segunda-feira, março 13, 2023

'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo': Matrix na era quântica vence Oscar 2023


Passamos metade da nossa vida cometendo erros, e a outra metade tentando corrigi-los. O impacto da física quântica na cultura moderna foi estender ainda mais a angústia existencial: e se tivéssemos feito outras escolhas? Quais teriam sido minhas outras linhas do tempo? Viagens exponenciais no tempo e multiversos são os impactos na cultura pop de paradoxos quânticos como “o gato de Schrödinger” e a Interpretação dos Muitos Mundos de Hugh Everett. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” (2022) é uma rara visão cinemática que extrapola ao limite esses paradoxos, levando sete dos 11 prêmios que concorria no Oscar 2023: uma estressada sino-americana dona de uma lavanderia quase falida e com relações familiares em crise é arrastada para uma batalha cósmica em um anárquico redemoinho narrativo de multiversos - uma verdadeira Matrix da próxima era da computação quântica.

domingo, março 12, 2023

Live desse domingo: Iron Butterfly e a ideologia californiana, joias e bombas semióticas das arábias


Do Oscar 2023 às joias das arábias, a Live Cinegnose 360 #98 será agitada, nesse domingo (12/03), às 18h, no YouTube. Vamos começar com mais um vinil que esse humilde blogueiro achou no sótão: “In-a-Gadda-da-Vida” do Iron Butterfly – algo mais sombrio estava acontecendo na psyOp rock psicodélico. Depois dos comentários aleatórios, vamos falar do Oscar 2023 e dois filmes indicados: “Triângulo da Tristeza” (Hegel, Marx e luta de classes no Oscar) e “Elvis” (mais uma vez Tom Hanks passa pano na mitologia pop americana). “Os ricos querem comprar o barulho”: o que Chaplin quis dizer com essa advertência? E fechando a discussão da Live anterior: qual o modelo de mente por trás da Reforma do Novo Ensino Médio? E na Crítica Midiática da Semana: como a mídia cria uma realidade paralela: os “presentes” das arábias e a profecia autorrealizável da terra arrasada no Congresso – as anomalias eleitorais que criaram o Congresso atual; o auditor da Receita que estrelou reality show do canal Discovery: media life? O deputado e o livro “Mein Kampf”: flagrante de sintoma da demência como patologia social; o golpe das Lojas Americanas: livro de Michael Hudson explica; Associação dos Engenheiros da Petrobrás denuncia cavalo de troia no governo. E outras bombinhas semióticas. Antes de assistir ao Oscar, venha conspirar!

sexta-feira, março 10, 2023

Realidade paralela midiática: "presentes" de Bolsonaro e a terra arrasada do Congresso


Bolsonaro, o aventureiro que quer humilhar as Forças Armadas, quis embolsar, sem pagar imposto, um presente com joias no valor de milhões de reais dado ao presidente-aventureiro pela Arábia Saudita. O jornalismo corporativo suspeita de que o presente na verdade poderia ser uma “comissão” por alguma coisa, mas parece não muito motivada para investigar essa pauta. Mas mostra-se muito mais motivada em anunciar que o governo “já perdeu” na terra arrasada do Congresso. Em desespero, Lula marcou um jantar com Arthur Lira para reverter a derrota certa. Bem-vindo à realidade paralela do jornalismo corporativo, zelosa em blindar um dos seus ativos (o Partido Militar), queimar o fusível Bolsonaro e dar pernas a não-notícias para criar as profecias autorrealizáveis do “já perdeu” e da ingovernabilidade.

quinta-feira, março 09, 2023

'Elvis': mais uma vez Tom Hanks passa pano nos incômodos da mitologia pop americana


