sábado, fevereiro 25, 2023

Nesse domingo: banda Traffic; Teoria da Estupidez e o Poder; OTAN prepara false flag na Ucrânia? Lula e o anel de Biden


Não é o desfile das campeãs... Na contramão do Carnaval, é a Live Cinegnose 360 #96, nesse domingo (26/02), às 18h, no YouTube. Mais vinis que este humilde blogueiro achou no sótão: o folk psicodélico da banda Traffic: a tensão entre tradição e niilismo na “geração baby boomer”. Também vamos discutir a série “Olá, Amanhã!” (por que o retrofuturismo ainda nos fascina?) e o filme “The Sunset Limited” (niilismo e ateísmo fazem acerto de contas com a Religião e Filosofia. Teoria da Estupidez de Bonhoeffer e “viés da auto-seleção” de Brian Klaas explicam porque o poder sempre atrai pessoas erradas. E na crítica midiática da semana: Um ano da guerra na Ucrânia e OTAN/EUA podem estar preparando algo: Operação False Flag com ajuda da mídia; voto do Brasil favorável a resolução da ONU contra Rússia: Lula foi beijar o anel de Biden? A cobertura midiática da tragédia do Litoral Norte de SP: como esconder a luta de classes; Grande mídia e Carnaval: do discurso motivacional à hiper-realidade da neocolônia digital. E mais algumas bombinhas semióticas no final. É nesse domingo... venha conspirar no Carnaval. 

Niilismo e ateísmo querem fazer acerto de contas com Religião e Filosofia em 'The Sunset Limited'


Dois homens sentados à mesa num pequeno apartamento em um bairro miserável de Nova York. Ele salvou um desconhecido que tentava se matar atirando-se de uma plataforma de metrô e o trouxe para sua casa. Como pastor, tentará salvá-lo também com as palavras da Bíblia. O desconhecido é um professor universitário desiludido e, aparentemente, ateu. “The Sunset Limited” (2011), adaptação da peça teatral homônima de Cormac McCarthy, lembra o velho confronto entre Fé e Razão. Mas vai muito mais além disso: aquele professor não é um ateu comum – sua firme posição suicida é o resultado de uma jornada de séculos da destruição do indivíduo na Filosofia ocidental. De repente, Deus é a parte do problema existencial ao lado de noções como “Logos”, “Ideia”, “Razão” – o niilismo desafiador daquele estranho que quer fazer um acerto de contas com toda a inutilidade da Filosofia e da Religião.

quinta-feira, fevereiro 23, 2023

Por que as pessoas erradas são sempre atraídas pelo poder? É a estupidez... estúpido!


Para defender os “patriotas” presos pelas depredações em Brasília, o médium kardecista Divaldo Franco chegou a lançar mão da célebre frase do ativista Martin Luther King sobre “os gritos dos maus” e o “silêncio dos bons” diante das “coisas feitas pelos poderosos”. Mas quem são os “bons” e os “maus”? Essas noções tornaram-se ambíguas e reversíveis porque ainda são pensadas no campo do julgamento moral. A ponto de um “espírita reaça” se apropriar do pensamento de um ativista dos direitos civis. Como desambiguar essas noções e transformá-las em categorias sócio-psicológicas objetivas? Um caminho é através da Teoria da Estupidez do teólogo Dietrich Bonhoeffer e da teoria do “viés da auto-seleção” do cientista político Brian Klass: por que as pessoas erradas são sempre atraídas pelo poder, assim como as mariposas pela luz?

quarta-feira, fevereiro 22, 2023

Série 'Olá, Amanhã!': a ideia de futuro é o que faz a sociedade parecer avançada


Olhar o estilo retrofuturista otimista, brilhante e ensolarado dos anos 1950-60, ao estilo “Os Jetsons”, ainda nos fascina. Olhamos com a nostalgia do futuro do passado do século XXI: e se tivesse dado certo? Mas a série Apple TV+ de comédia dramática “Olá, Amanhã!” (Hello Tomorrow!, 2023-) suspeita que todo esse tecno-otimismo esconde algo muito mais sombrio: uma sociedade (tanto no passado como no presente) repleta de produtos avançados que apenas fazem a sociedade parecer avançada – um futuro que nada mais foi do que uma ilusão de fuga do tédio e angústia existencial numa sociedade que impõe a rotina e padronização. Uma empresa vende um projeto inédito: um condomínio de classe média na Lua, prometendo aos felizes compradores abandonar a Terra e fugir dos seus próprios problemas. Mas tudo parece ser um castelo de cartas pronto para desabar.

sábado, fevereiro 18, 2023

Live de domingo: 'Gangrena Gasosa'; sincromisticismo e Chernobyl 2.0 nos EUA; OVNIs e Guerra Cognitiva; liberais-globalistas no PT?


