sexta-feira, setembro 09, 2016

Quando o Brazil se encontra com o Brasil em "Brazil, O Filme"


Nesses dias em que o Brasil transformou-se em uma verdadeira república distópica, um bom filme para assistir é “Brazil, O Filme” (1985) de Terry Gilliam, integrante da trupe de humor inglês Monty Python. Gilliam criou uma nova versão de “1984” de George Orwell: um sistema totalitário obcecado pela posse de informações numa sociedade onde pessoas e coisas estão totalmente interligadas por dutos, tubos e canos. O filme vislumbrou 31 anos atrás a vigilância e totalitarismo das redes de informação atuais e a dissidência de hackers – aqui representado por “encanadores” free-lancers, considerados dissidentes terroristas. Direitos individuais inexistem e qualquer um pode ser condenado e executado através de “provas” recolhidas pelo Ministério da Informação. Alguém pode ser morto por engano, mas tudo foi feito com “boa-fé”. Em tempos onde policiais federais aparecem na mídia como heróis hollywoodianos, “Brazil, O Filme” torna-se amargamente atual.  

quarta-feira, setembro 07, 2016

Por que a "Folha" também tornou-se tautista?


Em seu editorial “Fascistas à Solta” de 02/09 o jornal "Folha de São Paulo" exige a repressão mais dura aos “fanáticos por violência”, jovens desarmados que insistem em gritar “Fora Temer” nas ruas.  Como explicar um jornal que um dia foi sintonizado com o espírito do seu tempo, quando deu visibilidade às “Diretas Já” e tornou-se modelo de modernização do Jornalismo, como pode a “Folha” terminar dessa maneira? Naquele momento jovens ocupavam as ruas exigindo eleições diretas. Por que hoje a mesma Folha, orgulhosa da “revolução gerencial da mídia brasileira” do "Manual de Redação", é incapaz de perceber o limiar de uma nova geração que também clama por eleições diretas? A Folha, no meio impresso, padece do mesmo mal da Globo, no meio audiovisual: o tautismo (autismo + tautologia). E a origem desse tautismo pode estar no próprio Projeto Folha iniciado em 1984 cuja contradição era confundir o conceito de opinião pública com uma relação privada de consumo com seus leitores.

segunda-feira, setembro 05, 2016

Curta da Semana: "Movie Mind Machine" - somos viciados em esquecer


Cansados de sempre buscar novos filmes que repitam o prazer dos filmes clássicos, dois fãs de cinema desenvolvem uma máquina que consegue escanear o cérebro e localizar as memórias específicas de cada filme assistido. A memória é apagada e o mesmo filme pode ser assistido de novo com o prazer da primeira vez. O mesmo filme pode ser assistido infinitas vezes, por toda a vida! Esse é o impagável curta “Movie Mind Machine” (2015), uma comédia em estilo mockumentary sobre a neuro-máquina que promete revolucionar o mercado audiovisual. O curta é uma crítica bem humorada da cultura atual retro e obcecada por nostalgia. Mas também suscita uma questão mais séria: como a cultura atual estimula o psiquismo do vício e do esquecimento, por meio da indústria de drogas, fármacos e sociedade de consumo, como mecanismos psíquicos de negação da realidade.

domingo, setembro 04, 2016

A gravidez é a alienação do sexo no filme "Antibirth"



Há um assustador subgênero dentro dos filmes de terror: protagonistas tomadas por uma assustadora gravidez que pode trazer dentro de si a própria semente do Mal. É um tema recorrente no cinema, passando por clássicos como “O Bebê de Rosemary”, “It’s Alive” ou, recentemente, “Prometheus”. Toda recorrência na produção cinematográfica significa a existência de algum imaginário ou arquétipo que procura expressão audiovisual. O independente “Antibirth” (2016) é mais um filme que se enquadra nessa temática onde a gravidez é representada como algo estranho e invasor, alienado da própria sexualidade. Tema que ganhou espaço no cinema paralelo à revolução sexual e o individualismo e narcisismo da sociedade de consumo. A gravidez se torna a alienação da sexualidade e a própria alienação de nós mesmos. Por isso, no estranho filme noir-psicodélico “Antibirth” pessoas alienadas de seus próprios desejos são candidatos perfeitos para algum estranho experimento.

