domingo, novembro 29, 2015

Curta da Semana: "Life and The Mirror" e "Goodbye" - Estamos perdendo a fé na vida pós-morte?


O Outro Mundo está ficando cada vez mais parecido com esse. O “Cinegnose” vem percebendo uma tendência no cinema recente em representar o pós-morte como uma projeção das mazelas já existentes nessa vida, repetindo uma tendência do gênero ficção-científica: a “hipo-utopia”, onde o futuro deixa de existir para virar uma projeção dos problemas do presente. Os curtas da semana “Life and The Mirror” (2007) e “Goodbye” (2015) são dois exemplos dessa estranha tendência. Assim como estamos perdendo a fé na vida, também estaríamos perdendo a fé na vida pós-morte?

sábado, novembro 28, 2015

"The Zohar Secret" revela o misticismo no cinema russo atual


O auge do Império Romano coincidiu com o surgimento dos textos mais enigmáticos da humanidade, como o “Zohar” que é a própria mística da Cabala. Se os seu conteúdo fosse revelado poderia provocar a queda do próprio Império. Mas o roubo dos pergaminhos por um legionário romano marcará o destino da História do Ocidente e da vida desse soldado que ficará prisioneiro em uma cilada Tempo-Espaço por sucessivas reencarnações até os tempos atuais. Esse é o filme “The Zohar Secret” (2015), mais uma recente produção russa onde está presente o tema do misticismo gnóstico. Seria o misticismo russo uma forma de reação à invasão do Marketing e da Publicidade na Rússia pós-comunismo? Uma reação contra mais um império, assim como os textos místicos judaicos e gnósticos enfrentaram o Império Romano no passado? Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

Cinco anos de arrecadação de recursos por crowndfounding através da plataforma Kickstarter (site de financiamento coletivo que busca apoiar projetos inovadores), envolvendo 1.300 pessoas de 54 países conseguiram levantar algo em torno de 10 milhões de dólares entre dinheiro e equipamentos.

terça-feira, novembro 24, 2015

Uma jornada xamânica em "Blueberry: Desejo de Vingança"


Uma verdadeira cápsula do tempo. Um daqueles filmes que mereciam ser enterrados na época do seu lançamento para depois serem redescobertos como verdadeiras pérolas. O filme “Blueberry”  (aka "Renegade") do francês Jan Kounen (2004) foi ridicularizado pela crítica e público para hoje ser saudado como um western sobrenatural, um cult do xamanismo no cinema.  Blueberry não é apenas um filme sobre jornadas espirituais xamânicas de um protagonista à beira da morte: os próprios efeitos especiais e imagens cinéticas induzem o espectador a imergir em estados alterados de consciência. O desejo de vingança de um protagonista transforma-se em jornada xamânica de autoconhecimento desconstruindo as códigos do gênero faroeste – vingança, honra, dominação e conquista.

O gênero western já foi muitas vezes desconstruído no cinema por sátiras (Banzé no Oeste, 1974, de Mel Brooks), o exagero revivalista do spaghetti western italiano dos anos 1960-70, a fusão do western com séries policiais urbanas nos anos 1970 (McCloud – 1970-77) ou a paródia dos códigos e convenções dos duelos e violência nos filmes de Tarantino.

Mas nada se equipara ao western francês Blueberry. Baseado no faroeste em quadrinhos francês homônimo de Jean-Michel Charlier e Jean “Moebius” Giraud, o filme foi muito mais além da simples adaptação de um comic book: o filme transformou-se em uma jornada espiritual após o próprio diretor do filme se encontrar com índios xamãs que o iniciaram a rituais verdadeiros.

sábado, novembro 21, 2015

Curta da Semana: "Bloody Dairy" - Por que os gatos dominaram a Internet?