É olhando mais para o céu em busca de OVNIs do que para o desfile das escolas de samba que irá ao ar nesse domingo (19/02) a Live Cinegnose 360 #95, às 18h, no YouTube. Se é para falar em sons de matriz africana, vamos começar com a banda carioca “Gangrena Gasosa”: Antropofagia, Exus e Terreiros no Saravá Metal. E depois dos Comentários Aleatórios, vamos discutir os filmes “Pearl” (como as pessoas podem ser assustadoras ao alimentar a necessidade de serem vistas a todo custo) e “A Vastidão da Noite” (quando o eletromagnetismo abriu as portas para estranhos mundos). E precisamos discutir a estranha coincidência entra a Chernobyl 2.0 do acidente ferroviário em Ohio, EUA, e o filme “Ruído Branco”: 10 casos de contaminações sincromísticas do contínuo midiático que nos envolve. Na Crítica Midiática da Semana: OVNIs e Guerra Cognitiva. Por que grande mídia passou a amar OVNIs? Andrew Korybko e os liberais-globalistas do PT. Quais as conexões entre Pix, Roberto Campos no programa Roda Viva e cobertura midiática do Carnaval? A última crise no Governo da semana: como grande mídia tenta cavar crises – Lula ataca do Banco Central: Governo está controlando a pauta midiática? Venha participar do bloco de carnaval do Cinegnose... mas olhando para o céu! 

sexta-feira, fevereiro 17, 2023

Em 'Pearl' nasce uma estrela... sangrenta!



Em Pearl (2022), o diretor Ti West troca a fazenda abandonada e sombria dos anos 1970 do slasher do filme “X” pela mesma fazenda, mas agora em 1918, com um brilhante colorido tecnicolor, em busca das origens do massacre do filme anterior da futura trilogia. Lá encontramos Pearl jovem e cheia de sonhos escapistas tentando fugir de uma realidade familiar e econômica opressiva. Sonhos de se tornar uma celebridade: dançarina dos filmes de uma seminal Hollywood. Ser amada e aceita por todos. Mas há algo muito errado com ela – como as pessoas podem se tornar assustadoras ao alimentar a necessidade corrosiva de serem vistas a todo custo.

quarta-feira, fevereiro 15, 2023

OVNIs e Jung na Guerra Cognitiva da Guerra Fria 2.0


Em 2021 este “Cinegnose” já apontava o início da estratégia cognitiva de aproximação entre OVNIs e Guerra Fria 2.0 contra o eixo Rússia/China. Naquele ano, começava o hype das autoridades dos EUA e da mídia em torno do fenômeno OVNI com a publicação de relatório da Inteligência e imagens de jatos de caça perseguindo objetos voadores. No mesmo ano, a OTAN promovia um encontro cujo painel principal era sobre Guerra Cognitiva – aspecto da Guerra Híbrida que vai além da guerra da informação. Os três “OVNIs” abatidos por EUA e Canadá, cuja natureza seria mais terrestre (chinesa) do que interplanetária, já é a guerra cognitiva em ação. Além de desviar a atenção da denúncia de terrorismo dos EUA no Nord Stream e o novo Chernobyl criado por um acidente ferroviário em Ohio, há algo maior: alterar a nossa cognição ao contaminar ficção e realidade através do arquétipo dos discos voadores, tal qual descrito por Carl G. Jung.

sábado, fevereiro 11, 2023

Live de domingo: Nirvana, grande mídia quer crise permanente e Lula visita o executor da guerra híbrida brasileira