sexta-feira, setembro 02, 2016

Impeachment, o não-acontecimento e a psico-história


Comparam a consumação do impeachment de Dilma Rousseff com as circunstâncias do golpe militar de 1964. Lá estavam a força de armas e coturnos. Aqui em 2016, todas as “data venias” dos rapapés de juízes, juristas e parlamentares. Mas os eventos são incomparáveis: lá em 1964 tivemos a tragédia de um evento histórico. Hoje, assistimos ao vivo pela TV a farsa de um “não-acontecimento” que simulou ser um evento histórico. Desde a seminal Guerra do Golfo em 1992, os não-acontecimentos dominam o horizonte de eventos das sociedades, seja por guerras, atentados terroristas ou golpes parlamentares. Em todos eles, um complexo jurídico-midiático inverte as relações de causa-efeito: não se trata mais de acontecimentos que geram informação, mas o inverso – a História transforma-se em “Psico-História”, para usar uma expressão de Isaac Asimov. Compreender os mecanismos dos não-acontecimentos é fundamental para uma ação política que vise não apenas ocupar as ruas. É urgente também ocupar o contínuo midiático que compreende a zona virtual de interface entre a mídia e a realidade. Lá estão estão os “agentes Smiths”  (repórteres e editores) a serem enfrentados por guerrilhas midiáticas.

quarta-feira, agosto 31, 2016

Um Triângulo das Bermudas quântico no filme "Triângulo do Medo"


O misterioso Triângulos das Bermudas  foi pouco explorado pelo cinema, restringindo-se a filmes e séries de baixo orçamento para a TV. Mas “Triângulo do Medo ” (Triangle, 2009) do inglês Christopher Smith fez mudar esse cenário – mais três filmes sobre o tema estão atualmente em produção. Além de se inspirar em “O Iluminado” de Kubrick e num antigo filme francês chamado "La Jetee" (que inspirou Terry Gilliam a fazer “Os Doze Macacos”), “Triângulo do Medo” renova as teorias sobre as estranhas anomalias que aconteceriam naquela região: não mais fenômenos paranormais ou extraterrestres – agora, o Triângulo das Bermudas seria uma gigantesca “caixa de Schrödinger”: fenômeno quântico onde diferentes versões de nós mesmos se sobrepõem de forma catastrófica. “Triangle” se inspira nas hipóteses discutidas pela Física atual como a “Interpretação dos Muitos Mundos” e a do “Mundos em Choque”. Filme sugerido pelo nosso leitor João Carlos.

segunda-feira, agosto 29, 2016

Anjos, demônios e LSD no filme "Alucinações do Passado"


“Mestre Eckhart [teólogo da filosofia medieval] também viu o inferno. Sabe o que ele disse? Ele disse que a única coisa que queima no Inferno é a parte de você que não te deixa ir adiante na sua vida, suas memórias, suas amizades. Eles as queimam por completo. Mas eles não estão te punindo. Estão libertando a sua alma. Se você está com medo de morrer e resiste você verá demônios arrancando sua vida. Mas, se estiver em paz, então os demônios se tornam anjos libertando-o da Terra” - Louis (Danny Ayello) no filme “Alucinações do Passado”(Jacob's Ladder, 1990). 

sábado, agosto 27, 2016

O estilo "Welcome to Brazil" no filme "Boi Neon"



Enquanto em 1979 o filme “Bye Bye Brasil”, de Cacá Diegues, era a despedida de toda uma geração para um País que não mais existiria graças a americanização trazida pela TV, no filme “Boi Neon” (2015), de Gabriel Mascaro, a geração atual declara: “Welcome to Brazil”. Não mais o Brasil da “Caravana Rolidei” cuja trupe visitava rincões de subdesenvolvimento, mas agora o Brasil de um road movie que circula nos bastidores dos agro shows do Nordeste – vaquejadas e leilões. A selvageria por trás do "mise en place" dos agronegócios é amenizada através dos signos do “rústico”, do “rural”, do “selvagem” padrão exportação. Desdobramento do chamado “cinema de retomada”, cujos diretores e produtores são egressos do mercado audiovisual publicitário e televisivo. “Boi Neon” é a história de um vaqueiro que tem um sonho: transformar-se em estilista de Moda.

quinta-feira, agosto 25, 2016

Globo News dá "pérolas coxinhas" para desempregados


Diariamente acompanhamos na grande mídia um desfile de clichês do manual do perfeito empreendedor de si mesmo, “pérolas coxinhas”: pessoas proativas, criativas etc. teriam mais chances de arrumar um emprego... apesar da crise. O adjunto adverbial de concessão é o único elemento que dá racionalidade a essa fábula diária na TV. Uma dessas fábulas foi narrada pela Globo News: a história de dois jovens que ficavam com placas de cartolina na Avenida Paulista pedindo emprego. E o telejornal mostrou o sucesso da “proatividade”. Um exemplo de como as notícias estão abandonando o Jornalismo para entrar no campo morfologia do Conto Fantástico, como estudou Vladimir Propp. E mais um exemplo de como as esquerdas até hoje não entenderam a eficácia comunicativa da Direita – ideologia não se combate com crítica ideológica, mas com guerrilha e anarquia midiáticas.