O curta “Bloody Dairy” (2015), projeto de 100 dias de animações em gif, e mais uma amostra de como os gatos cada vez mais estão tomando conta da Internet com memes e vídeos virais, superando os seu eternos rivais: os cães. Tornou-se fenômeno cultural, merecendo até uma exposição no Museum of Moving Image em Nova York. Por que gatos ao invés de cachorros? A questão pode parecer inútil e superficial, mas também pode nos conectar com os milenares simbolismos ocultos e esotéricos dos gatos como guardiões e mediações com outros mundos. Portanto, para onde os gatos nos apontam em memes e vídeos? Estamos diante de um fenômeno sincromístico em plena cultura high tech?

sexta-feira, novembro 20, 2015

A lama de Mariana e os atentados de Paris entre os tempos histórico e midiático


Causou estranheza a muitos leitores o título da última postagem: “Os Atentados de Paris não aconteceram”. Então foi tudo montagem? E os mortos? O “Cinegnose” está delirando? Por isso, este humilde blogueiro decidiu fazer mais um postagem detalhando melhor o argumento: os atentados de Paris "não aconteceram", paradoxalmente, porque foi um acontecimento noticiável. Da lama de Mariana aos atentados de Paris está em confronto duas noções de tempo: o histórico (colocado em segundo plano pela mídia) e o midiático. Ambiguidade, infogenia, noticiabilidade, tempo pontual e o terrorismo como um “pseudoevento” foram fatores que tornaram os eventos de Paris muito mais noticiáveis para a grande mídia do que a catástrofe humana e ambiental de Mariana.

Devido à grande polêmica entre os leitores sobre a postagem anterior sobre os atentados de Paris, o “Cinegnose” decidiu fazer um maior detalhamento para tentar esclarecer dúvidas e uns tantos males entendidos. Parece que muitos leitores se apegaram aos aspectos mais sensacionalistas da postagem - os atentados não aconteceram? Foi tudo montagem? Falsa Bandeira? E os mortos? Foi tudo simulação? Mais uma das malucas teorias sobre conspirações? Esse humilde blogueiro estaria virando um Michael Moore brasileiro?

segunda-feira, novembro 16, 2015

Atentados em Paris não aconteceram


Acumulação, consonância e onipresença. Esses três palavras definem a atual cobertura da grande mídia brasileira aos ataques em Paris. Ao contrário da autêntica Chernobyl brasileira em que se transformou a catástrofe ambiental e humana em Mariana/MG com o rompimento da barragem de detritos da Vale do Rio Doce/Samarco. Por que essa diferença de tratamento? Há muitos motivos políticos e econômicos em não expor uma empresa privada anunciante na grande mídia. Mas também porque a essência do terrorismo é midiática para ser midiatizável. Os atentados em Paris foram praticamente um kit imprensa dado de mão beijada para as redações com personagens, histórias e roteiros prontos. Será que esse é o motivo da recorrência de relatos sobre a sensação de irrealidade em depoimentos de vítimas e testemunhas? E também o motivo da espiral de especulações sobre uma suposta Operação False Flag? E se os mais de 100 mortos não forem prova de que testemunhamos um acontecimento real?

Terminado o jogo França X Alemanha no Stade de France na fatídica noite de sexta-feira 13 dos ataques em Paris, os torcedores se dirigiram ao gramado à espera da autorização para deixar o local. Depois a TV mostrou ao vivo a multidão dirigindo-se aos corredores de saída. Cantavam a Marselhesa, agitando a bandeira da França e erguendo os punhos.

Certamente não era pela comemoração da vitória da França por 2 a 0. Informados pelos celulares sobre o que transcorria fora do estádio, o clima era de ódio, revolta e evidente desejo de revide contra os terroristas. Essa talvez tenha sido a imagem mais emblemática daquela noite, porque mostrou ao vivo o resultado imediato dos ataques terroristas, de conveniência política e geopolítica – com a maior população muçulmana da Europa e uma das sociedades mais divididas do continente, reforça ainda mais a xenofobia contra a atual onda de imigrantes fugidos da guerra na Síria e Afeganistão.

sábado, novembro 14, 2015

Cacau, Gnosticismo e lisergia em "Charlie e a Fábrica de Chocolate"


