quinta-feira, janeiro 30, 2020

"Contágio", "American Factory" e coronavírus: guerra semiótica ou armas biológicas?


Milhões de pessoas em quarentena por ordem do Governo chinês. Uma misteriosa mutação de um coronavírus surge numa província da China, ameaçando dar início a uma pandemia, provocando alerta global da OMS. Esse é um breve resumo das notícias de uma crise que apavora o mundo, com expectativas de consequências econômicas imprevisíveis. Mas também é o plot do filme de 2011 “Contágio” de Steve Soderbergh. Muitos cinéfilos estão apontando as incríveis coincidências entre ficção e realidade. Ao mesmo tempo, o documentário “American Factory” é o favorito ao Oscar, no qual os chineses figuram como exploradores capitalistas que compram uma fábrica falida da GM para destruir sindicatos e oprimir americanos.  Estamos em meio a uma guerra semiótica como arma híbrida dentro da batalha comercial e geopolítica EUA vs. China? Coronavírus é uma arma na guerra da informação ou uma arma biológica? Será que mais uma vez a ficção hollywoodiana (e dessa vez também um game chamado “Plague Inc.”) é usada como arma semiótica para tornar verossímil eventos arbitrários? No mínimo, os fatos apontam para uma dúvida plausível – como sempre, encontramos sincronismos, conveniências, timing com a velha pergunta em mente: quem ganha com o medo da pandemia?

quarta-feira, janeiro 29, 2020

Geração Millennial vivencia o terror do tempo em "Lake Artifact"


O plot “cabana na floresta” acabou se tornando um subgênero do terror: jovens vão para um lugar remoto em busca de festa e bebedeiras. E lá encontram demônios ancestrais ou serial killers. Mas isso está mudando por uma marca geracional dos millennials: a convivência com a rápida evolução tecnológica digital – agora, nas cabanas e florestas jovens encontrarão anomalias temporais, paradoxos quânticos ou loops espaço-tempo, armadilhas que ameaçam a vida dos protagonistas. “Lake Artifact” (2019) é um exemplo: múltiplas linhas de tempo se encontram em uma região remota na floresta. O pesadelo é que cada decisão ou correção de curso daquele grupo de jovens pode criar novas linhas de tempo, novos loops e novas prisões temporais: ser o único sobrevivente é a condição para escapar dessa anomalia. O tema recorrente no cinema do tempo como ameaça é o sintoma de um conflito dessa geração: através de dispositivos móveis como smartphones estamos abandonando o espaço para vivermos no tempo através do ciberespaço. Filme sugerido pelo nosso leitor Alexandre Von Keuken.

domingo, janeiro 26, 2020

Curta da Semana: "What Did Jack Do?" - David Lynch, Meditação Transcendental e surrealismo


No 74º aniversário de David Lynch, sem aviso, a Netflix postou o curta-metragem (17 minutos) do diretor, chamado “What Did Jack Do?”. Na verdade, um enigmático projeto de 2016 no qual assistimos a um detetive interrogando um macaco capuchinho acusado de assassinato. Um crime passional, motivado por um intenso amor por uma galinha chamada “Toototabom”... – um argumento tão absurdo e engraçado quanto parece. Nesse curta, Lynch retorna a muitos elementos iniciados no seu filme de estreia “Eraserhead” (1977) e recorrentes na sua carreira. Mas esse curta deixa explícita duas influências criativas decisivas na sua obra: a prática, há 45 anos, de Meditação Transcendental e a continuação do legado dadaísta (cut-up) e surrealista (imagens como fluxo onírico) no cinema.