segunda-feira, agosto 22, 2016

A distopia do esquecimento no filme "Embers"



Uma doença neurológica contaminou a maioria da população do planeta, na qual as pessoas perdem as memórias de curto prazo. A vida em sociedade torna-se impossível, transformando grandes cidades em espaços vazios e ruínas por onde vagam pessoas tentando sobreviver imersas no esquecimento. Esse é o filme “Embers” (2015), uma co-produção Polônia/EUA que faz uma abordagem bem diferente do tradicional tema das distopias pós-apocalipse: aqui não há um mundo novo a ser reconstruído por adição, mas um mundo cruel que opera por subtração. O filme questiona: o que nos torna humanos? A memória ou o esquecimento? Mas “Embers” também é sombriamente profético -  num mundo digital no qual a memória é frágil e efêmera, a única coisa que sobrará serão os suportes analógicos dos livros, a última esperança para recuperar a humanidade esquecida. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

domingo, agosto 21, 2016

Curta da Semana: "Third Reich" - Hitler não morreu para os "The Residents"


A banda mais estranha da história do rock faz um vídeo obscuro e surreal de um dos discos mais enigmáticos dos anos 1970. Estamos falando da banda “The Residents” e do disco “Third Reich N’Roll” de 1976. Ao comemorar o trigésimo aniversário em 2001, “The Residents” lançaram o box com DVD e CD chamado “Icky Flix”. Ao longo de décadas os membros da banda se mantiveram incógnitos, não dão entrevistas e nos shows apresentam-se em estranhos disfarces. O vídeo-clip “Third Reich” do DVD Icky Flix” é tão estranho quanto a banda. Se o pensador Theodor Adorno estivesse vivo, certamente gostaria desse curta – Hitler e o nazi-fascismo foram destruídos, mas seu “modus operandi” permaneceu na Indústria Cultural.

sábado, agosto 20, 2016

Grande Mídia vê Olimpíadas Rio 2016 como anestésico político


Depois da Copa de 2014, cujo baixo astral culminou com os 7 X 1 da Alemanha contra o Brasil, as coisas mudaram na cobertura da grande mídia dos Jogos Olímpicos Rio 2016: tudo é espetáculo, da organização do evento ao desempenho olímpico dos atletas brasileiros. Se em outros tempos eventos negativos eram repercutidos para criar evidências de desorganização e fracasso, agora são minimizados ou se transformam em instrumento de uma inesperada verve patriótica, como no caso dos nadadores norte-americanos pegos na mentira, depois de anos de um interesseiro culto ao complexo de vira-latas. Porém, na cobertura tautista (autismo + tautologia) principalmente da Globo “gafes” acontecem: William Waack que acidentalmente saiu script patriótico que a Globo agora quer turbinar (o vício falou mais alto para Waack) e, mais uma vez, o narrador Galvão Bueno comete atos falhos, sempre alheio à realidade externa ao seu falatório. Para a grande mídia as Olimpíadas se transformaram num anestésico político para o grave momento que atravessa o País do impeachment.

quinta-feira, agosto 18, 2016

Em "Esquadrão Suicida" o Coringa foi a maior vítima


A maior vítima do filme “Esquadrão Suicida” não foi a super-vilã do Outro Mundo Enchantress. Foi o Coringa de Jared Leto, vítima da diluição de todos os vilões do filme na estratégia ideológica do “good-bad evil”: maus, porém com bom coração. Os brutos também amam. Forma hollywoodiana de esvaziamento do Mal ontológico – o vilão não quer se vingar do herói, mas da sociedade hipócrita que o produziu. Em tempos de endurecimento da guerra contra o terrorismo, Hollywood não pode permitir mais um Coringa como o de Heath Ledger. Com a neutralização do arquétipo do Coringa, pelo menos Leto livrou-se da maldição sincromística que o palhaço do crime parece lançar sobre os atores que o encarnam.

terça-feira, agosto 16, 2016

Pokémon GO: bem vindo ao deserto do real!