O livro infantil “A Fantástica Fábrica de Chocolate” escrito por Roald Dahl em 1964 resultou em duas adaptações cinematográficas: a de 1971 de Mel Stuart e a de 2005 de Tim Burton. Enquanto na primeira adaptação os chocolates assumem um tom lisérgico com humor non sense, em Tim Burton há um retorno as origens cruéis dos contos de fada, fazendo um mix entre a sensibilidade gnóstica e todo um simbolismo místico milenar pouco conhecido que envolve o cacau e o chocolate. Rios de chocolate e florestas de confeitos da “Fábrica de Chocolate” escondem trabalho escravo e injustiça. E um Demiurgo arrependido que tenta resgatar o élan espiritual perdido na infância em um mundo cercado de tentações.

A história de um garoto pobre que consegue realizar seus sonhos por ser uma boa criança. Um leitmotiv simples e direto, sobre o qual o livro e as duas versões cinematográficas conseguiram criar diversas camadas simbólicas transformando a jornada do protagonista em algo essencialmente místico: como encontrar a luz espiritual interior se vivemos em um mundo cercado de tantas tenções que nos faz esquecer de nós mesmos?

terça-feira, novembro 10, 2015

Pesquisas revelam que novelas reduzem fertilidade e aumentam divórcios: controle de natalidade?


Muito se tem falado que as telenovelas são “veículos de alienação” ou de criação do “consumismo”, principalmente as da TV Globo. Mas há algo ainda mais profundo: por década elas estariam moldando a percepção dos brasileiros em relação a filhos e casamento, resultando ne expressiva queda da taxa de fertilidade e aumento no número de divórcios. Esse é o resultado de duas pesquisas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o papel da televisão e das novelas no Brasil nas três últimas décadas. As pesquisas concluem que as telenovelas seriam um importante instrumento para “educar a população em questões sociais”. Será que por “questões sociais” o BID (entre outros bancos internacionais) entende como “controle de natalidade”?

As chamadas “soap operas” norte-americanas (ou “novelas” como as denominamos) já nasceram sob o signo da ação política. Quando surgiram no Brasil, as soap operas americanas já eram transmitidas de Miami para Cuba para consolidar o estilo de vida americano na ilha caribenha. Até estourar a revolução de Fidel Castro, derrubando o então ditador pró-EUA.

domingo, novembro 08, 2015

Curta da Semana: "Os Filmes Que Não Fiz" - o fascínio pelos perdedores


O Curta da Semana dessa vez vai para uma produção brasileira: “Os Filmes Que Não Fiz” (2008). A irônica filmografia de um diretor sem filmes. Se a História é contada somente pelos vitoriosos para pisar na cara daqueles que perderam, esse curta propõe o avesso: onde estão aqueles que apesar da persistência, esperança e empenho acabaram perdendo e caindo no anonimato? Cegos que somos pelos “cases” de sucesso, jamais conheceremos as histórias humanas dos “losers”. Um curta ao mesmo tempo cômico e ácido sobre a realidade do cinema nacional que não consegue transformar-se em indústria.

sábado, novembro 07, 2015

A psicanálise de um fantasma no filme "I Am a Ghost"


Talvez o mais difícil não seja morrer, mas despertar do outro lado e ter de se dar conta de que já está morto. Ultrapassar a fronteira entre a vida e a morte pode ser algo tão imperceptível que continuamos do lado de lá a conviver com os antigos traumas e fantasmas que nos atormentaram quando quando éramos vivos. O horror independente “I Am a Ghost (2012)” mostra alguém que ainda não se deu conta de que está preso em algum lugar entre a vida e a morte, e continua repetindo seus antigos hábitos como nada tivesse acontecido. Uma voz tenta despertá-la, fazendo do filme um surpreendente encontro entre Espiritismo e Psicanálise.