Mesmo com os juros altos e empresas falindo, a Live Cinegnose 360 fará igual ao capitão do Titanic: será o último a pular do navio! E continua na edição #94, nesse domingo (12/02), às 18h, no YouTube. Vamos começar com Nirvana e o Grunge: raiva, isolamento e morte como matéria-prima da indústria de entretenimento. Depois, uma novidade e um revisita: a destruição da alma na destruição do corpo no filme “Infinity Pool” (2023); e em seguida esse humilde blogueiro vai revisitar “Rambo: Programado Para Matar” (1982): do cinema esquizo à propaganda patriótica de um país humilhado. E por falar em propaganda, vamos discutir os 10 princípios da propaganda de guerra, aplicados na Ucrânia. E na Crítica Midiática da Semana: Juros altos e George Soros tinha razão, “o mercado vota todo dia”, principalmente na grande mídia brasileira; o “garimpo ilegal”: o exercício diário da mídia para esconder seu principal ativo, as Forças Armadas; Ironia: Lula visita “sleep Joe”, o executor da guerra híbrida brasileira; Folha mostra o modus operandi de como tornou o Brasil Profundo “aceitável”; Jornalismo corporativo decreta: Governo Lula será uma crise permanente. E mais algumas bombinhas semióticas. É nesse domingo! 

Revisitando 'Rambo: Programado Para Matar' - do cinema esquizo ao patriótico


O personagem John J. Rambo acabou sendo ressignificado pela propaganda nacionalista de Hollywood da Era Reagan. Uma propaganda feita para exorcizar a crise moral dos EUA pela derrota humilhante no Vietnã: do personagem disfuncional para o ícone fálico-exibicionista da máquina militar norte-americana. Por isso, o primeiro filme da franquia “Rambo: Programado para Matar” (Rambo: First Blood, 1982, disponível no MUBI) acabou contaminado pelos filmes posteriores. Esse filme precisa ser revisitado, pois foi um filme fora da curva num momento em que Hollywood produzia uma onda de “filmes recuperativos” para elevar o moral da América. Rambo é ainda o anti-herói que ecoa todos os anti-heróis do chamado “cinema esquizo” dos anos 1970 de filmes como “Um Estranho no Ninho” e “Taxi Driver”: protagonistas instáveis, obsessivos, paranoicos e disfuncionais que declaram guerra contra seu próprio país.

quinta-feira, fevereiro 09, 2023

Banco Central autônomo: o mercado vota todo dia na grande mídia


Como a grande mídia percebeu que dar chiliques não está dando certo (vide os casos da AGu querendo combater fake news e a “moeda única” do Mercosul), partiu para outra estratégia: cobertura ansiosa dos acontecimentos. Se nas eleições do Senado, a Globo criou um estúdio dentro do Congresso para o corpo-a-corpo, agora na “guerra” entre Lula e Banco Central coloca em ação seus informantes de pauta das mesas de operações das corretoras de valores. E até trazem para os estúdios, numa ação rara ou inédita. George Soros disse certa vez: “o mercado vota do dia”. No campo econômico, vota através da “porta giratória” das políticas monetárias do Banco Central. E no campo semiótico através da cegueira da patuleia com efeitos midiáticos de ciência econômica: números, tabelas e infográficos caprichados, com operadores sendo entrevistados tendo ao fundo múltiplas telas com gráficos coloridos – criando o efeito de tecnicidade neutra.  Enquanto Lula é “palanqueiro” e faz “jogadas”, Roberto Campos Neto divulga “atas”, faz “política monetária” e “não gosta de fortes emoções”.

O horror da destruição da alma em 'Infinity Pool'


Hotéis, resorts e assemelhados sempre renderam no cinema narrativas de mistério e terror. Sob uma infraestrutura de entretenimento e prazer sempre se oculta algum tipo de submundo ou subcultura. “Infinity Pool” (2023), terceiro filme de Brandon Cronenberg, alinha-se com essa mitologia: um resort em um país fictício asiático oculta uma subcultura perversa de turismo que envolve hedonismo, amoralidade e violência. Seguindo a trajetória do pai, David Cronenberg, “Infinity Pool” entra no campo do terror corporal. Porém, enquanto o pai trata da desintegração corporal, Brandon Cronenberg analisa a destruição das almas: através de um processo de punição de clones dos condenados por crimes, o que acontece com a humanidade de alguém ao saber que seus crimes não terão consequências reais.

sábado, fevereiro 04, 2023

Faith No More; a algoritmização do pensamento; balões chineses e golpe tabajara: mídia acredita em qualquer coisa