O filme “Matrix” e o conto “Sobre o Rigor da Ciência” do argentino Jorge Luís Borges ajudam bastante a entender a atual febre em torno do jogo Pokémon GO. Não a compreender o jogo em si (de forma positiva ajuda a nos familiarizar com o ambiente urbano e nos tira do sedentarismo, a velha crítica contra os tradicionais games de computadores e consoles) mas a elucidar para qual futuro ele aponta. Realidade aumentada é a união da representação com a tecnologia, do mapa com o território, do virtual com o real. Mas se no conto de Borges pedaços do mapa ficaram grudados ao real, no mundo Matrix é o real que vira um deserto e se agarra na virtualidade. Por enquanto programas como Pokémon GO são metafóricos, anedóticos e, por isso, divertidos. Mas a tecnologia da realidade aumentada vai muito além do que ajudar a compreensão da realidade: pode desertificá-la.

segunda-feira, agosto 15, 2016

O peso da decadência moderna no filme "High-Rise"


Um misterioso arquiteto planeja um arranha-céu que deveria ser uma incubadora de mudanças na sociedade. Um edifício idílico com todas as comodidades modernas destinado a ser uma “máquina de morar” autogerida. Mas algo deu errado, transformando o projeto em um pesadelo apocalíptico que mistura horror, sexo, drogas e a principal ironia: a Razão e a Racionalidade de um projeto futurista se converte em niilismo, hedonismo e violência. É o filme “High-Rise” (2015), adaptação de obra do escritor J.G. Ballard de 1975 cujas visões sobre o futuro são considerados por muitos como proféticas – a sociedade corroída pelos seus principais males: a luta do homem contra si mesmo e de todos contra todos.

domingo, agosto 14, 2016

Curta da Semana: "Getting Fat in a Healthy Way" - a Terra, a Lua e a obesidade


Em um universo alternativo a força gravitacional do planeta se enfraqueceu devido a uma catástrofe geofísica envolvendo Terra-Lua. Quem tiver menos de 120 quilos terá sérios problemas para levar uma vida normal – poderá sair flutuando e se perder na atmosfera. Por isso a obesidade passa a ser valorizada e vira o novo padrão de beleza. E se nesse mundo um homem magro se apaixonasse por uma mulher obesa? O curta “Getting Fat in a Healthy Way” (2015) do búlgaro Kevork Aslanyan coloca esse argumento sci-fi como pano de fundo para uma singela história de amor que suscita uma discussão sobre os padrões de beleza: se são relativos, por que se transformam em padrões ditatoriais?

sábado, agosto 13, 2016

Galvão Bueno: do patriotismo ao tautismo


O locutor da Globo Galvão Bueno é o homem certo para o lugar certo. Os nadadores preparavam-se para a largada na piscina do Parque Olímpico da Rio 2016 quando a árbitra parou tudo. Em meio ao silêncio exigido para a concentração dos atletas alguém não parava de falar, alheio ao momento: era Galvão Bueno, que mereceu ao vivo uma reprimenda de um comentarista do canal inglês BBC: “o colega perto de mim precisa calar a boca”, disse. Bueno é o homem certo, com sua verborragia patriótica cultivada nos tempos dos bons resultados brasileiros no futebol e F1. Os bons resultados acabaram, mas o cacoete ficou.  Agora tornou-se sintoma do tautismo (autismo + tautologia) crônico de uma emissora que de tão centrada nela mesma começa a contaminar seus jornalistas, apresentadores e artistas. Em muitos momentos o monopólio político e econômico da Globo parece fazer seus profissionais terem lapsos de memória sobre a existência de alguma coisa de real do outro lado dos muros da emissora.

quinta-feira, agosto 11, 2016

Série "Mr. Robot", segunda temporada: o labirinto PsicoGnóstico


A série “Mr. Robot” é fascinada por sistemas. Depois de mostrar a virtualidade do sistema financeiro e a sua destruição por sistemas de computadores na primeira temporada, agora a série mergulha no sistema esquizofrênico do protagonista Elliot. Dos temas CosmoGnósticos, agora a série aprofundará temas PsicoGnósticos: como o controle do Ego é uma ilusão – assim como Tyler Durden libertou-se do psiquismo do protagonista em “Clube da Luta”, da mesma forma Mr. Robot desafiará as ilusões dos medicamentos antidepressivos, psicoterapias e todo o ideário da autoajuda.

terça-feira, agosto 09, 2016

Rebelião gnóstica e Hipótese Fox Mulder na série "Mr. Robot" - primeira temporada