“Ninguém precisa de um quarto para ser assombrado. Não precisa ser uma casa. O cérebro tem corredores suficientes que ultrapassam a matéria”. Essa epígrafe de um poema de Emily Dickinson abre I Am a Ghost e dá o tom de um filme que pode ser inicialmente descrito como o cruzamento entre o argumento de Os Outros com Nicole Kidman com o tema e a atmosfera visual de O Iluminado de Kubrick.

          Com um baixíssimo orçamento de 10 mil dólares, esse filme independente de H.P. Mendoza segue a tradição de filmes como A Passagem (Stay, 2005) e O Terceiro Olho (The Eye Inside, 2004) onde põe em questão aquela expressão que dizemos quando recebemos a notícia da morte de alguém: “partiu dessa para a melhor!”.

sexta-feira, novembro 06, 2015

"Onde Vivem Os Monstros" faz cartografia da mente selvagem infantil


Pokemons, Trashpacks, Gogo’s e Monstros da Pixar. Uma série de monstrinhos e seres fantásticos que representam o imaginário de um mundo infantil que resiste em se tornar adulto. “Onde Vivem os Monstros” (Where The Wild Things Are, 2009) de Spike Jonze, baseado num best-seller infantil de 1963 de Maurice Sendak, faz uma obra-prima alegórica sobre um menino, seu quarto, a solidão e o poder da imaginação capaz de criar uma assombrosa cartografia mental da infância. O filme consegue ser superior à cartografia da mente feita pela animação “Divertida Mente”, principalmente porque consegue representar as “coisas selvagens” que habitam a mente de cada criança.

As experiências na infância da perda, abandono, solidão e a necessidade de sentir-se amado talvez sejam o conjunto de experiências mais representadas arquetipicamente por meio de jogos, brincadeiras, contos de fada e, finalmente, no cinema de animação.

terça-feira, novembro 03, 2015

"Perdido em Marte": o estranho filme destoante de Ridley Scott


Um filme que destoa do conjunto da obra de Ridley Scott – “Alien”, “Blade Runner”, “Prometheus” entre outros universos distópicos. “Perdido em Marte” é um sci fi estranhamente otimista sobre um astronauta deixado só numa missão no planeta vermelho após um acidente, à espera da morte. Mas ele é cientista e botânico com a determinação de um MacGyver ou de um John McClane de “Duro de Matar”, com suas principais armas: lonas e fitas de silver tape. Contando com o velho clichê do “nenhum americano será deixado para trás”, o filme parece uma grande peça de propaganda NASA/complexo militar americano. Será que foi alguma obrigação contratual da Fox ao diretor Ridley Scott na sua quarta produção seguida pelo estúdio? Estaria Scott seguindo os supostos passos de Kubrick nas relações perigosas com a NASA?

“No espaço ninguém poderá ouvir seus gritos”. É surpreendente que o autor dessa linha de diálogo do filme Alien, o diretor Ridley Scott (artífice de universos distópicos e gnósticos como em Blade Runner e Prometheus), tenha dirigido Perdido em Marte com linhas de diálogo como “o mundo inteiro está torcendo por um só homem”. E ainda com um protagonista que tenha falas como “o primeiro homem a pisar fora dessa sonda”... “o primeiro a subir essa colina”, “o maior botânico do planeta”... “o pirata espacial”... “o colonizador de Marte”... “foda-se Marte...”.

domingo, novembro 01, 2015

Em Observação: "Flowers" e "I Am a Ghost" - Espiritismo e Psicanálise no filme gnóstico



"Flowers" (2015) e "I Am a Ghost" (2012) são duas pequenas gemas da atual safra de filmes independentes que comprovam uma recorrência nos filmes desse início de século: narrativas sobre protagonistas presos em algum lugar entre a vida e a morte - a morte pode não ser um libertação, principalmente se você deixou essa existência sem fazer um acerto de contas com seus traumas e fantasmas. Filmes que fazem um surpreendente encontro entre Espiritismo e Psicanálise, merecendo estar "Em Observação" pelo Cinegnose. Além de serem filmes que comprovam a atual mudança de foco dos filmes gnósticos.

