mexicanos apareciam no material examinado, e entre eles pelo menos 25 jornalistas trabalhando nos maiores veículos de imprensa do país.

Em maio a imprensa brasileira chegou a divulgar o interesse do governo brasileiro pelo software para que a empresa fornecesse ao Ministério da Justiça, através de uma licitação. Porém, acabou se afastando da concorrência depois que os militares da ABIN ficaram irritados com a ingerência do vereador Carlos Bolsonaro nas negociações.

O timing pós “Cyber Polygon”

Uau!!!! Um consórcio formado pela grande imprensa internacional e ONGs denunciando a espionagem de governos de extrema-direita sobre jornalistas investigativos e mídia independente!!! E mais, com o apoio da celebridade Edward Sownden!




 Quando ouvimos a palavra “vazamento” na mídia corporativa internacional, devemos ficar sempre com um pé atrás com as velhas perguntas na cabeça: Quem ganha? Qual é o timing desse vazamento?

Principalmente, depois de assistir a uma passagem do documentário Pax Americana e a Militarização do Espaço (2009): em 1982 quase um milhão de manifestantes protestavam em Nova York contra armas nucleares e a corrida armamentista. Perguntaram ao tenente-general Daniel Graham se estava preocupado com a gigantesca manifestação. Respondeu: “Parece-me fantástico! Estão protestando contra mísseis balísticos intercontinentais, enquanto nós vamos para o espaço. Eles não fazem ideia do que fazemos. Então, que continuem assim” – clique aqui.

Diversionismo é a estratégia de operação psicológica recorrente do complexo militar do império norte-americano para desviar a atenção da opinião pública da militarização do espaço: controle e vigilância de todas as comunicações globais e das ações militares em tempo real numa sinergia terra, mar e ar.

Mídia corporativa internacional preocupada com o jornalismo investigativo da mídia independente? Vamos com calma... 

O curioso em todo esse estardalhaço midiático é o timing do “vazamento” feito pelo tal Consórcio: uma semana depois do evento promovido pelo Fórum Econômico Mundial (FEM) com apoio da INTERPOL e da empresa de gestão de risco digital BI.ZONE: o “Cyber Polygon 2021” no qual, além de conferência on line, foram feitos exercícios de simulação em tempo real de ataques globais às cadeias de produção por uma hipotética pandemia digital – clique aqui.

Os principais objetivos do evento foram a “imunização da Internet” e a “centralização da vigilância” por meio de parcerias público-privado e a criação de um Estado-Plataforma.

desejo de “imunizar a Internet” com anticorpos digitais para 'proteger' a sociedade de ataques cibernéticos e desinformação, explorando ataques de ransomware e uma crise de saúde pública para justificar a centralização de poder e controle. E a fusão mais estreita entre corporação e estado  como solução para qualquer crise, seja ela de cibersegurança, mudança climática ou COVID-19, sem nunca ser colocada em discussão pública.

As soluções público-privadas apresentadas sugerem que o FEM e seus parceiros estão conduzindo a sociedade em direção a uma maior centralização de poder e vigilância que promova o chamado “Grande Reset Global”. Depois do Estado Mínimo teríamos o Estado-Plataforma no qual o Estado se reduziria à sua função mínima: controle social e vigilância através das plataformas tecnológicas fornecidas pelo setor privado.

Simulações de cyber ataques em tempo real no "Cyber Polygon 2021"


Simulações em tempo real do “Cyber Polygon”, assim como o “escândalo” do software israelense vendidos para governos de extrema direita como o de Viktor Orbán, da Hungria, servem como álibis na velha técnica da vidraça quebrada: jogue uma pedra na janela para depois tocar a campainha vendendo alarme contra ladrões. 

Sincronicamente, o “Cyber Polygon” foi precedido por dois ataques cibernéticos repercutidos com estardalhaço pela mídia global: o ataque de hackers ao maior oleoduto dos EUA em maio, fazendo o governo declarar “estado de emergência”; e o ciberataque ao sistema de fábricas norte-americanas da JBS em pleno feriado do Memorial Day, em junho, provocando um efeito dominó no setor, fazendo com que os preços da carne no atacado ficassem mais caros.