Depois de filmes sobre ícone pop como Elton John e Freddie Mercury, agora foi a vez de Elvis Presley. Mas com uma ajuda de peso: Tom Hanks no papel de vilão. “Elvis” (oito indicações ao Oscar, entre eles Filme, Ator e Fotografia) é um musical que pretende mais do que renovar a mitologia do rei do rock para as novas gerações. Mas, principalmente, pasteurizá-la dentro do atual imaginário “woke” dos “Novos Democratas” no poder global. E Tom Hanks é o especialista em resgatar e defender as bases da mitologia pop norte-americana, como em Forrest Gump, Apolo 13, O Náufrago, O Círculo, entre outros. Hanks é tão “all american” quanto uma torta de maçã. O filme transforma a histórica relação simbiótica entre Elvis, o infame agente Coronel Parker e a Guerra Fria em “relação tóxica”. Para passar o pano nos detalhes mais incômodos da trajetória do ícone e transformá-lo na “esperança branca” que buscava uma América racialmente igualitária. Esquecendo de como o mito “Elvis The Pelvis” foi instrumento de guerra cultural e política.

terça-feira, março 07, 2023

Filme 'Triângulo da Tristeza' leva Hegel, Marx e luta de classes para o Oscar 2023


Depois de “Parasita” ganhar o Oscar de Melhor Filme em 2020 levando a luta de classes para as telas, agora é a vez de “Triângulo da Tristeza” (Triangle of Sadness, 2022, disponível na Amazon Prime) concorrer ao Oscar desse ano: Melhor Filme, Diretor e Roteiro Original. O cineasta sueco Ruben Östlund (“Força Maior” e “The Square”) é o principal nome da onda de filmes em que os obscenamente ricos são objetos da vingança das forças sociais e até mesmo naturais. Dessa vez com uma cruel e impiedosa sátira contra os super-ricos globais, incluindo a exploração do mercado da moda e o insípido mundo dos influenciadores das mídias sociais. Dividido em três episódios, “Triângulo da Tristeza” une os segmentos com o fio condutor dos temas do poder, submissão, humilhação, ruína e ressentimento. Ecoando principalmente a famosa dialética hegeliana do senhor e do escravo – o ponto de partida para as reflexões de Karl Marx.

domingo, março 05, 2023

Ultraje a Rigor; a pièce de résistance da Petrobrás; Folha obcecada na morte de Lula; Zelensky virou uma laranja mecânica?


Tá difícil colocar gasolina dolarizada no tanque do carro? Então, é mais fácil ficar em casa e participar da Live Cinegnose 360 #97, nesse domingo (05/03), às 18h, no YouTube. De cara esse humilde blogueiro pede desculpas aos cinegnósticos: vamos discutir a banda Ultraje a Rigor na sessão dos vinis e CDs. Mas por uma justificada curiosidade antropológica e política: “porque os roqueiros dos anos 80 viraram reaças” é uma questão mal formulada. Vamos explicar o porquê. Depois, vamos debater o oscarizável “Tár” (virtudes públicas e vícios privados numa estrutura de poder) e o filme norueguês “O Cidadão do Ano” (vingança e justiça em Nietzsche). Depois, a série “A Família Dinossauro” explica como a Reforma do Ensino Médio é uma arma na guerra híbrida brasileira. E na Crítica Midiática da Semana: bombas semióticas semânticas na grande mídia e; PPI e Petrobrás: a pièce de résistance da guerra híbrida; Zelensky virou uma “laranja mecânica”? PT e mídia seguem a gramática da ONGs de George Soros; Elon Musk confirma golpe na Ucrânia e vereador de Caxias do Sul quer argentinos no lugar de baianos: os sincericídios da extrema-direita. E outras bombinhas para terminar. Deixe seu carro e venha participar da Live Cinegnose 360.

sexta-feira, março 03, 2023

Nietzsche e o sabor gelado, muito gelado, da vingança no filme 'O Cidadão do Ano'