A série de TV “Mr. Robot” (2015-) de San Esmail é vista pela crítica como um mix de “Matrix” com “Clube da Luta” onde a violência de socos e Kung Fu é substituída pela cultura do cyber-ativismo hacker. Mas a série vai mais além. Entra nos temas principais do gnosticismo sci-fi do escritor Philip K. Dick: paranoia, amnésia, esquizofrenia e identidade em um sistema onde a mentira é a base de toda a confiança: um sistema econômico onde débitos e dívidas se sustentam na crença de que, apesar de toda a virtualidade das transações financeiras, o dinheiro existe em algum lugar como base moral de todo o valor. E tudo pode ser destruído da noite para o dia por hackers que pretendem salvar o mundo através de linhas de programação. Como explicar essa mensagem de rebelião gnóstica em série de TV em uma grande rede dos EUA? Talvez a chamada “Hipótese Fox Mulder” explique.

sábado, agosto 06, 2016

O professor sabe que vai ser demitido quando...


Esse humilde blogueiro resolveu dar uma pequena contribuição à Antropologia Corporativa. No momento em que escolas e faculdades estão sendo rapidamente adquiridas por grupos educacionais nacionais e internacionais, oligopolizando o setor, a cultura organizacional escolar cada vez mais se assemelha à cultura corporativa. Principalmente naqueles sinais que indicam que o professor vai ser demitido como um mal necessário na implantação das novas e revolucionárias ferramentas organizacionais e educacionais trazidas por messiânicos gestores e CEOs. Fique atento a esses sete sinais. Eles podem também ser estendidos ao mundo corporativo em geral.

quinta-feira, agosto 04, 2016

Estranhas forças governam nossas vidas em "Harodim: Olhe Mais Perto"


Paul Finelli, roteirista que nunca teve uma obra adaptada por algum estúdio de Hollywood, escreve em 2010 outro roteiro, dessa vez sobre a morte do líder da Al-Qaeda Osama Bin Laden. Roteiro que tinha tudo para ser engavetado. Até que, um ano depois, Paul Finelli assistiu perplexo na TV as imagens da morte de Bin Landen por SEALs da Marinha dos EUA no Paquistão. A narrativa dos eventos era quase um espelho do seu roteiro. A realidade imitando a ficção foi o início da produção do filme “Harodim: Olhe Mais Perto” (2012), uma produção austríaca do Terra Mater, estúdio que afinal se interessou pelo roteiro de Finelli. O líder terrorista mais procurado do mundo é capturado e levado por um ex-especialista em black-ops da Inteligência dos EUA para um lugar desconhecido no metrô de Viena. Lá assistimos a uma hora e meia de interrogatório onde serão feitas aterrorizantes revelações sobre fatos da história recente desde os atentados do 11 de setembro nos EUA. E que há forças por trás da nossa vida ordinária que estão muito além do livre-arbítrio. Filme sugerido pelo nosso leitor Romeu.

terça-feira, agosto 02, 2016

Globo promete cobertura tautista das Olimpíadas


Metalinguagens e efeitos visuais tautológicos dominaram a cobertura do programa Fantástico do último domingo sobre as Olimpíadas Rio 2016, com a mesma estética apoteótica das transmissões do Carnaval, dando o tom geral da cobertura da emissora. Mais do que mau gosto, é a evidência do “tautismo” (autismo + tautologia) crônico da Globo nos anos recentes. Para uma emissora que se fechou em si mesma como reação à crise de audiência e a concorrência das mídias de convergência, não existe mais mundo externo: as Olimpíadas só acontecem no Rio para que a Globo possa transmiti-la. E o auge do tautismo é quando jornalistas começam a entrevistar outros jornalistas da própria emissora. Para a Globo, a cobertura jornalística em si é mais importante do que o próprio evento e os relatos das emoções de seus apresentadores é mais dramático do que as dos próprios atletas.

segunda-feira, agosto 01, 2016

Curta da Semana: série "Bendito Machine" - relaxe, tudo está sob controle


“Relaxe, tudo está sob controle” é o que sempre parecem nos dizer as máquinas e as tecnologias. Por isso elas nos fascinam e nos gratificam a ponto de se tornarem modernas religiões. É o que nos mostra a série com cinco curtas de animação “Bendito Machine” (2006-2014). Produzida pelo estúdio espanhol Zumbakamera, cada episódio apresenta máquinas que sempre parecem “defecar” pequenas criaturas globulares com olhos que nos controlam por meio da oferta dos prazeres da ambição e gula. Em tempos de apps virais como o Pokémon GO chegando em terras brasileiras, assistir a essa série é obrigatório.

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