sexta-feira, janeiro 24, 2020

Cresce aprovação a Bolsonaro: a esquerda à sombra das maiorias silenciosas


Era uma vez uma Oposição que achava que bastaria deixar Bolsonaro governar, tarefa para a qual é evidentemente desqualificado... e deixar sangrar até se demitir. Um ano depois, as coisas não estão bem assim: os números da pesquisa de opinião CNT-MDA deste mês revelaram um crescimento na aprovação a Bolsonaro. E que mais da metade dos entrevistados confia nas três grandes redes televisivas: Globo, Record e SBT. Bolsonaro continua um desqualificado (o início do apagão do serviço público começou com crises no INSS e Enem), mas a vitória, até aqui, na guerra da comunicação dá a vantagem da prestidigitação: a sua “guerra cultural”, na qual ganha de 7 X 1 de uma esquerda que caiu no alçapão deixado pela extrema-direita – a mídia progressista se esfalfa em denunciar que Bolsonaro é misógino, sexista, miliciano, pró-ditadura...  e daí? Para a maioria silenciosa, sobrevivendo no cotidiano, tudo isso é abstrato, “politicagem”. A grande mídia cria o chamariz com a pauta da guerra cultural (identidade, gênero, raça, etnia, meio ambiente etc.), aprisionando a esquerda em seu tautismo (tautologia + autismo midiático) – abandona a comunicação direta com a maioria silenciosa e se desconecta do deserto do real: a economia.

quinta-feira, janeiro 23, 2020

O perigoso atalho espiritual na Internet no filme "Contato Visceral"


Além de teorias conspiratórias e fake news, a Internet com seu sites e fóruns de discussões é fértil em ocultismo, esoterismo, seitas e rituais neopagãos. É como se oferecesse um atalho para a “iluminação”. Porém, sem ascese. A tal ponto que, vulneráveis, não conseguiríamos distinguir entre a Luz e as Trevas. O filme Netflix “Contato Visceral” (“Wounds”, 2019) parte desse traço particular da geração dos millennials. Um bartender encontra um smartphone esquecido por um grupo de universitários. Seu conteúdo com estranhas fotos e mensagens de texto despertará a curiosidade de Will que o conduzirá a um abismo envolvendo supostos rituais gnósticos de sacrifício par abrir portais para a divindade. Em “Contato Visceral” a Internet pode se transformar numa toca de coelho. E às vezes, descer por essa toca torna-se perigoso. Filme sugerido pelo nosso incansável colaborador Felipe Resende.

quarta-feira, janeiro 22, 2020

"Limbo": o Universo tem um plano ou é uma grande piada cósmica?


O leitor deve conhecer a peça teatral de Ariano Suassuna “O Auto da Compadecida”, pelos menos através do filme e da minissérie. E principalmente deve lembrar do ápice final no qual os protagonistas ficam perante o acusador (Satanás) e a Compadecida (a Santa defensora dos réus), combinando religiosidade católica com a crítica social das injustiças e desigualdades econômicas. Se assistir ao filme “Limbo – Entre o Céu e o Inferno” (2019), certamente lembrará dessa obra de Suassuna: um homem desperta no Limbo para se encontrar num julgamento, preso entre um promotor amargo e uma advogada de defesa inexperiente. Deus e Lúcifer têm um estranho interesse por um caso que poderia ser mais um entre milhões de almas condenadas. O diretor/escritor Mark Young vai além de um conto moralista sobre culpa, perdão e redenção - desconstrói o conto moral através do niilismo gnóstico: e se este julgamento for uma farsa para encobrir que na verdade o homem é um mero joguete de uma guerra entre Deus, anjos celestes e anjos decaídos? Será que o Universo tem um plano divino para a humanidade ou tudo não passa de uma grande piada cósmica? Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

domingo, janeiro 19, 2020

2013: o ano em que o País tirou o Diabo para dançar na Primavera que jamais chegou