Nils foi homenageado como “O Cidadão do Ano” numa pequena e gelada comunidade norueguesa próxima do Círculo Polar Ártico. Ele mantém as estradas limpas da neve, o funcionário público modelo que acredita que o interesse público sempre vem primeiro. Até o seu filho ser assassinado e a polícia local encerrar o caso apenas como overdose. Será o início de uma escalada de vingança tragicômica, lembrando filmes como “Fargo” e a estética da violência de Tarantino. “O cidadão do Ano” (Kraftidioten, 2014, disponível no MUBI) acompanha o pacato servidor público que vira um implacável assassino vingando a morte do filho, revelando uma rede de tráfico de drogas. O filme é bem nietzschiano: se a vingança social (Justiça, o Direito) falha, aquilo que está latente, o ressentimento, retorna na vingança pessoal. As religiões salvacionistas tentam sublimar esse perigo, prometendo a verdadeira justiça só depois da morte. Mas o Nils quer a justiça aqui e agora: ele procura nesse mundo a simetria entre potências que somente poderá ser através da vingança.

quinta-feira, março 02, 2023

Todas as virtudes públicas e vícios privados do gênio preso em um labirinto no filme 'Tár'


Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Diretor e Atriz, “Tár” (2022) é um filme sobre uma brilhante maestra e compositora chamada Lydia Tár (numa interpretação visceral de Cate Blanchett) cuja vida e carreira desabam após chegar ao topo da cadeia alimentar no circuito promocional altamente predatório da música clássica. O diretor Toddy Field quer discutir algo que vai muito além da cultura de cancelamento: como a criação artística brilhante e original pode se perder num labirinto em que a necessidade de ser personalista e arrogante faz parte essencial do negócio para acumular capital simbólico num mercado tão competitivo.  Por isso a simbologia do labirinto é central (recorrente em diversas cenas): virtudes públicas e vícios privados combinados com o mix da arte, poder e influência criam o inferno para a protagonista, enquanto a genialidade vai se perdendo pelos becos sem saída de um labirinto.

sábado, fevereiro 25, 2023

Nesse domingo: banda Traffic; Teoria da Estupidez e o Poder; OTAN prepara false flag na Ucrânia? Lula e o anel de Biden


Não é o desfile das campeãs... Na contramão do Carnaval, é a Live Cinegnose 360 #96, nesse domingo (26/02), às 18h, no YouTube. Mais vinis que este humilde blogueiro achou no sótão: o folk psicodélico da banda Traffic: a tensão entre tradição e niilismo na “geração baby boomer”. Também vamos discutir a série “Olá, Amanhã!” (por que o retrofuturismo ainda nos fascina?) e o filme “The Sunset Limited” (niilismo e ateísmo fazem acerto de contas com a Religião e Filosofia. Teoria da Estupidez de Bonhoeffer e “viés da auto-seleção” de Brian Klaas explicam porque o poder sempre atrai pessoas erradas. E na crítica midiática da semana: Um ano da guerra na Ucrânia e OTAN/EUA podem estar preparando algo: Operação False Flag com ajuda da mídia; voto do Brasil favorável a resolução da ONU contra Rússia: Lula foi beijar o anel de Biden? A cobertura midiática da tragédia do Litoral Norte de SP: como esconder a luta de classes; Grande mídia e Carnaval: do discurso motivacional à hiper-realidade da neocolônia digital. E mais algumas bombinhas semióticas no final. É nesse domingo... venha conspirar no Carnaval. 