O Golpe pode ser “tabajara”, mas não a Live Cinegnose 360 #93, nesse domingo (05/02), às 18h, no YouTube. O humilde blogueiro acha mais um vinil no sótão: “The Real Thing”, do Faith No More: há 33 anos, o álbum que anteviu o grunge. Depois da sessão dos Comentários Aleatórios sobre obituários, semiótica das cores etc., vamos discutir os filmes “Significant Other” (Lacan e H.P. Lovecraft se encontram) e a série “The Last of Us” (videogames, pós-apocalipse e o zeitgeist do século XXI). E precisamos falar sobre o marketing da Inteligência artificial e a algoritmização do pensamento: a nova religião da autoabdicação humana. E a Crítica Midiática da semana está pegando fogo! Lacerdização da política e como grande mídia transformou eleição do Senado em “terceiro turno”; Marcos “Swat” do Val, a “minuta do golpe” e a estratégia de comunicação alt-right: como a mídia cai no conto do “golpe tabajara”; o balão de espionagem chinês: “colonistas” querem acreditar em qualquer coisa! Morreu o banqueiro que salvou a TV Globo; as 10 regras da propaganda de guerra. Tudo isso no domingo... venha conspirar com os cinegnósticos!

sexta-feira, fevereiro 03, 2023

Série 'The Last of Us' ou como aprendi a parar de me preocupar e amar armas!


Kubrick deu um segundo título, irônico, ao clássico “Doutor Fantástico”: “Como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba”. Eram tempos em que filmes apocalípticos e pós eram libelos pacifistas. Mas o zeitgeist do século XXI sobrevivencialista mudou tudo e os filmes pós-apocalípticos ironicamente viraram a realização dos sonhos para qualquer paranoico extremista de direita. Baseado no sucesso do videogame homônimo de 2013, a série “The Last of Us” (2023-, disponível na HBO Max) coloca na tela o melhor que o cinema americano faz: narrativas de perseguição com muitas, muitas armas. E “sobrevivencialistas” armados até os dentes contra a “Nova Ordem Mundial”. Também lutando contra zumbis canibais infectados por um fungo mutante. Até aqui (três episódios) a moral da série parece essa: CACs e extremistas de todo tipo tinham razão - armas são o que garantem a liberdade, o amor e a felicidade. Parece que não somente as baratas sobreviverão ao fim do mundo. Juntos estarão os “sobrevivencialistas”.

quinta-feira, fevereiro 02, 2023

"Se tomar posse não governa": mídia transforma eleição do Senado em "Terceiro Turno"


“Se tomar posse, não vai governar”, dizia o udenista Carlos Lacerda contra Getúlio Vargas. Hoje usa-se o eufemismo do “terceiro turno”. Ansiosa, a grande mídia nem esperou pelos primeiros 100 dias: depois dos chiliques contra as evidências de política desenvolvimentista no Mercosul, transformou a eleição à presidência do Senado num “terceiro turno polarizado”. A reeleição de Rodrigo Pacheco era dada como certa. De repente, o quadro mudou: a mídia passou a inventar que a disputa se tornou “acirrada” e que adversário Rogério Marinho (PL-RN) já contava com “traições” e de que teria virado o placar. A profecia autorrealizável (que contou com o tradicional lobby da Globo com estúdio dentro do Congresso) não deu certo. Mas o jornalismo corporativo está cevando seus ativos: o bunker bolsonarista do Senado, a ambígua figura de Arthur Lira e o “Exército Psíquico de Reserva” dos bolsomínios – agora espicaçados com a mitomania do senador Marcos “Swat” do Val denunciando plano de grampear o ministro Alexandre de Moraes.

Jacques Lacan e H.P. Lovecraft se encontram no filme 'Significant Other'


Um dos filmes mais interessantes e surpreendentes de 2022. Diretores e roteiristas independentes vêm buscando nos últimos anos projetos que não consigam ser encaixados num único gênero. Assim como o filme “Significant Other”, um híbrido de drama, terror e ficção científica no qual cada “plot twist” faz a narrativa dar uma reviravolta de gênero. Mas a dupla de diretores/roteiristas Dan Berk e Robert Olsen vai além ao conectar a semiótica do desejo de Lacan (o outro como “significante”) e o horror cósmico de H.P. Lovecraft. Um casal tenta se reconectar romanticamente numa longa caminhada por uma trilha na costa noroeste do Pacífico. Só que esse “reconectar” tem sentidos (ou “significantes” lacanianos) diferentes para cada um. Sem saberem, são observados por alguma coisa de fora desse mundo. Que, ironicamente, descobrirá essa incompletude originária na qual se fundamenta o desejo humano.

sábado, janeiro 28, 2023

Buzzcocks; como escapar da Matrix em 10 filmes; chiliques da grande mídia dão conteúdo às redes extremistas