Os quinze primeiros dias de 2020 foram marcados por dois acontecimentos ironicamente ligados no tempo e no espaço, presente e passado: os atos de Movimento Passe Livre em São Paulo (com esperada repressão policial) e o inacreditável vídeo plágio-nazi-Goebbles do demitido secretário da cultura Roberto Alvim. Enquanto os protestos no Centro de São Paulo mostravam que o MPL voltou à sua condição inicial, desconhecida para a maioria dos brasileiros, capaz de mobilizar algumas dezenas de pessoas (nada parecido com 2013 em que foi a centelha da explosão de um barril de pólvora), o vídeo de Roberto Alvim apenas tornou explícito por que aquilo deu nisso – o vídeo simplesmente revelou que a “primavera” das chamadas “jornadas de junho” de 2013 jamais chegou: ao invés de um futuro melhor, abriu caminho para a extrema-direita. Sem perceberem, as manifestações de 2013 tiraram o Diabo para dançar – basta revisitar os bastidores e a localização geográfica dos usuários das redes sociais daqueles dias inebriantes para percebermos que as primeiras notas da trilha de Wagner do vídeo de Roberto Alvim já estavam sendo tocadas pela guerra híbrida.  

terça-feira, janeiro 14, 2020

Todos os afetos de um país cronicamente inviável no documentário "Democracia em Vertigem"


Indicado ao Oscar de Melhor Documentário, “Democracia em Vertigem” (2019, disponível na Netflix), dirigido por Petra Costa, não é uma produção comum do gênero. A cronologia dos fatos que levaram o País da ditadura militar aos governos de centro-esquerda de Lula e Dilma é apenas o cenário para outro tema mais profundo: por que a elite de repente se cansou da Democracia e do Estado de Direito e virou o tabuleiro, envenenando corações e mentes com ódio e polarização? A câmera de Petra Costa e sua melancólica narração buscam nas imagens oficiais e de bastidores aquilo que Roland Barthes chamava de “punctum”: detalhes que nos afetam, cortam e ferem. Pequenos detalhes em imagens (gestos, falas, atitudes, olhares etc.) que, em vários momentos do documentário, parecem expressar secretamente o que estava reservado para o futuro do País. “Democracia em Vertigem” lida principalmente com afetos em um país cronicamente inviável – sob a superfície mutante da política estão personagens que sempre estiveram lá, desde que um golpe militar instituiu a República: a elite financeira, midiática e empresarial. A democracia brasileira foi fundada no esquecimento.

Vítimas do fetiche da Moda e de um vestido assassino em "In Fabric"


No cinema, tomates, carros, camas, refrigeradores e até pneus já se transformaram em objetos assassinos que perseguem seus proprietários. Agora é a vez de um vestido ser assombrado e perseguir os incautos consumidores de uma loja de departamentos que mais parece uma seita secreta neopagã. Uma loja/seita promovida por um hipnótico filme publicitário na TV que convida os telespectadores à celebração do consumo da Moda. Essa sinopse sugere mais um filme de terror trash. Ao contrário, “In Fabric” (2018) nos oferece uma narrativa estranha, ao mesmo tempo non sense e meta-simbólica – uma paródia em humor negro da auto-imagem que a indústria da moda faz de si mesma. Como uma atividade profana que aspira ao Divino e ao Sagrado. “In Fabric” também revela o porquê dessa recorrência de objetos inanimados assassinos no cinema: a nossa relação fetichista com as mercadorias numa sociedade em que as coisas ganham qualidades humanas enquanto as pessoas viram coisas. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

sábado, janeiro 11, 2020

CEO de startup tecnológica encontrada morta após alertar que "vivemos na Matrix"


Erin Valenti, 33, CEO fundadora de uma startup tecnológica de aplicativos corporativos de Salt Lake City, foi até o Vale do Silício a negócios. Para desaparecer e, uma semana depois, ser encontrada morta no banco de trás de um carro alugado em um tranquilo bairro de classe média de San José. Tudo se limitaria a mais uma notícia de páginas policiais, se antes ela não tivesse ligado para seus pais, em pânico, paranoica e dizendo coisas desconexas como “vivemos na Matrix”, “tudo é um jogo mental” e “neurociência é controle da mente”. Estranhamente a polícia ignorou o aviso de desaparecimento e até hoje não deu qualquer informação sobre a causa da morte. A família procura respostas desde o ano passado. Muitos engenheiros e cientistas do Vale do Silício estão obcecados com a hipótese da simulação, o argumento de que aquilo que experimentamos como realidade é de fato fabricado num computador. Mas o que incendiou mesmo a imaginação conspiratória foi a descoberta das ligações de Erin Valenti com o Projeto Brainwave - criação de interfaces não invasivas entre as ondas cerebrais e computadores. Será que Erin tentava expor algo desconhecido? Ou foi mais um caso de “burnout” de uma CEO no competitivo mundo das startups tecnológicas?