quarta-feira, outubro 28, 2015

Curta da Semana: "Rabbit" - Alquimia e a essência sombria dos contos de fadas

Um curta que é um prato cheio de alusões a mitos alquímicos e à essência sombria dos contos de fadas originais, perdida desde as adaptações comerciais da Disney: é o Curta da Semana do “Cinegnose” – “Rabbit” (2005) do animador inglês Run Wrake. Um conto de fadas invertido onde as crianças tornam-se vilãs em uma narrativa surreal onde os pequenos protagonistas descobrem uma fantástica maneira de transformar moscas em joias – um homúnculo viciado em geleia de ameixa vermelha.

terça-feira, outubro 27, 2015

Mais louco é quem me diz - A exposição de Darcílio Lima, por Claudio Siqueira

Em junho deste ano houve a exposição "Darcílio Lima - Um Universo Fantástico" na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. Cearense de Cascavel, tornou-se um dos principais artistas brasileiros do Movimento Surrealista, mas seu trabalho, assim como de muitos outros nomes do surrealismo mundial, contém influências gnósticas que passam, como sempre, despercebidas do grande público.


Conspiracionistas atestam que os conteúdos gnósticos presentes em obras midiáticas possuem o intuito de inculcar mensagens subliminares nas mentes do grande público; outros que tudo não passa de mera paranoia da parte de quem assim pensa. Outros ainda, que os autores de tais obras não teriam conhecimento real acerca das referências gnósticas presentes em suas obras. Se isso é verdade, ao menos teríamos, talvez, a prova cabal do Inconsciente Coletivo postulado por Carl Jung, posto que os mitos e arquétipos se repetem em obras midiáticas mambembes sem o conhecimento de causa de seus autores.

segunda-feira, outubro 26, 2015

"MasterChef Júnior", a adultificação das crianças e o fim da vergonha


O episódio do assédio sexual através das redes sociais sofrido pela menina Valentina na primeira edição do reality televisivo “MasterChef Júnior” é a ponta do iceberg de um movimento mais profundo e perigoso: o fim da vergonha como a barreira que continha a sedução pela barbárie e a adultificação das crianças pelas mídias. Sexismo, ódio, assédio sexual e intolerância que invadem as redes sociais lembram as sombrias profecias de escritores libertinos do século XVIII de que um dia as perversões privadas se tornariam virtudes públicas. E as crianças, transformadas em mini-adultos em um programa de final de noite onde correm contra o tempo segurando o choro, são o reforço motivacional para os telespectadores acordarem no dia seguinte e repetirem as mesmas situações na fábrica ou no escritório.

Os leitores devem já conhecer a opinião desse Cinegnose em relação ao reality show MasterChef da Band: é um bullying gastronômico – um programa de final de noite com o objetivo de reforçar subliminarmente a ideologia pela qual seremos regidos quando acordarmos no dia seguinte para trabalhar: o princípio do desempenho.

Correr contra o tempo em busca da eficácia, eficiência, produtividade, mérito e cumprimento de metas sob as chibatadas de algum superior do tipo gerente, diretor, gestor etc. MasterChef transforma isso em diversão ao nos deliciarmos em ver pessoas angustiadas e esbaforidas correndo contra o relógio sob gritos e olhares inquiridores de chefes de cozinha. Igual o que acontecerá com o telespectador no dia seguinte na vida real na fábrica, escritório ou em outra empresa qualquer.

sábado, outubro 24, 2015

Desperte da sua vida esquizofrênica com o filme "Eles Vivem"

Mais um daqueles filmes estranhamente proféticos. “Eles Vivem” (“They Live”, 1988) do mestre do terror John Carpenter parece antever de gadgets tecnológicos de vigilância como os drones até a atual agenda política global onde a Publicidade e as marcas transnacionais substituem as nações. Um sem-teto desempregado encontra uma caixa de óculos de sol que revela um estranho mundo submetido a uma espécie de hipnose coletiva que impede que enxerguemos os comandos subliminares na Publicidade e a ação de seres alienígenas infiltrados nas ruas e na TV. Uma ataque explícito à sociedade de consumo que vai muito além dos clichês da crítica ao consumismo: “Eles Vivem” revela o secreto mecanismo psíquico esquizofrênico que nos mantém prisioneiros do circuito fechado individualismo-consumo.