Informação, debate, análises e (por que não?) a solução final para o tédio do final de domingo. Tudo isso na Live Cinegnose 360 #92, nesse domingo (29/01), às18h, no YouTube. Na sessão dos Vinis e CDs perdidos no sótão desse humilde blogueiro, vamos mudar de vibe com o punk seminal do Buzzcocks: o tédio como força propulsora do punk. Depois análises do filme japonês “Tag” (a cultura pop gnóstica japonesa) e “It Comes at Night” (terror reverso e realismo capitalista). Como fugir da Matrix? O Cinema dá a resposta: 10 definições de gnose através de filmes. E retornando ao mundo ordinário, a Crítica Midiática da Semana: as conexões ocultas entre dois chiliques da grande mídia nesse começo de ano; economia e geopolítica no giro de Lula pelo Mercosul; o que está por trás da nacionalização da pauta dos telejornais regionais; por que jornalismo da Globo está interessada no consumo da favela de Paraisópolis e Heliópolis? Jornalismo corporativo descobre Yanomamis e minimiza Forças Armadas. E muito mais! E é tudo nesse domingo!  

Na segunda-feira, no YouTube, o leitor encontra a Live Cinegnose 360 #92 com minutagem, bibliografia e discografia.


sexta-feira, janeiro 27, 2023

Mídia "de qualidade e profissional" fornece matéria-prima para redes de extrema-direita


Nos últimos dias os “colonistas” da imprensa corporativa tiveram dois chiliques: primeiro, quando o governo criou órgão na AGU para combater fake news. E, nessa semana, quando Lula visitou o presidente Fernández na Argentina. Cenários distópicos orwellianos começaram a ser pintados: um Governo que não só controlará a liberdade de informação, mas também decretará o fim do real no Mercosul da “moeda única”. Esses dois chiliques guardam uma oculta conexão: a grande mídia, supostamente produtora de “informação de qualidade e profissional”, é a principal fornecedora de matéria-prima para conteúdos das redes de extrema-direita. Entre a sensacionalista expressão “moeda única”, o déjà vu das críticas ao BNDES financiando “ditaduras de esquerda” e a crítica ambiental seletiva do gás de xisto argentino, fica clara a dialética grande mídia e estratégias de desinformação da extrema-direita. 

quinta-feira, janeiro 26, 2023

O terror reverso no filme 'It Comes at Night'


Uma família sobrevivente de uma pandemia que matou grande parte da população se abrigou em uma cabana remota para estocar água e comida, armados e desconfiados de qualquer um que se aproxime. Quantas vezes já vimos variações desse plot, com zumbis saindo de surpresa da floresta? Mas em “It Comes at Night” (2017) as coisas não são assim: os vilões não são mais zumbis ou ameaças pandêmicas, mas vem de dentro para fora - perdas, o luto, a dor, o medo, a desconfiança e a paranoia. No limiar entre civilização e caos, uma família mantém exigentes protocolos de segurança para criar algum senso de ordem e estabilidade. Até chegar uma jovem família desesperada em busca de refúgio, que fará emergir um vilão ainda mais mortal: o terror reverso.

quarta-feira, janeiro 25, 2023

A cultura pop gnóstica japonesa no filme 'Tag'


Animes, mangas, filmes e romances japoneses, repletos de gritantes gráficos coloridos e ações com temas fantásticos e futuristas, são tão desapegados das regras hollywoodianas ocidentais que permitem aos autores mergulhos profundos na psicologia e mitologia. Claro, sempre numa perspectiva pop. Um campo que facilmente absorve o esoterismo gnóstico, que melhor representa mundos distópicos violentos e ciberpunks catárticos.  “Tag” (2015), de Sion Sono, é um bom exemplo: baseado em um romance popular que gira em torno de meninas colegiais que se tornam presas de professores e de um híbrido humano-porco em um mundo sem homens. Tudo isso enquanto são objetificadas para algum olhar masculino onipresente: seria o de um Demiurgo? Do espectador? Ou do próprio diretor? Mitologias clássicas gnósticas do Demiurgo, de almas decaídas, do Salvador e do Divino Feminino narradas em toda glória da cultura pop japonesa. 

sábado, janeiro 21, 2023

O rock prog da Premiata Forneria Marconi; tiros semióticos e como mídia esconde sistema operacional das FA