quinta-feira, janeiro 09, 2020

A dependência bioquímica da felicidade no filme "Little Joe"


“Little Joe” é um curioso sci-fi de terror. Na verdade anti-terror. Na maioria dos filmes de terror estremecemos com espetáculos de autodegradação: o corpo é violentamente possuído por vírus, bactérias, aliens etc. Mas em “Litte Joe” vemos o oposto: as vítimas se transformam nas versões mais felizes e saudáveis de si mesmas. Porém, “zumbis” felizes. Uma espécie de versão do clássico “invasores de Corpos” na era dos antidepressivos. Uma cientista sênior de um laboratório de biotecnologia cria uma planta geneticamente modificada cujo pólen, ao ser inalado, produz uma sensação de “felicidade” – na verdade um mix de euforia, apatia e perda do senso crítico. As plantas geneticamente modificadas são a metáfora da proliferação dos antidepressivos e de uma certa ideia de felicidade que implica em adormecimento, sonolência e um conforto que advém de uma passividade conformista. A dependência bioquímica de uma certa ideia de felicidade esperada pelas corporações e sociedade de consumo. Filme sugerido pelo nosso leitor Alexandre Von Keuken.

terça-feira, janeiro 07, 2020

Perdida no fim do mundo a humanidade tenta roubar o fogo dos deuses em "O Farol"


Na estreia do diretor Robert Eggers em "A Bruxa" (2015), ele nos mostrou que o combustível do horror é a nossa própria mente, tanto no cinema quanto na vida real da época de como a moralidade puritana foi capaz de criar monstros e demônios. Em “O Farol” (2019), Eggers expande sua abordagem do horror: além da mente, a mitologia e a nossa memória arquetípica podem criar mundos claustrofóbicos e monstros terríveis. Inspirado no mito grego de Prometeu (o titã que roubou o fogo dos deuses para dar aos homens e foi cruelmente castigado pela eternidade), acompanhamos dois faroleiros em uma ilha perdida no fim do mundo – sua lenta descida da racionalidade para o delírio e loucura. Eggers articula uma complexa simbologia que vai da psicologia profunda de Carl Jung aos monstros híbridos de HP Lovercraft – a luz do farol como o fogo disputado por deuses e homens. E nada melhor do que a figura do faroleiro, isolado numa rocha no meio das tormentas, guardando a luz/fogo roubada dos deuses, apontando-a desafiadoramente para a escuridão.

domingo, janeiro 05, 2020

A esquerda negligencia a Comunicação? Uma reposta do Cinegnose ao leitor Janos Leite


Publicamos uma pertinente crítica à postagem “Lula joga um balde de água fria na guerra da comunicação” deste "Cinegnose", feita pelo nosso leitor Janos Biro Marques Leite. Na postagem em questão fazíamos uma crítica às declarações de Lula sobre a questão da Comunicação nas estratégias políticas da esquerda, por supostamente conter dois erros fundamentais: (a) a impossibilidade de uma política digital progressista nas redes sociais por elas serem um meio dominado pela baixaria e manipulação; (b) o que ocorreu nas eleições de 2018 teria sido uma novidade, cara e bancada ilegalmente. A partir de uma discussão dentro da ciência da Comunicação, apresentávamos a tese de que é possível uma ação progressista com os algoritmos e que a estratégia da direita nas redes sociais nada mais é do que a colocação em prática de uma descoberta de 70 anos atrás: a força da influência social. A crítica apresentada pelo nosso leitor é uma boa oportunidade para ampliar o debate. Esse humilde blogueiro responde às críticas de Janos e detalha melhor as ideias da postagem em questão.