Assistir ao filme Eles Vivem (They Live, 1988) é uma experiência conflitante. O filme do mestre do terror John Carpenter (A Coisa, Halloween, Christine) ora parece uma sátira com atores protagonistas propositalmente canastrões e efeitos especiais que lembram os sci-fi B dos anos 1950, ora uma séria crítica social e política. Muitas vezes parece que Carpenter não que que levemos o filme a sério. Por outro lado, Eles Vivem torna-se um daqueles filmes subversivos que, depois do final, nos faz olhar para o redor para então passarmos a questionar tudo até o limite da paranoia.

O filme foi baseado no conto Eight O’Clock in the Morning de Ray Nelson sobre um homem que desperta de uma espécie de hipnose em massa para descobrir que a Terra é controlada por uma elite de empresários alienígenas com a ajuda da elite política humana. 

domingo, outubro 18, 2015

Editor do "Cinegnose" participa do "Outubro Rosa" com debate sobre mídia e identidade sexual

Esse editor do “Cinegnose” fará palestra sobre o tema “Sistema Financeiro e a Mídia na Construção da Identidade Feminina” dentro do evento “Outubro Rosa” em uma série de ações promovidas pelo Centro Acadêmico Manoel de Abreu (CAMA) da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa. O evento será nessa segunda-feira (19/10) às 18h no auditório da Santa Casa em São Paulo. Esse humilde blogueiro levará as contribuições das ferramentas da Psicanálise e Semiótica para entender como as mídias constroem as identidades sexuais e o seu impacto na vida de cada um. Os leitores do Cinegnose estão convidados.

Nesta segunda-feira (19/10) este humilde blogueiro fará palestra seguida de dabate sobre o tema “Sistema Financeiro e a Mídia na Construção da Identidade Feminina”. O local será no Auditório Paulo Ayrosa, no prédio do Hospital da Santa Casa, São Paulo, às 18h. Comporá a mesa de discussão Itali Pedroni Collini pela FEA-USP com sua pesquisa sobre o machismo no ambiente de trabalho.

Curta da Semana: "From The Big Bang To Tuesday Morning" - a História é evolução ou eterno-retorno?

A História humana é evolução? Decadência? Ou eterno-retorno? Será que o paletó e gravata já estavam à espera do homem, só aguardando que ele surgisse na face do planeta para, no final, enforcá-lo? O Big Bang eletrônico da TV só repetiu como farsa o Big Bang primordial? Essa é a sutil ironia e perplexidade do curta “From The Big Bang To Tuesday Morning” (2000) do animador canadense Claude Cloutier. O Curta dessa semana do “Cinegnose”.

sábado, outubro 17, 2015

A gnose selvagem no filme "Dente Canino"

Nas últimas décadas adaptações da Alegoria da Caverna de Platão  têm sido recorrentes em diversos filmes, nos mais diversos gêneros e narrativas. O filme grego “Dente Canino” (Kynodontas, 2009) é mais uma adaptação dessa alegoria, dessa vez numa surpreendente mistura do filme “A Vila” de Shyamalan com “Dogville” de Lars von Trier: para tentar manter a inocência dos filhos em um mundo corrompido, um pai os mantém isolados do exterior dentro de uma propriedade rural cercada por altos muros – a TV só mostra vídeos caseiros e a linguagem e sexualidade são manipulados e controlados a um nível patológico levando o conceito de educação doméstica para um extremo bizarro. “Dente Canino” mostra como a Alegoria da Caverna pode ser real, assim como as possibilidades de escaparmos por meio de uma gnose selvagem. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