Niilismo e ateísmo querem fazer acerto de contas com Religião e Filosofia em 'The Sunset Limited'


Dois homens sentados à mesa num pequeno apartamento em um bairro miserável de Nova York. Ele salvou um desconhecido que tentava se matar atirando-se de uma plataforma de metrô e o trouxe para sua casa. Como pastor, tentará salvá-lo também com as palavras da Bíblia. O desconhecido é um professor universitário desiludido e, aparentemente, ateu. “The Sunset Limited” (2011), adaptação da peça teatral homônima de Cormac McCarthy, lembra o velho confronto entre Fé e Razão. Mas vai muito mais além disso: aquele professor não é um ateu comum – sua firme posição suicida é o resultado de uma jornada de séculos da destruição do indivíduo na Filosofia ocidental. De repente, Deus é a parte do problema existencial ao lado de noções como “Logos”, “Ideia”, “Razão” – o niilismo desafiador daquele estranho que quer fazer um acerto de contas com toda a inutilidade da Filosofia e da Religião.

quinta-feira, fevereiro 23, 2023

Por que as pessoas erradas são sempre atraídas pelo poder? É a estupidez... estúpido!


Para defender os “patriotas” presos pelas depredações em Brasília, o médium kardecista Divaldo Franco chegou a lançar mão da célebre frase do ativista Martin Luther King sobre “os gritos dos maus” e o “silêncio dos bons” diante das “coisas feitas pelos poderosos”. Mas quem são os “bons” e os “maus”? Essas noções tornaram-se ambíguas e reversíveis porque ainda são pensadas no campo do julgamento moral. A ponto de um “espírita reaça” se apropriar do pensamento de um ativista dos direitos civis. Como desambiguar essas noções e transformá-las em categorias sócio-psicológicas objetivas? Um caminho é através da Teoria da Estupidez do teólogo Dietrich Bonhoeffer e da teoria do “viés da auto-seleção” do cientista político Brian Klass: por que as pessoas erradas são sempre atraídas pelo poder, assim como as mariposas pela luz?

quarta-feira, fevereiro 22, 2023

Série 'Olá, Amanhã!': a ideia de futuro é o que faz a sociedade parecer avançada


Olhar o estilo retrofuturista otimista, brilhante e ensolarado dos anos 1950-60, ao estilo “Os Jetsons”, ainda nos fascina. Olhamos com a nostalgia do futuro do passado do século XXI: e se tivesse dado certo? Mas a série Apple TV+ de comédia dramática “Olá, Amanhã!” (Hello Tomorrow!, 2023-) suspeita que todo esse tecno-otimismo esconde algo muito mais sombrio: uma sociedade (tanto no passado como no presente) repleta de produtos avançados que apenas fazem a sociedade parecer avançada – um futuro que nada mais foi do que uma ilusão de fuga do tédio e angústia existencial numa sociedade que impõe a rotina e padronização. Uma empresa vende um projeto inédito: um condomínio de classe média na Lua, prometendo aos felizes compradores abandonar a Terra e fugir dos seus próprios problemas. Mas tudo parece ser um castelo de cartas pronto para desabar.

sábado, fevereiro 18, 2023

Live de domingo: 'Gangrena Gasosa'; sincromisticismo e Chernobyl 2.0 nos EUA; OVNIs e Guerra Cognitiva; liberais-globalistas no PT?


É olhando mais para o céu em busca de OVNIs do que para o desfile das escolas de samba que irá ao ar nesse domingo (19/02) a Live Cinegnose 360 #95, às 18h, no YouTube. Se é para falar em sons de matriz africana, vamos começar com a banda carioca “Gangrena Gasosa”: Antropofagia, Exus e Terreiros no Saravá Metal. E depois dos Comentários Aleatórios, vamos discutir os filmes “Pearl” (como as pessoas podem ser assustadoras ao alimentar a necessidade de serem vistas a todo custo) e “A Vastidão da Noite” (quando o eletromagnetismo abriu as portas para estranhos mundos). E precisamos discutir a estranha coincidência entra a Chernobyl 2.0 do acidente ferroviário em Ohio, EUA, e o filme “Ruído Branco”: 10 casos de contaminações sincromísticas do contínuo midiático que nos envolve. Na Crítica Midiática da Semana: OVNIs e Guerra Cognitiva. Por que grande mídia passou a amar OVNIs? Andrew Korybko e os liberais-globalistas do PT. Quais as conexões entre Pix, Roberto Campos no programa Roda Viva e cobertura midiática do Carnaval? A última crise no Governo da semana: como grande mídia tenta cavar crises – Lula ataca do Banco Central: Governo está controlando a pauta midiática? Venha participar do bloco de carnaval do Cinegnose... mas olhando para o céu! 

sexta-feira, fevereiro 17, 2023

Em 'Pearl' nasce uma estrela... sangrenta!