sexta-feira, janeiro 03, 2020

A narrativa do ataque ao Porta dos Fundos: tão conveniente quanto uma false flag


Frequentemente ridicularizadas como “teoria da conspiração”, na atualidade as chamadas “false flags” (“Operação Bandeira Falsa”) assumiram um novo aspecto ao serem incorporadas às guerras extensivas por meios não convencionais: guerras híbrida e criptografada. Adquirem um novo estilo, agora irregular, como “operações psicológicas” (psy ops). Os três movimentos do xadrez do ataque à produtora da trupe de humor “Porta dos Fundos” (ataque, vídeo, e rápida identificação do “terrorista”) revelam muitos elementos similares aos não-acontecimentos dos ataques “terroristas” de Paris, Nice, Berlim, Londres, Estocolmo etc. nos últimos anos: sincronismo e timing, dilema midiático e consonância, rastros deixados para a identificação do “terrorista”, iconografia do terror e ambiguidade. A polícia investigará tudo para criar a narrativa conveniente. Menos uma coisa: o rastro do dinheiro. 

quinta-feira, janeiro 02, 2020

O Top 10 dos filmes mais estranhos de 2019 no Cinegnose


A lista dos filmes estranhos de 2019 começa com uma Teoria Unificada das Conspirações (códigos, simbolismos e mensagens subliminares misteriosas em músicas e publicidade) até chegarmos a um clube exclusivo formado pela elite cearense que conjuga de inúmeras maneiras e sentidos o verbo comer – comer os dominados, transformando na literalidade a desigualdade e exploração: na canibalidade. Confira a lista dos 10 filmes mais estranhos analisados pelo “Cinegnose” em 2019. Além dos filmes gnósticos, o “Cinegnose” está em busca do chamado “filme estranho”, no qual a familiaridade usual se reverte em algo não-familiar, “estranho”, acontecimentos que fazem a realidade repentinamente fugir à conformidade cotidiana.

terça-feira, dezembro 31, 2019

Descoberta do "entrevistado onipresente" deixa jornalismo corporativo de calças na mão


“Entrevistado cativo”, “cosplay de povo”, “popular onipresente”, “entrevistado profissional”... Ele virou um hit nas redes sociais enquanto a grande mídia foi pega com as calças nas mãos – ele é a carta na manga de repórteres e a revelação do modus operandi do jornalismo atual: a “editorialização dos acontecimentos”. A fabricação de acontecimentos e entrevistas para cumprir uma pauta pré-elaborada pelas chefias de redação. Ele chama-se Henrique, aparentemente um entrevistado aleatório, mas sempre pronto para dar a opinião sobre qualquer assunto em diversos noticiosos da Globo Nordeste e em outras emissoras locais. Um “papagaio de pirata” (categoria organizada que caça links ao vivo de TV na busca de alguns minutos de fama) promovido a especialista em generalidades que sempre acerta na mosca sobre aquilo que a pauta espera que o “povo” fale. Henrique Filho é apenas a ponta folclórica de um fenômeno mais amplo: a produção de não-acontecimentos no jornalismo. Quer seguir carreira no jornalismo? Aprenda a confirmar as pautas confiadas a você pelos aquários das redações. Aprenda a encontrar a “notícia certa”.

domingo, dezembro 29, 2019

A banalidade do tédio conjugal e da pós-morte na série "Forever"