O misterioso StarLink de Elon Musk

Outra evidência da gestação desse Estado-Plataforma é o misterioso Projeto StarLink do bilionário Elon Musk, dentro desse projeto de militarização do espaço. Só que dessa vez, dentro da parceria público-privado.

Afinal, “vazamentos” como esses divulgados pelo The Guardian mostrariam que o Estado sozinho é incapaz de enfrentar hackers e empresas de segurança privadas mancomunadas com a extrema-direita.

Por que StarLink é um projeto misterioso? O projeto de Musk é lançar 42.000 satélites (até agora enviou 1.500 satélites) para conectar a humanidade de uma forma como nunca vimos, dando acesso a Internet aos lugares mais remotos do planeta. Porém, como aponta Vaclav Vincalek, CEO de empresas de tecnologia, o StarLink tende a ser um buraco negro financeiro. Na verdade um esforço que já foi abandonado por projetos mais antigos como os satélites Iridium, da Motorola, nos anos 1990; o Facebook Aquila utilizando drones de energia solar; ou ainda o Projeto Loon do Google com balões de grande altitude. O Facebook desistiu em 2018 e o Google se rendeu à realidade nesse ano – clique aqui.




Com todo esforço, o StarLink alcançaria apenas um mercado pequeno demais para dar o lucro. Então, do quê se trata esse projeto de Musk? Vincalek fala em agravar o problema do lixo espacial e até mesmo acabar com a própria Astronomia com tanta poluição ótica.

Porém, esse humilde blogueiro iria mais além: junto com o Space X, Musk também participa dessa parceria público-privado para a militarização do espaço dentro da agenda do Grande Reset Global do FEM.

Vidraça quebrada

Dessa maneira, fica fácil entender o porquê dessa súbita preocupação de corporações jornalísticas com o jornalismo investigativo da mídia independente ao “vazar” o escândalo de uma empresa israelense de cyber inteligência. Quem ganha com esse escândalo? Com essa estratégia de vidraça quebrada, ganha a agenda estabelecida pela Cyber Polygon 2021 e o Grande Reset Global do FEM – Quarta Revolução Industrial, Necropolítia e Necrocapitalismo para eliminar os excluídos, aqueles que nem mais para serem explorados servem para o capitalismo de plataforma.




Como sempre, a verdade sempre está em outra cena, muito além dos vazamentos convenientes da grande mídia.

Denúncias como essas, sob a chancela da celebridade Edward Snowden afirmando que o vazamento é a “matéria do ano”, são verdadeiros segredos de polichinelo. Desde o famoso Projeto Echelon dos EUA de vigilância global durante a Guerra Fria, qualquer professor de comunicação ou teórico da conspiração sabe há décadas sobre o controle da informação da CIA, NSA e dos diversos mecanismos algorítmicos de vigilância. 

As denúncias de Snowden e, agora, do Consórcio formado pelo jornalismo corporativo global e ONGs como Anistia Internacional, repercutidos no prime time da grande mídia, serve de estratégia diversionista para ocultar o mais sinistro: o Estado-Plataforma, o sistema de vigilância de militarização do espaço e de imunização da Internet por sistemas de cibervigilância criados pela fusão público-privado.

Agenda criada pelo FEM e eventos do fórum como o “Event 201” em 2019 (exercício de simulação que “previu” todos os cenários da pandemia Covid-19 de 2020) e o “Cyber Polygon” (que agora “prevê a proximidade de uma “pandemia digital”) ganharam a janela de oportunidades perfeita com a atual crise sanitária global: a reformulação total do Estado para um capitalismo que será não mais definido pela exploração, mas pela exclusão, controle e vigilância.

Mas tudo isso está fora da mira “investigativa” de Snowden e da grande mídia global.

 

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