Em Pearl (2022), o diretor Ti West troca a fazenda abandonada e sombria dos anos 1970 do slasher do filme “X” pela mesma fazenda, mas agora em 1918, com um brilhante colorido tecnicolor, em busca das origens do massacre do filme anterior da futura trilogia. Lá encontramos Pearl jovem e cheia de sonhos escapistas tentando fugir de uma realidade familiar e econômica opressiva. Sonhos de se tornar uma celebridade: dançarina dos filmes de uma seminal Hollywood. Ser amada e aceita por todos. Mas há algo muito errado com ela – como as pessoas podem se tornar assustadoras ao alimentar a necessidade corrosiva de serem vistas a todo custo.

quarta-feira, fevereiro 15, 2023

OVNIs e Jung na Guerra Cognitiva da Guerra Fria 2.0


Em 2021 este “Cinegnose” já apontava o início da estratégia cognitiva de aproximação entre OVNIs e Guerra Fria 2.0 contra o eixo Rússia/China. Naquele ano, começava o hype das autoridades dos EUA e da mídia em torno do fenômeno OVNI com a publicação de relatório da Inteligência e imagens de jatos de caça perseguindo objetos voadores. No mesmo ano, a OTAN promovia um encontro cujo painel principal era sobre Guerra Cognitiva – aspecto da Guerra Híbrida que vai além da guerra da informação. Os três “OVNIs” abatidos por EUA e Canadá, cuja natureza seria mais terrestre (chinesa) do que interplanetária, já é a guerra cognitiva em ação. Além de desviar a atenção da denúncia de terrorismo dos EUA no Nord Stream e o novo Chernobyl criado por um acidente ferroviário em Ohio, há algo maior: alterar a nossa cognição ao contaminar ficção e realidade através do arquétipo dos discos voadores, tal qual descrito por Carl G. Jung.

sábado, fevereiro 11, 2023

Live de domingo: Nirvana, grande mídia quer crise permanente e Lula visita o executor da guerra híbrida brasileira


Mesmo com os juros altos e empresas falindo, a Live Cinegnose 360 fará igual ao capitão do Titanic: será o último a pular do navio! E continua na edição #94, nesse domingo (12/02), às 18h, no YouTube. Vamos começar com Nirvana e o Grunge: raiva, isolamento e morte como matéria-prima da indústria de entretenimento. Depois, uma novidade e um revisita: a destruição da alma na destruição do corpo no filme “Infinity Pool” (2023); e em seguida esse humilde blogueiro vai revisitar “Rambo: Programado Para Matar” (1982): do cinema esquizo à propaganda patriótica de um país humilhado. E por falar em propaganda, vamos discutir os 10 princípios da propaganda de guerra, aplicados na Ucrânia. E na Crítica Midiática da Semana: Juros altos e George Soros tinha razão, “o mercado vota todo dia”, principalmente na grande mídia brasileira; o “garimpo ilegal”: o exercício diário da mídia para esconder seu principal ativo, as Forças Armadas; Ironia: Lula visita “sleep Joe”, o executor da guerra híbrida brasileira; Folha mostra o modus operandi de como tornou o Brasil Profundo “aceitável”; Jornalismo corporativo decreta: Governo Lula será uma crise permanente. E mais algumas bombinhas semióticas. É nesse domingo! 