"SOCRATES: Olhai! Seres humanos vivem em uma caverna subterrânea e têm a boca aberta em direção à luz. Esses homens estão aí desde a infância, e têm suas pernas e pescoços acorrentados para que eles não possam se mover e só consigam ver a frente deles, sendo impedido pelas cadeias de virar suas cabeças. Acima e atrás deles há uma fogueira acesa, e entre o fogo e os prisioneiros há um caminho elevado; e você verá diante deles um muro baixo construído ao longo do caminho como fosse uma tela onde sombras projetadas pelo fogo mostram homens passado ao longo da parede transportando todos os tipos de vasos, e estátuas e figuras de animais feitas de madeira e pedra e vários materiais. Alguns deles estão falando, outros em silêncio.

Glauco: Você me mostrou uma imagem estranha, com estranhos prisioneiros.

SÓCRATES: Assim como nós mesmos ... (Platão, A República, Livro VII)

quinta-feira, outubro 15, 2015

Cinco evidências de que vivemos em uma simulação


Desde que o filósofo e matemático Nick Bostron sugeriu em 2003 que o universo poderia ser uma simulação produzida algum supercomputador quântico alienígena, físicos, matemáticos e astrofísicos vem procurando evidências  dessa hipótese. O “Cinegnose” vai resumir as atuais cinco principais evidências: O Princípio Antrópico e o Paradoxo de Fermi, Mecânica Quântica e Modelagem da Simulação, Universo Pixelado, Falhas na Matrix, Raios Cósmicos e a Grade da Simulação. Uma discussão à primeira vista delirante, mas que envolve lógica e números. E, claro, a inspiração do imaginário cinematográfico dos filmes gnósticos. Uma discussão que pode resultar em profundas consequências espirituais e religiosas nas nossas vidas.

domingo, outubro 11, 2015

Curta da Semana: "La Boca Del León" - o primeiro exorcismo telefônico do cinema

É possível um ato de exorcismo através do telefone? É o que os personagens do curta espanhol “La Boca Del Léon” (2013) tentarão desesperadamente confirmar: seguir as instruções de um padre exorcista através de um smartphone, que ao mesmo tempo registra as imagens dos momentos de terror em longos planos sequências. Inteiramente produzido através de um IPhone, o curta é interessante não apenas por trazer para o universo dos curta-metragens o subgênero “found-footage” de “Bruxa de Blair” e “Atividade Paranormal” – é também um exemplo da mudança da representação do Mal no cinema atual: a maldade agora é um fenômeno de natureza viral e epidemiológica.

sábado, outubro 10, 2015

Top 10 de filmes e séries que estranhamente previram o futuro

A vida imita a arte? Ou há algo mais complexo nas relações entre a ficção midiática e os eventos reais? O Cinegnose tenta dissecar essa questão fazendo o Top 10 dos filmes e séries que supostamente teriam previsto eventos reais como atentados, assassinatos, descobertas científicas e conquistas tecnológicas. Profecias? Coincidências? Ou contaminações sincromísticas do “continuum” midiático que envolve a todos nós?

Para o Gnosticismo a realidade é uma ilusão. Para além das considerações filosóficas, ontológicas ou cosmológicas dessa afirmação, para o Cinegnose a hipótese sincromística seria mais um argumento a favor dessa suspeita gnóstica. Pelo Sincromisticismo, as relações entre a realidade e as narrativas ficcionais midiáticas sobre a realidade são mais complexas do que o velho provérbio de que “a vida imita a arte”.

Haveria uma complexa relação entre os conteúdos midiáticos sedimentados em memes e arquétipos e os acontecimentos sociais, econômicos e políticos. A onipresença dos meios de comunicação criaria um “contínuo midiático atmosférico” que apresentaria estranhas contaminações da ficção na realidade. E o movimento contrário: a realidade contaminando a ficção, de maneira que filmes tornam-se peças de uma agenda (agenda setting) política ou econômica mais ampla.

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