Como esse mundo não deixa o humilde blogueiro em paz, a Live Cinegnose 360 continua nesse domingo (22/01) com a edição #91, às 18h, no YouTube. Vamos continuar na vibe do rock progressivo com os italianos da Premiata Forneria Marconi: rock prog e a Itália na Guerra Fria. Depois, vamos discutir dois filmes subestimados e esquecidos: “Homem Bicentenário” (morte e a singularidade tecnológica) e “2019 – O Ano da Extinção” (Vampiros e Gnosticismo vão à ficção científica). Em seguida, uma pergunta: por que os idosos foram atraídos pelo bolsonarismo? Uma resposta que também chega aos jovens. E na crítica midiática da semana: Big Brother Brasil, ecologia maléfica e como o gênero reality show foi inspirado no experimento Biosfera 2; o tiro semiótico da Folha em Lula e mais bombas semióticas metonímicas; por que grande mídia quer “virar a página” na questão das Forças Armadas? a espuma midiática das investigações sobre os ataques de Brasília; para grande mídia sumiço do dinheiro da formatura da Medicina USP é mais importante do que rombo das Lojas Americanas. Venha conspirar no domingo! 

Na segunda-feira, no YouTube, o leitor encontra a Live Cinegnose 360 #91 com minutagem, bibliografia e discografia.



sexta-feira, janeiro 20, 2023

Vampiros e gnosticismo vão à ficção científica no subestimado '2019 - O Ano da Extinção'


A Era “Crepúsculo” acabou dominando o mercado dos vampiros que caminham durante o dia na primeira década desse século. O que deixou a produção australiana "2019 - O Ano da Extinção" (Daybreakers”, 2009) em busca de um público. Acabando esquecida com o passar dos anos. É um filme extremamente subestimado no qual os vampiros passam para o campo sci-fi – um futuro em que eles estão no controle do mundo. Na maioria das narrativas vampiros são seres que se escondem nas trevas e têm vidas secretas. Mas nesse filme tudo se inverte: são os humanos que escondem sua humanidade numa sociedade em que foram transformados em rebanho para colheita de sangue, algo parecido com “Matrix”. Vampiros, assim como zumbis, são fascinantes porque lembram para nós a própria condição gnóstica humana: nem a morte é suficiente para escaparmos desse mundo. Mas em “Daybreakers’ eles passam para o outro lado: são entidades inteligentes e demiúrgicas que controlam os humanos.

Folha dispara tiro semiótico em Lula


A resposta veio rápida. Depois da entrevista que Lula concedeu a uma “colonista” da Globo News criticando a necessidade da autonomia do Banco Central, o dia seguinte foi ocupado por sabujos do jornalismo corporativo espumando de ódio nos canais de notícia. E o jornal Folha de São Paulo estampando na primeira página uma fotomontagem sugerindo que Lula sofria um tiro certeiro no coração, por trás de um vidro estilhaçado. “Estamos dando uma ideia, quem se habilita?”, parece sugerir com a foto posicionada ao lado da manchete principal ambígua. Na verdade uma notícia requentada para turbinar a escalada da tensão entre Governo e Forças Armadas. A fotógrafa Gabriela Biló fez uma fotomontagem. Mas a Folha a usou como fosse fotojornalismo para construir uma bomba semiótica metonímica: texto + imagem = terceiro significado. A bomba semiótica explode num contexto em que a grande mídia tem que buscar solução para duas questões: (a) esconder as psyOps das Forças Armadas debaixo da espuma midiática das investigações sobre a invasão de Brasília; (b) desvencilhar-se da mais-valia semiótica de Lula pós-invasão: a agenda de Estado.

quinta-feira, janeiro 19, 2023

Morte e Singularidade tecnológica no filme 'Homem Bicentenário'


Um clássico esquecido, mesmo entre os fãs do ator Robin Williams. Na época, “Homem Bicentenário” (Bicentennial Man, 1999) foi um fracasso de bilheteria com uma péssima promoção, inclusive com trailers que sugeriam como mais um veículo para o personagem do pateta com coração, como o ator se notabilizou em filmes anteriores. Mas “Homem Bicentenário” é um drama sério de ficção científica, que se inseriu numa guinada metafísica de Hollywood no final de século, com filmes como Dark City, Show de Truman e Matrix. Mais do que isso, foi na contramão do imaginário místico que começava a motivar o Vale do Silício: a Singularidade tecnológica como a busca da imortalidade através da digitalização da consciência – a agenda pós-humanista. Ao contrário, o filme faz uma reflexão humanística: um robô alcança a Singularidade, mas tenta aprender o que nos torna humanos: a mortalidade como o principal traço da alma humana.

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