Amor, casamento, rotina, tédio. Uma série sobre amor e a rotina da vida conjugal onde duas pessoas casadas e entediadas tentam não ser chatas uma com a outra. Até o momento em que essa tragédia banal se transforma numa questão cósmica entre a vida e o pós-morte. Essa é a série da Amazon “Forever” (2018-), uma estranha “quase-comédia” sobre pessoas absolutamente banais:  e se você decidisse transformar a sua vida em tudo aquilo que será, como você continuaria encontrando alegria na banalidade familiar, dia após dia, ano após ano? Será que até mesmo depois da morte? E se o inferno for mesmo a repetição, como fala Stephen King, onde até mesmo os segredos do pós-morte são tão banais quanto a rotina entediante dos vivos? 

sábado, dezembro 28, 2019

Ataque ao "Porta dos Fundos": canastrice, false flags e psi-zumbis


Sim... Nós também temos terroristas! Mas não importa se estão em vídeos mal produzidos ou dirigidos, falando um espanhol com sotaque carioca ou mesmo um português macarrônico, e soltando palavras-clichê como “burguês” ou “revolucionário” a cada cinco segundos. Dizem representar “Comandos” ou “Sociedades” cujos nomes fariam rolar de rir os integrantes do grupo de humor Monty Python. Bem-vindo ao mundo das false flags Tabajara, terroristas canastríssimos de segunda mão em vídeos toscos, como o da “Frente Integralista Brasileira” que reivindicou a autoria do ataque à produtora do Porta dos Fundos. O que é mais engraçado? O vídeo “terrorista” ou um esquete do Porta dos Fundos?  Clamam por uma ação da Justiça contra um “atentado terrorista”, cuja prova é uma “false flag” tosca e mal produzida. Então o que há de real e mais preocupante nesse não-acontecimento? Certamente o vídeo deve ter vindo das insondáveis profundezas da Deep Web. Mas não de Integralistas. Mas de “Incels” (Celibatários Involuntários), Hominis Sanctus ou de algum tipo de supremacismo branco e hetero ressentido – o farto exército industrial de reserva psi-zumbi pronto para servir ao primeiro cripto-comando de um Estado Policial que busca o pretexto para impor o “Patriot Act Tabajara”.

quinta-feira, dezembro 26, 2019

A sensibilidade cosmológica gnóstica do filme "Ad Astra - Rumo às Estrelas"


“... para a exploração de novos mundos, para pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve”. Essa abertura da série clássica “Jornada nas Estrelas” (1966-69) mostrava como o gênero ficção científica sempre buscava um significado do homem no cosmos. Mas “Ad Astra – Rumo às Estrelas” (2019) é mais um filme que desconstrói essa premissa do sci-fi clássico: ao lado de “Prometheus” de Ridley Scott e, indo além para outros gêneros, como “Apocalypse Now” e “As Aventuras de Pi”, “Ad Astra” transforma a jornada do filho em busca do pai nos confins do sistema solar como a alegoria da própria busca humana por Deus. O peregrino cristão em busca da Cidade Celestial e a Jornada do Herói são os grandes arquétipos explorados pela narrativa, porém com a atual sensibilidade cosmológica gnóstica - uma jornada semelhante a uma espiral que nos conduz para dentro de nós mesmos, diante de um Universo vazio, hostil e sem propósito.

segunda-feira, dezembro 23, 2019

A invenção do não-acontecimento do Natal


Nessas épocas de festas de final de ano, não faltam as críticas de que tudo não passaria de manipulação de uma sociedade consumista. Presentes, comidas e bebidas nos entorpeceriam, fazendo-nos esquecer dos verdadeiros valores cristãos da fé, perdão e compaixão. Mas o dinheiro não arruinou o Natal: ele fez o Natal. Ao lado de outros megaeventos importados como Halloween e Black Friday, o Natal é mais uma tradição inventada a partir do século XIX nos EUA: primeiro, como invenção de um país jovem e carente de tradições e que, por isso, invejava a Europa com seus castelos e reis. E segundo, pelas lojas de departamentos a partir de 1841 – a invenção de uma narrativa mercadológica que criou, por exemplo, o embrulho natalino para sacralizar os presentes e criou o Papai Noel como figura secular de Cristo. Como o espírito natalino foi inventado, escondendo sua natureza de não-acontecimento? Isso é que o “Cinegnose” explica nessa véspera de Natal – jamais existiu o “verdadeiro Natal”.