Revisitando 'Rambo: Programado Para Matar' - do cinema esquizo ao patriótico


O personagem John J. Rambo acabou sendo ressignificado pela propaganda nacionalista de Hollywood da Era Reagan. Uma propaganda feita para exorcizar a crise moral dos EUA pela derrota humilhante no Vietnã: do personagem disfuncional para o ícone fálico-exibicionista da máquina militar norte-americana. Por isso, o primeiro filme da franquia “Rambo: Programado para Matar” (Rambo: First Blood, 1982, disponível no MUBI) acabou contaminado pelos filmes posteriores. Esse filme precisa ser revisitado, pois foi um filme fora da curva num momento em que Hollywood produzia uma onda de “filmes recuperativos” para elevar o moral da América. Rambo é ainda o anti-herói que ecoa todos os anti-heróis do chamado “cinema esquizo” dos anos 1970 de filmes como “Um Estranho no Ninho” e “Taxi Driver”: protagonistas instáveis, obsessivos, paranoicos e disfuncionais que declaram guerra contra seu próprio país.

quinta-feira, fevereiro 09, 2023

Banco Central autônomo: o mercado vota todo dia na grande mídia


Como a grande mídia percebeu que dar chiliques não está dando certo (vide os casos da AGu querendo combater fake news e a “moeda única” do Mercosul), partiu para outra estratégia: cobertura ansiosa dos acontecimentos. Se nas eleições do Senado, a Globo criou um estúdio dentro do Congresso para o corpo-a-corpo, agora na “guerra” entre Lula e Banco Central coloca em ação seus informantes de pauta das mesas de operações das corretoras de valores. E até trazem para os estúdios, numa ação rara ou inédita. George Soros disse certa vez: “o mercado vota do dia”. No campo econômico, vota através da “porta giratória” das políticas monetárias do Banco Central. E no campo semiótico através da cegueira da patuleia com efeitos midiáticos de ciência econômica: números, tabelas e infográficos caprichados, com operadores sendo entrevistados tendo ao fundo múltiplas telas com gráficos coloridos – criando o efeito de tecnicidade neutra.  Enquanto Lula é “palanqueiro” e faz “jogadas”, Roberto Campos Neto divulga “atas”, faz “política monetária” e “não gosta de fortes emoções”.

O horror da destruição da alma em 'Infinity Pool'


Hotéis, resorts e assemelhados sempre renderam no cinema narrativas de mistério e terror. Sob uma infraestrutura de entretenimento e prazer sempre se oculta algum tipo de submundo ou subcultura. “Infinity Pool” (2023), terceiro filme de Brandon Cronenberg, alinha-se com essa mitologia: um resort em um país fictício asiático oculta uma subcultura perversa de turismo que envolve hedonismo, amoralidade e violência. Seguindo a trajetória do pai, David Cronenberg, “Infinity Pool” entra no campo do terror corporal. Porém, enquanto o pai trata da desintegração corporal, Brandon Cronenberg analisa a destruição das almas: através de um processo de punição de clones dos condenados por crimes, o que acontece com a humanidade de alguém ao saber que seus crimes não terão consequências reais.

sábado, fevereiro 04, 2023

Faith No More; a algoritmização do pensamento; balões chineses e golpe tabajara: mídia acredita em qualquer coisa


O Golpe pode ser “tabajara”, mas não a Live Cinegnose 360 #93, nesse domingo (05/02), às 18h, no YouTube. O humilde blogueiro acha mais um vinil no sótão: “The Real Thing”, do Faith No More: há 33 anos, o álbum que anteviu o grunge. Depois da sessão dos Comentários Aleatórios sobre obituários, semiótica das cores etc., vamos discutir os filmes “Significant Other” (Lacan e H.P. Lovecraft se encontram) e a série “The Last of Us” (videogames, pós-apocalipse e o zeitgeist do século XXI). E precisamos falar sobre o marketing da Inteligência artificial e a algoritmização do pensamento: a nova religião da autoabdicação humana. E a Crítica Midiática da semana está pegando fogo! Lacerdização da política e como grande mídia transformou eleição do Senado em “terceiro turno”; Marcos “Swat” do Val, a “minuta do golpe” e a estratégia de comunicação alt-right: como a mídia cai no conto do “golpe tabajara”; o balão de espionagem chinês: “colonistas” querem acreditar em qualquer coisa! Morreu o banqueiro que salvou a TV Globo; as 10 regras da propaganda de guerra. Tudo isso no domingo... venha conspirar com os cinegnósticos!

sexta-feira, fevereiro 03, 2023

Série 'The Last of Us' ou como aprendi a parar de me preocupar e amar armas!


Kubrick deu um segundo título, irônico, ao clássico “Doutor Fantástico”: “Como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba”. Eram tempos em que filmes apocalípticos e pós eram libelos pacifistas. Mas o zeitgeist do século XXI sobrevivencialista mudou tudo e os filmes pós-apocalípticos ironicamente viraram a realização dos sonhos para qualquer paranoico extremista de direita. Baseado no sucesso do videogame homônimo de 2013, a série “The Last of Us” (2023-, disponível na HBO Max) coloca na tela o melhor que o cinema americano faz: narrativas de perseguição com muitas, muitas armas. E “sobrevivencialistas” armados até os dentes contra a “Nova Ordem Mundial”. Também lutando contra zumbis canibais infectados por um fungo mutante. Até aqui (três episódios) a moral da série parece essa: CACs e extremistas de todo tipo tinham razão - armas são o que garantem a liberdade, o amor e a felicidade. Parece que não somente as baratas sobreviverão ao fim do mundo. Juntos estarão os “sobrevivencialistas”.

quinta-feira, fevereiro 02, 2023

"Se tomar posse não governa": mídia transforma eleição do Senado em "Terceiro Turno"


“Se tomar posse, não vai governar”, dizia o udenista Carlos Lacerda contra Getúlio Vargas. Hoje usa-se o eufemismo do “terceiro turno”. Ansiosa, a grande mídia nem esperou pelos primeiros 100 dias: depois dos chiliques contra as evidências de política desenvolvimentista no Mercosul, transformou a eleição à presidência do Senado num “terceiro turno polarizado”. A reeleição de Rodrigo Pacheco era dada como certa. De repente, o quadro mudou: a mídia passou a inventar que a disputa se tornou “acirrada” e que adversário Rogério Marinho (PL-RN) já contava com “traições” e de que teria virado o placar. A profecia autorrealizável (que contou com o tradicional lobby da Globo com estúdio dentro do Congresso) não deu certo. Mas o jornalismo corporativo está cevando seus ativos: o bunker bolsonarista do Senado, a ambígua figura de Arthur Lira e o “Exército Psíquico de Reserva” dos bolsomínios – agora espicaçados com a mitomania do senador Marcos “Swat” do Val denunciando plano de grampear o ministro Alexandre de Moraes.

Jacques Lacan e H.P. Lovecraft se encontram no filme 'Significant Other'


Um dos filmes mais interessantes e surpreendentes de 2022. Diretores e roteiristas independentes vêm buscando nos últimos anos projetos que não consigam ser encaixados num único gênero. Assim como o filme “Significant Other”, um híbrido de drama, terror e ficção científica no qual cada “plot twist” faz a narrativa dar uma reviravolta de gênero. Mas a dupla de diretores/roteiristas Dan Berk e Robert Olsen vai além ao conectar a semiótica do desejo de Lacan (o outro como “significante”) e o horror cósmico de H.P. Lovecraft. Um casal tenta se reconectar romanticamente numa longa caminhada por uma trilha na costa noroeste do Pacífico. Só que esse “reconectar” tem sentidos (ou “significantes” lacanianos) diferentes para cada um. Sem saberem, são observados por alguma coisa de fora desse mundo. Que, ironicamente, descobrirá essa incompletude originária na qual se fundamenta o desejo humano.

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