sábado, dezembro 21, 2019

O pub inglês e o espírito do tempo no filme "Heróis de Ressaca"


“Heróis de Ressaca” (The Word’s End, 2013) é o filme final da chamada “Three Flavours Cornetto Trilogy” do diretor inglês Edgar Wright – iniciada com “Quase Todo Mundo Morto” (2003) e “Chumbo Grosso” (2007). Um filme profético por ter conseguido captar o chamado “espírito do tempo”: a onda cultural que mais tarde se cristalizaria na vitória da campanha do “Leave” – o Brexit que faria o Reino Unido afundar na crise política. Um bizarro e engraçado mix de sci-fi, comédia e ação, uma conspiração extraterrestre e o típico pub inglês e todo o seu “ethos” (beber, brigar e transar) como o símbolo de resistência de uma invasão. Em “Heróis de Ressaca” os britânicos sentem-se literalmente ilhados, resistindo a uma invasão globalista ou extraterrestre que quer tirar deles seu principal símbolo: o pub. Um grupo de jovens adultos retorna à cidade natal trinta anos depois para cumprir um desafio não realizado: finalizar a odisseia de um circuito composto de 12 pubs. Mas o que encontram é uma sinistra conspiração que coloca em xeque a própria humanidade. Filme sugerido pelo nosso leitor Dudu Guerreiro.

quarta-feira, dezembro 18, 2019

No décimo aniversário do Cinegnose, o Top 10 dos filmes gnósticos de 2019


Esse é um aniversário especial: o Cinegnose completa nesse mês uma década no ar! Foram dez anos de evolução em três fases bem distintas – primeiro, como um site sobre Gnosticismo (filmes e filosofia gnósticas); segundo, como um site Gnóstico (desenvolvendo um “olhar gnóstico” sobre cultura, mídia, cinema e audiovisual); e na fase atual, um olhar gnóstico mais amplo se estendendo para os aspectos políticos da comunicação e crítica midiática. Fase atual e controvertida cuja atmosfera de polarização no País atingiu em cheio o Cinegnose, com a perda de muitos leitores que questionaram a “politização” de um blog sobre cinema. Comemorando essa primeira década, o Cinegnose apresenta o Top 10 dos melhores filmes gnósticos que passaram pelo radar do blog em 2019. São filmes PsicoGnósticos, TecnoGnósticos, CosmoGnósticos e CronoGnósticos. 

segunda-feira, dezembro 16, 2019

Fabricando a "pirralha" Greta Thunberg: a engenharia social do consenso climático


Bolsonaro é o “Meu Malvado Favorito” da esquerda. Que, irritado, chama a ativista ambiental sueca de 16 anos, Greta Thunberg, de “pirralha”. Pronto! A esquerda adere acriticamente à ativista que de repente se tornou uma heroina por se tornar um desafeto do capitão da reserva. Esse é o gênio da atual guerra semiótica criptografada dentra da qual todas as oposições políticas estão como sob o encanto de um feitiço. Greta Thunberg é a atual peça “femográfica” chave da engenharia de opinião pública por trás do “Green New Deal”, a estrela do momento do maior experimento de mudança comportamental já realizado em escala global. A fabricação da narrativa da “garota solitária” indignada diante das mudanças climáticas é a superfície publicitária de um crucial momento do Capitalismo. Uma ação de engenharia social para criação de consenso sem - privatização da questão climática e o crescimento explosivo das ONGs que se transformaram numa indústria turística disfarçada de voluntariado para jovens privilegiados do Ocidente. E, principalmente, como as celebridades fetichizadas em uma sociedade de rápida erosão cultural se transformaram em um poderoso ativo do capitalismo e militarismo para a criação de soluções corporativas para o clima.

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